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Há técnicos mais agitados, outros pensativos e alguns têm o comportamento explosivo. Os maestros à beira do gramado são parte cada vez mais importante da engrenagem do futebol. Além do posicionamento tático e da tentativa de aproveitar ao máximo as características técnicas dos atletas durante as partidas, o treinador também se torna responsável pela gestão diária de um grupo e, em diversas situações, torna-se o administrador de todas as crises, além de ser o responsável direto pelas conquistas dos comandados.

Na zona leste de São Paulo, o professor de Educação Física David Franco, 54 anos, é o comandante técnico da Escolinha de Futebol NG 10 Fujii, no bairro de Itaquera. Envolvido no esporte como profissão desde o início dos anos 1990, quando iniciou um projeto de futsal para crianças carentes, o treinador é, há pouco mais de duas décadas, quem auxilia nos primeiros toques na bola de novos adeptos do esporte na quadra society do NG 10. Segundo o Professor David, como é conhecido, a função que exerce é importante somada a outros fatores fundamentais para formar esportistas e cidadãos. "Sou mais um professor que passo para eles o que se aprende além da bola, como as regras, a socialização, o respeito, a diversão, e deixo claro que tem que conciliar o futebol com os estudos", diz ele, que tem especialização em futebol.

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Técnico e coordenador de esportes desde 1990, David Franco é responsável pela Escolinha de Futebol  NG 10 Fujii, no bairro de Itaquera | Foto: Arquivo Pessoal

A paixão do Professor David pelo esporte e o amor pela profissão tem uma fonte de inspiração conhecida do grande público. A maior referência do treinador é Telê Santana (1931-2006). Segundo ele, o técnico da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1982 e 1986, e ídolo de grandes clubes brasileiros como Atlético-MG, Fluminense-RJ e São Paulo F. C., era diferenciado em todos os aspectos. "Ele sempre se preocupou com seus atletas em conseguir algo mais além do futebol e valorizar a família", enaltece o professor. Para ele, passar o conhecimento futebolístico a diferentes gerações é um dos principais combustíveis para seguir alimentando o sonho dele e dos jovens. "O que me motiva primeiro é o amor pelo que faço, outro motivo é ver vários alunos que são pais hoje, e dou aula para os filhos deles. É reconhecimento e gratidão", comenta o futebolista.

Bem Bolado: futebol de várzea e projeto social

O varzeano Bem Bolado, do bairro do Morro Doce, na zona oeste de São Paulo, tem como técnico o professor de Educação Física Wellington Freire, 39 anos. Adepto do futebol desde criança, o apelidado Tom ou Esquerdinha rodou pelo mundo da bola e, depois que concluiu os estudos, o treinador decidiu oferecer seus conhecimentos acadêmicos de bacharelado e pós-graduação no esporte de maneira gratuita em ações do clube em que sempre jogou. "Nesse time, os meninos me conhecem há um tempo e estou como treinador há quatro anos. Não recebo nada, tenho outro serviço fora dali. Lá, a gente faz mais para ajudar. Às vezes tem uma ajuda de custo, mas não é lucrativo na parte financeira. A gente está lá para incentivar a tirar as crianças da rua", explica Freire que, além de comandar o time que atua de forma amadora, mantém um projeto social esportivo para crianças e adolescentes da região.

No futebol desde criança, Welington Freire formou-se em Educação Física e hoje é técnico do Bem Bolado, time da várzea paulistana | Foto: Arquivo Pessoal

Embora alguns times amadores busquem iniciativas para estruturar os elencos, com uniformes e até premiação por jogo, segundo Freire, os problemas seguem sendo grandes no futebol amador. O treinador afirma que a maioria das agremiações não consegue oferecer nada aos boleiros, exceto água. "Trabalhar sem estrutura é totalmente diferente, e, às vezes, por falta de recurso, dá um aperto no coração porque tem jogador que não tem nem chuteira", lamenta o comandante técnico. "A minha maior alegria no mundo do futebol é fazer o jogador sorrir, mesmo sabendo que ele passa por dificuldades. Isso, dinheiro nenhum paga. Então peço a Deus muita saúde para poder ajudar muitos jogadores a realizarem seus sonhos", relata, emocionado.

Quer ser treinador?

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Treinadores de Futebol do Estado de São Paulo (Sintrefesp), Marcos Boccatto, o caminho para se tornar um técnico de futebol ficou um pouco mais complicado devido às exigências institucionais que estão presentes tanto na Legislação Brasileira quanto na Legislação Desportiva, imposta pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). "Qualquer cidadão pode tornar-se treinador desde que tenha o segundo grau completo, seja maior de dezoito anos e faça os cursos que estão estabelecidos pelo futebol no Brasil, indicados pelos sindicatos ou por outras entidades que podem oferecer as aulas", explica.

Segundo Boccato, as normas da Fifa passaram a ser mais duras e impuseram maior preparo aos futuros profissionais. "A Fifa criou as licenças Pró, A, B, C e a S (social). Ainda não estão sendo exigidas todas para a totalidade das categorias, mas para ser treinador das séries A e B, precisa ter no mínimo a licença A ou a Pró", detalha o vice-presidente do Sintrefesp.

Ainda de acordo com Boccatto, além do futebol profissional, as mudanças da legislação para técnicos também refletem no trabalho das categorias de base do esporte. "Para os treinadores da base, algumas federações já estão exigindo no mínimo a licença B", finaliza Boccatto.

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Estar numa escolinha de futebol pode ser, para alguns, apenas uma forma de passar o tempo ou um meio de praticar algum esporte, mas para muitas crianças e jovens, esta é a oportunidade de fazer o sonho de ser um jogador de futebol se tornar realidade. E esse é o maior papel das escolas, saber aproveitar o máximo de cada atleta e conduzi-los até as suas carreiras profissionais. 

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Os clubes brasileiros têm usado cada vez mais em seus times profissionais jogadores vindos das suas próprias bases, e as equipes pernambucanas também seguem na mesma linha. No Santa Cruz, crianças a partir dos quatro anos já podem se matricular para fazer parte da escolinha tricolor. A idade máxima para a inscrição é 17 anos. De acordo com Valclei Nascimento, professor da escolinha, os mais novos participam de um trabalho específico e um pouco diferenciado dos mais velhos, contudo, ambos são voltados para fundamentações reais de um jogo de futebol.

"Aqui, quando o aluno completa quatro anos já tem a possibilidade de estar atuando. A gente, neste caso, faz apenas um recreativo com essas crianças, para fazer uma inclusão. E a partir dos seis ou sete anos, dependendo do caso, já começa a participar dos campeonatos por equipe", explica Valclei. 

"A gente trabalha com os fundamentos reais, e somos acostumados a fazer os trabalhos voltados para o jogo real. No caso a gente trabalha com aquecimento, mas não aquele que é correndo ou fazendo polichinelo, a gente não trabalha dessa forma. A gente faz o aquecimento voltado para o jogo real, quando fazemos algumas barrinhas e situações de jogo para vermos a inteligência do atleta", completa o professor.

Se a criança ou o jovem vai se tornar, realmente, um jogador profissional vai depender do desempenho do mesmo. De acordo com Valclei, os alunos seguem em constante avaliação e dependendo de como ele se saia, ocorre a transição da escola para a base. "Aqui a gente faz uma transição, com o conhecimento do professor. A gente vê o atleta que está com o melhor desempenho e faz uma transição para o campo. Isso a partir do sub 14 e sub 15", explicou.

Segundo Valclei, a escolinha tricolor atende de 35 a 40 alunos pela manhã, começando às 7h30 e terminando às 10h30. E a parte da tarde, também com uma quantidade parecida de alunos, começa às 14h e vai até as 19h. Para se matricular, o interessado deverá procurar o society do Santa Cruz, e desembolsar R$ 20 para a matrícula. A mensalidade da escolinha custa, no preço original, R$140, mas está com 50% de desconto e passa para R$70.

Já na escolinha de futebol do Náutico, a idade mínima para começar é aos sete anos e a máxima é aos 18. De acordo com Jonatan Nino, Treinador da Escola de Formação de Atletas do clube, para cada idade existe uma categoria específica, mas a base do trabalho é a mesma, diferenciando apenas a intensidade.

"Dentro dessa idade, a gente faz as divisões por suas faixas-etárias. Nós trabalhamos com a Sub 9, que agrega crianças de sete, oito e nove anos. Aí vem o Sub 11, Sub 13, Sub 15e sub 17 e agora com 18 anos", explicou Nino.

"O trabalho é o mesmo para todas as categorias, apenas com cargas diferentes. A gente agrega o exercício e faz com que o aluno identifique e coloque em prática. A gente trabalha com fundamentos técnicos, situações de jogos, jogos amistosos, campeonatos e competições para todas as faixas-etárias", completou.

Segundo Nino, todos os alunos que freqüentam a escolinha alvirrubra têm o sonho de se tornar profissional e isso requer um cuidado muito grande por parte da escola. De acordo com ele, muitos nomes já conseguiram passar da escola para o profissional. "Todos daqui têm a vontade de se tornar um jogador profissional. É um sonho deles. Mas cabe a gente identificar isso com muita paciência, até para não frustrá-lo futuramente. E isso é relativo, vem muito do desenvolvimento técnico do aluno. Nós temos nomes que estão no profissional que saíram daqui da escolinha", disse.

Para fazer parte da escolinha de futebol do Náutico, os interessados deverão fazer a inscrição na parte administrativa do Centro de Treinamentos alvirrubro, localizado no bairro da Guabiraba. A mensalidade custa R$ 65 para sócios e R$ 70 para não sócios. As aulas vão de segunda à quinta, das 8h30 às 15h, com intervalo, e aos sábados a partir das 8h. Os novos alunos não precisam pagar matrícula, a mensalidade já serve como inscrição. Para jogar, os alunos também precisam do fardamento, que custa R$70. Segundo Nino, a escolinha alvirrubra é a única que realiza seus treinamentos em campos oficiais.

Em relação a escolinha do Sport, o LeiaJá entrou em contato para obter as informações da mesma mas não obteve resposta.

Com objetivo de levar crianças e jovens de comunidades carentes para o mundo do esporte e promover um combate ao uso das drogas, o tetracampeão mundial pela seleção Brasileira de futebol, Ricardo Rocha, realizará na próxima terça-feira (12), às 9h, a inauguração de uma escolinha de futebol para os moradores de Peixinhos e adjacências, em Olinda. Em parceria com a empresa Copergás, o ex-atleta lançará o campo do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente Norma Coelho – CAIC, num projeto que reunirá cerca de 150 crianças de ambos os sexos, entre 10 e 17 anos.

Segundo o campeão mundial, que vem se mostrando bastante ativo quanto a ações sociais para crianças de comunidades carentes - ele também foi representante da CBF numa ação quando a seleção veio jogar no Recife contra o Uruguai -, o objetivo do projeto e dar uma atividade para os jovens quando não estão na escola. “O programa busca reduzir a ociosidade de garotada, quando não está em sala de aula, dificultando assim, a proximidade com situações que levem ao uso de drogas”, comentou Ricardo Rocha.

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Ainda de acordo com o ex-atleta, o espaço contemplará palestras e reuniões com pais dos jovens focando na educação e na orientação dos filhos. E, para participar do projeto, os estudantes devem ter como requisito boa frequência escolar. “Queremos reforçar a ideia de que a disciplina, a vida saudável e o bom exemplo, valores que o esporte prega, podem mudar a realidade social e os objetivos de vida”, diz.

Através da parceria, os custos do projetos serão bancados mensalmente, assim como apoio pedagógico, material de treinamento e uniformes. As atividades para as crianças acontecerão em dois turnos, pela manhã, para aquelas que estudam no turno da tarde; e pela tarde para quem estuda de manhã.  

Além da tradição nos esportes olímpicos, o Centro Esportivo Santos Dumont, em Boa Viagem, irá em breve ganhar um reforço no futebol. Isso porque foi fechada nesta quarta-feira (9), uma parceria entre a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco e o ex-zagueiro pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira, Edmílson. O jogador inaugurará no Estado, por meio da sua fundação, uma escolinha para as crianças do bairro.

A estrutura do Santos Dumont foi apresentada ao pentacampeão e sua equipe técnica pelo secretário Felipe Carreras. Para firmar a parceria de imediato, a Fundação Edmílson doou uniformes e materiais esportivos para as escolinhas do Centro. O ex-jogador, que também é atual embaixador das escolinhas do Barcelona, começará já neste mês de março a capacitação de profissionais locais para que trabalhem dentro da sua metodologia no projeto. “Nossa fundação busca sempre realizar um trabalho de excelência e o reconhecimento disso são os parceiros que surgem em busca da nossa metodologia. Com o incentivo dessa parceria, vamos montar um programa que será o primeiro passo para a abertura do braço da Fundação no estado de Pernambuco”, comentou Edmilson.

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Felipe Carreras vê que a chegada da Fundação do ex-jogador ao Estado trará grandes benefícios para o Centro Esportivo. “A chegada da Fundação Edmilson representa uma nova perspectiva para as crianças que já estão matriculadas na escolinha existente atualmente no Santos Dumont e para as outras que agora, com certeza, vão se interessar em entrar.  A representatividade que a fundação tem, somada à referência do centro esportivo, ratifica a importância da iniciativa no local”, pontuou o secretário de turismo, esportes e lazer. A expectativa é que a inauguração oficial do projeto ocorra ainda neste primeiro semestre.

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