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O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, está entre as personalidades envolvidas no Pandora Papers, um dos maiores vazamentos de documentos financeiros da história. A investigação realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) revelou que, em 2014, o criminalista conduziu a abertura de uma offshore milionária nas Ilhas Virgens Britânicas.

Offshore é o nome que se dá às empresas ou contas bancárias abertas nos chamados 'paraísos fiscais', locais com menor tributação, de maneira lícita. No entanto, muitas vezes esses negócios se tornam ilegais quando seus donos escondem a origem do dinheiro.

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A Finview Investments Limited, empresa formalmente criada em outubro daquele ano, estava no nome dos dois filhos do ex-mandatário, Marco Polo Del Nero Filho, sócio do pai em um escritório de advocacia, e Marcus Vinicius Del Nero, publicitário e bacharel em Direito.

O capital da Finview era dividido em 50 mil ações de 200 dólares, totalizando 10 milhões (R$ 54 milhões na cotação atual). Del Nero Filho detinha a maioria das ações (49,5 mil), enquanto ao irmão restaram as outras 500. Uma semana depois da criação da companhia, nasceu a Finview Real Estate, negócio voltado ao investimento imobiliário em Orlando, no estado americano da Flórida.

A CPI do Futebol, iniciada em 2015 e que se encerrou no fim de 2016 sem indiciar nenhum investigado, descobriu que no começo de 2014, Del Nero, Ricardo Teixeira e José Maria Marin estiveram juntos em um voo no jatinho da CBF com destino a Orlando. Dois anos antes, na Operação Durkheim, a Polícia Federal apreendeu e-mails de Del Nero pedindo para o filho Marco Polo entrar em contato com uma gerente de banco em Miami que poderia opinar sobre a possibilidade de montar um negócio na região.

Quem auxiliou o clã Del Nero na abertura da empresa foi o escritório de advocacia panamenho Alcogal, especializado na criação e gestão de offshores na América Central e Caribe. A possibilidade da empresa ser usada para lavagem de dinheiro preocupou a Alcogal, que manteve relações com a família mesmo após constatar um risco médio em uma avaliação interna.

No entanto, a situação mudou quando, em 2015, veio à tona o 'Fifagate', escândalo de corrupção envolvendo funcionários e associados da principal entidade do futebol. Com ajuda do Ministério Público Federal dos Estados Unidos, a polícia suíça e o FBI prenderam vários dirigentes durante o congresso anual da Fifa. Del Nero conseguiu escapar e voltou a São Paulo, mas nunca mais saiu do País por medo de ser detido e extraditado para os Estados Unidos. Por lá, ele, Marin e Teixeira foram indiciados por crimes como fraude, lavagem de dinheiro e extorsão. Apenas Marin foi preso e condenado.

Após o caso, a Alcogal deixou de administrar a offshore da família Del Nero nas Ilhas Virgens e informou na semana seguinte a existência da Finview Investments à Agência de Investigação Financeira americana.

A offshore foi encerrada pelos filhos de Del Nero em agosto de 2015. Já a Finview de Orlando parou as atividades apenas em setembro do ano passado. Os documentos obtidos pelo ICIJ não revelam o paradeiro dos 10 milhões de dólares investidos pela família do ex-presidente da CBF.

Após ser banido definitivamente do futebol pela Fifa em abril de 2018, Del Nero deu lugar a Rogério Caboclo, na época seu aliado. Apesar disso, ele continua atuando nos bastidores da entidade e teria sido um dos responsáveis pela retirada de Caboclo, suspenso até 2023 por conta de assédio sexual e moral praticado contra uma funcionária.

No total, o consórcio de jornalistas e veículos de imprensa envolvidos na Pandora Papers reuniu 11,9 milhões de documentos. 14 escritórios especializados na abertura de offshores em paraísos fiscais colaboraram para a obtenção das informações, a maioria vinda das Ilhas Virgens Britânicas.

Alvo constante do presidente afastado da CBF Rogério Caboclo nos últimos meses, Marco Polo Del Nero recebeu uma boa notícia nesta quinta-feira. O ex-mandatário da entidade que rege o futebol nacional teve sua punição reduzida pela Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês). O tribunal trocou o banimento definitivo por uma suspensão de 20 anos.

Com a decisão, Del Nero poderá reassumir funções no futebol em 2038, quando teria 97 anos de idade. A suspensão de 20 anos é retroativa à decisão da Fifa de banir o dirigente brasileiro, então de forma permanente, em abril de 2018. Na ocasião, a entidade mundial enquadrou Del Nero em cinco artigos do seu Código de Ética: 21º (suborno e corrupção), 20º (oferecer ou aceitar presentes ou outros benefícios), 19º (conflitos de interesse), 15º (lealdade) e 13º (regras gerais de conduta).

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O brasileiro recorreu à CAS, que corroborou a decisão inicial da Fifa, "quanto às conclusões sobre o mérito" da questão, mas decidiu rever a punição aplicada. E reduziu a pena para 20 anos de suspensão. O julgamento da CAS tem caráter apenas esportivo, sem afetar a situação de Del Nero junto à Justiça dos Estados Unidos, onde foi indiciado por fraude, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa.

Del Nero era integrante do então Comitê Executivo da Fifa quando a Justiça americana fez a famosa operação de prisão de dirigentes do futebol num hotel de luxo na Suíça por suspeitas de corrupção, entre outras. O brasileiro José Maria Marin, outro ex-presidente da CBF, foi um dos sete detidos naquele fim de maio de 2015.

Del Nero estava no local, mas não chegou a ser preso. Mas não escapou de ser indiciado pela Justiça dos EUA meses depois. Ele renunciou às suas funções tanto na Fifa quanto na Conmebol. E passou a evitar deixar o Brasil por causa do risco de ser preso, como aconteceu com outros dirigentes.

Promotores americanos alegam que ele recebeu milhões de dólares em propinas em acordos comerciais assinados para as transmissões da Copa América, da Copa Libertadores e da Copa do Brasil. O caso segue em investigação. Na Fifa, ele foi punido com o banimento e uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 5,6 milhões no câmbio atual).

Afastado dos holofotes desde que foi banido do futebol, Del Nero voltou ao noticiário nos últimos meses por conta do afastamento do seu sucessor no comando da CBF, Rogério Caboclo. O presidente afastado da entidade enfrenta acusação de assédios moral e sexual por parte de uma funcionária da confederação e atribui o caso a uma conspiração supostamente criada por Del Nero.

De acordo com Caboclo, o seu antecessor segue com forte influência na entidade e estaria tramando para tirá-lo do poder. Caboclo havia chegado à presidência da CBF com o apoio de Del Nero, mas acabou rompendo com o seu então amigo e aliado político e disse ter entrado em conflito com ele antes do surgimento das denúncias da funcionária.

O presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero, passou por um interrogatório de cinco horas, nesta sexta-feira, numa audiência que se estendeu mais do que o previsto. Por meio de uma videoconferência, ele respondeu pela primeira vez aos investigadores da Fifa, depois que foi alvo de um processo por corrupção.

O Estado apurou que, por vezes, o cartola se exaltou ao ser questionado e foi o único a tomar a palavra por parte de sua defesa. Mas insistiu que é inocente e que não existem provas contra ele, apesar de ser acusado de sete crimes nos Estados Unidos, entre eles fraude e formação de organização criminosa.

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Os investigadores da Fifa repassaram toda a documentação produzida pelos promotores norte-americanos, que acusam Del Nero de corrupção na CBF e de um desvio de US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 21 milhões). Durante a audiência, o brasileiro foi confrontado com cada uma das informações reveladas em Nova York, inclusive pedidos que ele teria feito por propina em troca de contratos de televisão para a Copa do Brasil, Copa Libertadores e outros torneios.

O interrogatório se prolongou por conta da quantidade de evidências. Cada um dos detalhes apresentados na corte americana contra Del Nero foi questionado, entre eles os acordos com José Maria Marin para repartir o dinheiro. Ele foi ainda interrogado se conhecia as pessoas que levaram as evidências às cortes, entre eles o empresário José Hawilla.

Em outra evidência levantada pela Justiça americana, os investigadores apontaram como outro empresário, Alejandro Burzaco, revelou que Del Nero herdou a propina que, até 2012, era paga a Ricardo Teixeira. Mas o montante de US$ 600 mil foi aumentado para um total de US$ 1,2 milhão (R$ 3,8 milhões).

Del Nero também foi confrontado por documentos em que testemunhas nos EUA apontavam como sendo as anotações das propinas. O documento citado, porém, fala apenas de "brasileiro". Na corte americana, as testemunhas indicaram que ele seria Del Nero, o que o dirigente nega. Ele também teve de responder sobre um acordo para receber US$ 3 milhões (R$ 9,6 milhões) em propinas, relativas à Copa Libertadores.

Para a defesa do brasileiro, o interrogatório foi a ocasião de esclarecer sua situação. Seus advogados indicaram que, durante a audiência, nenhuma nova prova foi apresentada. Del Nero voltou a dizer que é inocente e que não existem provas materiais. Ele não viajou por conta do risco de ser preso e extraditado aos EUA, o que fontes na Fifa consideraram como uma fragilidade de sua defesa.

Uma investigadora do comitê da Fifa afirmou que não poderia dar ainda uma ideia de quando uma decisão final seria tomada, o que poderia significar o fim de sua carreira na gestão do esporte. "Vai depender ainda", disse a investigadora, sob anonimato. "Primeiro precisamos ver qual vai ser o resultado dessa audiência", explicou. Questionada se haveria um novo interrogatório, ela não descartou. "Pode ser. Vamos ver primeiro o que sai dessa", completou.

A Fifa, para suspendê-lo temporariamente, se valeu das investigações conduzidas pelos promotores americanos. Para a defesa de Del Nero, porém, elas não podem ser comparadas ao material que foi produzido contra José Maria Marin, ex-presidente da CBF e preso nos EUA. No caso de Marin, diz a defesa, existiriam provas do dinheiro.

O advogado de defesa de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, buscou distanciar o dirigente da acusação de recebimento de propina em contratos relacionados à Copa do Brasil, Copa Libertadores e Copa América e afirmou ao Tribunal Federal do Brooklyn, nos Estados Unidos, que quem tomava as decisões na entidade era Marco Polo Del Nero, então vice-presidente e atual comandante da CBF.

"Marin sempre estava com Del Nero. Era Del Nero quem tomava as decisões. Marin estava fora, estava à margem", disse o advogado Charles Stillman.

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O advogado comparou a corrupção no futebol internacional a um jogo de futebol infantil do qual Marin não participou. "Ele era como o jovem do lado de fora do campo, colhendo margaridas e olhando ao redor enquanto outros estavam correndo a pleno vapor", disse.

Além de Marin, estão sendo julgados Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol e da Associação Paraguaia de Futebol, e Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol. Os três são os primeiros a serem julgados desde que procuradores dos EUA revelaram um caso de corrupção contra dirigentes do futebol ao redor do mundo há mais de dois anos. Das 42 pessoas acusadas por procuradores norte-americanos na investigação sobre a Fifa, 24 se declararam culpadas e duas foram sentenciadas até o momento.

O procurador-assistente dos EUA, Keith Edelman, disse a membros do júri que os três homens foram parte de uma conspiração para aceitar propinas de empresas de marketing esportivo em troca de lucrativos direitos de marketing para torneios de futebol, incluindo a Copa América e Copa Libertadores.

"Os acusados trapacearam o esporte para encher seus bolsos com dinheiro que deveria ter sido gasto para beneficiar o jogo, não a si mesmos", disse Edelman. O dinheiro desviado poderia ter sido gasto por organizações de futebol para construir campos, comprar equipamentos e financiar equipes femininas e ligas jovens, disse.

Nenhum dos advogados dos ex-dirigentes negou haver corrupção no esporte internacional, mas todos disseram a membros do júri que seus clientes não participaram. "Este caso não é sobre a Fifa", disse a advogada de Napout, Silvia Piñera. "Isto é sobre um homem, Juan Ángel Napout, e sua luta por justiça."

Piñera disse a membros do júri que o caso contra Napout irá se apoiar em testemunho de Alejandro Burzaco, ex-chefe da companhia de marketing esportivo Torneos y Competencias. Burzaco, segundo Piñera, "fez um doce acordo com o governo e começou a contar histórias" após ser condenado.

O advogado de Burga, Bruce Udolf, também disse esperar que procuradores se apoiem em testemunhas participativas que podem ser motivadas a "se tornar surpreendentemente muito criativas" para evitar a prisão.

O consórcio que administra o Maracanã rebateu na tarde desta sexta-feira (15) as declarações do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que pela manhã afirmou que o estádio ficou de fora das Eliminatórias da Copa do Mundo por considerar que o local "não tem condições de receber jogos da seleção brasileira". O Consórcio Maracanã lembrou que a arena carioca recebeu quase três dezenas de partidas neste ano e teve seu gramado bem avaliado pela própria CBF.

"A Concessionária Maracanã esclarece que neste ano já foram realizados 27 jogos de futebol no estádio, alguns deles com os maiores públicos do País, o que comprova o perfeito funcionamento de suas instalações. Também é importante registrar que a vistoria promovida pela CBF atribuiu recentemente nota 4,75 ao gramado do Maracanã, numa escala em que o máximo é 5, atestando seus altos padrões para a realização de qualquer competição", afirmou o consórcio, em nota.

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Dirigentes da CBF e o próprio técnico Tite haviam dito reiteradas vezes que tinham a intenção de levar jogos do Brasil para o Maracanã - a seleção principal não joga lá desde a final da Copa das Confederações de 2013. A ideia era encerrar a participação nas Eliminatórias deste ano no local, mas, alegando problemas com o estádio, a CBF optou em levar o jogo para o Allianz Parque, em São Paulo.

Nesta sexta-feira, logo após Tite anunciar a última lista de convocados para o qualificatório, Del Nero voltou a citar problemas como a causa da retirada do Maracanã para a partida com o Chile, no próximo mês.

"Nós queremos jogar. O estádio tem que ter condições mínimas, e se não tem não podemos fazer jogo lá. A gente faz em estádio que está bom", disse o cartola. "É feita uma avaliação geral pelo nosso departamento de competições, é ele que faz essa avaliação. Ele tira lá suas avaliações e passa para nós. 'Olha, não está em condições de receber o jogo da seleção brasileira', e é isso que acontece."

O Maracanã vem sendo administrado pelo atual consórcio por força de decisão judicial, já que a controladora do estádio tenta devolver a concessão. "A Concessionária Maracanã lembra também que há um ano comunicou oficialmente sua decisão de que houvesse encerramento do contrato de concessão, pois o mesmo se tornou inviável economicamente após ter sido descaracterizado por iniciativas do governo do estado. Na ocasião, ainda em 2016, o governo manifestou publicamente que iria promover uma nova licitação, o que não foi realizado até agora. Em novembro passado, conforme previsão contratual, foi iniciado um processo de arbitragem, conduzido pela FGV, em decorrência de não haver um acordo entre as partes", considerou o consórcio.

Logo após o anúncio dos convocados para os dois últimos jogos da seleção brasileira nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, comentou sobre a ausência do Maracanã como sede de jogos no qualificatório. A intenção da entidade sempre foi fazer a última partida no estádio carioca, mas optou por transferi-la para o Allianz Parque, em São Paulo, por considerar que o Maracanã não apresentava as condições adequadas.

Segundo Del Nero, o Brasil vai voltar atuar em seu estádio mais emblemático "quando estiver tudo em ordem". "Não é só nós que queremos jogar no Maracanã. O Maracanã é um estádio do Brasil. Na oportunidade certa, quando estiver tudo em ordem, nós vamos jogar. Esperamos que seja breve", disse o cartola.

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"Nós queremos jogar. O estádio tem que ter condições mínimas e, se não tem, não podemos fazer jogo lá. A gente faz em estádio que está bom", insistiu o cartola. "É feita uma avaliação geral pelo nosso departamento de competições, é ele que faz essa avaliação. Ele tira lá suas avaliações e passa para nós. 'Olha, não está em condições de receber o jogo da seleção brasileira', e é isso que acontece."

Apesar de considerar que o Maracanã não tem condições de receber jogos da seleção, Del Nero não explicou por que o estádio segue recebendo partidas normalmente. A arena é usada pelo Fluminense no Brasileira e na Copa Sul-Americana. Na semana passada, também recebeu a final da Copa do Brasil e, anteriormente, a semifinal da competição nacional. Nos dois casos, o Flamengo era o mandante.

A reportagem do Estado ainda aguarda posicionamento da concessionária que administra o Maracanã.

A CBF está tentando se reaproximar da Fifa, mas esbarra na permanência de seu próprio presidente, Marco Polo Del Nero, suspeito de corrupção pelo FBI e pela própria entidade, como maior entrave para estreitar as relações.

O secretário-geral da entidade, Walter Feldman, confirmou um encontro realizado na semana passada com a senegalesa Fatma Diouf Samoura, que ocupa o mesmo cargo que ele na Fifa, em Zurique, na Suíça. De acordo com o dirigente, a reunião foi apenas protocolar. "Desde que a secretaria Fatma assumiu, nós combinamos um encontro para conhecimento mútuo", disse Feldman ao Estado.

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Fontes ligadas à Fifa, no entanto, garantem que o encontro foi mais uma tentativa feita pela CBF para liberar US$ 100 milhões (cerca de R$ 326 milhões) que pertencem ao fundo de legado da Copa do Mundo. Mais uma vez ouviu um "não" com a mesma justificativa de reuniões anteriores: a verba não será liberada enquanto Del Nero continuar na presidência da entidade.

Nos Estados Unidos, ele é acusado de conspiração, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica pelo suposto recebimento de propinas em contratos da CBF relacionados à Copa do Brasil, Copa América e Copa Libertadores. Poderá ser preso se pisar em solo americano ou outro qualquer país que tenha acordo de extradição com os americanos. Por isso, não sai do País há quase dois anos.

Já o Comitê de Ética da Fifa investiga o brasileiro por corrupção desde novembro de 2015. Feldman não confirma o pedido de liberação dos US$ 100 milhões e desconversa quanto à imposição da Fifa. "Tudo foi perfeito. Vamos encerrar o ano neste clima", afirmou.

No Brasil, a CPI do Futebol investigou o presidente da CBF por corrupção e má gestão de entidade privada. O relatório oficial do senador Romero Jucá (PMDB-RR) não pediu o indiciamento do dirigente. O relatório "alternativo", dos senadores Romário (PSB-RJ) e Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), apontou que Del Nero cometeu seis crimes. A documentação foi enviada ao Ministério Púbico, à Receita Federal, ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras e ao Banco Central.

O valor de US$ 100 milhões seria destinado à construção de CTs em cidades que não receberam jogos da Copa do Mundo. Além disso, deveriam ajudar no desenvolvimento do futebol feminino, das categorias de futebol de base e até de projetos sociais. Após as denúncias nos últimos dois anos, a Fifa teme que os recursos não sejam utilizados corretamente.

Quase todas as federações nacionais do futebol sul-americano se manifestaram nas primeiras horas desta terça-feira (29) para lamentar o trágico acidente aéreo que provocou a morte de pelo menos 70 pessoas no voo que levava a delegação da Chapecoense de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, para Medellín, na Colômbia, onde o time brasileiro disputaria o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana, nesta quarta (30), contra o Atlético Nacional.

Entidade que fica no país onde ocorreu a tragédia, a Federação Colombiana de Futebol (FCF) expressou, por meio de nota oficial, "imensa dor e comoção" e "lamentou profundamente" o acidente aéreo. "Notícias como esta nos enchem de dor, vazio e tristeza. A FCF manifesta todo seu apoio, solidariedade e envia suas orações para familiares e amigos das vítimas deste lamentável fato que enluta o futebol mundial".

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ARGENTINA - A Associação de Futebol Argentina (AFA), por sua vez, ressaltou por meio de nota que "lamenta enormemente o ocorrido e acompanha a Conmebol, que suspendeu todas as suas atividades até novo aviso, como também fizeram a Confederação Brasileira de Futebol e a Chapecoense". A entidade informou também que, por causa do ocorrido, cancelou a viagem que a seleção sub-20 argentina faria nesta quarta-feira ao Uruguai, onde enfrentaria a equipe nacional do país vizinho.

URUGUAI - A Associação Uruguaia de Futebol (AUF) também divulgou nota oficial na qual expressou "sua profunda dor e se solidariza com familiares e amigos das vítimas". Para completar, a entidade informou que suspendeu todas as suas atividades esportivas e os eventos de comemoração da fundação da Conmebol, que estavam previstos para esta terça em Montevidéu e para quarta em San José.

PARAGUAI - A Associação Paraguaia de Futebol (APF), por sua vez, enfatizou que se "junta a dor mundial pela terrível tragédia", assim como lembrou que a mesma é muito sensível ao futebol do Paraguai também pelo fato de que o acidente aéreo pelo "falecimento do fisiologista Luiz Martins, que fez parte da comissão técnica e médica da seleção paraguaia, como também o seu compatriota Gustavo Encina, piloto que integrava o voo da delegação da Chapecoense".

CHILE - A Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP), entidade que controla o futebol chileno, ressaltou por meio de nota que este foi "um dia triste para o esporte que tanto amamos" e destacou que o "futebol chileno entrega suas condolências e melhores desejos às famílias e vítimas desta tragédia que custou a vida de jogadores, staff técnico, dirigentes e profissionais da imprensa esportiva brasileira".

EQUADOR - Outra entidade sul-americana que se manifestou foi a Federação Equatoriana de Futebol (FEF), que destacou que "lamenta profundamente a tragédia" que "enlutou o mundo do futebol", assim como expressou solidariedade às famílias das vítimas do acidente e afirmou que a Chapecoense havia conseguido "algo histórico" ao se classificar para a final da Copa Sul-Americana.

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, afirmou na manhã desta terça-feira (29) que a entidade está "tomando todas as providências" para prestar apoio aos sobreviventes e familiares das vítimas do acidente aéreo sofrido pela delegação da Chapecoense na madrugada, nas proximidades de Medellín, na Colômbia.

"A Confederação Brasileira de Futebol está tomando todas as providências no sentido de prestar seu apoio aos sobreviventes, às famílias, ao clube, à comunidade de Chapecó e aos desportistas brasileiros em geral. Que todos tenhamos muita força e muita luz para ultrapassar este momento", afirmou Del Nero.

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O presidente não deu detalhes de quais ações a CBF terá para auxiliar o clube catarinense. Pessoalmente, Del Nero não deve comparecer ao país vizinho porque tem evitado viagens internacionais no último ano, desde a prisão de sete cartolas da Fifa, em Zurique, em maio do ano passado, sob acusações de corrupção. Del Nero também foi denunciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Longe das viagens internacionais, o presidente da CBF lamentou a tragédia por nota. "Neste momento de imensa dor e tristeza, manifesto meu sentimento de solidariedade a todas as pessoas atingidas pelo acidente ocorrido com a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, em especial às famílias das vítimas", declarou.

Para o dirigente, o acidente marca "uma das páginas mais trágicas do esporte brasileiro". "Estamos vivendo uma das mais trágicas páginas da história do esporte brasileiro e lamento, profundamente, a perda de jogadores, comissão técnica, profissionais da imprensa, dirigentes e tripulação", lamentou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Arbitragem Esportiva do Rio de Janeiro, Marçal Mendes, afirmou que árbitros são pressionados pelo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, para que não cometam erros em jogos do Palmeiras, líder do Brasileirão.

Segundo ele, a pressão é feita porque o dirigente é conselheiro vitalício e sócio benemérito do Palmeiras. As afirmações foram feitas em audiência pública do Ministério Público do Trabalho, no Rio de Janeiro.

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Os erros de arbitragem têm sido recorrentes nesta edição do Brasileiro. O Palmeiras costuma enviar documentos e vídeos à CBF quando se sente prejudicado. No último mês, a diretoria palmeirense chegou a convocar uma entrevista coletiva para questionar a pressão do Flamengo. O time rubro-negro, por sua vez, reclama de benefícios ao time paulista.

O Ministério Público do Trabalho ainda não se pronunciou sobre eventuais providências a respeito das críticas de Mendes. Por meio de sua assessoria, o Palmeiras informou que não vai se posicionar.

O ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, ironizou nesta sexta-feira (15) a situação da presidência da CBF e mandou seu recado: a entidade já teria de ter passado por reformas, com maior transparência, ficha limpa e um comitê de ética independente. O ex-cartola foi convidado pela Universidade da Basileia para debater a crise da Fifa com acadêmicos e estudantes. Combativo, Blatter insistiu que não sabia de nada sobre a corrupção de seus membros e acusou diretamente os "dirigentes sul-americanos" pelos problemas. Mas o evento terminou com um momento de tensão, quando um ex-procurador da ONU, Luis Ocampo, o acusou de saber de tudo e nunca ter agido para afastar os corruptos.

Questionado pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre o fato de a CBF ainda ser presidida por um dos cartolas indiciados nos Estados Unidos, Marco Polo Del Nero, Blatter foi irônico. "Quem é mesmo o presidente da CBF? ", perguntou, sorrindo. Ao ouvir o nome de Del Nero, ele apenas brincou. "Ele é o presidente?". Depois, já em um tom sério, indicou que a Justiça "fará seu trabalho".

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O brasileiro voltou a assumir a CBF na semana passada, depois de um período de licença. Se nos EUA ele foi indiciado pelo FBI por corrupção e lavagem de dinheiro, o caso que já completa um ano ainda não teve consequências para Del Nero, salvo sua impossibilidade de deixar o Brasil.

Nesta sexta, em seu discurso perante um auditório lotado, Blatter fez questão de apontar que os responsáveis pela corrupção no futebol estavam na América Latina. "Todos os indiciados são das Américas. E os supostos crimes ocorreram lá. Por enquanto, não existem europeus, asiáticos ou africanos envolvidos", disse.

Questionado se a responsabilidade pelos escândalos envolvendo o futebol brasileiro seria de Ricardo Teixeira ou José Maria Marin, ele preferiu não responder. "Os tribunais dirão", alertou. "Não tenho como controlá-los moralmente".

REFORMA - Blatter, porém, deixou claro que não bastará a Fifa passar por reformas como a adoção da ficha limpa para os novos dirigentes e um órgão judiciário independente. "A federação brasileira é uma das maiores do mundo. Eles precisam fazer essa reforma", insistiu.

Segundo ele, porém, a resistência em mudar e adotar leis mais transparentes não ocorreu dentro da Fifa, mas sim nas entidades regionais e nacionais. "Todos aqueles que foram presos em Zurique eram americanos", insistiu. "Do Sul ou do Norte. Mas americanos". "As acusações apontam para a corrupção em suas confederações", disse. "Se uma entidade não é capaz de limpar sua casa, alguém tem de entrar. O FBI e a intervenção americana ocorreram a partir das Américas", insistiu.

No caso dos brasileiros, Blatter deixa claro que o centro do esquema era o que teriam recebido para os direitos da Copa América. "Não são questões da Fifa", disse. "Na Fifa existiam barreiras sobre a corrupção. Mas não nas federações e o futebol apenas vai mudar se todos fizeram suas reformas", afirmou, lembrando que a ideia da ficha limpa para cartolas jamais foi aprovada.

TENSÃO - Sua primeira aparição pública em meses foi marcada por momentos de tensão, protestos e mesmo acusações. Ao entrar no auditório, saudou o público de sua velha maneira, como um chefe de estado ovacionado. Neste caso, porém, sem a ovação.

Durante duas horas, contou histórias, filosofou, fez o público rir e chamou de "vergonhosa" sua suspensão da Fifa. "Eu também estou lutando contra corrupção. Mas fui impedido de fazer meu trabalho. Fui afastado", afirmou o ex-dirigente. Minutos depois de começa a falar, Blatter foi interrompido por manifestantes que, aos berros, foram retirados do local.

Em outro trecho, um grupo identificado como "associação marxista" acusou a Universidade de ter "trazido um criminoso para falar". Blatter respondeu que não está sendo acusado de corrupção.

Blatter também defendeu a Fifa quando o assunto foi a escolha das sedes das Copas. "As Copas não são decididas pela Fifa. Na maioria das vezes, são decididas por pressão dos diferentes governos", revelou, apontando que a última escolha, em 2010, levou para Zurique praticamente o Conselho de Segurança da ONU.

Segundo Blatter, o que fez o Catar ganhar foi a decisão do ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, de fechar um entendimento com o emir e sugerir a Michel Platini que votasse pelo Oriente Médio. "Se não fosse isso, a Copa teria sido nos EUA".

O suíço, investigado pelo Ministério Público da Suíça por má gestão, não abriu mão de seu lugar na história. "Quando eu assumi a Fifa, começamos do menos zero", declarou. "Ela se transformou em uma grande empresa. Não lamento nada. Só lamento o que eu não fiz. Lamento não ter levado a Fifa ao bom caminho depois do ataque que sofreu. Mas não me deixaram trabalhar ", disse.

O evento ainda terminou com um momento de tensão. Luis Ocampo, que investigou genocídios na África e violações de direitos humanos, concluiu os debates indicando que Blatter, mesmo sem ter sido acusado de corrupção, teria de ser responsabilizado pelo silêncio que manteve por anos diante dos esquemas que ocorriam com seus membros.

"É inaceitável que Ocampo diga isso", respondeu Blatter, irritado após passar duas horas dando sua versão dos fatos numa sala da Faculdade de Medicina e com tapumes que escondiam um esqueleto usado para as aulas regulares.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, determinou nesta quinta-feira (7) que a CPI do Futebol faça nova votação para convocar os presidentes da CBF Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira na CPI. A decisão é um revés para o presidente da Comissão, o ex jogador Romário.

A convocação de Del Nero e Teixeira haviam sido aprovadas em sessão realizada nesta quarta. Era necessária a presença de seis dos dez senadores que compõem a CPI para votar os requerimentos que pediam a convocação de ex-dirigentes da CBF. Mas, com a sala esvaziada, Romário teve de buscar senadores nos corredores, fazer telefonemas e até mesmo acionar suplentes do colegiado para assinarem a lista de presença.

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Um dos integrantes da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a CPI estava sofrendo um boicote. "Essa CPI está sendo alvo de boicote, sendo vítima de um processo de sabotagem. Por que tanto receio de que venham à público as investigações dessa CPI? Por que outros senadores se negam a convocar dirigentes da CBF?", questionou o senador.

Com a assinatura de alguns senadores suplentes, Romário havia conseguido completar o quórum necessário e aprovou de forma simbólica e em conjunto todos os requerimentos de convocação. Foram convocados para depoimento o presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, e em caráter de testemunha, Marco Polo Del Nero Filho, para responder sobre à abertura de contas no exterior.

Também foi convocado para prestar esclarecimentos sobre possíveis irregularidades em contratos do Comitê Organizador da Copa e da CBF, o ex-presidente Ricardo Teixeira, que deixou o cargo em 2012. Pelos mesmos motivos, convocaram também o empresário do ramo de turismo Wagner José Abrahão.

As convocações, contudo, foram contestadas pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é membro da CPI, mas não estava presente na reunião. Ele acusou a CPI de usar uma manobra ao colher assinaturas de presença, mas aprovar os requerimentos sem que os senadores estivessem no recinto.

Em resposta, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu que a Secretaria Geral da Mesa fizesse rápida investigação sobre o ocorrido para dar resposta ao senador Nogueira já nesta quinta-feira. No início desta tarde, Calheiros determinou que se faça nova votação para definir as convocações de Del Nero e Teixeira.

Antes da decisão, Romário reclamou nesta quinta da contestação de Nogueira. "Dentro das regras, sem jogo sujo, fizemos tudo que foi possível para termos os depoimentos de personagens fundamentais das falcatruas do futebol", declarou o ex-jogador, nas redes sociais.

"Porém, diante da nossa vitória. O senador Ciro Nogueira, um dos que não compareceu ontem, foi ao Plenário pedir a anulação da referida sessão, com a alegação da ausência dos senadores que assinaram presença", afirmou Romário. "Sabemos que o jogo da CBF é pesado e nós, diferente deles, agimos dentro da lei."

Antônio Carlos Nunes de Lima, que se tornou conhecido no País pela patente de coronel que carrega como apelido e impasses que envolvem o comando da CBF, é um homem de 79 anos bem-humorado e contador de causos. Coronel Nunes, ex-chefe de Segurança do Pará, só muda a feição quando pressionado: solta uma frase forte, mas se desvia das polêmicas de forma rápida, silenciando na cadeira de presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), a qual ocupa há mais de duas décadas.  

Com essa estratégia, Coronel Nunes, nomeado presidente interino da CBF por 150 dias, se mantém como um dos dirigentes de federação com mandatos mais longevos do Brasil. Em 2009, anunciou que se aposentaria da entidade no final da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, mas acumula seis mandatos consecutivos e agora deu um salto na hierarquia burocrática do futebol nacional, mesmo sendo um dirigente estadual sem poder de decisão na CBF – motivo de críticas de opositores e diretores dos maiores clubes do Pará.

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“O coronel Nunes é um dos responsáveis pela atual situação do futebol paraense”, criticou um ex-dirigente do Paysandu, que pediu para não ser identificado. Para ele, Nunes é um aprendiz de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e segue no poder porque aprendeu a assegurar o apoio das ligas estaduais no interior do Estado. Na mesma lógica, mas em escala maior, o coronel foi um dos sustentáculos de Teixeira, José Maria Marin e agora de Marco Polo Del Nero.

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O momento mais desgastante do comando do coronel Nunes na FPF foi quando a Fifa escolheu Manaus como sub-sede amazônica para a Copa do Mundo em detrimento de Belém. Ele recebeu uma série de críticas, entre elas a de se contentar com “mimos” da CBF para apoiar as decisões da presidência. Entre os prêmios recebidos pela lealdade a Ricardo Teixeira, Nunes foi escalado para chefiar a delegação da seleção brasileira na Copa das Confederações na África do Sul, em 2009.  

Investigações - Coronel Nunes gosta de conversar sobre pontos positivos do futebol paraense, como o sucesso do sobrinho Lima, destaque do Benfica, de Portugal, transferido ano passado para o Al-Ahli, dos Emirados Árabes, por R$ 25 milhões. Mas o dirigente não gosta de comentar sobre questões polêmicas que envolvem a administração da FPF, sobretudo a relação com agência de viagens Rocha Romano – de propriedade do diretor de futebol profissional da entidade, Paulo Romano – apurada pela CPI do Futebol Paraense, aberta pela Assembleia Legislativa em 2013.

Nunes foi procurado pelo Portal LeiaJá nesta quinta-feira (7), mas não retornou as ligações para falar sobre as operações de compras de passagens para clubes locais nas temporadas marcadas pelo processo de “interiorização” do Campeonato Paraense, de 2011 a 2013 – com verbas destinadas pelo Governo do Estado, via Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel). Inquérito do Ministério Público do Pará investiga possíveis irregularidades no convênio.

Respondendo "não sei" à maior parte das perguntas que lhe foram direcionadas, Marco Polo Del Nero, presidente licenciado da CBF, deixou a CPI do Futebol sem convencer os senadores. Ele alegou desconhecimento sobre quaisquer questões relacionadas ao Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 ou à CBF em período anterior ao seu mandato.

Antes mesmo de ser sabatinado pelos senadores em Brasília, nesta quarta-feira (16), Del Nero leu um comunicado em que se defendia das acusações do FBI, de que estaria envolvido em um esquema de corrupção. Ele quis fazer suas considerações de forma escrita, "para que ficassem registradas" e se comprometeu em "tratar de todas as questões, inclusive as mais delicadas."

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Apesar de não ter se recusado a responder nenhuma questão e ser poucas vezes interrompido pelo advogado José Roberto Batochio, que o acompanhava, Del Nero não deu respostas satisfatórias para os senadores, que chegaram a zombar de seu conhecimento sobre contratos firmados pela CBF e de sua memória quanto a acontecimentos pessoais, como telefonemas, conversas privadas e viagens. No início de dezembro, Del Nero foi um dos 16 dirigentes indiciados pela Justiça dos Estados Unidos, fato que o levou a se licenciar da CBF. Ele também é alvo de investigações no Conselho de Ética da Fifa e, se punido, pode ser suspenso do futebol. Del Nero afirmou que as acusações são injustas e que irá provar sua inocência. "As pessoas podem ser indiciadas e ter o direito de fazer sua defesa e, na minha defesa, vou provar que há um equívoco muito grande nesse indiciamento da justiça americana."

Ele também desacreditou as acusações de que teria desviado dinheiro do COL e negou que tivesse feito parte do Comitê durante a Copa do Mundo. "Posso assegurar que é inverídica a informação de que entrei no COL em 2012. Entrei em abril de 2015, quase um ano depois da Copa", alegou.

TENSÃO - O senador Romário (PSB-RJ), presidente da CPI, assumiu o interrogatório com uma série de perguntas sobre corrupção e a culpa da CBF pelo momento "ridículo" em que o futebol brasileiro se encontra. As questões geraram desconforto e fizeram Del Nero gaguejar. "Vi alguns contratos, mas não todos. Não dá para ver todos", respondeu Del Nero sobre quando assumiu a CBF.

Romário afirmou ter percebido que o presidente licenciado não possui "muita noção" do que acontece na entidade. Del Nero se defendeu, alegando que não era o presidente no período. "Eu era vice. Vice é vice, vice não manda nada", afirmou. Um dos presentes que acompanhava a sessão gritou que o "vice é decorativo", em referência à carta de Michel Temer à presidente Dilma Rousseff. A situação arrancou risadas de alguns senadores.

Por fim, Romário pediu que Del Nero se afastasse definitivamente da CBF. "O senhor é para mim uma das pessoas que mais fazem mal ao futebol brasileiro e internacional. Gostaria de fazer um pedido público para que o senhor se retirasse definitivamente da CBF, para que possamos ter uma CBF séria". Ele também afirmou que, assim como os dois últimos presidentes da confederação, Ricardo Teixeira e José Maria Marin, Del Nero é um "câncer" do futebol.

Del Nero também enfrentou dificuldades para responder por que não viaja mais para o exterior, para acompanhar jogos da seleção brasileira. "O senhor tem medo de ser preso?", questionou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Del Nero afirmou que não haveria motivos para isso. Ele também negou que tenha visitado paraísos fiscais e afirmou jamais ter visitado Barbados, contrariando a informação da Anac, responsável pelo controle aéreo no Brasil, que foi trazida à CPI pelos senadores.

VICE-PRESIDÊNCIA - Durante a realização da CPI, foi eleito no Rio de Janeiro como um dos cinco vice-presidentes da CBF o coronel Antônio Carlos Nunes. Ele passa ser o vice-presidente mais velho da entidade, assumindo o cargo de Marco Polo del Nero, caso ele seja afastado definitivamente. A eleição aconteceu após a CBF derrubar liminar que obstruía o pleito.

Romário anunciou a decisão na sessão como um "golpe na CBF" e questionou se, agora, Del Nero deve renunciar. "Estou de licença e, assim que responder às acusações, eu volto. Não vou renunciar", garantiu Del Nero. Na saída, no elevador, Del Nero afirmou que não houve golpe e que a decisão foi democrática. Romário fechou a sessão afirmando que já sabia que Del Nero é "ladrão e corrupto, hoje descobri que ele também é mentiroso."

Durante audiência pública na CPI do Futebol, em que é ouvido o presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero, o senador Romário pediu publicamente o afastamento do presidente da entidade, nesta quarta-feira (16). "Gostaria de fazer um pedido público para que o senhor se retirasse definitivamente da CBF, para que possamos ter uma CBF séria, não corrupta e que possa ajudar a CBF e a seleção brasileira", afirmou o ex-jogador e agora senador (PSB/RJ).

Após uma série de perguntas que deixaram Del Nero em uma saia justa, Romário disse perceber que ele não tinha muita noção do que se passava por dentro da CBF. E declarou: "O senhor é uma pessoa muito mal vista no futebol. É para mim uma das pessoas que mais fazem mal ao futebol brasileiro e internacional."

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Romário afirmou ainda que Del Nero, assim como os dois últimos presidentes da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira e José Maria Marin, são um "câncer do nosso futebol", responsáveis pelo "momento ridículo" pelo qual o futebol brasileiro está passando. Depois, o senador abriu a audiência para perguntas dos demais senadores da CPI.

Del Nero se afastou temporariamente do comando da CBF no início do mês após ser indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Ele é suspeito de corrupção por supostamente receber propinas em contratos comerciais envolvendo a CBF.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicou, no início da noite desta quinta-feira (3), que seu presidente, Marco Polo Del Nero, apresentou pedido de licença do cargo. Ele é acusado de corrupção e conspiração nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que a Fifa iniciou investigações contra Del Nero por violações ao código de ética.

Segundo a CBF, o pedido de licença servirá para Del Nero dedicar-se à sua defesa. Por meio da nota, o órgão argumenta que “em nenhum dos procedimentos mencionados foi conferida ciência ao Presidente do conteúdo das acusações, sendo certa sua absoluta convicção da comprovação de sua inocência, tão logo possa exercer os consagrados e constitucionais direitos ao contraditório e à ampla defesa”.

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Em quanto ocorrer o período de licença de Del Nero, a presidência da CBF será ocupada interinamente. A função ficou com o vice-presidente da instituição, Marcus Antônio Vicente.

A Fifa abriu um processo investigativo contra o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Os motivos não foram revelados por enquanto. Mas o caso está com o Comitê de Ética da entidade máxima do futebol. Se punido, Marco Polo Del Nero poderá ser suspenso do futebol e terá de deixar a CBF.

O brasileiro não viaja ao exterior desde maio, quando José Maria Marin, seu antecessor na CBF, foi preso. Na semana passada, ele obrigou a Conmebol a realizar sua reunião no Rio de Janeiro para evitar uma nova viagem. No encontro, foi escolhido um substituto para seu lugar no Comitê Executivo da Fifa - Fernando Sarney assumirá a função.

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O caso contra Del Nero foi aberto no dia 23 de novembro, com suspeitas de uma série de violações ao código de ética da entidade.

Nos Estados Unidos, a apuração sobre Del Nero se debruça sobre pagamentos feitos por José Hawilla, dono da Traffic. A Justiça aponta como o empresário brasileiro foi obrigado a compartilhar um contrato que tinha com a CBF para os direitos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011. Para o período entre 2015 e 2022, a Klefer pagaria à CBF R$ 128 milhões pelo torneio, minando a posição privilegiada que Hawilla tinha desde 1989.

Para evitar uma guerra comercial, Hawilla e a Klefer entraram em um entendimento. Mas só neste momento é que a Klefer informou que havia prometido o pagamento de uma propina anual a um cartola da CBF, cujo nome não foi revelado.

Essa mesma propina teria de ser elevada a partir de 2012 quando dois outros membros da CBF entrariam em cena. Um deles é José Maria Marin, preso em Zurique e extraditado aos Estados Unidos. O outro, segundo os americanos, seria Del Nero.

Dois documentos revelados no dia 27 de maio pelo Departamento de Justiça dos EUA confirmam a suspeita. Del Nero nega que ele seja a pessoa indiretamente apontada nos informes.

Num deles, um empresário "informa Hawilla que o pagamento de propinas aumentou quando outros dois executivos da CBF - especificamente o co-Conspirator #15 e co-Conspirator #16 - pediram propinas também".

O documento explica que o co-conspirador 15 era membro do alto escalão da CBF e membro da Fifa e da Conmebol - a descrição pode ser preenchida somente por José Maria Marin. Naquele momento, ele era o presidente da CBF, era membro da Fifa e da Conmebol.

Já o co-conspirador 16 seria membro do alto escalão da Fifa e da CBF. Nesse caso, apenas Del Nero mantinha um cargo na CBF (vice-presidente) e na Fifa (membro do Comitê Executivo).

"Hawilla concordou em pagar metade do custo da propina, que totalizava R$ 2 milhões por ano, para ser dividido entre co-conspirator #13, co-conspirator #15, e co-conspirator #16", indicou o documento que pede o indiciamento do empresário.

O mesmo caso é contado no documento que serve de base para o indiciamento de José Maria Marin e, neste caso, o nome do ex-presidente da CBF é apresentado. No indiciamento, a Justiça traz até mesmo um diálogo entre Marin e Hawilla, em que o cartola insiste que o dinheiro precisa ir para ele também. A reunião gravada ocorreu nos EUA em abril de 2014.

No documento que cita Marin, Del Nero não é mencionado nominalmente na acusação. Mas a Justiça explica que um "co-conspirador 12" teria também recebido parte da propina. Esse co-conspirador 12 seria um "alto funcionário da Fifa e da CBF". Uma vez mais, apenas Del Nero se enquadra nessa descrição.

CONTAS - Para chegar ao atual presidente da CBF, a Justiça americana tem examinado depósitos e pagamentos feitos pela Traffic nos EUA, assim como pela Klefer. Já na motivação para pedir a extradição de José Maria Marin, os americanos apontaram dois depósitos como exemplos de como o sistema financeiro americano estava sendo usado no esquema entre os cartolas da CBF.

Uma das contas, porém, chama a atenção do FBI. Trata-se de uma transferência da Klefer, avaliada em US$ 500 mil, no dia 5 de dezembro de 2013, a partir de uma conta no banco Itaú Unibanco de Nova York para o HSBC em Londres, em nome de uma empresa fabricante de iates de luxo. O que a Justiça quer saber é quem teria sido o beneficiado pela compra do iate ou pelo pagamento.

Os bancos, porém, não estão sob suspeita. Em nota à reportagem, o Itaú Unibanco "esclarece que cumpre suas políticas de compliance e de prevenção à lavagem de dinheiro em todas as suas unidades".

"Não compactuamos, facilitamos ou realizamos qualquer ação em descumprimento às leis e regulamentações", declarou o banco. "Cumprimos todas as exigências das regulamentações locais, monitoramos todas as transações e estamos atentos às movimentações em todas as nossas unidades."

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, negou nesta segunda-feira que tenha feito acordo com a Conmebol e a Fifa para deixar o Comitê Executivo da entidade máxima do futebol mundial no fim do mês. Um dos três representantes sul-americanos no Comitê Executivo, Del Nero perdeu três reuniões seguidas da Fifa e vem sendo pressionado para renunciar as suas funções na entidade sediada em Zurique.

Em nota publicada no site da CBF, Del Nero negou qualquer negociação para deixar o Comitê Executivo da Fifa. "Ao contrário do que foi noticiado pela imprensa nesta data, não houve nenhuma tratativa sobre a saída do presidente Marco Polo Del Nero do Comitê Executivo da Fifa", registrou a CBF, em nota, na noite desta segunda.

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A notícia sobre negociação de Del Nero com a cúpula da Conmebol e da Fifa foi publicada pelo Portal Estadão, do jornal O Estado de S.Paulo, pela manhã. Conforme apurou a reportagem, Del Nero vai manter seu cargo na CBF, mas um novo nome será escolhido entre os cartolas brasileiros para substituí-lo na Fifa.

Del Nero perdeu três reuniões seguidas da Fifa e, nesta semana, vai estar uma vez mais ausente da entidade máxima do futebol, em Zurique. Fontes de alto escalão confirmam que a opção por sua substituição foi tomada depois que os dirigentes receberam alertas de que ele poderia ser processado pelo Comitê de Ética, o que implicaria numa eventual punição que também afetaria seu cargo no Brasil.

A CBF também foi alvo da investigação iniciada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos que prendeu sete cartolas da Fifa no dia 27 de maio, em Zurique, às vésperas das eleições da entidade. Um dos detidos foi o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Após as prisões, Del Nero deixou a Suíça e voltou ao Brasil, sem participar das reuniões e da votação. Desde então, o mandatário da CBF tem evitado sair do Brasil.

Marco Polo Del Nero caminha para deixar a Fifa. A decisão já foi tomada pela alta cúpula da Conmebol e deve ser anunciada oficialmente no dia 26 de outubro, em uma reunião da entidade no Rio de Janeiro. O dirigente que comanda a CBF, porém, vai manter seu cargo na entidade nacional e um novo nome será escolhido entre os cartolas brasileiros para substitui-lo na Fifa. O Estado de S. Paulo apurou que o acerto foi fechado com o próprio Del Nero, o comando da Fifa e da Conmebol. Teria sido o brasileiro quem procurou um acordo, diante de sua ausências de suas funções na entidade desde maio.

Del Nero é um dos três representantes sul-americanos no Comitê Executivo da Fifa, uma espécie de governo mundial do futebol. Mas, quando José Maria Marin foi preso em Zurique no dia 27 de maio, Del Nero deixou a Suíça em direção ao Brasil. Ele é investigado pelo FBI, no mesmo caso que envolve Marin relativo ao recebimento de supostos subornos para a Copa do Brasil.

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Del Nero perdeu três reuniões seguidas da Fifa e, amanhã, vai estar uma vez mais ausente da entidade máxima do futebol, em Zurique. Fontes de alto escalão confirmaram que a opção por sua substituição foi tomada depois que os dirigentes receberam alertas de que ele poderia ser processado pelo Comitê de Ética, o que implicaria numa eventual punição que também afetaria seu cargo no Brasil.

A Conmebol, porém, garante que a vaga no Comitê Executivo da Fifa continua sendo reservada para o Brasil e que, nos bastidores, a CBF já busca um nome. Dos dez membros da entidade continental, sete já estariam de acordo em dar o voto para um outro brasileiro. O novo representante passaria a atuar na Fifa a partir de dezembro, quando a entidade se reúne em Zurique para aprovar as reformas e preparar a eleição presidencial de fevereiro de 2016.

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, obteve nesta terça-feira mais uma vitória no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a CPI do Futebol. Decisão do ministro Marco Aurélio Mello desobriga a entidade de entregar aos senadores a lista dos repasses financeiros que fez às federações estaduais e aos seus dirigentes. Foi a terceira vitória da CBF na disputa judicial com a CPI. Até agora, Del Nero sofreu apenas uma derrota e teve quebrado os seus sigilos bancário e fiscal.

Na quinta-feira da semana passada, Del Nero havia entrado com um mandado de segurança no STF para não precisar responder a um requerimento feito pelos senadores Hélio José (PSD-DF) e Wellington Fagundes (PR-MT) que exigia da CBF a divulgação de toda a distribuição de dinheiro dado para as federações de janeiro de 2005 a janeiro de 2015. Nesta terça-feira, em medida cautelar, Mello atendeu à solicitação da CBF.

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Assim como nos outros pedidos, a CBF usou uma decisão favorável dada também por Marco Aurélio Mello, na semana retrasada, para justificar o seu pedido de mandado de segurança. Na liminar usada como referência pela CBF, a Justiça negou requerimento do senador Romário (PSB-RJ), presidente da CPI, e bloqueou o acesso a acordos comerciais de patrocínio, direitos de transmissão de jogos e competições, publicidade e viagens.

A outra vitória de Del Nero foi em relação ao requerimento do relator da CPI, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que pediu cópia dos acordos assinados entre a CBF e as empresas Internacional Sports Events (ISE), Uptrend Development, Plausus e Kentaro; à relação da remuneração recebida pela CBF, desde 2002, das empresas com as quais manteve contrato envolvendo comercialização de jogos da seleção brasileira; à renda obtida com bilheteria e direitos de transmissão dos jogos da seleção; e à cópia dos contratos de patrocínio com a General Motors (GM) e a Volkswagen dos últimos dez anos.

O parlamentar também queria a relação do dinheiro recebido referente à Copa do Mundo de 2014 e como esses valores foram empregados pela CBF.

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