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Seis investigados na Operação Lava Jato serão ouvidos, em Curitiba, pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que investiga representação contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A autorização para os depoimentos foi confirmada nesta terça-feira (5) pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato. O pedido dos depoimentos foi feito pelo relator do processo no conselho, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), na semana passada. O relator quer ouvir os investigados que, nos depoimentos à força-tarefa da Lava Jato, fizeram acusações contra Cunha. E elencou os seguintes nomes: Alberto Youssef, Julio Camargo, Fernando Baiano, Leonardo Meirelles, Eduardo Musa e João Henriques.

Rogério e o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA) se encontraram com Moro na capital paranaense no final da manhã de hoje e já estão retornando para Brasília. Ainda não foram definidas as datas e forma como serão conduzidas as oitivas. Como a decisão de ouvir os investigados no Paraná foi tomada como medida para otimizar gastos, evitando a transferência dos presos, a expectativa, segundo assessores, é que as oitivas ocorram por videoconferência.

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Esses depoimentos fazem parte do plano de trabalho que será conduzido nos próximos 40 dias úteis. Além desses depoimentos, Rogério pediu informações e dados de processos que correm contra Cunha no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria-Geral da União (PGR), incluindo o conteúdo de delações premiadas; e no Banco Central (BC), que tratam de crimes de evasão de divisa e lavagem de dinheiro.

Eduardo Cunha responde a processo sob a acusação de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em março do ano passado, quando disse que não tinha contas no exterior. Posteriormente, documentos do Ministério Público da Suíça revelaram a existência de contas ligadas a ele naquele país. Cunha nega ser dono das contas, que, segundo ele, são administradas por trustes. O deputado admite, porém, ser o “usufrutuário” dos ativos mantidos no exterior. O processo pode levar à cassação do mandato de Cunha.

A representação contra Cunha foi apresentada pelo PSOL e pela Rede, e acatada pelo conselho, por 11 votos a 10, no dia 2 de março. No último dia de prazo regimental, dia 21, Cunha apresentou sua defesa em mais de 60 páginas e cinco anexos, contendo notas taquigráficas e documentos. 

O Ministério Público da Suíça anuncia que abriu investigações contra o ex-gerente da área Internacional da Petrobras Eduardo Musa, novo delator da Operação Lava Jato e que citou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Seus ativos já foram bloqueados e, segundo a reportagem apurou, procuradores tentam traçar o destino e origem do dinheiro que alimentou suas contas. Outros envolvidos também passaram a ser investigados. Mas seus nomes têm sido mantido em sigilo.

No Brasil, Musa fechou um acordo de delação premiada e indicou que chegou a ter US$ 2,5 milhões no banco Cramer. Mas ele também admitiu ter usado o Credit Suisse e o Julios Baer.

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Ele ainda envolveu Cunha (PMDB-RJ) e afirmou à força-tarefa da operação ter ouvido que "quem dava a palavra final" em relação às indicações para a Diretoria Internacional da Petrobras era o deputado.

Segundo o delator, foi o próprio João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB no esquema e preso na 19ª fase da Lava Jato, que lhe revelou como eram as indicações políticas na Diretoria. "Que João Augusto Henriques disse ao declarante que conseguiu emplacar Jorge Luiz Zelada para diretor internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas quem dava a palavra final era o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB-RJ", relatou.

No total, a Suíça anunciou a existência de US$ 400 milhões bloqueados nas contas do país, entre eles o valor de Musa. À reportagem, Andre Marty, porta-voz do MP suíço, indicou que a investigação foi aberta e que seus ativos foram congelados.

O MP suíço indicou que outras pessoas também estão sob investigação, mas evitam por enquanto revelar os nomes. Questionado se Cunha estaria entre os envolvidos no inquérito, a procuradoria apenas respondeu que não poderia "nem confirmar e nem negar".

A meta da investigação, agora, é a de saber quem recebeu e quem pagou as propinas às contas de Musa, além dos motivos pelos quais elas eram alimentadas. Uma das suspeitas é de que exista uma relação entre ele e a Odebrecht.

Musa ainda afirmou ao Ministério Público Federal que "por volta de 2008/2009" conheceu o doleiro Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propinas da empreiteira Odebrecht no exterior. Ele disse que "acredita ter sido apresentado a Bernardo por Rogério Araújo, da Odebrecht".

Araújo, ex-diretor da empreiteira, está preso em Curitiba desde 19 de junho, alvo da Operação Erge Omnes, a etapa da missão Lava Jato que alcançou a cúpula da maior empreiteira do País, inclusive seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht.

Freiburghaus é suíço e, segundo os investigadores, voltou para seu País quando seu nome foi mencionado na operação. Antes de sair do Brasil, ele mantinha no Leblon, no Rio, a agência Diagonal, onde atendia a clientela interessada em remessas de valores para o exterior, segundo a Lava Jato.

O MP revelou que, desde a abertura do processo em abril de 2014, o caso da Petrobras ganhou "dezenas de sub-processos", envolvendo inclusive investigações sobre a Odebrecht e ex-funcionários. Um deles foi Musa.

Em março de 2015, o Ministério Público do país revelou 300 contas em 30 bancos diferentes com dinheiro fruto da corrupção. Do total bloqueado, US$ 120 milhões foram devolvidos aos cofres brasileiros.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se negou nesta quarta-feira, 23, a comentar as declarações do ex-gerente-geral da Área Internacional da Petrobras e novo delator da Operação Lava Jato, Eduardo Vaz Costa Musa, que afirmou à força-tarefa ter ouvido que "quem dava a palavra final" em relação às indicações para a Diretoria Internacional da estatal era o deputado. "Não vou ser comentarista de delação", disse. "Não sei quem é, nunca ouvi falar", afirmou, dizendo que, sobre o assunto, é o advogado dele que se manifesta.

Como o Estado revelou nesta quarta-feira, 23, Musa, afirmou à Força-Tarefa da Lava Jato ter ouvido que "quem dava a palavra final" em relação às indicações para a Diretoria Internacional da Petrobras era o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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Segundo o delator, foi o próprio João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB no esquema e preso nesta segunda-feira, 21, na 19ª fase da Lava Jato, que lhe revelou como eram as indicações políticas na Diretoria. "Que João Augusto Henriques disse ao declarante que conseguiu emplacar Jorge Luiz Zelada para diretor internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas quem dava a palavra final era o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB-RJ", relatou.

O ex-gerente da área Internacional da Petrobras Eduardo Musa, novo delator da Operação Lava Jato, disse ao Ministério Público Federal que "por volta de 2008/2009" conheceu o doleiro Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propinas da empreiteira Odebrecht no exterior. Ele disse que "acredita ter sido apresentado a Bernardo por Rogério Araújo, da Odebrecht".

Araújo, ex-diretor da empreiteira, está preso em Curitiba desde 19 de junho, alvo da Operação Erge Omnes, a etapa da missão Lava Jato que alcançou a cúpula da maior empreiteira do País, inclusive seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht.

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Freiburghaus é suíço e, segundo os investigadores, voltou para seu País quando seu nome foi mencionado na operação. Antes de sair do Brasil, ele mantinha no Leblon, no Rio, a agência Diagonal, onde atendia a clientela interessada em remessas de valores para o exterior, segundo a Lava Jato.

"Alguém havia falado para o declarante que Rogério Araújo conhecia um bom operador de contas no exterior e este indicou Bernardo", disse Musa, conforme seu termo de declaração número 4 perante a força-tarefa da Operação Lava Jato que versa especificamente sobre contas no exterior.

Ele disse que foi ao escritório da Diagonal no Leblon, sede da agência de Freiburghaus. "Então o declarante resolveu abrir uma conta no HSBC na Suíça por volta de 2009 por indicação de Bernardo; quem, em 2010, também por indicação de Bernardo, abriu uma conta no Banco Julius Bar na Suíça."

Eduardo Musa relatou que "toda vez que abria uma nova conta transferia todos os recursos das contas antigas, salvo o das contas do HSBC, que foram transferidos para o Banco PICTET". Os investigadores destacam que a estratégia de migrar valores de conta em conta é muito usada nos esquemas de corrupção para dificultar o rastreamento dos órgãos de fiscalização.

Musa afirma que a conta no Julius Bar "tinha por objetivo receber propina da Schahin e da Vantage". Ele contou que em 2012 a conta do Julius Bar foi fechada, "migrando os valores para o banco Cramer, por sugestão de Pierino, gerente do banco Cramer, que esporadicamente vinha ao Brasil".

Segundo o ex-gerente da Petrobras, Bernardo Freiburghaus continuou gerenciando a conta no banco Cramer. "Que, atualmente, o declarante tem dinheiro no Cramer, offshore Nebraska, tendo aproximadamente US$ 2,5 milhões, e no banco PICTET, numa offshore que não se lembra o nome e nem o saldo, mas está buscando informações e se compromete a entregá-las o mais breve possível."

Admitiu que recebeu recursos no exterior de "serviços privados", segundo ele, prestados na época em que trabalhava na OSX. "Que recebeu comissões da SBM, Julio Faermann, Zwi, estaleiro Keppel Fells."

Musa narrou, ainda, que quando necessitava internalizar recursos em reais, por indicação de Bernardo Freiburghaus procurava o doleiro Miguel, na Ad Valor, "uma espécie de escritório de negócios, localizado na Rua do Carmo, Centro do Rio". "Os contatos com Miguel, normalmente, eram via Skype", disse o ex-gerente. "Miguel mantinha vários negócios com Bernardo."

Musa foi ouvido pelos procuradores da República Diogo Castor de Mattos, Orlando Martello e Laura Tessler. Ele disse que "para o recebimento das vantagens indevidas dos contratos da área Internacional foi orientado por Luís Moreira a abrir contas no exterior, por volta de 2006".

Segundo o ex-gerente da Petrobras, "Moreira chegou a oferecer os serviços de um doleiro uruguaio que gerenciava as contas dele". Musa disse que "optou por abrir contas na Suíça, utilizando-se dos serviços do Banco Credit Suísse porque era o mesmo esquema utilizado pelo seu amigo Abdala, outro funcionário da Petrobras, já falecido, que recebia propinas por intermédio de contas no Credit Suísse".

O ex-gerente esclareceu que foi ao escritório do banco suíço no Brasil, "então situado na Avenida Rio Branco, Centro do Rio de Janeiro, onde foi atendido pelo gerente IENS, indicado por Abdala, que cuidou de toda a parte de abertura da offshore no Panamá e abertura da conta da conte corrente na Suíça".

A empreiteira Schahin, por meio de seu advogado, o criminalista Guilherme San Juan, disse que não vai se manifestar.

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