Tópicos | esgotamento sanitário

Recife, a Veneza Brasileira, cercada por águas e encantos mil. Seria muito mais bonito se o cenário não tivesse aroma fétido, água de coloração escura e esgotos despejando dejetos praticamente a cada metro da extensão do Rio Capibaribe, um dos principais que correm Pernambuco.

É comum trafegar pelo centro do Recife e outros pontos da cidade e sentir o mau cheiro que exala do rio. Além disso, a presença das plantas e canos despejando esgoto nas águas é algo descaradamente visível. Isso tudo não é um bom sinal e, de acordo com o professor Paulo Carvalho, do laboratório de Ecotoxicologia, do departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Rio Capibaribe está “altamente impactado por, inicialmente, duas questões: o esgoto doméstico não tratado e as atividades humanas em que são usados compostos químicos que podem ser descartados em afluentes e chegarem ao rio”. Carvalho aponta para a presença de descartes desses compostos tanto na Região Metropolitana do Recife quanto em outras cidades nas quais o manancial faz seu curso.

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Diante disso, é percebida a falta de qualidade da água, além do baixo nível de oxigênio, prejudiciais à saúde dos peixes, cujas taxas de mortandade são elevadas. “Nenhum peixe consegue sobreviver a um nível de oxigênio próximo a zero, como é visto no Rio Capibaribe. Porém, o cenário poderia ser ainda pior, se não houvesse o encontro da maré com o rio, no Pina”, declara o professor. Ele ainda explica que nesse encontro há junção das águas e a do mar não está tão comprometida, dando aos peixes mais possibilidades de respiração. 

O professor Paulo Carvalho falou com o LeiaJá sobre o panorama do Rio Capibaribe:

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Cenário, esgotamento sanitário e monitoramento

Para melhorar a saúde do Rio Capibaribe, conforme o professor, o saneamento básico - não somente na Região Metropolitana - seria o principal trunfo, além da construção de fossas em residências. Porém, o cenário não é animador, visto que, apesar de haver medidas para diminuir a descarga de dejetos e produtos químicos nos rios, de acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), “o índice de cobertura de esgotamento sanitário no estado de Pernambuco é de 25%”. 

O órgão aponta que “todo o esgoto coletado pela Compesa recebe tratamento antes de ser devolvido ao meio ambiente”. Já no caso das regiões onde ainda não existe sistema público de coleta de esgoto, é apontado que “a legislação exige que os imóveis possuam soluções individuais para a destinação adequada”.

Sobre as águas do Rio Capibaribe, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) informa monitorar a sua qualidade e “desenvolve ações permanente de fiscalização periódica ou por demanda do Ministério Público, monitoramento das empresas que têm licenças ambientais expedidas pela Agência, coibindo atos danosos contra o meio ambiente”. De 1990 a 2016, a Companhia realizou coletas de amostragem em dez estações de cursos d’água – em pontos do Rio Capibaribe – de dez reservatórios. 

Em relação ao esgotamento sanitário e sua implantação, a CPRH informa sobre o Projeto de Sustentabilidade Hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe - PSHPE, que é tocado pela Secretaria Executiva de Recursos Hídricos. O órgão afirma realizar “elaboração de projetos de sistemas de esgotamento sanitário e a execução de obras em alguns municípios da bacia”.

Direito humano fundamental, o acesso à água segura e ao esgotamento sanitário não estão disponíveis da mesma forma para homens, mulheres e outras identidades de gênero, mostra relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo foi coordenado pelo pesquisador brasileiro Léo Heller, que é relator especial sobre o direito humano à água potável segura e ao esgotamento sanitário da instituição. Heller, que também coordena o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas e Saneamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), contou que  verificou que em quase todas as localidades onde há falta ou má distribuição de serviços de saneamento são as mulheres que coletam água para manter a higiene do lar.

“A situação mais usual é que quando não há água nas proximidades da residência, as mulheres e meninas são, na maioria das vezes, encarregadas de buscá-la em algum lugar, o que demanda tempo elevado. Em um país que visitei, o Tadjiquistão, um estudo mostra que as mulheres demoram de quatro a seis horas por dia para fazer isso”, acrescentou, ressaltando que essa situação reforça a dependência econômica delas dos maridos, já que não são remuneradas por esse tempo. O longo percurso também apresenta riscos a essas mulheres de sofrerem ataques de animais selvagens e violência sexual, sobretudo no local onde lavam a roupa e tomam banho.

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O risco da violência sexual e o estresse também se apresentam em situações em que as mulheres não têm acesso a banheiros e precisam fazer suas necessidades básicas a céu aberto, o que as deixa vulneráveis. Algumas mulheres e meninas relataram ter sofrido abordagens grosseiras, lançamento de pedras, esfaqueamento e estupro enquanto procuravam por locais para as necessidades básicas.

De acordo com o relatório, essa falta prejudica a vida de muitas mulheres, que muitas vezes preferem não sair de casa por não ter privacidade para a higiene íntima, especialmente no período menstrual.

O problema também afeta a saúde de muitas que seguram a urina por longos períodos de tempo e deixam de ingerir líquidos, aumentando o risco de infecções de bexiga e rins. O Brasil não é exceção e os casos mais comuns são vistos nas zonas rurais, onde o problema da seca é uma constante.

Transgêneros

A inadequação dos espaços públicos atinge ainda as mulheres trans que ficam expostas a agressões morais e físicas ao usar instalações sanitárias separadas pelo sexo biológico. Estudos feitos na Índia revelam que os transexuais enfrentam dificuldades em encontrar casas para alugar, sendo forçados a viver em favelas e áreas remotas, com sérios problemas de esgoto e distribuição de água.

Outro grupo atingido é a população em situação de rua. Em Belo Horizonte (MG), um estudo coordenado por Heller mostra que os albergues e as unidades de acolhimento não são em número suficiente para a quantidade de pessoas sem moradia. Embora a maior parte desse público seja composta por homens, são as mulheres que mais sofrem com a falta de privacidade.

Recomendações

O pesquisador ressaltou que o estudo é importante para orientar políticas públicas voltadas para serviços de água e esgoto. “Às vezes, a legislação e as políticas públicas, quando são neutras em relação à questão de gênero, acabam favorecendo os homens. Nesse caso, por exemplo, se fazem necessárias ações afirmativas para mulheres”.

Uma das recomendações do relatório é que essas políticas incluam mulheres e grupos marginalizados na tomada de decisões de todas as fases do planejamento e políticas e leis de saneamento, monitoramento e avaliação.

O estudo sugere ainda que os governos criem um sistema de indicadores de gênero para melhorar a coleta de dados desagregados por sexo e outros fatores relevantes, que são necessários para avaliar o impacto e a efetividade das políticas que visam à igualdade de gênero e ao fortalecimento da fruição dos direitos das mulheres à água e ao esgotamento sanitário

Foi aberto o processo de licitação que visa a obra de implantação de sistemas de esgotamento sanitário  em 11 municípios do Interior de Pernambuco, iniciativa que irá beneficiar 350 mil pessoas. O serviço irá integrar o Projeto de Sustentabilidade da Bacia do Rio Capibaribe (PSH) e tem investimento previsto de U$$ 410 milhões de dólares e, segundo a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), devem ser aplicados em diversos  projetos e obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Estado.

Visando agilizar o processo de licitações, a Compesa apontou que os projetos serão recebidos em três etapas, sendo o primeiro em março de 2018, contemplando as cidades de Brejo da Madre de Deus, Ribeirão, Serra Talhada e Toritama. A segunda leva proporcionará melhorias às cidades de Feira Nova, Bom Conselho, Pesqueira e São Bento do Uma, com conclusão prevista para junho de 2018. Já a última fase deverá ser entregue em setembro do mesmo ano, nas cidades Pombos, Bonito e Carpina. Segundo a Companhia o PSH é mais um esforço do governo estadual na busca  da universalização dos serviços de esgotamento sanitário em Pernambuco com meta de ampliação para 75% o índice de cobertura de esgoto em Pernambuco nos próximos 15 anos. Em contrapartida, a cobertura atual é de 22%. 

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A Compesa explica que cinco dos municípios contemplados não integram a Bacia do Capibaribe, mas foram selecionados no projeto, pois estão entre as 50 maiores cidades do Estado que ainda não possuíam ações de esgotamento sanitário. São eles: Serra Talhada, no Sertão do Pajeú; Pesqueira, no Agreste Central; São Bento do Uma, no Agreste Central; Bom Conselho, no Agreste Meridional e Ribeirão, na Mata Sul.

No entanto, a Companhia explica que o tamanho desses sistemas e a quantidade de unidades operacionais necessárias serão definidas nos projetos que serão elaborados pela Empresa ou Consórcio que vencer a licitação. Cada projeto deverá  ser concebido de acordo com as especificidades de cada município. 

Com informação da assessoria

Na última quarta-feira (10), equipes da Secretaria de Infraestrutura realizaram serviços de manutenção na tubulação de vias localizadas na Vila do Rafael e em Cachoeira Seca, zona rural de Caruaru, Agreste de Pernambuco. A tubulação é constituída por canos em PVC, entretanto nos locais onde não houve a necessidade de troca, foi feita a desobstrução e limpeza das caixas de inspeção, assim como construção de novas. 

As pessoas que residem na 2ª travessa Vicente de Carvalho e Rua Davi Ferreira Martins na Vila do Rafael foram beneficiados com a troca da antiga tubulação de esgoto, que desgastada em função do tempo, ocasionava infiltrações e dava retorno para dentro das residências, causando transtornos.

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A área rural da cidade também foi incluída no cronograma de manutenção da cidade. A próxima localidade a ser visitada pelas equipes da Secretaria de Infraestrutura será a comunidade de Lajes, localizada no 2º distrito da zona rural de Caruaru.

O moradores do municipio de Ipojuca, situado na Região Metropolitana do Recife, ganharão o esgotamento sanitário da Vila de Porto de Galinhas. A Prefeitura assinou a ordem de serviço para a execução das obras que já se iniciaram na semana passada nas principais ruas da praia. A expectativa de conclusão é de um pouco mais de um ano, beneficiando 18 mil pessoas. 

As obras estão divididas em dois contratos, o primeiro que fará a conclusão das obras com um investimento de R$ 12.925.302,04 que ficará responsável pela pavimentação, drenagem e esgotamento sanitários das localidades de Vila de Porto, Socó, Salinas, Pantanel e Merepe III. Nesta etapa também serão implantadas, 4.400 metros da rede coletora e de emissários, duas estações elevatórias e a pavimentação de aproximadamente 39.000 m² de ruas, além dos serviços de drenagem, com um prazo de três meses para a sua conclusão.

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Já o segundo contrato prevê uma impantação de 3.000 metros de rede coletora de esgotos, quatro estações elevatórias, uma estação de tratamento de esgoto com duas lagoas e a implantação de um quilômetro de estrada que dará acesso à estação. Esta´obra será concluida em um ano. 

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