O dólar avançou de forma generalizada nesta segunda-feira, 3, com foco nas incertezas em economias emergentes em um dia de menor liquidez, com os mercados americanos fechados devido ao feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Enquanto os bancos centrais da Argentina e da Turquia tentam conter os efeitos da desvalorização cambial, as tensões comerciais e o Brexit continuam a ser monitoradas, assim como a questão orçamentária da Itália, que deu alívio ao euro em meio a discursos de autoridades do país.
No fim da tarde, o dólar operava estável a 111,10 ienes, enquanto o euro subia para US$ 1,1619 e a libra se contraía a US$ 1,2872. Quanto à moeda argentina, o dólar avançava de 36,8960 pesos argentinos na tarde de sexta-feira para 38,6107 pesos (+4,65%).
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Como prometido na semana passada, o governo de Maurício Macri anunciou medidas para frear a crise econômico-financeira que atingiu o país mais acentuadamente nas últimas semanas, mas nem isso conseguiu impedir o avanço do dólar. Entre as ações a serem tomadas pelo governo argentino, está um imposto adicional sobre exportações até dezembro de 2020 e uma reforma ministerial, que cortou nove pastas. O Banco Central da República Argentina (BCRA) tentou - sem sucesso - conter a alta da moeda por meio de um leilão de US$ 100 milhões, os quais foram tomados integralmente pelo mercado.
Ex-presidente do BCRA, Martín Redrado comentou, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que as medidas adotadas pelo governo "não são a melhor opção" e apontou que o BCRA "tem de mostrar habilidade de estabilizar o câmbio" e surpreender o mercado em uma economia "dolarizada" como a argentina.
Na Turquia, outro emergente que está no radar dos agentes, o dólar avançou de 6,5697 liras turcas na tarde de sexta-feira para 6,6180 liras, mesmo diante de promessas do banco central do país de ajustar a política monetária na próxima reunião, este mês. Nesta segunda-feira, a agência Turkstat informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Turquia teve crescimento de 17,9% na comparação anual de agosto, acelerando em relação a junho (+15,85%). Analistas da Capital Economics projetam que o aumento da taxa de juros esperado na ocasião deve ser de 2 pontos porcentuais, não entre 7 e 10 pontos porcentuais "como o mercado quer ver".
O dólar também mostrou ímpeto ante outras moedas fortes, como a libra, pressionada pelas incertezas em relação ao Brexit, intensificadas após a confirmação de que o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, irá deixar o cargo no próximo ano. O Goldman Sachs acredita que, caso um acordo seja selado entre o Reino Unido e a União Europeia (UE), a libra deve avançar cerca de 5% ante a moeda dos EUA e o euro. Por outro lado, um não acordo elevaria o euro a 1,00 libra, e faria a libra operar em torno de US$ 1,15.
Ante o euro, a alta do dólar se deu em meio a declarações de membros do governo italiano de que o Orçamento do próximo ano fiscal não vai ultrapassar o teto estabelecido pela União Europeia (UE) para o endividamento público, de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Analistas do banco ANZ apontam, no entanto, que a pressão da discussão orçamentária "aparenta estar pesando no sentimento dos negócios" no país. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria da Itália caiu para 50,1 em agosto, o que, na opinião da economista sênior Aline Schuiling, do ABN Amro, "sugere que a economia italiana está com baixo desempenho".
Verificando as notícias relacionadas ao comércio, o dólar também apresentou ganhos em relação ao dólar canadense, dando prosseguimento ao movimento visto já na sexta-feira, após EUA e Canadá não terem conseguido firmar um acordo no âmbito do processo de renegociação do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês). As atenções também estão voltadas para a reunião de política monetária do Banco do Canadá (BoC, na sigla em inglês), na próxima quarta-feira.