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A simplicidade de deusas gregas no desfile da Dior e o surrealismo de Schiaparelli abriram a Semana de Alta-Costura feminina em Paris nesta segunda-feira (3).

Com enormes volumes, vestidos brancos, pretos, dourados e prateados, Schiaparelli homenageou a reputação de vanguarda que ganhou há um século com suas colaborações históricas, com personagens como Dalí e Man Ray.

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Liderada por seu diretor artístico, Daniel Roseberry, a marca propôs um show espetacular diante de celebridades como a rapper Cardi B e as atrizes Gwendoline Christie e Philippine Leroy-Beaulieu, no Petit Palais de Paris.

O objetivo era uma "interpretação surrealista do vestuário feminino cotidiano", com blusas brancas, golas altas pretas e casacos de tamanhos exagerados.

- Simplicidade extrema -

Já a Dior invocou deusas gregas para apresentar uma coleção de alta-costura particularmente simples, sem saltos, forros ou babados.

A extrema pureza foi inspirada em antigas estátuas para trazer mais conforto.

Um vestido longo de lã branca abriu o desfile no Museu Rodin, em um cenário desenhado pela artista italiana Marta Roberti.

A silhueta é vertical, as linhas são retas e as cores elegantes: branco, preto, bege, dourado e prateado.

"Estas linhas retas escondem, na verdade, uma notável complexidade. Foi um trabalho de subtração. Quis tirar a capa, o forros, esses elementos que caracterizam os conjuntos de alta-costura", afirmou à AFP Maria Grazia Chiuri, diretora artística da coleção feminina da Dior.

- As lantejoulas de Mishra -

Apesar dos distúrbios em toda a França após a morte de um jovem de 17 anos durante uma operação policial, a alta-costura foi lançada sem incidentes.

"Salvo disposição contrária das autoridades", os desfiles "serão realizados" segundo o previsto, afirmou a Federação de Alta-Costura e Moda.

O indiano Rahul Mishra valorizou as lantejoulas e a experiência dos artesãos em seus 'tailleurs', respeitados no mundo da moda.

Mishra apresentou uma mulher muito sofisticada, com enormes laços em forma de flores cintilantes que cobrem o corpo. Sua coleção brilhou com lamê dourado, transparências que revelam o corpo sutilmente, saltos altos com meias pretas ou prateadas.

Homens se apresentaram pela primeira vez em um desfile próprio em Paris, também com lantejoulas.

- Juana Martin desfila na quinta-feira -

Para os próximos dias são esperados os desfiles de dois estreantes: o americano Thom Browne e o francês Charles de Vilmorin.

Vilmorin tem 26 anos e inicia carreira solo depois de ter trabalhado para a casa Rochas.

Até agora, suas duas coleções de alta-costura, uma em cores pop e estampas psicodélicas e outra inteiramente em preto, foram reveladas em vídeos durante a crise de saúde.

A marca saudita Ashi, que já vestiu a rainha Rania da Jordânia, Penélope Cruz, Diane Kruger e Lady Gaga, é a primeira representante do reino e do Golfo a participar da Semana, e desfilará na quinta-feira.

Neste dia, último do evento, também estão previstos os desfiles da espanhola Juana Martin, em sua terceira participação na alta-costura parisiense, assim como Fendi e a marroquina Maison Sara Chraibi.

Stéphane Rolland apresentará nesta terça-feira um desfile dedicado a Maria Callas na Ópera Garnier de Paris, filmado pelo diretor francês Claude Lelouch para sua próxima obra.

Esta semana a morte do designer de moda Christian Dior (1905-1957) completou 62 anos. Ele foi nome sinônimo de glamour, luxo e mistério. Afinal, Christian revolucionou a moda em poucos anos, desde a fundação de seu ateliê, em 1947, até sua morte precoce, exatamente uma década depois. Na história do ateliê Dior, é memorável em criações e momentos icônicos nascidos das mãos de nomes como Yves Saint Laurent (1936-2008), Gianfranco Ferré (1944-2007), John Galliano e Maria Grazia Chiuri, sucessores de Christian. Confira a seguir alguns conceitos de moda que são a marca e referência da grife até os dias de hoje.  

O New Look – Essa expressão (“Novo Olhar”) foi exclamada por uma editora de moda americana, impressionada com as novidades do primeiro desfile solo de Christian Dior, em 1947. Para Christian, a jaqueta acinturada e a saia ampla não eram exatamente uma novidade. Ele já havia experimentado com a mesma silhueta em anos anteriores, quando trabalhava em outros ateliês. Mas para as mulheres que sobreviveram à escassez da guerra, o visual transbordava tecido e era atraente. Todo o processo criativo foi gravado e se tornou assunto do documentário “The Greek Bar Jacket”, lançado pela marca, em janeiro de 2022.

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 Rosa e Cinza: as cores favoritas – Da decoração de seu ateliê aos tecidos de suas roupas, Christian não escondia sua paixão pelo cinza e o rosa. Nascido e criado na Normandia, França, ele passou a infância na mansão cor de rosa da família, chamada Les Rhumbs. A pintura da construção era um contraste com o céu nublado.

 John Galliano foi um dos primeiros a valorizar essa cartela de cores herdada pelo fundador. Maria Chiuri também honrou esse aspecto, com seus looks acinzentados para a temporada de alta-costura em julho do ano passado.  

Estampas e padronagens – Mais do que apenas os florais românticos, dois desenhos eram muito importantes para Dior. Houndstooth, tradicional na alfaiataria inglesa, era um deles. O estilista considerava a padronagem um de seus amuletos da sorte, já que a utilizou com sucesso no casaco de um conjunto que criou enquanto ainda trabalhava para Robert Piguet (1898-1953), em 1939. O designer rendeu a Christian, em 1950, seu primeiro grande reconhecimento na moda. Outra estampa favorita era a manchas de leopardo. Presentes até hoje em muitos acessórios e peças, eram as favoritas de Mitzah Bricard (1900-1977), a socialite e musa do estilista que dirigiu o ateliê de chapéus de Dior. Obcecada pelas “panther prints”, Maria Chiuri escapou da influência de Mitzah, que inspirou a coleção de pre-fall 2021 da Dior.  

 

A maison Dior retomou nesta quinta-feira (17) os desfiles abertos ao público, com uma apresentação ao som de fogos de artifício para lançar sua coleção cruise 2022 no Estádio Panatenaico, sede dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna.

Na presença de celebridades, como a atriz Catherine Deneuve, a modelo Cara Delevingne e a presidente da Grécia, Katerina Sakellaropoulou, a marca mostrou criações inspiradas na antiguidade e na vestimenta tradicional grega. "Tenho muito interesse pelo artesanato, é a minha paixão", disse à AFP a diretora criativa da Dior, Maria Grazia Chiuri.

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As coleções cruise são apresentadas entre as coleções primavera/verão e outono/inverno, e as casas francesas as lançam com frequência em outros países. O evento em Atenas mistura "o poder da tradição com a inventividade contemporânea", informou a Dior.

A túnica tradicionalmente usada pelas mulheres na Grécia antiga foi "uma inspiração chave" para as túnicas do desfile. A coleção, a maioria em preto, branco, cinza, dourado e azul, inclui peças esportivas e terninhos inspirados naqueles usados por Marlene Dietrich.

A maison Dior apresentou nesta terça-feira on-line sua coleção masculina para o outono 2021, marcada por cores vivas, motivos psicodélicos e uma extravagância luxuosa, que transmite jovialidade em tempos de pandemia.

"Quando iniciamos a coleção, estávamos saindo do primeiro confinamento e quis trazer alegria, felicidade e esperança", explicou Kim Jones, criador britânico das coleções masculinas da marca de luxo francesa, em vídeo que acompanha a apresentação dos modelos.

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A coleção, à qual ele quis dar um toque "leve e divertido", brinca com as silhuetas clássicas da Dior e o universo do artista americano Kenny Scharf, que criou, nos anos 1980, conexões entre o mundo artístico contemporâneo e o do grafite ao estilo Jean-Michel Basquiat ou Keith Haring. "Adoro o contraste de cores. Quando pegamos os opostos, triste e alegre, e os colocamos juntos, isso cria a tensão e efervescência que adoro", explicou Scharf.

Os motivos de suas obras são reproduzidos em jaquetas, suéteres, camisas e boinas. Os bordados com ponto nó, uma das técnicas mais antigas do mundo, foram produzidos na China.

A novidade no que se refere à silhueta foi a abundância de jaquetas e casacos ajustados com cinto, usados com calças largas e mais curtas, que deixam os tornozelos à mostra acima de "chunky boots" coloridas ou pantufas, uma referência ao confinamento que impulsionou a moda do "homewear".

A cenografia do desfile, transmitido pelo site da marca, foi elaborada pelo diretor francês Thomas Vanz como uma odisseia espacial virtual.

Pós semana de moda é quando paramos e reunimos os melhores desfiles e as tendências que certamente pegarão. Pensando nisso, pós temporada nas principais capitais do hemisfério norte (ainda tem SPFW), o Leia Já separou as trends que certamente você usará.

Conversamos com a estilista e especialista em pesquisa, planejamento e desenvolvimento de coleção, Fernanda Faustino, que nos contou como são definidas essas tendências e como podemos incorporá-las em solo nacional. "Uma vez, li em algum lugar que tendência é uma direção ou uma sequência de eventos que tem determinado impulso e direção. Pensando no Brasil, um país que é definido como 'adotador' retardatário de qualquer tendência, identificamos que algo está na moda pela frequência que vemos isso no dia-a-dia, na protagonista da novela, na blogueira que usou três vezes o mesmo tipo de decote, etc", explica Fernanda.

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Além do fato de celebridades definirem o que será visto nas ruas, a estilista continua: "O olhar mais apurado fica pra quem identifica essa tendência lá fora e traz pra cá. Pensando que uma macro tendência precisa ser adaptada ao nosso país devido ao clima, comportamento do consumidor, entre outros fatores. Quanto mais intimidade você tiver com quem você quer atingir, mais dócil e atento fica o seu olhar a tudo que te rodeia e pode ser transformado em referência de criação’’, aponta.

Considerando as declarações da estilista, vamos às maiores tendências do segundo semestre do ano:

MANGAS BUFANTES

A modelagem estruturada apareceu em diversos desfiles e durante a semana de moda, muitos fashionistas foram clicados usando alguma peça que continha o estilo. A blogueira Thassia Naves é uma das adeptas, rendendo inúmeros modelos no Instagram.

CASACOS E CAPAS

Louis Vuitton, Balenciaga, Dior e Balmain. Essas são apenas algumas grifes que incorporaram looks com esse modelo em seus desfiles. Materiais como couro e látex foram os mais usados e já vimos nomes como Oliva Palermo, ex assistente da estilista Diane Von Furstenberg, ostentando as peças pelas ruas.

TERNOS E LOOKS UTILITÁRIOS

Sem dúvidas, essa é a tendência mais democrática da temporada. O look completo – se for de alfaiataria, melhor – atende a diversos compromissos e ocasiões, sendo o mais prático para o ambiente de trabalho. Tricôs e cardigãs são extremamente elegantes e podem ser a peça-chave do seu modelito.

TONS TERROSOS E SÓBRIOS

Não é o fim da moda CAMP, porém chegou a hora de guardar aquele casaco sintético fúcsia no armário. A pedida da vez e palavra de ordem da moda é sustentabilidade, portanto, é comum que tingimentos mais fáceis de atingir entrem em voga. Escolha cores como o bege, areia, tons de uva, verdes e afins.

 

A roupa é moderna? A Dior abriu com essa pergunta seu desfile de Alta Costura nessa segunda-feira em Paris, em que resgatou uma figura arquitetônica da Antiga Grécia, as cariátides, para homenagear as mulheres que carregam o peso do mundo.

Para essa pergunta, feita nos anos 1940 pelo artista americano Bernard Rudofsky, a diretora artística Maria Grazia Chiuri traz a seguinte resposta: o clássico se reiventa e seu desfile "em negro" na sede histórica da Dior, no número 30 da elegante avenida Montaigne, confirma isso.

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A estilista recuperou o peplo, túnica feminina sem manga da Antiga Grécia, para transformá-lo em vestidos de noite brilhantes, assimétricos ou combinados com camisas de rede.

Também se apropriou da sandália espartana, recriando-a com materiais elásticos. A mulher caminha na passarela da Dior com uma sola muito fina, como se pretendesse declarar a morte ao salto.

Em sua página no Instagram, a marca fez referência às cariátides, esculturas usadas como pilares nos antigos templos gregos e que decoram também alguns prédios parisienses, como "figuras femininas que sempre carregaram o peso do mundo".

Chiuri disse em entrevista à AFP que se inspirou nelas porque são "uma excelente síntese: um pilar arquitetônico que conserva um aspecto gracioso".

- Força e graça -

"Existe a crença de que a graça e a força são contraditórias, não é verdade", disse antes do início do desfile a estilista feminista, que se uniu à artista americana Penny Slinger para transformar a sede histórica da Dior em um espaço surrealista com estátuas clássicas.

Os elementos como a água, o vento e o fogo estão presentes nessa coleção de Alta Costura, apresentada nos jardins da sede.

Uma modelo desfila um vestido sino preto com estampa de chamas ardentes em cobre e rosado. Não faltam outros toques punk como chockers, enquanto a rede aparece em véus, meias arrastão e camisetas que cobrem ombros desnudos. Destaque também para os vestidos com plumas e decotes de coração.

A marca encerrou o desfile com uma reprodução dourada do prédio da Dior, uma casa de bonecas que uma modelo usou como um minivestido.

Chiuri, à frente da direção artítica da linha feminina da Dior desde 2016, rececerá nessa segunda-feira a Ordem da Legião de Honra, distinção francesa mais importante.

"Estou muito agradecida, é um reconhecimento em um país e mque a moda e a cultura têm tanto valor... Quando comecei, nunca imaginei que me transformaria em criadora", disse a italiana.

- As asas de Van Herpen -

A holandesa Iris Van Herpen testou os limites da moda e fez uma parceria com o artista americano Anthony Howe, criador de obras cinéticas.

A estilista de formas arquitetônicas e alta tecnologia apresentou a coleção "Hipnose", uma série de esculturas oníricas e vestidos que parecem impossíveis de usar, mas que passariam sem esforço em qualquer tapete vermelho.

Van Herpen trabalha com laser principalmente a organza, que permite criar peças únicas com base em múltiplas capas e plissados, fazendo com que suas modelos evoquem misteriosas criaturas do fundo do mar.

Combinam tecnologia com arte, como as peças que retomam a técnica japonesa de suminagashi, pintadas com pigmentos que flutuam na água.

Dois looks superaram as expectativas do público no desfile, que teve entre as convidadas a cantora Céline Dion.

O primeiro era um vestido justo de algodão que abre como duas asas gigantescas com efeito moiré -de distorção-, composta de milhares de ondulações entrelaçadas.

O segundo era o chamado "Infinity dress", que levou quatro meses de trabalho para ser feito e parece estar vivo: um vestido branco do qual sai uma armação composta de quatro bases cobertas de plumas que se movem de forma cíclica ao redor do corpo, fazendo nascer uma mulher-pássaro.

O museu Christian Dior, em Granville, na França, anunciou a superexposição "Grace de Monaco, Princesse em Dior" dedicada ao estilo da atriz ícone da moda e sua relação com a marca. A mostra estará em cartaz de 27 de abril a 17 de maio.

A exposição vai mostrar 85 looks que já foram usados pela atriz, queridinha do diretor britânico Alfred Hitchcock (1889-1980), e grande parte das peças vêm do acervo do principado de Mônaco, conservado desde 1982, ano da morte de Grace. Um terço desse acervo é de peças Dior.

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A princesa de Mônaco, que era amiga de Marc Bohan, o terceiro a assumir a diretoria de estilo da Maison, após o próprio Dior (1905-1957) e Yves Saint Laurent (1938-2008), foi madrinha da linha Baby Dior, desenvolvida inspirada nos filhos de Grace que chamavam Bohan de tio.

Entre os modelitos a serem exibidos estão o vestido que Grace usou no baile de noivado no Waldorf Astoria, em Nova York, em 1956, e outro que ela escolheu para usar no primeiro retrato como princesa de Mônaco.

por Junior Rodrigues

Paris apresenta a maior exposição já realizada da marca francesa Dior, cujos 70 anos de história estão intrinsecamente ligados a seu fundador, Christian Dior, para quem a base da alta-costura era a arte.

Trezentos vestidos confeccionados entre 1947 até a presente data, mil documentos e dezenas de obras de arte serão exibidos a partir desta quarta-feira (5) no Museu de Artes Decorativas.

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Nascido em uma família de industriais franceses, Christian Dior (1905-1957) foi um homem de grande cultura, que trabalhou em uma galeria antes de se transformar em um dos estilistas mais celebrados da moda.

"Não foi alguém que se interessasse pela arte depois de fazer fortuna. Dior partiu da arte para a alta-costura", lembrou Olivier Gabet, diretor do museu e curador da exposição junto com a historiadora Florence Müller.

Amigo de artistas, como Jean Cocteau, Max Jacob e Picasso, abriu uma galeria em Paris com um grupo de sócios, defendendo "a arte moderna e contemporânea mais vanguardista", contou Gabet.

"Foi quem apresentou pela primeira vez em uma galeria gente como Alberto Giacometti e Salvador Dalí", acrescentou.

- O New Look

Na exposição, como não poderia deixar de ser, homenageia-se o "New Look", o estilo que Dior concebeu em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial. Esse estilo deu um "novo ar" à mulher, com cinturas ajustadas, saias longas e rodadas e ombros naturais.

O "New Look" influenciou não apenas os estilistas contemporâneos de Dior, como continua inspirando os estilistas atuais, assim como os seis diretores artísticos que lhe sucederam na direção de sua maison.

- Saint Laurent, o sucessor

Depois da morte de Christian Dior, aos 52 anos, o jovem Yves Saint Laurent assumiu as rédeas. Sua primeira coleção, "Trapézio", valeu a ele o apelido de "O Pequeno Príncipe da moda".

Também foi determinante sua coleção "Beatnik", inspirada nos motoqueiros e em suas jaquetas de couro, que chocaram as clientes da época.

- Marc Bohan e o 'Slim Look'

Apesar de ficar 29 anos - um recorde - à frente da direção artística da Dior, o francês Marc Bohan parece ter caído um pouco no esquecimento.

"A extravagância de seus sucessores ofuscou um pouco seu período, mas ele teve muito êxito na época", afirma Müller.

Com Bohan, as saias ficaram mais curtas, e ele foi o inventor do "Slim Look", uma silhueta adolescente e mignon, muito em sintonia com os anos 1960. Entre suas clientes, destacou-se, por exemplo, Grace Kelly.

- Ferré e Galliano, a exuberância

Sob a batuta do italiano Gianfranco Ferré, o marca voltou às origens, com vestidos elegantes e finamente bordados, além de plumas e flores.

John Galliano irrompeu no mundo da alta-costura com sua excentricidade à inglesa e também foi fiel ao fundador da Dior, com "uma visão da feminilidade muito exacerbada: a cintura estreita, os quadris amplos, o busto em destaque", segundo a curadora.

- Raf Simons, o minimalista

O belga Raf Simons tinha fama de ser minimalista, mas a exposição é a ocasião para desmentir isso, ressalta Müller.

"Pode dar a sensação de que é muito simples, mas, de perto, pode-se observar a complexidade do trabalho", enfatizou, mostrando um bordado em três dimensões e um vestido confeccionado inteiramente com pequenas plumas.

- Maria Grazia Chiuri, a 'prima donna'

Nomeada em 2016, a italiana Maria Grazia Chiuri é a primeira mulher a chefiar a criação artística da Dior. Os vestidos expostos mostram uma visão delicada da mulher, com muitos bordados recobertos por tule.

"Esta exposição não fala apenas da maison Dior. Fala de cada época e de suas mulheres. É isso que me fascina", conclui a diretora artística.

A estilista italiana Maria Grazia Chiuri apresentou nesta sexta-feira (30) o primeiro desfile criado por uma mulher para Dior, uma coleção "feminista" que buscou inspiração dentro e fora do cânone habitual do fundador da marca.

"Todos deveríamos ser feministas" é a frase que aparece estampada em camisetas brancas usadas com saias longas. Outras convidam a uma "Dio(r)evolução".

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Recém-chegada da Valentino, a estreia da italiana de 52 anos era um dos momentos mais esperados da Semana de Moda do primavera-verão 2017 de Paris.

Christian Dior (1905-1957) fundou a marca em 1947 e esteve à frente da marca por dez anos. Por isso, Chiuri considera que seus sucessores, incluindo o polêmico John Galliano, são referências igualmente válidas na hora de definir os códigos da marca.

"Por que nos perderíamos nessa parte do legado falando exclusivamente de monsieur Dior?", pergunta-se Chiuri diante dos jornalistas após o desfile, em referência a seus antecessores Yves Saint Laurent, Marc Bohan, Gianfranco Ferré, Galliano, Bill Gaytten e Raf Simons.

Esgrima e tarô

O uniforme quase unissex das esgrimistas foi uma das inspirações para Chiuri usar seu enfoque feminista, segundo a estilista, porque isso permite escapar "das categorias estereotipadas masculino/feminino, jovem/menos jovem, razão/sentimento".

Esse é um estilo que novo não apenas para a Dior - muitas vezes presa ao DNA de seu fundador, apegado às suas "mulheres-flor" -, mas também para a própria estilista, uma fã das princesas renascentistas e românticas das coleções para Valentino, com as quais fez fama junto com Pierpaolo Piccioli.

"Tenho uma filha e um filho", disse. "Quero que tenham as mesmas oportunidades na vida. Muita gente pensa que já não é mais necessário falar de igualdade. Mas temos que fazer isso, porque nesse momento nem todos a aceitam", declarou.

Botas com cadarços dão um aspecto esportivo a um vestido em malha de crochê com efeito de transparência. O preto e o branco ainda dominam a passarela, mas o vermelho faz uma aparição notável em um conjunto de jaqueta e saia de tule no estilo bailarina.

Também aparecem a lingerie e as transparências em saias que lembram as cartas do tarô, evocando o lado supersticioso de Christian Dior.

Entre as famosas que assistiram ao desfile na primeira fila estavam a ex-primeira-dama Carla Bruni, a atriz Marion Cotillard e a cantora Rihanna, que essa semana apresentou sua segunda coleção de roupas esportivas para Puma.

O microcosmo futurista de Issey Miyake

Como de costume, a marca japonesa Issey Miyake combinou tradição e novas tecnologias para sua coleção "Microcosmo".

plissados lembram os origamis de papel, mas um pouco menos do que o usual.

"Para essa coleção, apelamos para novas tecnologias", disse o estilista Yoshiyuki Miyamae em entrevista à AFP.

Uma camaleônica e futurista "clutch eletrônica" desenvolvida em parceria com a Sony muda de cor segundo a ocasião.

"Isso é só o começo", diz o estilista.

"Amanhã poderá ser aplicado em um vestido, para sair à noite, podendo ser preto ao chegar e branco ao sair".

Outros modelos recorrem às técnicas de tecidos diferenciados para incluir rigidez e flexibilidade.

"Minha fonte de inspiração foram os grãos", disse Yoshiyuki Miyamae.

"Os grãos são um microcosmo, algo muito misterioso. Um pouco como a história da marca: começamos por algo muito pequeno que depois evolui. Queremos transmitir o espírito Issey Miyake das futuras gerações", afirmou.

A paleta foi muito variada, como nos tons ácidos que apaixonam os jovens "fashionistas" de Tóquio e fãs da marca em outras partes do mundo.

"É como os grãos - disse o estilista -, que crescem e terminam dando seus frutos".

Bella Hadid estava surpreendendo muito a todos ultimamente! A modelo era convidada para muitos ensaios fotográficos incríveis, e protagonizava um verdadeiro show de beleza. Claro que todo este trabalho seria reconhecido, ainda mais porque sua irmã, Gigi Hadid, também faz parte de todo este sucesso. Não demorou muito para que a bela conquistasse mais um passo em sua carreira - e desta vez, mais chique do que nunca.

Bella publicou em seu Instagram a notícia de que é a mais nova embaixadora da Dior. Mas não é só isso, ela é a embaixadora de maquiagem:

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"Estou muito feliz em anunciar que sou a nova embaixadora e a face da @DiorMakeup! É um sonho se tornando realidade! Mal posso esperar pelo show no Palácio de Blenheim!"

O show rola nesta terça-feira, dia 31.

Para quem adora ver Emilia Clarke entre os dragões de Game of Thrones, agora terá que se acostumar a apreciá-la entre luxuosas joias!

De acordo com o site de moda WWD, a intérprete de Daenerys Targaryen se tornou o novo rosto da coleção de joias finas Rose des Vents, da francesa Dior.

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Fotografada pelo renomado Patrick Demarchelier, a mulher mais sexy do ano faz a sua estreia em campanhas de marcas de luxo. Lançado mundialmente em junho, a Rose des Vents é a primeira coleção de joias finas da Dior que será representada por uma celebridade.

Emilia, aliás, se juntará ao time de estrelas que já simbolizaram a grife, que conta com Rihanna, Jennifer Lawrence, Marion Cotillard, CharlizeTheron, Natalie Portman e até Johnny Depp.

Como se veste em 2015 um homem radicalmente moderno? O belga Kris Van Assche respondeu com uma coleção para a Dior que redefine os códigos de uma elegância "flexível e contemporânea", que vai do fraque ao tênis.

Em torno de uma orquestra com os músicos sentados em fileira na passarela, o desfile começou com um traje que costuma ser reservado para o final: o smoking.

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Um detalhe chamou a atenção: na lapela, o modelo exibia broches redondos com flores secas incrustadas, inspiradas na paixão de Christian Dior (1905-1957) pelos motivos florais. A partir de então, a criatividade cresceu nos modelos seguintes, à medida que o desfile avançava ao som de violinos.

Após o smoking, surgiu um fraque, seguido de ternos com paletós longos. Em seguida, vieram variações mais ousadas, que incluíram tênis e estampas florais em amarelo quase flúor, antes de um encerramento novamente formal, com ternos príncipe de Gales.

Kris Van Assche recebeu a AFP antes do desfile e explicou em detalhes o processo criativo que levou a esta coleção outono/inverno, que definiu como "tecno-sartorial".

"Sartorial porque faz referência à Dior, ao ateliê, ao 'savoir-faire', e tecno por seu lado dinâmico e esportivo", explicou o estilista belga, 38, formado nos renomados ateliês de Amberes, de onde saíram grandes nomes da moda contemporânea.

"Quando alguém fala em elegância, está tentando olhar no retrovisor. Eu, ao contrário, perguntei a mim mesmo como se veria um homem radicalmente moderno em 2015, mas muito, muito elegante, que chamaria a minha atenção na rua", disse Van Assche. A resposta foi uma coleção "muito noturna, muito smoking, e, ao mesmo tempo, com peças muito diurnas", assinalou.

- Elogios de Karl Lagerfeld -

Para encontrar este homem "radicalmente moderno", Van Assche o imaginou indo ao teatro ver um espetáculo de dança contemporânea. Nesta reflexão, disse, inspirou-se nos personagens do círculo de Christian Dior, como o escritor Jean Cocteau, "verdaderamente elegantes, mas com um toque de excentricidade".

Mas sua meta não é o dândi, um conceito que lhe "causa horror", esclareceu.

O estilista Karl Lagerfeld, que assistiu ao desfile com Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH e dono da marca, mostrou-se maravilhado: "Fantástico, dá vontade de usar tudo."

Além dos desfiles de suas coleções para a Chanel, Lagerfeld geralmente só assiste aos da Dior. Sobre a coleção masculina de Van Assche, gostou dos ternos com paletós longos. "De fato, tenho muita roupa assim, veste muito melhor", disse o papa da moda. "Disso, e do lado esportivo."

"Adorei meu look", diz uma modelo, mostrando à colega de passarela o vestido que irá desfilar para a maison Christian Dior, que trouxe de volta a crinolina em um desfile com 'toques' de Versalhes. A coleção outono-inverno da marca foi desfilada no começo da tarde no Museu Rodin, mas as modelos estavam ali desde as 9h.

As jovens, muito magras e algumas recém-saídas da adolescência, chegaram de jeans e sapatilhas. Horas depois, mostraram para o mundo as criações da Dior para a próxima temporada.

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Para começar, a maquiagem. São 25 maquiadoras para 62 modelos, explica Peter Philips, diretor de imagem e criação de maquiagem para a Dior. "São necessários cerca de 30 minutos por menina", acrescenta, enquanto supervisiona o trabalho de sua equipe.

Peter Philips conversou muito com o diretor artístico da Dior, Raf Simons, para definir a maquiagem para este desfile. As palavras-chave aqui são "natural" e "pureza". O maquiador deve também interpretar os temas propostos pelo estilista: vestido de corte, Maria Antonieta, mas também nave espacial.

O toque final é feito com papel metálico, que cobre as bochechas. Depois da maquiagem, o passo seguinte é o penteado, antes do ensaio geral, às 13h. Um último cigarro ou um sanduíche de última hora antes de começar a pôr os vestidos, que acabam de chegar do ateliê da Dior e recebem retoques até o final, sob a estreita vigilância de Raf Simons.

- Charlize Theron e Sean Penn -

Enquanto isso, os convidados começam a chegar ao salão, coberto de espelhos e orquídeas. Os famosos aparecem, incluindo a atriz e musa da marca, Charlize Theron, que fez a festa dos fotógrafos na companhia do namorado, o ator Sean Penn. Os dois se sentaram ao lado de Bernard Arnault, presidente do grupo de luxo LVMH, dono da Dior.

As atrizes Marion Cotillard, Louise Bourgoin, Isabelle Huppert e Chiara Mastroianni também assistiram ao desfile, assim como duas ex-primeiras-damas: Bernadette Chirac e Valérie Trierweiler, ex-companheira do presidente François Hollande, com uma camiseta pedindo a libertação das meninas nigerianas sequestradas.

Finalmente, as modelos adentram a passarela circular. Raf Simons atualizou a crinolina do século XVIII, de aspecto muito leve. Apesar dos bordados, que consumiram horas de trabalho nos ateliês, o look é despretensioso, desfilado com as mãos nos bolsos. Raf Simons retomou também os casacos masculinos dessa época, e os propôs em tons pastel com flores bordadas, como mostrado sobre uma sóbria calça preta.

"O que em interessou foi o processo de realizar uma ideia extremamente moderna a partir de uma base muito histórica", explicou o estilista. Sem aviso, a atmosfera muda e os looks lembram trajes espaciais, apesar das cinturas muito justas. Aparecem também com finos bordados de flores.

Em homenagem ao fundador da maison Dior, Raf Simons retoma as grandes golas do estilista, famoso por sua jaqueta "Bar" (de cintura muito marcada e gola larga) e outros modelos muito elegantes. Alguns looks tinham casacos amplos de lã, cachemira e vison. É Raf Simons lembrando de suas clientes vip nos países frios.

A Europa, as Américas, a Ásia, a África: o diretor artístico da maison Christian Dior, Raf Simons, encontrou sua inspiração na observação de outras culturas e de diferentes estilos para a coleção de Alta-Costura que apresentou nesta segunda-feira em Paris, derrubando alguns códigos da famosa maison de moda parisiense.

Há um ano, o estilista belga Raf Simons apresentou sua primeira coleção de Alta-Costura para Dior. Desde então modernizou com sucesso os clássicos da marca, que tinha várias peças muito parisienses, mas usadas por mulheres ricas do mundo inteiro. Desta vez, o estilo (ou os estilos) apresentado é diferente.

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"Comecei a observar as clientes de Alta-Costura de diferentes continentes e de diferentes culturas, e seus estilos próprios", disse o estilista em uma nota aos convidados.

"A coleção não é somente sobre um Dior parisisense ou francês, mas sobre um Dior confrontado no mundo inteiro", acrescentou.

Assim como seus clientes, a Dior escolheu modelos de diferentes origens: muitas asiáticas, mas também negras, enquanto a diversidade ainda é rara nas passarelas.

Essa diversidade apareceu também nos looks. A famosa jaqueta "bar", mais conhecida de Dior, apareceu, junto ao pied-de-poule, sobre um vestido-coquetel em lã azul cobalto e vermelha. Mas alguns cortes deram asas à imaginação, lembrando quimonos, estampas em referência à Ásia Central e África. As estampas também apareceram gráficas, com listras coloridas, inspiradas pelas Américas.

Raf Simons usou técnicas tradicionais, como o shibori japonês, que dá a impressão de pontos sobre vestidos de seda.

Será que isso significa que é necessário criar diferentes vestidos segundo a clientela? "A Alta-Costura não se adapta à uma geografia. Aqui, Raf Simons se inspirou em todos os continentes. Mas o vestido com inspiração japonesa pode muito bem ser comprado na Europa"" disse o presidente da Dior, Sidney Toledano.

-- "Não é mais algo de senhoras" --

Os grandes vestidos de noite vão com certeza aparecer nos tapetes vermelhos de todo o mundo, como um vestido tomara-que-caia longo de seda com cinto em tom cru e rosa pálido bordado ou outro em lã azul cobalto com um grande decote acinturado e saia assimétrica.

O desfile foi muito aplaudido por celebridades do mundo inteiro, muitas vestidas em looks Dior, é claro. A garota propaganda da marca, a atriz americana Jennifer Laurence, "amou" o desfile, assim como a francesa Léa Seydoux. As estrelas asiáticas apareceram em peso, como a atriz sul-coreana Gianna Jun e a chinesa Sun Li.

O presidente da Dior parecia encantado. "A Alta-Costura funciona muito bem e em todos os lugares. Raf (Simons) conquistou o coração dos clientes que já existiam e ganhou novos. Os americanos voltaram com força".

A Alta-Costura "não é mais algo de senhoras. Nós vendemos muito para mulheres de 30 anos", disse.

Antes do desfile da Dior, o francês Christophe Josse apresentou sua elegante e luminosa coleção. Seus clientes vão enfrentar o próximo inverno em longos vestidos brancos e rosa antigo, amplos ou justos no corpo. Tafetá e chifon foram aquecidos por lã natural de carneiro.

Já a estilista holandesa de 29 anos Iris Van Herpen criou uma coleção vanguardista, entre Alta-Costura e arte contemporânea, ficção científica e poesia.

Em bege, preto e verde-alga, enriquecidos com joias espelhadas, seus espetaculares vestidos-esculturas misturam resina e óxido de ferro, bordados tradicionais e inovações tecnológicas, e parecem crescer no corpo das modelos como árvores ou conchas.

Trinta peças vanguardistas de Iris estão expostas até 31 de dezembro na Cidade Internacional da Renda e da Moda de Calais (norte).

Os desfiles do dia terminam com Giambattista Valli e na terça-feira é a hora de ver Chanel e o brasileiro Gustavo Lins.

O estilista francês Jean-Louis Scherrer faleceu nesta quinta-feira em Paris, aos 78 anos, vítima de uma longa doença. "Jean-Louis Scherrer estava hospitalizado há 10 meses por uma longa doença. O estado de saúde se agravou há alguns meses", disse Guillaume Feugeas, que trabalhou com o estilista durante 14 anos.

Nascido em 19 de fevereiro de 1935, Jean-Louis Scherrer estudou no Conservatório de Paris para ser bailarino profissional, mas um acidente impediu que continuasse na carreira. Depois da formação na Câmara Sindical da alta-costura parisiense, começou a trabalhar em 1956 com Christian Dior. Depois da morte de Dior, passou a colaborar com Yves Saint-Laurent.

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Criou sua própria marca em 1962. Em 1971, realizou o sonho de abrir uma loja na avenida Montaigne, templo da elegância parisiense, e recebeu a denominação "alta-costura". Entre seus clientes estavam Jackie Kennedy e a grande atriz francesa Michèle Morgan. Apesar dos anos de sucesso, Scherrer foi demitido pelos acionistas em 1992 e sua marca desapareceu em 2008.

"Romântica", "poética", "artística" e "feminina" foram os adjetivos ouvidos por quem assistiu ao desfile da maison Christian Dior, nesta sexta-feira, em Paris. O consenso é que a marca manteve o espírito do seu fundador e, ao mesmo tempo, refletiu a sensibilidade de seu estilista, Raf Simons, que teve como colaboradora a Fundação Andy Warhol.

As modelos caminhavam por um cenário onírico inspirado pelas nuvens do surrealista René Magritte, e suas silhuetas refletiam em gigantes esferas metálicas que pendiam do teto. O estilista belga Raf Simons, que está a frente das coleções da maison Dior desde 2012, após o escândalo de março de 2011 com a queda do britânico John Galliano, diretor artístico da marca por 15 anos, propôs 48 looks, entre eles duas túnicas de modelagem ampla com estampas do pai americano da pop art.

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"Para mim Warhol faz muito sentido", disse Simons no release do aplaudido desfile, em que destaca sua colaboração com a Fundação Andy Warhol. "Me interessava a delicadeza e sensibilidade do trabalho que Warhol fez no início", acrescentou Simons, lembrando também que Christian Dior, fundador da histórica marca, começou sua carreira como dono de uma galeria e representou no início de carreira o espanhol Salvador Dalí e o suíço Alberto Giacometti.

A coleção criada por Simons incluiu desde elegantes casacos em pele de astrakan (tipo de cordeiro) e vison ou em suave lã vermelha, adornado com um laço, até delicadas capas em seda rosa pálido sobre um corpete preto e uma saia curta em seda azul marinho metálico, passando por vestidos tomara-que-caia. No desfile da Dior, que aconteceu em um lugar histórico de Paris, Les Invalides, não poderiam faltar as calças cigarrete, justas até os tornozelos e os looks de cintura marcada, assim como a emblemática jaqueta Bar, todos inspirados nos arquivos Dior.

O estilista belga trouxe também para a passarela saias de cortes irregulares, minissaias e casacos-vestidos em uma paleta que ia do branco e rosa, suas cores fetiche, até o preto. "Fiquei encantado com esta coleção, achei poética, artística, mas ao mesmo tempo dá vontade de usar essa roupa", disse à AFP a modelo russa Natalia Vodianova. Simons, ex-estilista da marca Jil Sanders e que antes de assumir a Dior era conhecido principalmente por sua moda masculina vanguardista, que comercializava em sua própria marca, trouxe para Paris também vestidos curtos.

A passarela da Dior, que hoje é a jóia do grupo de luxo LVMH, de Bernard Arnault, atraiu atrizes como Marion Cotillard e Mélanie Laurent, além de influentes editoras de moda e compradores do mundo inteiro.

O estilista britânico John Galliano, demitido da Dior por suas declarações antissemitas em 2011, voltou a sacudir o mundo da moda ao entrar com um processo contra a luxuosa marca e ganhar em primeira instância nesta segunda-feira (4), em um tribunal trabalhista de Paris, confirmou sua advogada. O gênio da moda, despedido em março de 2011 após disparar declarações racistas, embriagado em um bar de Paris, alegou no tribunal que sua demissão foi improcedente.

O tribunal o deu razão, segundo a advogada de Galliano, Chantal Giraud van Gaver. A Dior perdeu a causa porque sua estratégia é "equivocada", ao alegar que Galliano não era um funcionário da casa, disse a advogada à AFP. Galliano foi também despedido de sua própria marca John Galliano, que pertence ao mesmo grupo de luxo francês que detém a marca Dior.

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O tribunal de Relações Trabalhistas decidiu nesta segunda contra o advogado da Dior, Jean Néret - representante também da marca John Galliano -, que alegou que essa corte não poderia tratar o caso porque o estilista era um trabalhador independente e não um funcionário da Dior, revelou a revista especializada de moda Womens Wear Daily (WWD). A advogada explicou que a Dior não pode alegar que Galliano - que dirigiu as coleções femininas da maison durante 15 anos -  não era um funcionário da casa. "Não se pode impugnar a existência de um contrato de trabalho perante toda a evidência", disse.

Giraud van Gaver não precisou a quantia apresentada por Galliano, a frente da divisão de Alta-Costura e prêt-a porter da marca. "Ele ganhou muito dinheiro, e o que busca é proporcional. Isso significa muito dinheiro", disse. A primeira batalha judicial foi ganha por Galliano, mas o tribunal trabalhista francês admitiu examinar o caso, declarando que é qualificado para fazer uma audiência e escutar as declarações de Galliano sobre sua demissão da Dior.

Galliano foi demitido da Dior, marca da qual foi diretor artístico, após a divulgação de um vídeo em que lançava injúrias antissemitas contra um casal em um bar do bairro Les Marais, em Paris. A vitória de Galliano na audiência se soma a que obteve há algumas semanas, quando foi convidado para trabalhar em Nova York pelo estilista Oscar de la Renta.

Dior, Yves Saint Laurent e Balenciaga: três grandes maisons de moda parisienses vão começar 2013 com um novo estilista no comando. Que melhor maneira de aguçar o apetite dos fashionistas e manter as vendas?

"Chega um ponto em que a marca precisa se renovar", diz Serge Carreira, especialista da indústria do luxo e professor universitário de Ciências Políticas.

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A mudança pode acontecer involuntariamente, como no caso de John Galliano, demitido da Dior após ser acusado de racismo em fevereiro de 2011 e substituído na primavera pelo belga minimalista Raf Simons.

Ou pode acontecer deliberadamente, como em Yves Saint Laurent e Balenciaga, onde Hedi Slimane e Alexander Wang foram nomeados para substituir os estilistas Stefano Pilato e Nicolas Ghesquiere respectivamente.

"Trazer um novo estilista se transformou na nova maneira das marcas aguçarem o apetite dos consumidores", diz o consultor de luxo Jean-Jacques Picart.

Para a indústria da moda, todas essas mudanças em apenas um ano mostram o fim de um ciclo e o começo de um novo, como no início dos anos 2000 com a chegada de Hedi Slimane à Dior Homme, e Tom Ford à Saint Laurent, diz Picart.

Nicholas Ghesquiere passou 15 anos na Balenciaga, assim como fez John Galliano na Dior, enquanto Pilati ficou na YSL por 12 anos no total, começando com Ford, diz Pamela Golbin, curadora do Museu de Artes Decorativas de Paris.

Foi tempo suficiente para a indústria mudar, assim como o cargo de estilista.

"O número de coleções aumentou de quatro para oito, 12 ou mais se você incluir coleções-cápsula", acrescentou.

As marcas cada vez mais procuram por estilistas que atuem como seus relações públicas, abrindo lojas e frequentando bailes de gala.

Golbin demonstra as mudanças na indústria da moda com uma frase da estilista francesa Madeleine Vionnet:

"'Artistas estão aí para nos fazer sonhar, couturiers (estilistas) têm que vender roupas ou deixar do negócio.'"

"Hoje não é mais suficiente saber fazer um vestido", diz Carreira. "Ter uma forte identidade e um produto distinto são as chaves para o sucesso."

Em uma época em que as marcas de luxo estão lutando para manter o crescimento, elas precisam encontrar um equilíbrio entre criatividade e negócios.

"E a história nos mostra que vale a pena ser ousado", diz Carreira. "Se você pedir a talentos criativos para produzir produtos padronizados, não há como isso dar certo."

Os consumidores também mudaram nos últimos 15 anos.

A indústria está abordando clientes longes do padrão dos anos 1990. Hoje os clientes vão e voltam em busca de grandes e pequenas marcas e ofertas mais caras e baratas.

A primavera na Europa vai trazer o tão esperado primeiro desfile "real" de Hedi Slimane para Yves Saint Laurent, depois da coleção primavera-verão apresentada em outubro pelo cultuado estilista em homenagem ao fundador da maison.

Raf Simons, novo estilista da Dior, já deixou sua marca em Paris com duas coleções, uma de Alta-Costura e outra de prêt-à-porter, em que reviu a silhueta de cintura fina da marca com uma linha clean e um toque contemporâneo.

Alexander Wang, o queridinho da cena nova-iorquina, vai dar seus primeiros passos na Balenciaga com um desfile outono-inverno de prêt-à-porter na próxima primavera europeia.

Aos 28 anos, Wang já é um homem de negócios experiente, à frente de sua marca própria que está se expandindo para Ásia, onde este estilista de origem taiwanesa-americana tem raízes familiares.

Sua chegada à Balenciaga pode ou não anunciar uma estratégia de mercado mais agressiva, mas seja qual for a direção tomada pela marca, para Picart, a nomeação de Wang "sela a chegada de uma nova geração" de estilistas nos altos cargos da moda, na capital mundial do estilo.

Raf Simons prestou homenagem nesta sexta-feira ao espírito Dior, com alusões à tradicional modelagem "bar", de cintura marcada e quadris levemente amplos, ao mesmo tempo em que mostrou sua própria visão da maison de luxo, com um look estruturado e sensual, focada no hoje.

"Gostei de tudo. Principalmente do trabalho do corte", disse à AFP o estilista Azzedine Alaïa ao fim do desfile de primavera-verão 2013, atrás do Hôtel des Invalides, em Paris, decorado com a simplicidade de tecidos translúcidos.

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O desfile foi um dos mais esperados da temporada antes do início dos desfiles de prêt-à-porter feminino, na segunda-feira, com a passarela do estilista Hedi Slimane para Saint Laurent.

O rapper americano Kanye West viu a coleção de Simons próximo do ator Robert de Niro e do cineasta Luc Besson, que deu uma pausa na filmagem de seu novo longa, "Malavita". Ao seu lado, o presidente do grupo Dior e do LVMH, Bernard Arnault, acompanhado por uma constelação de atrizes como Ludivine Sagnier e Mélanie Laurent.

No fim do desfile, Raf Simons teve que lutar para não se afogar no mar de flashes e personalidades que vieram cumprimentar o estilista, e se refugiava atrás das cortinas ou aparecendo por dois minutos, se dizendo "esgotado mas contente".

Em 53 modelos, Simons trouxe de volta o espírito Dior, sem copiá-lo. Os looks "bar", compostos por saias de cintura muito marcada e quadris amplos estão de volta, mas modernizados para adaptar ao gosto atual. Como em um vestido curto de lã e seda branca de linhas puras, marcado na cintura e ligeiramente aberto abaixo, ou nas jaquetas com plissados delicados.

Para a noite, os vestidos reivindicam o chique parisiense: corpetes de lã azul combinados com tule preto revelando levemente as pernas.

Os minivestidos se ampliam nas laterais com um drapeado leve em vermelho e rosa. O tecido liso, em parma ou rosa, se molda no corpo e decora um short preto. Para a noite, um simples top de malha de seda e cachemira preta deixa o protagonismo para uma saia branco, rosa e azul metálico, decorada por gigantes rosas estilizadas.

Os minivestidos se ampliam nas laterais com um drapeado leve em vermelho e rosa. O tecido liso, em parma ou rosa, se molda no corpo e decora um short preto. Para a noite, um simples top de malha de seda e cachemira preta deixa o protagonismo para uma saia branco, rosa e azul metálico, decorada por gigantes rosas estilizadas.

"Queria um verdadeiro new look" para Dior, disse o estilista belga em entrevista à AFP, lembrando a modelagem mais famosa da marca. "Queria dar à coleção certo classicismo e um aspecto muito parisiense", acrescentou.

Simons recusou a fama de "minimalista" e assegurou que esta não é "a única corrente que me interessa". O estilista preferiu explicar que queria hoje "trazer um tipo de nova liberdade, de nova sensualidade".

Para Serge Carreira, professor em Ciência Políticas, Simons está "longe de copiar o mestre. Se serve de seu universo e dá uma virada atual. O adapta com rigor, mas sem rigidez".

A maquiagem veio com bocas levemente rosadas e sombras de tons fortes, como verde e rosa. Nos pés, simples scarpins pretos. Perguntado sobre o novo espírito da Dior, que se distancia dos anos exuberantes da era Galliano, o presidente da marca, Sidney Toledano, classificou a coleção de "moderna, uma vez que mantém o espírito de feminilidade, de sensualidade de Dior".

"A marca Dior, desde seu fundador, está em evolução permanente e mantém seus valores (...). Estamos em uma época em que temos que reagir frente às mudanças e dar um passo além. O próprio estilista, como Raf, está sentindo o que as pessoas e os jovens querem usar, o que lhes dará energia".

"É uma coleção depurada, não minimalista. Não podemos confundir modernidade e minimalismo", concluiu. Os desfiles continuam nesta sábado, com Jean-Paul Gaultier mostrando sua coleção no início da noite parisiense.

Até a próxima quinta-feira (5) acontece um dos eventos mais importantes no cenário da moda no mundo. A Semana de Alta-Costura de Paris reúne os maiores nomes e as criações mais requintadas das grifes de luxo da cidade, que sugerem as tendências para o inverno 2012/13.

Chanel, Christian Dior, Armani Privé e Elie Saab são alguns dos nomes mais importantes que devem passar nas passarelas nos cinco dias da programação, que conta apenas com um brasileiro, o estilista Gustavo Lins. Na plateia são esperadas grandes celebridades, que vestem as tendências da Semana de Moda de Alta-Costura nos tapetes vermelhos mais glamorosos do mundo.

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Na passarela, rendas, bordados, cintura marcada e nude marcam presença em quase todos os desfiles. No desfilo da Dior, além dos bordados, calças cigarrettes e cinturas marcadas ajudam a manter o tom clássico, proposto pela grife. Tailleurs e terninhos com silhuetas super trabalhadas tiveram presença garantida na coleção da Chanel, uma das mais esperadas do evento.

A Armani apostou em bordados, veludos, brilhos, e transparência para a estação. Os bordados realmente vieram para ficar e, ao lado da renda, também tiveram seu espaço na coleção da Elie Saab, que abusou do preto, do nude, do dourado e até do azul, que apareceu no desfile em mais de uma tonalidade.

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