As bolsas de Nova York fecharam em forte alta nesta quinta-feira, encerrando a sessão em níveis que não eram vistos desde a crise financeira global de 2008. Os mercados foram impulsionados pelo novo plano do Banco Central Europeu (BCE) para combater a crise da dívida na zona do euro e indicadores melhores do que o esperado sobre a economia dos Estados Unidos.
O índice Dow Jones ganhou 244,52 pontos (1,87%), fechando a 13.292,00 pontos, o maior nível desde 28 de dezembro de 2007. O Nasdaq avançou 66,54 pontos (2,17%), encerrando a 3.135,81 pontos, o nível mais elevado desde 15 de novembro de 2000. E o S&P 500 teve alta de 28,68 pontos (2,04%), terminando a sessão a 1.432,12 pontos, nível que não era visto desde 3 de janeiro de 2008. No acumulado do ano, o Nasdaq tem alta de 20%, o S&P registra ganho de 14% e o Dow Jones já subiu 8,8%.
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Após anunciar a manutenção da taxa básica de juros da zona do euro em 0,75%, o presidente do BCE, Mario Draghi, divulgou nesta quinta-feira os detalhes do novo programa de compra de bônus, chamado agora de Transações Monetárias Completas (OMT, na sigla em inglês). O programa será concentrado em títulos com vencimento de um a três anos e não há limite para o tamanho das compras desses papéis. Além disso, o BCE irá aceitar as mesmas condições dos investidores privados nas compras de bônus, abrindo mão da sua condição de credor sênior, que lhe concede prioridade no pagamento das dívidas.
Segundo Draghi, essas operações serão totalmente esterilizadas pelo BCE, que também irá publicar o prazo médio dos bônus comprados e os volumes de cada país mensalmente. O banco central, de acordo com ele, decidirá sobre o começo, a continuação e a suspensão das compras de bônus, de maneira totalmente discricionária e independente. Ao contrário do que chegou a ser especulado, o banco central não estabeleceu um limite para os yields dos bônus dos países debilitados.
"Os investidores estavam exageradamente pessimistas com a Europa. Parece agora haver um claro e forte compromisso para que o euro sobreviva e, mais do que isso, prospere", comentou Doug Cote, estrategista-chefe de mercado da ING Investment Management.
Enquanto isso, nos EUA foram divulgados indicadores melhores do que o esperado. A consultoria Challenger, Gray & Christmas reportou que as demissões anunciadas por grandes empresas caíram para 32.239 em agosto, o menor nível em 20 meses. Já o relatório da ADP/Macroeconomic Advisers mostrou que o setor privado norte-americano criou 201 mil empregos em agosto, acima da previsão dos analistas, de 145 mil.
O Departamento do Trabalho, por sua vez, revelou que o número de trabalhadores norte-americanos que entraram pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego caiu para 365 mil na semana até 1º de setembro. Os economistas esperavam queda para 370 mil solicitações. Por fim, o índice de atividade do setor não industrial dos EUA, medido pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM), avançou para 53,7 em agosto, acima das previsões de 52,5.
Agora, os investidores devem ficar de olho no relatório do governo norte-americano sobre o mercado de trabalho (payroll), que será divulgado amanhã. Esse é um dos principais indicadores acompanhados pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA, para decidir sobre a adoção ou não de uma terceira rodada de relaxamento quantitativo (QE3, na sigla em inglês).
Como ainda existe alguns fatores pendentes para o plano do BCE, como a necessidade de uma aprovação do Tribunal Constitucional da Alemanha, e existem outras fontes de preocupação no horizonte, como a eleição presidencial nos EUA, alguns analistas recomendam cautela. "A situação melhorou nos últimos meses, mas nós ainda temos algumas coisas para resolver", afirmou Elliott Roman, sócio-gerente da Direct Access Partners.
No campo corporativo, as ações da AIG fecharam em queda de 1,69%, após a seguradora revelar um plano para levantar US$ 2 bilhões com a venda de parte da sua fatia na asiática AIA Group. A diretoria da AIG também aprovou a recompra de até US$ 5 bilhões em ações ordinárias suas que estão na carteira do Tesouro dos EUA.
Entre os destaque de alta na sessão desta quinta-feira estão o setor bancário (Citigroup +4,53%, JPMorgan +4,26%, Goldman Sachs +3,27%, Morgan Stanley +3,64% e Bank of America +5,03%), além de Dow Chemical, com alta de 3,80%, e Ford Motor, com ganho de 3,66%. As informações são da Dow Jones.