Tópicos | Festival de Curitiba

Um festival para celebrar Shakespeare. No ano em que o maior autor teatral da história completa 450 anos de nascimento, o Festival de Curitiba, que começa nesta terça-feira, 25, reservou parte considerável de sua programação para homenageá-lo. O mais esperado título de 2014, The Rape of Lucrece, é uma criação da prestigiosa Royal Shakespeare Company. Inspirado em um poema do escritor inglês, trata-se, segundo seus criadores, de uma "terrível fábula sobre a luxúria, o estupro e a política".

Ovacionado no último Festival de Edimburgo, o espetáculo combina música e narrativa e é protagonizado pela cantora Camille O’ Sullivan. Cabe a ela interpretar os papéis dos oponentes Tarquin e Lucrece, oferecendo ao público os pontos de vista de ambos. A obra será vista na capital paranaense nos dias 4 e 5. Uma novidade de última hora é a ida da companhia para São Paulo. As apresentações ocorrem no Sesc Pinheiros e estão marcadas para os dias 12 e 13.

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Intriga

O programa dedicado ao bardo ganha corpo com Otelo. Mais um dos títulos internacionais previstos nessa edição, a tragédia shakespeariana será vista em versão chilena, com a companhia Viajeinmóvil, nos dias 27 e 28. Dirigida pelos próprios atores - Jaime Lorca e Teresita Iacobelli -, a peça relata a história da intriga perpetrada por Iago com a manipulação de bonecos e objetos. Desdêmona e Otelo são representados em cena por apenas duas cabeças de manequim. A trama foge aos contornos de época e não falta humor à adaptação do clássico.

Também os brasileiros participam das homenagens. O evento selecionou duas novas versões de Ricardo III: uma do Rio, outra de São Paulo. Dirigida por Marcelo Lazzaratto, a montagem paulistana (apresentada nos dias 29 e 30) abre um ciclo que pretende montar as 39 peças do autor ao longo de uma década. O personagem-título é vivido por Chico Carvalho, que recentemente mereceu o Prêmio Shell de melhor ator por sua interpretação.

Com feições menos tradicionais, a proposta carioca (a ser encenada nos dias 27 e 28) traz um único ator, Gustavo Gasparani, desdobrando-se para dar conta de 21 personagens. Coube ao diretor Sérgio Módena a proposta de encenação da saga do sórdido Ricardo, capaz dos mais terríveis crimes e assassinatos para conquistar o trono.

Linha reta

Com uma programação que se estende até o dia 6, o Festival de Curitiba deve reunir cerca de 500 atrações e 3 mil artistas. Estão previstas as participações de 19 Estados brasileiros e de quatro países. Na mostra oficial de 2014, permanece a intenção de servir de vitrine das artes cênicas nacionais. "A vontade é fazer um retrato do que está acontecendo", observa o diretor do festival, Leandro Knopfholz.

Fica evidente ainda a continuidade da proposta da curadoria. Formado por Celso Curi, Lucia Camargo e Tânia Brandão, o trio de curadores repetiu algumas das apostas das edições mais recentes. A valorização do trabalho de grupos estáveis é um desses eixos norteadores. Presentes na grade, a Armazém Cia. de Teatro (RJ), a Cia. dos Atores (RJ), o Núcleo Experimental (SP), o Grupo 3 de Teatro (MG) e a Cia. Brasileira de Teatro (PR) são alguns exemplos dessa vertente.

Brasil

A presença de dramaturgia brasileira é mais um dos focos. Criado a partir da convivência com travestis e transexuais de Porto Alegre, BR Trans (dias 29 e 30) se encaixa nessa vertente. Concreto Armado (dias 26 e 27), do jovem Diogo Liberano, segue em direção semelhante e trata de um grupo de estudantes de arquitetura em visita a um dos estádios da Copa do Mundo.

Dram as contemporâneos vindos de outras partes do mundo também foram contemplados. Em 2 x Matéi (dias 26 e 27) e Espelho para Cegos (dias 26 e 27), a inspiração é a obra do romeno Matéi Visniec. O escritor, que mereceu recentemente tradução completa de seus trabalhos para o português, é considerado pela crítica europeia como um novo discípulo do Teatro do Absurdo de Ionesco. A italiana Letizia Russo é outra representante da contemporaneidade. Assim como em outros de seus dramas já encenados no Brasil, em Tumba de Cães (dias 28 e 29) ela retrata um mundo à beira da dissolução, atravessado por guerras e disputas pela posse de água.

A grande diferença em 2014 é o crescimento da presença internacional. "Tem tanta coisa acontecendo fora que tivemos que começar a prestar atenção", pontua Knopfholz. Na mostra atual, serão cinco os espetáculos estrangeiros previstos. Entre eles, o destaque é Sonata de Outono, do argentino Daniel Veronese. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Coerente com sua pretensão de ser uma "vitrine" do teatro nacional, o Festival de Curitiba costuma refletir, em sua programação, nossas acentuadas diferenças regionais. Tradicionalmente, o que se vê por aqui é uma preponderância de espetáculos do Sul e Sudeste, com uma ou outra abertura para criações "fora do eixo".

Nesta edição, porém, parece algo distinto o panorama. Na grade oficial, são três os representantes do Nordeste. Já no Fringe - programação paralela do festival - uma seleta de sete espetáculos da Bahia movimenta a cidade.

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A curadoria da mostra baiana é de Wagner Moura. A intenção da iniciativa? Expandir as fronteiras do teatro que se faz no Estado e garantir sua visibilidade. "Não adianta investirmos apenas na produção e não escoarmos essas criações", justifica Maria Marighella, coordenadora de Teatro da Funceb - Fundação Cultural da Bahia.

A partir das criações disponíveis hoje no Estado, o ator selecionou não apenas as que julgava mais significativas. Buscou reunir representantes de diferentes vertentes da produção atual: uma amostra da diversidade de estéticas e linguagens.

Companhia consagrada, a Bando de Teatro Olodum apresenta Áfricas, sua primeira criação infanto-juvenil. "É uma tentativa de traduzir para um outro público toda a sua pesquisa sobre uma estética afro-baiana, sobre a ancestralidade brasileira", define Maria Marighella. Já de Alagoinhas, cidade do Recôncavo Baiano, vem Sire Obá, que também trata da tradição do candomblé, celebra os orixás. "Mas tenta fazer isso de uma maneira diferente do Bando de Olodum", considera Maria. "Inserindo quebras para uma linguagem mais contemporânea."

As questões da "baianidade" são um eixo da produção cultural do Estado. Mas não o único. A mostra contempla representantes do teatro físico - caso de Seu Bonfim, título apoiado no trabalho corporal do intérprete e diretor Fabio Vidal. Há ainda criações focadas essencialmente no texto, como Sargento Getúlio - adaptação da obra de João Ubaldo Ribeiro. E experimentos que tendem ao gênero fantástico, como Luz Negra. Além da mostra de espetáculos, a Bahia também aproveitou o contexto do festival para lançar um kit de difusão do seu teatro. O livro traz informações em português, inglês e espanhol sobre 28 montagens. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Todos os anos, o Fringe - mostra paralela do Festival de Curitiba - propõe um mar de opções para quem quer se aventurar. O espírito do evento, afinal, é este: qualquer espetáculo pode participar. Só este ano, são mais de 300 títulos na programação. Nesse cenário, há espaço para surpresas. Mas, para quem busca certa segurança na hora de escolher, já se tornou tradição procurar, em meio à grade caótica, pelas produções do diretor Marcos Damaceno e de sua companhia.

Ao lado da atriz Rosana Stavis, o encenador e dramaturgo criou um dos grupos mais sólidos e inventivos do Paraná. Um trabalho que, na atual edição do Fringe, pode ser conferido em duas criações: Árvores Abatidas - Ou Para Luís Melo e Espasmo. Ambas, com temporadas marcadas em São Paulo.

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Árvores Abatidas fez sua estreia em 2008. Rodou o País, conquistou o reconhecimento da crítica e chega ao Espaço Cultural da Caixa, na Sé, na quinta-feira. Já Espasmo é a mais recente criação do grupo. Teve pré-estreia nacional durante o Festival e entra em cartaz no dia 2 de maio, no Sesc Consolação.

Escrita pela jornalista e dramaturga Gabriela Mellão, a peça se insere no contexto da pesquisa de Damaceno: a busca por uma dramaturgia contemporânea. Seja em textos estrangeiros - já encenou Jon Fosse e Sarah Kane - seja em obras nacionais. "É um texto em que não se colocam personagens, enredo, linearidade. Não existem aí os elementos tradicionais do drama e esse sempre foi o nosso foco", comenta o diretor. "Outro aspecto que nos aproxima dessa obra e que já exploramos outras vezes é o fato de tudo acontecer dentro da mente da personagem, não necessariamente em ações."

Em Espasmo, o público acompanha os pensamentos de uma mulher. Aparentemente, ela está à beira da morte. E, em meio a um delírio, revisita episódios de sua vida. Retoma fatos, sensações e impressões. Mas essa é apenas uma das leituras possíveis, alerta a autora. "Ela pode estar morta, pode ser uma alucinação ou mesmo não ser real. O espectador tem que participar da criação da obra fazendo as suas leituras", diz ela.

A encenação proposta por Damaceno segue por este caminho: não entrega a quem assiste uma versão única do que se passa. Antes, oferta estilhaços dos vários olhares possíveis.

Duas atrizes interpretam, ao mesmo tempo, a protagonista. Imóvel, uma mulher nua (Maia Piva) aparece na penumbra. Apenas a luz se move e serve para criar imagens que extravasam o texto. Sugere deformações, ilusões de ótica, quase abstrações. Já o que ouvimos em cena vem de uma voz em off. Em uma cabine fora do palco, sem que a plateia possa perceber sua presença, é Rosana Stavis quem interpreta o texto. "Era preciso criar a ideia de que ouvíamos a voz desse corpo, de que era o próprio corpo que falava e não uma pessoa", observa o diretor.

Faz sentido se pensarmos nas proposições de Gabriela. "O que ouvimos não é necessariamente a voz dela. Mas vozes múltiplas que a atravessam. Não é a história de uma determinada pessoa, mas de qualquer um. A voz maternal, a voz feminina, a parcela de medo ou solidão que existe em todo mundo."

Rasgar o que temos por dentro. Esse parece ser o mote. "É algo recorrente na minha obra. Mostrar essas pessoas que estão mortas em vida, desconectadas de sua essência", comenta ela. Paradoxalmente, é na iminência da morte que a personagem de sua obra, antes anestesiada, experimenta seus momentos de maior intensidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

ÁRVORES ABATIDAS

Caixa Cultural da Sé (Praça da Sé, 111). Tel. (011) 3321-4400. Qui. e sex., às 19 h; sábados e domingos, às 18 h. Grátis. Estreia quinta-feira.

"Vai parecer meio bobo o que vou dizer", ressalva Marcos Caruso, antes de começar a falar. Ele responde a perguntas que dão conta de sua trajetória profissional: a história de quem, há 40 anos, trocou o diploma da Faculdade de Direito do Largo São Francisco pelos palcos.

Mas, afinal, como dar conta de décadas em palavras? "Se tivesse que resumir tudo isso eu diria o seguinte: o teatro é a minha praia. Eu posso pegar uma onda na televisão, no cinema, como autor de novelas. Mas, depois que essas ondas todas passam, o lugar para onde eu volto, onde finco a minha prancha e coloco os meus pés na areia é nessa praia", comenta o ator. "Não saio dessa praia porque a fiz um lugar enorme, em que atuo, escrevo, dirijo. É nela que eu faço os meus túneis. Nela que construo e destruo os meus castelos de areia. Minha vida nesses 40 anos? Foi basicamente e absolutamente o teatro."

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Marcos Caruso está sentado no foyer do Teatro Guaíra. Veio para a capital paranaense apresentar "Em Nome do Jogo", espetáculo selecionado para a mostra oficial do Festival de Curitiba e que abre temporada quinta-feira, em São Paulo.

Escrito em 1970, o texto de Anthony Shaffer é uma peça policial que estreou em Londres. Dois anos depois, chegou à Broadway e aos cinemas, dando origem ao filme estrelado por Laurence Olivier e Michael Caine. No Brasil, o título ("Sleuth", no original) também já embasou montagens renomadas: Antunes Filho dirigiu uma versão com Ney Latorraca, em São Paulo. No Rio, o público acompanhava Paulo Gracindo e Gracindo Jr. nos papéis principais.

Com a estrutura intrincada própria dos romances policiais, a obra retrata o perigoso jogo estabelecido entre o reconhecido escritor Andrew Wyke (Marcos Caruso), e o amante de sua mulher, Milo Tindolini (Erom Cordeiro). A proposta que Milo recebe é estranha: deve roubar as joias de seu antagonista para que ele receba o seguro. Como prêmio, leva a mulher de Andrew, Marguerite, e uma quantidade de dinheiro mais do que suficiente para bancar seus luxos e extravagâncias. "Milo vem para resolver a sua situação e acaba envolvido nesse jogo. É humilhado. Mas, depois, volta para dar o troco, duelar com as mesmas armas do outro", comenta Erom Cordeiro sobre o seu personagem.

Para livrar-se dos anglicismos e de todas as referências que pudessem soar desnecessárias, Caruso assina, ao lado do diretor Gustavo Paso, uma adaptação do texto. "Mas nunca poderia imaginar que uma história como essa faria sucesso hoje", comenta o ator. "Primeiro, porque não temos a tradição do teatro policial no Brasil. Depois, porque vivemos em uma época de imagens. Hoje, o que se vê é sempre mais importante do que o que é dito."

Caruso tornou-se notório por sua habilidade com papéis e tramas cômicas. Começou no engajado Teatro Popular União e Olho Vivo, em 1973. Em 1985, estreou, em parceria com Jandira Martini, "Sua Excelência, o Candidato". "Porca Miséria", "Operação Abafa", "Jogo de Cintura": por todos esses títulos Caruso alcançou reconhecimento como autor. Nenhum deles, porém, teve a repercussão ou a lucratividade de "Trair e Coçar, É Só Começar". "Matematicamente programada para fazer o público rir de 30 em 30 segundos", a peça segue em cartaz há 27 anos. Caso único na história do teatro nacional. E difícil de conceber em uma época em que as temporadas se tornam cada vez mais curtas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

EM NOME DO JOGO

Teatro Jaraguá (R. Martins Fontes, 71). Tel. (011) 3255-4380. 6ª., 21h30. Sáb., 21 h, dom., 18 h. De R$ 70 a 30. Até 30/6. Estreia 4/4.

Criar um espetáculo que tivesse a "cara de São Paulo": foi esse o convite que Hugo Possolo recebeu da organização do Festival de Curitiba e do Itaú Cultural. Mas o que, afinal, poderia representar a cidade tão multifacetada? "Depois de quebrar a cabeça um pouco percebi que só poderia ser o Angeli", diz o diretor. "Essa conexão com a realidade que ele nos oferece diariamente pelo jornal com suas obras."

Em "Parlapatões Revistam Angeli" - que tinha sua estreia nacional programada para esta quarta-feira na capital paranaense e depois segue para São Paulo -, Possolo alinhava a união entre sua companhia de comediantes, as criações do cartunista e a música de Branco Mello. Para a montagem, o titã criou uma trilha que inclui três canções originais. Todas em ritmo de rock pesado, tentativa de sublinhar o espírito de contestação que permeia as tiras de Angeli.

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"Não dava para fazer um musical clássico, com a gente cantando e dançando, tinha de ter a atitude do rock’n’roll", pontua o encenador, que assina as letras das músicas e também está presente em cena, ao lado de Raul Barreto, Paula Cohen, Rodrigo Mangal e Hélio Pottes.

Ainda que Angeli tenha aceitado rapidamente participar do projeto, os Parlapatões precisaram correr contra o relógio para levantar a criação em menos de dois meses. "A direção do Festival nos disse que poderia ser só uma leitura. Mas fui visitar o ateliê do Angeli, ele me mostrou os originais. Me apaixonei de tal maneira que não teve jeito", revela Possolo, após um ensaio em que tentava ajustar incontáveis "últimos detalhes" antes da estreia.

No lugar de uma simples leitura, o grupo de palhaços paulistanos concebeu uma encenação com cadência acelerada e dezenas de trocas de luz e figurinos. Uma sucessão de quadros curtos por onde desfilam os personagens do cartunista da Folha de S.Paulo. "Lembra o que fizemos em PPP@WllShkspr.br, só que na época tivemos muito tempo de ensaio até chegar naquele resultado", considera o diretor.

Outra referência estética é o teatro de revista. O gênero tradicional da dramaturgia brasileira é composto por esquetes cômicos musicais. Também se caracteriza pelos comentários satíricos que faz a episódios políticos e sociais da época. E como não poderia deixar de ser, Possolo convoca à cena algumas das figuras mais emblemáticas do artista, entre elas, Rê Bordosa, Bob Cuspe e Os Escrotinhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PARLAPATÕES REVISTAM ANGELI

Auditório Ibirapuera (Av. Pedro Alvares Cabral, s/nº). Tel. (011) 3629-1075. Dias 12 e 13/4, 21 h. R$ 20.

Veio a maioridade. E o Festival de Curitiba cresceu. Em sua 22ª edição, o evento que começa nesta terça-feira (26) exibe uma programação cunhada nos mesmos moldes dos anos anteriores: traz obras de dramaturgia nacional, foca na fusão de linguagens, reserva lugar para alguns experimentos e elege uma boa parcela de títulos atraentes para o grande público. A equipe de curadores, Celso Curi, Lucia Camargo e Thania Brandão, também se mantém intacta há cinco anos. "A receita é a mesma", garante Leandro Knolpfholz, diretor do Festival. Mas o resultado, de alguma forma, é diferente.

Neste ano, os antes onipresentes musicais à maneira da Broadway saíram de cena. Criações de médio porte que se destacaram na última temporada angariaram espaço considerável. A presença de títulos internacionais cresceu. Também chegou a tão ansiada rotatividade: não se vê mais a oferta viciada que manteve os mesmos grupos e diretores por anos na grade.

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No entanto, o sinal mais contundente de que essa edição pode se distinguir está no fato de a mostra ter deixado a posição passiva de apenas amealhar o que se faz no País e passar a atuar como coprodutora. São quatro as montagens nas quais o festival investiu de maneira direta: Homem Vertente, espetáculo em parceria com a companhia argentina Ojalá, Música em Cena, da cantora Cida Moreira, além das peças Parlapatões Revisitam Angeli e Cine Monstro Versão 1.0, de Enrique Diaz. "A intenção é viabilizar propostas que não poderiam estar no festival de outra maneira", aponta Knolpfholz. "Alguns são espetáculos que não ficariam prontos a tempo se a gente não desse um empurrão. Outros são desafios, ideias que a gente propôs. Não temos a pretensão de mudar os rumos das coisas, mas queríamos experimentar interferir na produção, como outros grandes festivais do mundo costumam fazer."

Até o dia 7 de abril, a capital paranaense recebe 32 espetáculos selecionados para o festival, nove deles estreias nacionais. A quantidade é equivalente a de outras edições. Porém, alguns recortes propostos pela curadoria também ajudaram a mudar as feições do evento. Um mesmo texto será apresentado em duas versões: The Pillowman, de São Paulo, e O Homem Travesseiro, do Rio, partem ambos da obra do inglês Martin McDonagh.

Outra mudança a ser comemorada: a lacuna deixada pelos grandes musicais foi ocupada por produções, de diferentes estilos e origens, que utilizam a música em sua concepção. "São criações em que a música não é utilizada apenas como pano de fundo, mas como protagonista da cena", diz o diretor do festival. Ele se refere a espetáculos como Os Bem-Intencionados - em que o grupo Lume, de Campinas, abandona momentaneamente seu olhar para o trabalho corporal para se lançar em uma proposta que valoriza a dramaturgia e, nessa esteira, uma série de canções. Também despontam nesse contexto peças como Gonzagão - A Lenda e Pansori Brecht, uma releitura rock do clássico Mãe Coragem, vinda da Coreia. "Essa utilização diferente da música não acontecia apenas aqui, mas em outros lugares do mundo."

A programação paralela do Festival costuma despertar tanta atenção quanto a lista de eleitos pela curadoria. Apesar disso, os problemas que atingem essa parcela do evento parecem longe de encontrar uma solução. Inspirado pelo Festival de Edimburgo, o Fringe de Curitiba é um espaço sem seleção, livre para quem quiser participar. Em 2013, a cidade verá 376 peças inscritas nessa categoria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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