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O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), se comprometeu a ajudar na tramitação da prorrogação da desoneração da folha de pagamento após a proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios ser aprovada. A PEC está prevista para ser votada nesta terça-feira, 9, e o governo conta com sua aprovação.

A desoneração atende desde 2011 os 17 setores que mais empregam e tem validade até o dia 31 de dezembro deste ano. Um projeto de lei de autoria do deputado Efraim Filho (DEM-PB) prorroga os efeitos da medida até 2026. O texto foi aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação no dia 15 de setembro, mas travou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

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O relator, deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), afirmou que só espera a aprovação da PEC dos precatórios para apresentar o parecer. "Essa é a ideia ajustada com a presidência da Câmara. Se votarmos a PEC nessa semana já apresento o relatório na sequência", disse ao jornal O Estado de S. Paulo . A mesma ideia foi declarada pela presidente da CCJ, deputada Bia Kicis (PSL-DF). "Essa é a nossa expectativa", afirmou. Como tramita em caráter terminativo, se nenhum deputado pedir análise em plenário, após aprovada pela comissão, a iniciativa vai direto para a análise do Senado.

Empresários que adotam o modelo ressaltam a importância da iniciativa para a geração e manutenção de empregos. Com a aprovação da PEC dos precatórios, que adiaria o pagamento das dívidas reconhecidas pela Justiça, o governo afirma que teria espaço fiscal para prorrogar a medida.

Nesta terça, o Instituto Unidos Brasil (IUB), que reúne empresários do setor produtivo, promoveu um seminário no qual a desoneração era um dos temas. Lira foi convidado para o evento, mas não participou.

Empresários ressaltaram a importância da desoneração ser prorrogada e alertaram o prazo pequeno para a medida ser implementada, já que a validade atual expira no fim deste ano.

"O ano que vem são dois meses, você faz planejamento para alguns anos, já foi debatido isso. Quando você tem alguns setores, 17, que tem a desoneração, na prática o maior custo são as pessoas, é um imposto. Fica muito difícil você ter visibilidade de futuro", afirmou Marco Stefanini, do grupo Stefanini, do setor de tecnologia.

O deputado Marcos Bertaiolli (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar pelo Empreendedorismo, também participou do seminário e declarou para os efeitos negativos caso a desoneração não seja prorrogada. "Sem dúvida nenhuma a desoneração da folha de pagamentos contribui para a geração de empregos", afirmou. "Como ela já existe no Brasil há muitos anos, você perder essa desoneração e voltar a onerar a folha pode simbolizar um ato contrário, desemprego", completou.

A desoneração beneficia as empresas porque reduz os encargos trabalhistas que são pagos por elas. A medida consiste em trocar os tributos sobre os salários dos empregados por uma alíquota sobre o faturamento. Hoje, essas empresas podem escolher: ou pagam 20% de contribuição previdenciária sobre os salários dos funcionários ou uma alíquota que vai de 1% a 4,5% sobre o faturamento bruto.

A Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar a prorrogação da desoneração da folha (redução nos encargos que as empresas pagam sobre os salários dos funcionários) para 17 setores da economia por mais um ano.

A política de desoneração, criada no governo Dilma Rousseff, terminaria no fim deste ano, mas o Congresso decidiu prorrogar a medida até o fim de 2021 sob o argumento de que os efeitos da pandemia seriam agravados para setores beneficiados pela medida, como construção civil, tecnologia da informação, transporte coletivo urbano rodoviário e metroviário, comunicação e têxtil.

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O presidente Jair Bolsonaro chegou a vetar a medida, a pedido da equipe econômica, mas o Congresso derrubou o veto.

Agora, o governo pede ao STF que suspenda a vigência da prorrogação de forma cautelar. Segundo cálculos da equipe econômica, a medida pode desfalcar as receitas em R$ 9,778 bilhões em 2021, além de causar pressão adicional no teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. O Tesouro precisa compensar o INSS pela perda de arrecadação, e essa despesa fica dentro do teto, ocupando espaço de outros gastos, inclusive investimentos. Como não havia previsão de desoneração em 2021, prorrogar a política significa cortar de outros lugares.

Acionar a Justiça para questionar a extensão da política era uma estratégia traçada como "plano B" pelo Ministério da Economia, caso houvesse derrotas no Congresso Nacional.

Na ação, a AGU cita as mesmas justificativas do governo para vetar a prorrogação: a renúncia de receitas gerada pela prorrogação da desoneração não teve, como contrapartida, o cancelamento equivalente de outra despesa obrigatória, nem teve seu impacto orçamentário e financeiro estimado, violando regras previstas na emenda do teto de gastos, na Lei de Responsabilidade Fiscal e na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Ainda de acordo com a AGU, embora o orçamento de guerra desenhado para destravar os gastos da pandemia da covid-19 tenha suspendido algumas amarras fiscais, sua vigência é limitada ao ano de 2020 e, portanto, não se aplica a um benefício cuja vigência se dará em 2021. Por isso, as exigências das regras fiscais precisariam ser cumpridas.

Outro argumento é que a reforma da Previdência aprovada pelo Congresso colocou na Constituição uma proibição à adoção de base de cálculo diferenciada para contribuições sobre salários - como é o caso da desoneração, que permite substituir a alíquota de 20% sobre a folha por uma entre 1% e 4,5% sobre o faturamento. As exceções são as substituições feitas antes da entrada em vigor da reforma, em novembro de 2019, mas elas não podem ser prorrogadas, no entendimento dos técnicos do governo.

"Ademais, observou-se que a desoneração da folha de pagamentos, enquanto acentuou o peso da renúncia fiscal, não trouxe os benefícios pretendidos em termos de geração de empregos", diz a AGU.

O Congresso derrubou o veto do presidente da República, Jair Bolsonaro, à desoneração da folha salarial e garantiu a prorrogação do benefício por mais um ano. A decisão foi sacramentada em votação pelo Senado, com 64 votos contra o veto e 2 pela manutenção. Os deputados federais haviam votado para rejeitar o veto mais cedo.

O governo só concordou em pautar o veto da desoneração após o Congresso pautar projetos de interesses diretos do presidente Jair Bolsonaro.

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As propostas remanejam recursos do Orçamento deste ano e garantem dinheiro para obras planejadas pelo Palácio do Planalto em redutos eleitorais de aliados, em negociação com o Centrão.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), agiu pessoalmente para viabilizar a articulação.

Líderes do Congresso fecharam acordo para analisar, nesta quarta-feira (4), o veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha salarial de 17 setores da economia. Os parlamentares prometem derrubar o veto. A análise do tema se arrasta há quatro meses, desde que Bolsonaro barrou a proposta de prorrogar o benefício por mais um ano, até o fim de 2021.

Bancadas da Câmara e do Senado têm pressionado o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a manter a votação independentemente de acordo com o governo. Desde julho, Alcolumbre tem agido para adiar votação em um aceno ao Palácio do Planalto. A equipe econômica, que defende a manutenção do veto, calcula em R$ 10 bilhões o impacto da desoneração em 2021 nas contas do governo.

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Parlamentares farão nova reunião nesta quarta para bater o martelo sobre a pauta do Congresso. Além da desoneração, há outros vetos considerados polêmicos, como a trechos do novo marco legal do saneamento básico e do pacote anticrime - este último, na pauta desde o início do ano.

Para concordar com a análise dos vetos, o governo pediu a inclusão de projetos que abrem um crédito adicional no Orçamento deste ano e garantem recursos para projetos de interesse de Bolsonaro, como obras sob responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional. Em sessões anteriores, o Planalto agiu para esvaziar a votação e impedir uma derrota na análise dos vetos. Alcolumbre confirmou que o Congresso vai realizar hoje a sessão.

"Eu já assisti a este filme antes, tudo acordado até o início da sessão do Congresso e simplesmente não houve quórum. Tomara Deus que se cumpra a palavra empenhada na reunião (de líderes dos partidos) e que se resolva esta questão", afirmou o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP).

Demissões

A desoneração permite às empresas pagarem um imposto menor na contribuição previdenciária sobre a folha de salários, calculada com base na remuneração dos empregados. Setores beneficiados avaliam que, sem a prorrogação do benefício para o próximo ano, haverá demissões. A análise do veto é apontado como essencial pelas empresas para fechar a programação financeira de 2021.

A desoneração acabaria no fim deste ano. O Congresso aprovou um projeto adiando o benefício até o fim de 2021. Em julho, Bolsonaro vetou a medida. A sessão de hoje do Legislativo será dividia em duas etapas: uma às 10 horas, com deputados federais, e outra às 16 horas, com senadores. A derrubada de um veto depende de no mínimo 257 votos na Câmara e de 41 no Senado.

Sindicatos de trabalhadores fizeram ontem uma manifestação em Brasília para pedir a derrubada do veto. Representantes dos setores de tecnologia da informação, comunicação, indústria têxtil e de telecomunicações fizeram uma caminhada da sede do Ministério da Economia até a Praça dos Três Poderes.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ), afirmou que pautará todos os vetos presidenciais pendentes de análise na sessão do Congresso do dia 4 de novembro. Entre eles, estarão os vetos à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos e a trechos do Novo Marco Legal do Saneamento.

"A votação da sessão do Congresso prevê a votação do veto da desoneração. Pretendo colocar todos os PLNs projetos de lei do Congresso Nacional pendentes na pauta e todos os vetos", afirmou. "Espero que a gente consiga o número adequado tanto na Câmara como no Senado para iniciar a sessão do Congresso", disse na noite dessa quarta-feira (21), ao deixar o plenário.

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Os senadores também pretendem colocar em votação na mesma semana, no dia 3 de novembro, o projeto de autonomia do Banco Central (BC). A proposta estava prevista para essa quarta-feira, mas não houve acordo entre os líderes da Casa. "Seria uma agenda muito importante do ponto de vista da economia", afirmou

Lei do gás

Em relação ao Novo Marco Legal do Gás, outra pauta prioritária para o governo, ele afirmou que não há entendimento para a matéria ir à votação. "Para fazer um acordo de outras matérias que também são importantes, a gente vai deixar para uma próxima semana de esforço". Ele afirmou que irá se esforçar para que a matéria seja apreciada ainda neste ano.

Dirigentes dos 17 setores prejudicados com o fim da desoneração da folha de pagamentos montaram uma articulação no Congresso Nacional para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro que barrou a extensão do benefício por mais um ano. Uma coalizão de cerca de 30 instituições foi criada às pressas ontem para garantir a prorrogação da desoneração da forma como foi aprovada depois de acordo com lideranças do próprio governo.

Os setores estimam que a reoneração da folha, a partir de janeiro 2021, na fase mais aguda de "ressaca" do impacto da pandemia do coronavírus na economia pode custar entre 500 mil e um milhão de empregos, segundo o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquina e Equipamentos (Abimaq), José Velloso.

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A mobilização junto aos senadores e deputados já começou ontem após a confirmação do veto com a publicação do Diário Oficial da União. Um documento preparado pela coalizão está sendo distribuído para contestar a análise jurídica da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PFGN), que embasou o veto do presidente. A expectativa é que o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), coloque rapidamente em votação. O assunto já foi discutido em reunião de líderes do Senado.

A desoneração termina no fim de 2020, e sua extensão enfrentou resistências na equipe econômica, que prefere discutir uma política geral de estímulo à geração de empregos para a pós-pandemia. Há uma preocupação também de não tirar espaço no teto de gasto (regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação) no ano que vem. Entre os setores que ainda são beneficiados pela desoneração da folha estão call centers, tecnologia da informação, construção civil, calçados, indústria têxtil e comunicação.

A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, recomendou o veto alegando que a medida fere a Lei de Responsabilidade Fiscal por não apresentar compensação pelo custo da desoneração, estimado em R$ 10 bilhões.

Para vetar a proposta, a Presidência justificou que "as medidas acarretam renúncia de receita, sem o cancelamento equivalente de outra despesa obrigatória e sem que esteja acompanhada de estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro". A prorrogação foi incluída pelos parlamentares na Medida Provisória 936, editada em abril, com o objetivo principal de criar condições para que empresas e empregados possam garantir a manutenção dos empregos durante a crise econômica gerada pela pandemia. A lei autoriza a suspensão de contratos de trabalho e a redução de jornadas e salários.

O presidente da Abimaq disse ao Estadão que, em reunião no último dia 26, Guedes disse que era favorável à desoneração da folha ao afirmar que não tinha intenção de vetar o texto. O ministro alegou, no entanto, que havia restrições da PGFN. Representantes dos 17 setores se reuniram depois com a PGFN para apresentar a defesa da prorrogação, mas não tiveram sucesso. A recomendação do veto foi aceita pelo Palácio do Planalto.

A estratégia agora, segundo Velloso, é mostrar aos parlamentares o equívoco dos argumentos da PGFN, que alegou também que a prorrogação era "matéria estranha" ao conteúdo da MP. Para Velloso, a MP tratava de medidas para emprego e a prorrogação garante a sua preservação. "Não é um jabuti", justificou, em entrevista ao Estadão.

O presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação(Brasscom), Sergio Paulo Gallindo, criticou a decisão do presidente depois da longa interlocução com o Congresso e o acordo na hora da votação que reduziu de 24 meses para 12 meses o prazo da prorrogação. "Estamos a seis meses do final do ano. É um tempo curto para um debate tão complexo", ponderou. "A prorrogação daria mais tranquilidade para os investidores até lá", disse.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), Fernando Pimentel, disse que num momento como agora, com a pandemia, não é hora de "jogar mais custo" para as empresas. "Diante do quadro em que estamos vivendo, são setores que empregam milhões de pessoas. Só no setor têxtil trabalha 1,5 milhão de pessoas", disse.

A desoneração garante para o setor uma redução de custo entre R$ 270 milhões e R$ 300 milhões. Segundo Pimentel, "esse é um mecanismo que já mostrou o seu valor. Para ele, é um equívoco a alegação de que não há previsão para bancar o custo em 2021. O relator da MP na Câmara, Orlando Silva (PCdoB), ressaltou que a prorrogação da desoneração foi votada por quase unanimidade nas duas Casas num grande entendimento político para a preservação de empregos. "No auge do coronavírus vamos onerar empregos?", criticou. Silva avaliou que há ambiente político para a derrubada do veto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O secretário de Produtividade, Competitividade e Emprego, Carlos da Costa, do Ministério da Economia, anunciou que o governo federal fez um acordo com representantes do Sistema S para que a reforma tributária inclua uma desoneração gradual dos encargos sobre a folha de pagamento, que chegaria, ao final do processo, a 20% das alíquotas pagas pelas empresas ligadas ao sistema.

Segundo ele, a estimativa é que a desoneração some R$ 4,5 bilhões por ano. Pelo acordo com as empresas, os recursos economizados seriam destinados para a qualificação profissional de pessoas, a partir da estrutura e da experiência que o sistema tem para capacitação. O governo fala que o impacto total da medida seria de R$ 9 bilhões por ano, com R$ 4,5 bilhões de desonerações e o mesmo valor sendo destinado à capacitação.

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O secretário contou a novidade para jornalistas logo após participar de reunião com os representantes do Sistema S, no escritório do Ministério da Economia em São Paulo.

A ideia é priorizar a qualificação de profissionais para áreas que contam com escassez de pessoas preparadas, como o setor de informática. "Queremos que a capacitação seja uma das alavancas para a geração de emprego", disse. Ele estima que 9 milhões de pessoas serão beneficiadas, incluindo pessoas cadastradas no Bolsa Família.

De acordo com Costa, a intenção é que a desoneração leve de dois a quatro anos para ser concluída, mas vai depender do que for definido nas discussões para a reforma. O secretário disse ainda que, como já foi feito um acordo com as empresas, não deve haver dificuldades políticas para que o combinado seja incluído no texto da reforma.

"Depois de sete meses de diálogo, de análise, de diagnósticos, chegamos à conclusão que há espaço para a desoneração de até 20%, que vai desonerar a mão de obra e fará com que caia o custo dos empresários, com o Sistema S concordando em implementar um grande plano de qualificação para os trabalhadores brasileiros, principalmente aqueles que mais precisam, os desempregados, os que nem trabalham ou nem estudam", disse o secretário.

Líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT) afirmou, nesta segunda-feira (3), que os novos cortes feitos pelo presidente Michel Temer (PMDB) devem “agravar ainda mais a crise no país”. Na semana passada, a gestão federal anunciou o corte de R$ 42,1 bilhões nas despesas previstas pelo orçamento e revogou a desoneração fiscal para 50 setores da indústria. 

“Num momento em que as empresas brasileiras precisam de incentivo e que o Brasil pede novos investimentos para que a roda da economia volte a girar, o governo Temer faz exatamente o contrário. O contingenciamento do orçamento e o fim dos incentivos na indústria devem gerar ainda mais recessão e desemprego”, disparou Humberto.

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As medidas foram anunciadas por conta da redução na arrecadação deste ano que ampliou o rombo das contas públicas em R$ 58,2 bilhões. Para Humberto, é a falta de estímulos à economia que vem ampliando a baixa na arrecadação. “É uma conta que não fecha. Não tem incentivo na economia, aumenta a recessão e cai a arrecadação. Vira um ciclo vicioso. É preciso provocar o estímulo para a economia voltar a aquecer. O que o governo Temer está fazendo é provocando mais recessão”, afirmou.

Apesar de concordar que a política de desoneração do governo Dilma foi excessiva, o líder da oposição também avalia que o fim dos incentivos pode gerar uma nova onda de demissões.  “Mais uma vez o trabalhador é vitimado com esses novos cortes. Quando Temer assumiu, ele prometeu fazer um governo de salvação nacional, mas parece que ele está apenas preocupado em salvar a própria pele em meio a tantos escândalos”, ironizou o senador.

Representantes de diferentes setores reagiram com preocupação ao fim da desoneração da folha de pagamento a ser proposto pelo governo Temer. Na avaliação de entidades, a volta da taxação deve prejudicar a indústria em um momento sensível, em que o mercado interno ainda não se recuperou.

Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, o fim da desoneração da folha de pagamento comprometerá ainda mais a capacidade da indústria brasileira de sair da crise. "As empresas ainda estão muito sacrificadas com o mercado ruim, mas já temos um custo elevado com encargos trabalhistas", afirmou. "Entendo a situação do governo de precisar entregar o resultado fiscal, mas para isso deveria fazer um corte maior em vez de onerar as empresas", afirmou.

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Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, o governo deveria ao invés de onerar as empresas, aumentar a fiscalização para combater a informalidade. Só no setor da construção, diz, o potencial de arrecadação com a formalização dos empregos chegaria a R$ 30 bilhões por ano. "Onerar neste momento é uma medida contra o emprego, justamente quando o País precisa gerar novas vagas. É incoerente."

Quando a desoneração começou, foi um mecanismo criado pelo governo para que setores potencialmente exportadores e que tivessem emprego massivo de mão de obra pudessem melhorar sua competitividade, lembra o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. "Três setores foram enquadrados inicialmente, por terem essas características: o de calçados, o de confecções e o de móveis. A partir daí, esse sistema foi aplicado para um grande número de segmentos. Evidentemente, com o desvirtuamento do propósito inicial, se criou o impacto nas contas públicas."

Para Klein, é preciso avaliar o histórico da medida. "O governo tem um impasse, pretende resolver o problema das contas públicas, mas há um custo que pode ser desastroso", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil que não conseguiu cumprir as metas de superávit primário prometidas pelo governo - e que por isso perdeu o grau de investimento em duas das três principais agências de classificação de risco - é o mesmo que encerrará 2016 com cerca de R$ 116 bilhões em renúncia fiscal.

O valor, de acordo com especialistas consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, é parecido com o previsto para este ano, de R$ 112 bilhões, acrescido de inflação de 7% esperada para 2016 e considerando um Produto Interno Bruto (PIB) negativo em 3%.

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Até novembro, as renúncias fiscais do governo federal somavam R$ 95,4 bilhões, valor 7,65% superior aos R$ 88,6 bilhões de janeiro a novembro de 2014, a preços correntes. O que os cofres públicos deixam de embolsar corresponde a desonerações que vão da folha de pagamentos (R$ 22,1 bilhões no ano até novembro), responsável por 23% do total das renúncias, até Vale Cultura, com R$ 679 milhões. No mesmo período de 2014, as desonerações da folha somaram R$ 17,9 bilhões.

O ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy chegou a dizer em fevereiro, quando defendia a medida provisória que revertia, em parte, a desoneração da folha de pagamentos: "Essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano, e vários estudos nos mostram que isso não tem protegido o emprego. Tem de saber ajustar quando não está dando resultado. Não deu os resultados que se imaginava e se mostrou extremamente caro."

À época, Levy se referia apenas à desoneração da folha de pagamentos, mas a lista é grande. Quando perguntados se a redução das renúncias ajudaria a engordar a meta de superávit primário, analistas não entram em consenso. Para alguns, dada a avançada deterioração da política fiscal, o impacto não seria tão importante e o governo enfrentaria dificuldade em reverter as renúncias. Para outros, reduzir as renúncias seria valioso.

Em novembro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, também comentou as desonerações. Disse que o governo pecou por excesso. "Não foi por falta de política ativa de apoio ao setor produtivo. Se pecamos, foi por excesso."

"Concordo com o ministro. Foi enorme o pecado por excesso porque a desoneração da folha custou R$ 22 bilhões este ano, segundo conta preliminar da Receita Federal", afirma o especialista em contas públicas José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Segundo ele, é provável que, quando for apurado o resultado definitivo, a perda seja maior. O benefício, segundo Afonso, foi criado a pretexto de estimular a contratação de trabalhadores, mas hoje há um quadro generalizado e intenso de demissão. "Logo, o governo está pagando para trabalhadores serem demitidos."

Renúncia fiscal, segundo Fábio Klein, especialista em contas públicas da Tendências Consultoria Integrada, é o nome dado a perda de receita em razão de subsídio, auxílio ou taxa subsidiada de que o governo abriu mão para beneficiar algum setor. Mas, de acordo com ele, o governo já tem feito a reversão desses subsídios tanto em 2015 quanto para 2016, segundo algumas intenções da Fazenda.

Klein cita como exemplos de reversão de renúncias o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) - para carros, linha branca -, PIS/Cofins, para alguns casos, e a volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis.

Pilar

Octavio de Barros, diretor do Departamento de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, diz não ter dúvida de que a redução das renúncias fiscais é um pilar importante do ajuste fiscal. Mas ressalta que essa questão já teria, em parte, sido abordada pelo governo. Um programa emblemático que sofreu alterações este ano e vai colaborar com a redução da renúncia fiscal, segundo ele, é o da desoneração em folha de pagamento.

Com a alteração aprovada este ano, continua Barros, o governo deverá conseguir uma receita de cerca de R$ 10 bilhões em 2016. "Porém, tenho destacado em algumas oportunidades que o principal problema das contas públicas brasileira hoje é a rigidez das despesas. Atualmente o governo consegue mexer (sem a necessidade do Congresso) em apenas 10% da despesa total. Além disso, temos um grave problema de indexação das principais despesas do País ao reajuste do salário mínimo."

O economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria, entende que as desonerações são outro fator negativo para a arrecadação. Ele destaca que a renúncia fiscal passou de R$ 78 bilhões em 2013 para R$ 104 bilhões no ano passado. Ele reconhece que houve algum avanço, como no caso da "reoneração" parcial da folha de pagamento de setores da economia. Mas, para ele, porém, o esforço é insuficiente.

"A falta de convicção do governo em reverter desonerações é o principal fator impeditivo (de alta da receita). Já que pela recessão não se consegue fazer muito milagre, o caminho natural, que seria de reverter desoneração, não foi feito." Para 2016, ele avalia ser difícil o governo reverter de maneira acelerada as desonerações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cumprindo agenda pública em Brasília nesta quarta-feira (22), onde se reunirá na tarde de hoje com o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), aproveitou a ida ao Distrito Federal e se reuniu, também, com o ministro da Pesca, Helder Barbalho. Segundo equipe de comunicação do socialista, Barbalho fez o convite ao chefe do poder Executivo Estadual para visitar o ministério. 

Acompanhando do vice-governador Raul Henry (PMDB) e dos secretários de Assessoria Especial, José Neto, e Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões, o governador conversou com Helder Carvalho sobre a desoneração do ICMS e o combustível do setor pesqueiro, especialmente, para os pequenos pescadores. 

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Depois de aprovar, na quarta-feira, 24, o texto-base do projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento, o governo conseguiu, na manhã desta quinta-feira, 25, uma primeira vitória na votação das emendas à proposta: por 226 votos contra 127, além de uma abstenção, os aliados do Palácio do Planalto rejeitaram um destaque que queria suprimir o principal artigo do texto. Se isso acontecesse, os efeitos da reoneração da folha praticamente seriam anulados.

Mas a deliberação dos deputados foi no sentido de manter a redação feita pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), pela qual há recomposição de tributos para a ampla maioria dos setores econômicos que hoje estão no regime especial de tributação, mas com um aumento de alíquotas mais suaves para alguns segmentos específicos.

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Após votar o texto-base do projeto de lei sobre a desoneração da folha de pagamentos até por volta de 1 hora da manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não conseguirá retomar a discussão da matéria no horário anunciado para esta manhã, que seria às 9 horas. Até por volta das 9h30, só 13 parlamentares registraram presença no Plenário da Casa.

Para esta quinta-feira, 25, está prevista a votação de 26 destaques ao texto. A sessão de ontem à noite foi marcada por obstrução da oposição, que reclamou que o relatório final do projeto, do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), foi produzido de última hora e os parlamentares não tiveram tempo de analisar o texto. Além da obstrução da oposição, a sessão foi marcada por discussões em plenário e provocações. O líder da minoria, Bruno Araújo (PSDB-PE), ironizou o último discurso da presidente Dilma Rousseff enaltecendo a mandioca. A provocação trouxe discussão no Plenário e deputados chegaram a se exaltar durante a sessão.

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Antes de retomar nesta manhã a votação do projeto, último item do pacote de ajuste fiscal, líderes da base governista se reunirão a partir das 10 horas para discutir a estratégia em torno da apreciação dos destaques. Os governistas deixaram a sessão de ontem preocupados com os reflexos da derrota na Medida Provisória 672 na votação do ajuste fiscal. Ontem, os deputados aprovaram emenda a essa MP que vincula o reajuste do salário mínimo aos beneficiários da Previdência.

A Câmara aprovou na madrugada desta quinta-feira, 25, o texto-base do projeto de lei que reduz a desoneração da folha de pagamento de mais de 50 setores da economia. Por pressão da bancada do PP, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), aceitou incluir o setor calçadista entre aqueles com tratamento diferenciado.

O relatório da proposta enviada pelo Executivo em março aumenta as alíquotas de recolhimento das empresas que participam do regime especial de tributação. Esta é a última medida do ajuste fiscal e tem sido apontada pela presidente Dilma Rousseff como crucial. Para conseguir a aprovação do texto-base, no entanto, o governo teve que fazer concessões, o que deve resultar numa recomposição de receita menor do que a originalmente prevista.

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A votação terminou à 1h e será retomada às 9h, quando deputados apreciarão 26 emendas ao texto. O texto foi aprovado por 253 votos a favor, 144 contra e uma abstenção. PSDB, PSB, DEM, Solidariedade, PPS e PTB orientaram seus deputados a votar contra o relatório de Picciani.

O relator promoveu novas alterações em seu relatório e deu tratamento diferenciado a outros setores econômicos, além dos previstos inicialmente. Eles terão uma recomposição de alíquotas intermediária, mais suave daquela defendida pelo governo. Foi incluído nesse rol, por exemplo, os calçadistas e artefatos de material têxtil, além de automóveis para o transporte de 10 pessoas ou mais (exceto trólebus). O relator e líder do PMDB, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), ampliou ainda a lista de excepcionalidades para as empresas auxiliares ao transporte aéreo de carga e de passageiros.

A previsão original de Picciani era apenas conferir o benefício à comunicação social, transportes, call centers e itens da cesta básica. Houve ainda outra novidade no relatório do peemedebista: os itens alimentícios que compõem a cesta básica, que antes teriam uma majoração parcial nos tributos, não serão mais atingidos pelo projeto, segundo Picciani

Ele incluiu ainda mudanças na tributação de bebidas produzidas na zona franca de Manaus.

Batalha da mandioca

Depois de tentar obstruir a sessão, que só começou depois das 22h, a oposição fez duras críticas ao projeto e à presidente Dilma Rousseff. "Não é justo e não é correto o que o governo e o que este projeto está fazendo com o Brasil. É um grande equívoco num momento de crise. Este projeto, como está, você está escolhendo quem vai morrer e quem vai ficar vivo", disse o líder em exercício do PSDB, Nilson Leitão (MT).

"A mandioca é o que ela está colocando nos brasileiros. É uma irresponsabilidade sem tamanho. Deve ser para isso que ela quer a mandioca. A incompetência desta mulher vai falir o País", disse Leitão, ironizando declaração feita por Dilma no início desta semana, quando a petista fez uma "saudação à mandioca".

Líder do governo, o deputado José Guimarães (PT-CE) pediu que as declarações de Leitão fossem retiradas dos anais. "Respeite a instituição, respeite a mulher que é a presidente do Brasil e não use esse tipo de palavra na Câmara dos Deputados", afirmou.

Após a resposta de Guimarães, os deputados Décio Lima (PT-SC) e Leitão se desentenderam e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu intervenção da Polícia Legislativa no tumulto.

A fala de Leitão gerou reação dos parlamentares. "Dilma foi eleita. Quem não aceitar isso vá chorar, se encolhe, vá torcer o próprio cabelo, mas não me venha desrespeitar a presidente eleita", reagiu a líder do PC do B, Jandira Feghali (RJ).

Depois da confusão, Leitão tentou minimizar a polêmica e disse que "jamais ofenderia uma mulher". "O meu respeito (a mulher) continua igual, agora meu desrespeito a gestão da presidente Dilma continua cada vez maior", disse. "No meu discurso na tribuna usei aquilo que achei que era conveniente no momento".

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretende votar nesta quarta-feira (24) pelo menos o texto-base do projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento. A ordem do dia será iniciada em instantes com a votação da Medida Provisória (MP) 672, do salário mínimo.

Cunha disse que o projeto de desoneração, último item do pacote do ajuste fiscal, não será concluído hoje, por isso a votação será estendida até amanhã. "Começo a desoneração hoje, nem que seja 9, 10 horas da noite", afirmou.

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O presidente afirmou que, independentemente de concordar ou não com o conteúdo da proposta apresentada pelo governo, a aprovação do projeto de lei é importante para não estimular agências de classificação de risco a rebaixar a nota de investimento do País. "A não aprovação desse projeto significa um sinal muito ruim para o mercado", comentou.

Sobre a MP 672, o peemedebista criticou a emenda apresentada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), que estende a atual fórmula de cálculo do reajuste aos aposentados que ganham acima do salário mínimo. "Espero que não aprove. Esse momento não é um bom momento para esse tipo de discussão", concluiu.

O presidente da Câmara evitou comentar a proposta do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre a criação de uma "autoridade fiscal independente" para fiscalizar os gastos do governo. Cunha disse que conversou com Renan superficialmente ontem à noite sobre o tema, mas que não conhecia os detalhes da proposta, por isso não tinha uma opinião formada. Ele lembrou que já existem vários órgãos que fazem essa fiscalização, como o Tribunal de Contas da União (TCU). "Quero ver se não vamos criar mais um monstro. Mas não quero criticar o que não sei, o que não conheci", justificou.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), culpou a oposição e a "falta de sorte" pelo adiamento da votação do projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento. "Usaram, infelizmente, a pobre da Venezuela para não votar", afirmou ao deixar o plenário.

Guimarães lembrou que adiamento para a próxima semana traz impacto para o governo e admitiu que dificilmente o projeto de lei passará até dia 30 pelo plenário do Senado. "É claro que é um prejuízo para o País, não é uma boa sinalização, mas as condições normais de temperatura e pressão não permitiram a votação hoje", comentou.

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A equipe econômica contava com a vigência da lei em 1º de outubro, mas com o atraso na aprovação da medida, a incidência ficará para novembro. "Não deu, não adianta ficar chorando o leite derramado aqui".

O projeto irá à votação só na noite de quarta-feira, 25, devido às festas juninas no Nordeste. Segundo Guimarães, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se comprometeu em abrir sessão até sexta-feira, 27, se for necessário. A missão do governo agora será convencer os parlamentares a abandonar as festas de São João em suas bases eleitorais e dar quórum na semana que vem para aprovar a medida que integra o pacote de ajuste fiscal do governo.

O vice-presidente Michel Temer afirmou que o governo espera que o projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamentos seja votado nesta quinta-feira, 18. Temer comandou hoje uma reunião com líderes da base e com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para tentar articular um acordo que viabilize a análise da medida.

"Foram todos para lá (Câmara) agora exatamente para mobilizar as bancadas a fim de votar no dia de hoje. Tenho a impressão de que vamos votar", declarou o vice-presidente.

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Ele disse ainda que há deputados pleiteando a inclusão de novos setores econômicos no rol daqueles que terão tratamento diferenciado na proposta, com alíquotas menores. Segundo Temer, Levy colocou um limite dentro do qual poderia haver negociações. "Então é isso o que os líderes estão conversando", concluiu.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), previu nesta quinta-feira, 18, que a votação do projeto que revê a política de desonerações da folha de pagamento só será concluído na próxima quinta-feira, 25. O governo já retirou a urgência das medidas do pacote anticorrupção, o que abre caminho para votação na tarde desta quinta, 18, da medida que integra o ajuste fiscal.

"Eu sinceramente acho que não acaba (a votação hoje). Pela minha experiência, não vai acabar, vai acabar quinta-feira que vem", declarou. O próprio líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), acredita que a apreciação do projeto se estenderá para a próxima semana. "Hoje vota no mínimo o texto principal", afirmou.

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Cunha disse que não haverá obstrução da oposição e que o quórum está garantido. "O quórum a gente garante pelo bolso, não precisa se preocupar, não", respondeu o presidente, se referindo à possibilidade de corte dos salários de quem faltar à sessão.

A próxima semana será marcada por quórum baixo devido às festas juninas no Nordeste. Por isso, o projeto de interesse do governo não entrará na pauta de terça-feira, 23, mas Cunha pretende pautá-lo para quarta e quinta-feira, de forma a garantir que a medida passe pela Câmara ainda em junho.

O governo vai fazer hoje um esforço de última hora para tentar salvar a votação, ainda nesta semana, do projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamentos. A expectativa era que a matéria, considerada pilar fundamental do ajuste fiscal, tivesse sido apreciada ontem, mas desentendimentos entre partidos da base aliada sobre os termos do texto que será analisado levou ao adiamento da proposta.

O vice-presidente da República, Michel Temer, realiza na manhã desta quinta-feira (18) uma reunião com líderes da base na Câmara para tentar contornar o impasse. Caso as conversas não avancem e o projeto deixe de ser votado mais uma vez, a equipe econômica do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, terá sofrido um duro revés nas discussões do ajuste.

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Como mudanças tributárias precisam respeitar uma noventena prevista em lei para entrar em vigor, Levy quer ver a reoneração das empresas sancionada pela presidente Dilma Rousseff o quanto antes, preferencialmente até 30 de junho.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta manhã que a votação depende do governo. "Deixei a pauta limpa para votar as desonerações. Da minha parte não tem problema, o governo que vai decidir se quer ou não votar", declarou. É dado como certo entre os articuladores políticos do Palácio do Planalto que ajustes precisarão ser feitos no relatório de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) para viabilizar a votação.

Após uma reunião prévia realizada ontem à noite na Vice-Presidência, deputados afirmaram ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que iriam pressionar Picciani a diminuir o número de setores econômicos que terão tratamento diferenciado em seu parecer.

O peemedebista quer que as áreas de transportes, call centers, além das que produzem alguns alimentos da cesta básica, recolham os tributos com base em alíquotas mais baixas das defendidas pela Fazenda. Se a quantidade de setores com tratamento excepcional não for reduzida, partidos como PP e PR avisaram que apresentarão emenda para beneficiar também outros setores, como o moveleiro e a construção civil.

Ao Broadcast Político, Picciani afirmou que pretende manter o conteúdo de seu relatório, mas deixou aberta a possibilidade de ajustes. "A princípio vou manter. Mas se for para fazer o acordo, pode ser", disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse na noite desta segunda-feira, 15, que não vai misturar o acirramento do embate político entre PT e PMDB com a pauta de votações da Casa. Ele disse estar disposto a colocar em votação nesta semana o projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento, desde que possa concluir a votação da Reforma Política. "Minha pauta é a mesma e continuará sendo a mesma", afirmou.

O governo quer votar até quarta-feira, 17, o projeto e concluir a apreciação da medida no Senado até 30 de junho. Cunha, no entanto, destacou que sua prioridade é a Reforma Política. Considerando o calendário (com festas juninas no Nordeste e recesso de julho), o peemedebista teria poucos dias para concluir a votação em segundo turno. "Não posso perder o embalo da Reforma Política", justificou.

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Sobre o projeto da desoneração, ele disse que não pretende deixar a matéria para julho e que, embora seu partido tenha compromisso com a governabilidade, caberá à bancada e seu líder Leonardo Picciani (RJ) decidir como se comportarão nesta votação.

Questionado sobre as consequências da disputa entre PT e PMDB, Cunha voltou a reclamar das "agressões continuadas" dos petistas. "Isso é muito preocupante, isso não contribui nem para tentar manter um clima de convivência até o processo eleitoral. E 2018 está muito longe", declarou. Ele enfatizou que suas críticas são voltadas exclusivamente ao PT e não ao governo. "Não vejo no governo atos contra mim pessoalmente. Não falei nada de governo, reagi ao PT. O governo não me atacou", afirmou.

Fator previdenciário

Cunha reconheceu o esforço do Executivo em buscar uma solução para o impasse em torno do fim do fator previdenciário, mas lembrou que a iniciativa de ouvir as centrais sindicais já poderia ter acontecido antes. "Não precisava fazer isso na antevéspera de se decidir se vai vetar ou não", comentou.

Para ele, prevaleceu o comportamento que também ocorre na política: "é mais ou menos mania de brasileiro, que é deixar tudo para última hora".

Apesar da tentativa de diálogo com as centrais, o peemedebista não vê perspectiva de acordo com os sindicalistas e acredita que o governo terá de concentrar esforços agora em negociar com a base aliada.

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