"Ser ou não ser". A clássica dúvida pode rondar muitos estudantes na hora de escolher uma profissão, mas pra quem está pensando em fazer o curso de educação física, esta questão pode ser um tanto mais simples - é que o profissional formado pode atuar em diversas áreas, trabalhando com grupos, escolas, clubes e academias de ginástica, ou prestando atendimento individual, como personal trainer.
De acordo com o Conselho Federal de Educação Física, atualmente existem mais de 26 mil profissionais cadastrados pelo órgão. Só em Pernambuco são 4.817 educadores físicos. Segundo o assessor de coordenação do conselho, Rubens Salaberga, não há como saber o número total de pessoas graduadas no curso, pois nem todos se cadastram no órgão, mesmo sendo obrigatório para o exercício da profissão. De acordo com o Ministério da Educação, 14 instituições oferecem o curso em Pernambuco, nove delas oferecem a formação em bacharelado e dez, em licenciatura.
No geral, uma das características primordiais de quem escolhe o curso é a paixão pelos esportes. Os alunos, em sua maioria, são atletas profissionais ou praticam alguma atividade física. É o caso do estudante Davi Miranda, atleta de capoeira há 15 anos e campeão brasileiro de Tae Kwon Do, no ano de 2009. O jovem escolheu continuar com a carreira de atleta, agora, como profissão. Estudante do 3° período do curso na Faculdade dos Guararapes, o capoeirista de 23 anos afirma que não se vê fazendo outra coisa. “Já pensei em escolher outros cursos, mas é no esporte que me identifico, mesmo com as dificuldades, como em toda profissão. Eu não seria feliz se deixasse o curso”, afirma. O estudante, que é professor de capoeira, revela não ter a pretensão de deixar de ensinar, mas sonha com algo maior. “Gostaria de montar uma academia especializada em esportes olímpicos. É um sonho a longo prazo, mas pretendo realizá-lo com a minha profissão”, declara.
O bacharel ou licenciado em educação física organiza, executa e supervisiona programas de atividades físicas para pessoas ou grupos. De acordo com a coordenadora de graduação da Universidade de Pernambuco (UPE), Carla Toniolo, os alunos encontram muitas matérias da área de ciências biológicas, como anatomia, fisiologia e ortopedia. O curso aborda, ainda, disciplinas de conhecimento geral da área de saúde e matérias específicas do curso, como desenvolvimento motor. O bacharelado da UPE é classificado como um dos melhores do país, comprovado no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), em que obteve conceito cinco pela terceira vez consecutiva.
O profissional formado pode atuar sozinho ou participar de equipes multiprofissionais com médicos, psicólogos e fonoaudiólogos. Além de trabalhar na sala de aula e na quadra de esportes, o licenciado elabora e analisa materiais didáticos como livros, textos, vídeos e ambientes virtuais de aprendizagem. Para o professor Amaro Damásio, 27 anos, educador do Colégio Souza Leão - Unidade de Candeias, esse profissional deve promover um estilo de vida ativo e saudável entre seus alunos, contribuindo para a qualidade de vida e bem-estar.
Damásio afirma ter optado pela licenciatura por ser um ramo diferente dos profissionais inseridos nas academias. “Eu me identifico com a parte educativa da minha profissão, sempre me identifiquei, já que antes de me formar atuava como professor de dança”, afirma. O educador deve, também, servir de referência em educação e ensino nos diferentes segmentos humanos e sociais. O professor diz que a experiência de trabalhar com crianças e adolescentes é cheia de recompensas. “Elas não deixam sua profissão cair na rotina, sempre trazem uma novidade, além de ter o lado afetivo, pois convivemos no mínimo durante um ano.”
As oportunidades nos campos de trabalho são amplas e, com a preocupação cada vez maior dos brasileiros em relação ao corpo e à saúde, o mercado está em alta. Por tal motivo, ainda tende a crescer o número de frequentadores de academias, que empregam boa parte dos bacharéis na área. Lays Portela, formada há três anos pela Universidade Federal de Pernambuco, foge à regra de que educadores físicos são atletas. “Ao contrário da maioria, nunca fui de praticar esportes. Mas escolhi educação física porque eu queria uma profissão ligada à saúde, sem precisar estar, necessariamente, dentro de uma clínica ou de um hospital”, explica.
A professora e personal trainer da Acadêmica HI afirma que a profissão requer boa forma e preparo físico, pelo fato do corpo ser uma espécie de "vitrine". “Como personal, os alunos também te cobram uma boa estética, até porque eles se miram em você para alcançar uma boa forma”.
O educador físico de academia também orienta e prescreve exercícios e aulas a fim de enquadrar o objetivo e as necessidades do aluno. Mas Lays explica que o profissional não é formado para fazer prescrições médicas, nem substituir o diagnóstico de um fisioterapeuta. “Eu costumo brincar dizendo que esta é a profissão mais completa, pelo menos no olhar de um aluno, porque damos o diagnóstico de dor, somos nutricionistas – quando eles perguntam o que devem ou não comer – e, nas horas vagas, psicólogos”, brinca a profissional.