O dólar estendeu nesta sexta-feira, 10, a alta da véspera, apoiado no clima de aversão ao risco no exterior. Preocupações com a economia mundial apoiaram a queda de commodities, das bolsas internacionais e dos juros dos Treasuries (títulos dos EUA), enquanto o dólar e o ouro subiram com a busca de proteção. O dólar à vista terminou com valorização de 0,84%, aos R$ 3,4255. No mercado futuro, o dólar para julho subia 0,63, aos R$ 4,455, às 17h19.
O estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, afirmou que os mercados prolongaram hoje a realização de lucros iniciada ontem, após a queda de 6,71% do dólar em seis sessões e a alta de 2,26% da Bovespa na quarta-feira.
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O clima de aversão ao risco nesta sexta-feira mostra que os investidores em âmbito mundial já se preparam para os dois eventos de risco nas próximas semanas: a reunião do Federal Reserve (Fed) nos dias 14 e 15, e o plebiscito no Reino Unido no dia 23 para apurar se o país sairá ou não da União Europeia. "Ninguém quer ficar montado em posição no fim de semana diante desses fatores de risco à frente", afirmou.
O dólar só perdeu terreno hoje contra divisas consideradas mais fortes, como o iene e o franco suíço, o que sinaliza também o cenário de aversão ao risco. O Dollar Index, que inclui uma cesta de moedas principais, também avançava, a um ritmo de 0,68%, às 17h17, enquanto o ouro para agosto encerrou em alta de 0,5%.
"O investidor mostra preocupação com os próximos passos da economia mundial", afirmou o especialista. Ontem, o megainvestidor George Soros já alertou que há boa chance de a União Europeia (UE) entrar em colapso caso o Reino Unido deixe o grupo, no chamado "Brexit".
De acordo com pesquisa de opinião divulgada pelo jornal britânico The Independent, 55% dos entrevistados acreditam que o Reino Unido deveria deixar a União Europeia. O resultado representa uma alta de quatro pontos porcentuais sobre a última pesquisa, feita em abril. Os que se disseram favoráveis à permanência na UE permaneceram em 45%.
Consta ainda na análise dos investidores a reunião de política monetária do Fed. Apesar dos resultados fracos do último relatório de empregos dos EUA e a sinalização da presidente da instituição, Janet Yellen, que não há pressa para a alta de juros, o mercado tem comprado dólares para se proteger contra qualquer novidade, acrescentou Jefferson Rugik.
Há compasso de espera ainda por desdobramentos dos pedidos de prisão de lideranças do PMDB, como Romero Jucá, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, que estão nas mãos do ministro do STF, Teori Zavascki.
Rostagno, do Mizuho Brasil, citou que a Operação Lava Jato pode trazer novidades, já que está chegando aos políticos, depois da prisão de executivos, tesoureiro e marqueteiro de campanhas eleitorais. "Isso pode trazer turbulências ao cenário, atrasando reformas e, dependendo do evento, pode haver algum catalisador que diminua a legitimidade do atual governo ou algum evento que prejudique a relação do executivo com o legislativo".