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Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, seguirá banido de qualquer atividade relacionada ao futebol pelo resto da vida. O ex-dirigente teve o apelo para reverter a punição da Fifa, rejeitado pela Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) anunciou nesta quarta-feira. A Corte também manteve a multa de 1 milhão de francos suíços (R$ 6,16 milhões, na cotação atual), imposta pelo Comitê de Ética da entidade máxima do futebol.

Teixeira foi punido pela Fifa em novembro de 2019, sob a acusação de ter recebido subornos relativos a acordos pelos direitos de competições sul-americanas entre 2006 e 2012, quando era membro da entidade. Este é o primeiro caso de banimento vitalício julgado pelo CAS em decorrência de investigações realizadas pelas autoridades americanas.

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Atualmente com 73 anos, Ricardo Teixeira comandou a CBF entre 1989 até 2012, quando renunciou ao cargo de comandante do futebol brasileiro, além de deixar o Comitê Executivo da Fifa e a presidência do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014.

Ele foi substituído por José Maria Marin, também acusado de corrupção, e banido do futebol pela Fifa em 2015. Foi condenado à prisão pelos crimes de fraude financeira, lavagem de dinheiro e conspiração.

Marco Polo del Nero assumiu o comando da entidade em 2015, deixando o cargo dois anos depois por ser alvo de investigações semelhantes ao dos outros dois dirigentes anteriores, e sendo banido pela Fifa em 2018. O cargo passou pelas mãos do coronel Antônio Carlos Nunes antes de Rogério Caboclo — afastado por acusações de assédio sexual e moral — ser empossado, e voltar para o militar.

A Fifa anunciou nesta sexta-feira (29) a suspensão definitiva de Ricardo Teixeira do futebol. Presidente da CBF entre 1989 e 2012 e ex-membro do antigo Comitê Executivo da entidade que rege o futebol mundial, o ex-dirigente foi banido por decisão do Comitê de Ética, que chegou à conclusão de que o brasileiro cometeu o crime de corrupção em suas ações no esporte entre 2006 e 2012.

De acordo com a Fifa, Teixeira esteve envolvido em "esquemas de suborno" neste período, quando teve relação direta com as negociações da CBF, Conmebol e Concacaf com empresas de marketing esportivo. A maioria dos contratos se referia à venda de direitos de transmissão das competições organizadas por estas entidades.

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O Comitê de Ética, em suas investigações, concluiu que o ex-dirigente de 72 anos infringiu o artigo 27 do Código de Ética da Fifa, ao receber propina. E, como consequência, foi punido com o banimento definitivo do futebol. Assim, Teixeira não pode exercer qualquer atividade relacionada ao esporte, tanto em nível nacional quanto em internacional.

Além disso, o ex-presidente da CBF foi multado em 1 milhão de francos suíços, equivalente a R$ 4,2 milhões. "O Sr. Teixeira foi notificado sobre esta decisão hoje [sexta], data em que teve início o seu banimento", informou a Fifa, em comunicado oficial.

Em sua decisão, a Fifa citou material investigado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que veio à tona em maio de 2015 e causou seguidas denúncias e prisões de cartolas do futebol mundial, principalmente da América do Sul. O Comitê de Ética citou também as suspeitas de corrupção na organização da Copa do Mundo de 2014. Teixeira, antes de deixar a CBF, era presidente do Comitê Organizador Local (COL) daquele Mundial.

Mas a punição aplicada pela Fifa está mais relacionada ao recebimento de propina em contratos envolvendo a Copa Libertadores, a Copa América e a Copa do Brasil. "O Comitê conclui que o Sr. Teixeira sistematicamente/repetidamente aceitou ofertas e promessas de seguidos subornos no valor aproximado de US$ 7,7 milhões (cerca de R$ 32,6 milhões)", explica a Fifa, em sua decisão final.

Mais especificamente, seu Comitê de Ética aponta que o ex-presidente da CBF recebeu US$ 600 mil por ano entre 2006 e 2012 em contratos ligados à Libertadores. No caso da Copa América, "há igualmente evidência suficiente na conexão de que o Sr. Teixeira aceitou o pagamento de US$ 1 milhão por ter assinado o contrato entre a Conmebol e a [empresa 4], em 2010", diz a Fifa, sem revelar o nome da companhia citada.

"Por fim, também para o caso da Copa do Brasil, há evidências suficientes, na visão da câmara julgadora, de que o Sr. Teixeira aceitou receber os pagamentos de R$ 2 milhões por ano, compartilhados com outros dois funcionários (Marin e Del Nero)", afirma a entidade, ao citar José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Ambos sucederam Teixeira na presidência da CBF. Esta suposta divisão de propinas teria duração estabelecida entre 2012 e 2022, totalizando R$ 10 milhões.

DEFESA - Ao Estado, o advogado Michel Assef Filho, que fez a defesa de Teixeira junto à Fifa, criticou a decisão e indicou que vai recorrer junto à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês). "Esse resultado no âmbito da Fifa era previsível, por ter havido cerceamento de defesa. Estou certo de que o Tribunal de Justiça Suíço reformará a decisão para absolvê-lo", declarou. Teixeira pode recorrer à CAS em um período de até 21 dias após a decisão anunciada nesta sexta.

Diante do Comitê de Ética da Fifa, o advogado negou todas as acusações que pesam contra o ex-presidente da CBF e afirmou que não há provas ou evidências contra o seu cliente. Segundo a defesa, a entidade que rege o futebol mundial apenas se apropriou das conclusões dos procuradores dos Estados Unidos.

"Ele nunca recebeu propinas ou se envolveu em ato de corrupção. As acusações não são nada mais que suposições criadas por aqueles, que politicamente, tinham um interesse na posição do Sr. Teixeira ou por pessoas que queriam prejudicá-lo", relatou a defesa, em documento disponibilizado pela Fifa.

A defesa ainda contestou a veracidade e a legitimidade das evidências apresentadas pela Justiça dos EUA e alegou que a Fifa não tem jurisdição no caso porque os fatos alegados pela entidade não teriam sido praticados por Teixeira exercendo alguma função na Fifa ou aconteceram após 2012, quando ele já havia renunciado aos seus cargos no futebol brasileiro e internacional.

Teixeira foi presidente da CBF entre 1989 e 2012. A carreira como dirigente começou graças à amizade com João Havelange, ex-presidente da Fifa e da própria CBF. A saída do comando da entidade que comandou durante 23 anos se deu após ter o nome envolvido em diversas denúncias de corrupção. O substituto dele no cargo foi um dos seus antigos vices, José Maria Marin. Desde então, o ex-dirigente mora nos Estados Unidos.

Ele também foi integrante do Comitê Executivo da Conmebol, que organiza o futebol sul-americano, e da Fifa. Hoje desintegrado, o Comitê Executivo da entidade máxima do futebol mundial era o principal órgão de gestão da Fifa na época.

Casos que envolvem suspeitas de corrupção contra cartolas brasileiros podem ser arquivadas de forma definitiva pela Fifa, em função do novo código de ética aprovado pela entidade. Ricardo Teixeira, por exemplo, tem sido alvo de investigações por parte dos Estados Unidos e da Suíça, acusado de envolvimento com propinas da ISL, em contratos com a Nike nos anos 90, e ainda na votação do Catar para ser escolhida a sede da Copa do Mundo de 2022. Mas, em todos os casos, os supostos crimes estão prestes a prescrever na entidade ou já estariam fora dos prazos.

Pelo novo código de ética da Fifa, em vigor desde o dia 12, um ato irregular tem dez anos para ser investigado. Caso contrário, o assunto é arquivado e ninguém pode ser punido.

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A nova regulamentação causou polêmica ao ser interpretada como um pacote que visa dificultar o combate à corrupção. "O caso da ISL envolve atividades que ocorreram há décadas", declarou Bonita Mersiades, cofundadora da campanha New Fifa Now, que pressiona por reformas no esporte. A mudança no código foi duramente criticada por ela. "Como é que alguém pode ter qualquer confiança nesse código de ética e nessa Fifa?", questionou.

No que se refere à ISL, o ex-presidente Joseph Blatter revelou neste ano em seu livro Ma Vérité (Minha Verdade) o envolvimento dos brasileiros no esquema. O caso se refere à falência da empresa que vendias os direitos de transmissão dos jogos das Copas do Mundo e agia de forma independente. A ISL era suspeita de pagar propinas.

"Eu então descubro que uma caixa-preta foi constituída", escreveu o suíço. Blatter, num primeiro momento, se recusou a acreditar que João Havelange estava envolvido. "Penso em Teixeira e não em Havelange", escreve. De acordo com ele, porém, documentos do Tribunal de Zug (Suíça) indicaram que Teixeira levou US$ 12,4 milhões (R$ 48,3 milhões).

Mas, em 2012, Teixeira deixou a Fifa antes de ser punido. Agora, todo o caso poderá ser completamente arquivado, já que os supostos crimes teriam ocorrido antes de 2008.

A Fifa dá sua explicação sobre a prescrição de um crime. "Ainda que o novo código tenha introduzido novos limites de tempo para certas irregularidades sérias, o Comité de Ética acredita que dez anos (ou quinze, se uma investigação já foi aberta) é um tempo suficiente para completar a investigação", diz. "O estatuto de limitação é princípio geral do direito e aplicado em sistemas legais, tanto em assuntos criminais como civis."

Em um esquema que movimentou 26 milhões de euros e que envolveu até mesmo o ex-secretário-geral da Fifa, o francês Jérôme Valcke, Ricardo Teixeira desviou recursos da CBF. A acusação faz parte da decisão da Justiça da Espanha de processar o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, por ter organizado um "emaranhado" de contas e empresas de fachada para lavar o dinheiro.

Documentos do processo obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo apontam que uma organização criminosa "procedeu em ocultar as quantidades ilicitamente desviadas por Ricardo Terra Teixeira". Ele teria se utilizado de dois mecanismos para realizar a operação. O primeiro se refere "à venda por parte de Teixeira, representando a CBF, dos direitos da seleção de futebol de seu país, a uma empresa mercantil árabe com sede nas Ilhas Caiman".

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A operação contra Sandro Rosell eclodiu em maio de 2017, levando o catalão para a prisão por envolvimento no esquema milionário com Ricardo Teixeira e até Jérôme Valcke. As investigações na Espanha tiveram início depois que a reportagem revelou com exclusividade como os cartolas tinham criado um sistema para desviar recursos da seleção brasileira, por meio de uma série de empresas de fachada.

De acordo com a Justiça espanhola, Ricardo Teixeira teria desviado 8,5 milhões de euros, além de outros 6,5 milhões por Sandro Rosell, "em prejuízo da CBF". "Para dar aparência de legalidade à cobrança desse dinheiro, os investigados levaram à cabo uma série de contratos de fachada", disse o documento.

Com um emaranhado de empresas, um mecanismo foi criado para transferir "para as contas de Teixeira" ou de testas de ferro. O documento aponta para uma série de transferências para contas relacionadas com o brasileiro. Em uma delas, ele recebeu 1,1 milhão de euros e, em outra, 460 mil euros.

A outra forma de desvio seria o "contrato de patrocinado assinado pela CBF com a marca esportiva Nike, com intervenção da sociedade de Rosell, denominada Alianto". De acordo com a Justiça espanhola, a Ailanto se apresentou como "intermediária de negociações entre a CBF e a Nike, em 2008".

Segundo as investigações, houve um encerramento do contrato entre a Nike e a CBF em 2011. Nele, foi estabelecido um pagamento de US$ 26 milhões. A suspeita, porém, se refere a um valor de 12 milhões de euros que foram destinados para Sandro Rosell, na condição de intermediário. O catalão confirmou que recebeu o valor e que usou parte dele para "devolver" um empréstimo que havia obtido com Ricardo Teixeira, de 5 milhões de euros.

Mas a Justiça espanhola concluiu que a sua alegação sobre o pagamento "não se ajusta à realidade", já que o dinheiro acabaria em uma conta cujo beneficiário final "é o próprio Teixeira" ou até mesmo Jérôme Valcke. O francês foi um dos principais aliados do cartola brasileiro na Fifa e organizou, anos depois, a Copa do Mundo, em 2014.

"De todo isso se deduz que os cinco milhões que aparentemente Teixeira emprestou para Rosell estava relacionado com os supostos ingressos ilícitos obtidos por Teixeira e canalizados através de Rosell e Pedro Ramos, a benefícios de todos eles, principalmente de Teixeira e, neste caso também de Jérôme Valcke", apontou o documento.

A Justiça espanhola não dá detalhes dos valores transferidos para Jérôme Valcke e nem para onde teria ido esse dinheiro. Sandro Rosell continua preso na Espanha, enquanto que o francês está sendo investigado na França e na Espanha. No Brasil, porém, o Ministério Público Federal (MPF) ainda não agiu em relação a Ricardo Teixeira, ainda que houvesse um pedido de captura internacional emitido em maio de 2017.

Em 2016, o FBI enviou uma nota à Polícia Federal brasileira alertando que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, havia viajado em um jato privado da CBF para um paraíso fiscal no Caribe. Na lista de convidados no voo, porém, aparecia o nome de outro brasileiro, desconhecido das autoridades: Murilo Ramos. Agora, com a cooperação da França, os norte-americanos descobriram que Ramos era, de fato, um dos representantes do banco Pasche, usado por Teixeira em Mônaco e instituição suspeita de ter sido usada para receber propinas do Catar para a Copa do Mundo de 2022.

Murilo Ramos atuava no Rio de Janeiro em uma espécie de representação do banco de Mônaco. Ele garantiu ao Estado que jamais entrou no voo citado pelo FBI. Mas o caso revela o papel da cooperação internacional no cerco que está sendo feito a Ricardo Teixeira.

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Atualmente, o ex-dirigente está na mira da Justiça francesa, do FBI, de Andorra, do Brasil, da Suíça e da Espanha. Em cada uma das jurisdições é alvo de inquéritos sobre diferentes aspectos de sua gestão na CBF. Mas, segundo investigadores, as operações identificadas mostram ampla sofisticação e o quebra-cabeça começa a se compor graças à cooperação entre diferentes países.

Na Espanha, Ricardo Teixeira é suspeito de ter montado uma organização criminosa para desviar recursos dos amistosos da seleção brasileira. O esquema foi descoberto depois que passou a contar com a cooperação do Ministério Público de Andorra, que obrigou os bancos locais a apresentar os dados sobre as transações do brasileiro. Agora esse processo será transferido ao Brasil para que Teixeira possa eventualmente ser processado no País.

Nos Estados Unidos está sob análise o contrato que ele assinou com a Nike, além de propinas que teria recebido em troca de direitos de transmissão para torneios nacionais. O inquérito, nesse caso, tem a colaboração da Suíça, onde pelo menos três contas bancárias ligadas a ele foram descobertas.

A suspeita é de que Ricardo Teixeira seja o elo entre o Catar e o pagamento de propinas entre dirigentes, em 2010, com transferências a partir de Mônaco direcionadas a Nicolás Leoz, Jack Warner e Mohamed Bin Hammam, todos ex-cartolas da Fifa banidos do futebol. Esses dados, por sua vez, estariam com a Justiça francesa, que colabora com o FBI e a Justiça brasileira para fechar o cerco.

O que fica claro pelas investigações é que Ricardo Teixeira contou com a ajuda dos próprios bancos para escapar de um controle maior. Em entrevista ao Estado, a ex-gerente de contas do banco Pasche, Celine Martinelli, revelou que tinha ordens de seus superiores para esconder nos documentos oficiais os cargos de Teixeira no futebol e omitir qualquer relação que pudesse chamar a atenção das autoridades. Ela afirma que se recusou a assinar um crédito para o brasileiro nestas condições.

OBSTÁCULO - Um dos obstáculos nas investigações, porém, é o Brasil. Decisão de uma juíza federal do Rio de Janeiro, em 2015, proíbe o MPF de trocar informações sobre o ex-cartola com a Justiça norte-americana. O MPF entrou com um recurso e aguarda uma decisão do STF.

Mesmo assim, uma das revelações da troca de informações pode ainda respingar na atual gestão da CBF. Em um e-mail da direção da instituição a um hotel de luxo em Montecarlo em 2014, por exemplo, solicita-se duas reservas de quartos. Uma em nome de Ricardo Teixeira e outra em nome de Murilo Ramos, que já não trabalha mais no banco.

Ao Estado, Murilo Ramos confirmou que trabalhou nesta posição e que, por Ricardo Teixeira ser cliente do Pasche, era "obrigado" a receber o ex-cartola para falar de suas aplicações e opções de investimentos. Mas insiste que a conta foi aberta antes de sua chegada ao banco e que a decisão não partiu dele.

Murilo Ramos também aparece em uma lista que, em 2016, o FBI passou à Polícia Federal sobre um voo do jato privado da CBF entre os Estados Unidos e o Rio de Janeiro. A informação consta em um relatório paralelo que o presidente da CPI do Futebol, o senador Romário, preparou no ano passado. No jato estava Ricardo Teixeira, mesmo que já não ocupasse o cargo de presidente da entidade. A aeronave, entretanto, fez uma escala em um paraíso fiscal do Caribe, antes de seguir viagem ao Brasil.

"As informações partilhadas com a Polícia Federal, ressalte-se produzidas pelo Federal Bureau of Investigation - FBI, confirmam que o Cessna 680, prefixo PPAAD, chegou a Orlando, Flórida no dia 31 de janeiro de 2014, vindo de Boa Vista, Brasil (SBBV), com dois tripulantes, Giulio Munhões Marchetti e Sérgio Ferreira Siqueira", disse o relatório. "Segundo o FBI, a mesma aeronave saiu de Opa Locka, Flórida, no dia 10 de fevereiro de 2014, com os mesmos dois tripulantes e os seguintes passageiros: Murilo Ramos, Ricardo Terra Teixeira e sua filha Antonia Wigand Teixeira, com destino a Barbados e rota final Rio de Janeiro".

Murilo Ramos, porém, garante que jamais entrou em um avião ao lado de Ricardo Teixeira. Na ocasião do voo citado, diz que de fato estava nos Estados Unidos no mesmo período que o ex-presidente da CBF e que teria tido o seu voo de linha cancelado para retornar ao Brasil. Segundo ele, um convite havia sido feito para que embarcasse no jato privado. Mas ele teria recusado. Ramos garante ter comprovantes da Anac de que ele não estava na aeronave e que comprou um outro bilhete por outra empresa aérea.

A CPI, com ou sem Murilo Ramos no voo, apontou que existem "provas cabais quanto ao uso de aeronave vinculada à Confederação Brasileira de Futebol em viagens, por demais suspeitas, para países considerados verdadeiros paraísos fiscais, notadamente, Barbados".

"As circunstâncias de uma aeronave oficial da CBF voar para Barbados sem qualquer justificativa e, principalmente, com o ‘conveniente desconhecimento’ de Marco Polo Del Nero, conforme depoimento prestado à CPI, salvo melhor juízo, confirmam a tese de que o jato da entidade vem servindo para transporte de valores ocultos à fiscalização da lei, o que configura crime contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/86), contra a ordem tributária (Lei 8.137/90), e de lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98)", completou a CPI.

A defesa de Ricardo Teixeira insiste que a conta é declarada e que nela estão recursos "absolutamente lícitos". O banco Pasche não retornou os pedidos de esclarecimento feitos pelo Estado desde a semana passada.

Ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira é suspeito de ter sido o intermediário no pagamento e distribuição de dinheiro do Catar para outros dirigentes da Fifa que também votaram, em 2010, para levar a Copa do Mundo ao país do golfo.

Isso é o que revela o site francês Mediapart, a partir de documentos de ex-funcionários de um banco de Mônaco e depoimentos. Segundo a publicação, o FBI emitiu um mandado de prisão internacional contra Teixeira e a Justiça brasileira estaria investigando o caso e o papel do brasileiro na transferência de recursos a partir de Mônaco.

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Os ex-executivos que entregaram a documentação acabaram sendo demitidos em 2013 e denunciaram a situação do Banque Pasche às autoridades. Um dos exemplos do comportamento suspeito do banco teria sido sua relação com Teixeira.

Segundo esses ex-funcionários, Teixeira teria ordenado que três depósitos fossem realizados em 2013 a pessoas físicas. Um deles era destinado a "Leoz". O segundo seria "Warner Brothers" e o terceiro "Mohamed". A suspeita é de que "Leoz" seja Nicolas Leóz, ex-presidente da Conmebol e que foi indiciado nos EUA por corrupção. "Warner Brothers" seria uma referência a Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa e também indiciado nos EUA por corrupção. Ambos teriam votado em 2010 pelo Catar.

Já o terceiro pagamento, intitulado "Mohamed", poderia se referir a Mohamed Bin Hammam, homem forte do Catar na Fifa e que também foi expulso da entidade por corrupção ao tentar comprar votos para a eleição presidencial de 2011.

Em outubro de 2017, a reportagem do Estado revelou com exclusividade que a Justiça francesa havia identificado uma conta em nome do brasileiro no valor de US$ 22 milhões no mesmo banco em Mônaco. A suspeita é de que o dinheiro que fora depositado nela vinha de sua relação com um fundo do Catar, o mesmo que pagou por um amistoso da seleção brasileira e que também é responsável por erguer obras para a Copa de 2022 no país do golfo.

O dinheiro entrou na conta em janeiro de 2011, vindo do grupo do Catar Ghanim bin Saad Al Saad & Sons Group (CSSG). No dia 17 de novembro de 2010, esse mesmo grupo promoveria o amistoso entre Brasil e Argentina. Em dezembro, o Catar ganhou a eleição na Fifa.

Agora, a suspeita é de que os 22 milhões teriam sido usados não apenas para comprar o voto de Teixeira. Mas também dos demais cartolas. No início de 2013, diversas transferências seriam realizadas a partir da conta. Várias delas, por exemplo, ocorreram no mesmo dia para as pessoas físicas apenas denominadas como "Warner Bros", "Mohammed" e "Leoz".

Teixeira não se pronunciou quando a reportagem o procurou em outubro. Na sexta-feira, seus advogados indicaram que a conta no Pasche foi declarada às autoridades fiscais. O banco não respondeu a e-mails e telefonemas da reportagem solicitando um comentário sobre o caso.

Ao site francês, o Crédit mutuel-CIC, que controla o banco Pasche, afirmou que não tinha conhecimento de uma conta aberta por Teixeira.

Numa reunião gravada por ex-funcionários do próprio banco, Teixeira é citado como um exemplo de um cliente que "nenhum outro banco em Mônaco" o aceitaria. No áudio, é possível ouvir o diretor do Pasche, Jurge Schmid, indicar que sabia que ele havia recebido dinheiro "em troca de favores". Mas Schmid insistia que, no Brasil, a entidade que Teixeira comandara era "privada".

Os ex-funcionários ainda contam que Teixeira com frequência fazia as visitas acompanhado por um outro brasileiro: João Havelange, ex-presidente da Fifa e que chegou a ser seu sogro.

"Teixeira chegava regularmente com João Havelange a Monaco, ao palácio Le Metropole", conta Celine Martinelli, ex-administradora da conta do brasileiro. "Os dois vinham ao banco acompanhados por um funcionário da sucursal de São Paulo", disse. As viagens eram bancadas pela instituição financeira. Em Mônaco, o banco é suspeito de lavagem de dinheiro.

Dois dos principais cartolas do esporte brasileiro - Ricardo Teixeira e Carlos Arthur Nuzman - tinham algo em comum: usavam o mesmo doleiro para fazer seus pagamentos secretos na Suíça e em outras contas sigilosas.

Em sua denúncia contra Nuzman, o Ministério Público Federal revela que o operador Willy Kraus foi usado para realizar pagamentos para Lamine Diack, o homem que teria vendido os votos africanos para o Rio-2016, em troca de US$ 2 milhões.

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A informação foi colhida inicialmente pelo Ministério Público Francês que identificou o depósito "realizado por Willy Kraus à empresa Pamodzi, em um total de US$ 250 mil". A Pamodzi era a empresa do filho de Lamine, Papa Diack, e que tinha a incumbência de pressionar Nuzman e sua secretária para que os pagamentos fossem realizados.

Pelo levantamento dos investigadores, diversos pagamentos foram encontrados entre Kraus e Diack. "Dois desses depósitos coincidem exatamente com os valores e períodos apontados na mensagem encaminhada em 6 de janeiro de 2010 por Papa Diack a Maria Celestre Pedroso (secretária de Nuzman)", disse o MPF. Nessas mensagens, ele deixava claro que o pagamento precisava ser feito e que outros "amigos" que tinham fechado um "compromisso em Copenhague" estavam aguardando.

A mensagem seria uma evidência de que os pagamentos ocorreram em troca de votos africanos para a escolha do Rio, realizada em outubro de 2009, em Copenhague.

No dia 22 de dezembro de 2009, Kraus usaria uma conta secreta no Banco Cantonal de Aarau, na Suíça, para transferir o dinheiro a uma conta no Senegal, de Diack. Outros dois depósitos foram realizados em 2010.

Em dezembro de 2015, o Estado revelou com exclusividade que Kraus era o doleiro também sob investigação pelo FBI por ser a pessoa que fazia pagamentos a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, nas investigações sobre a compra de votos para a Copa de 2022, no Catar.

A reportagem mostrou como o FBI havia identificado contas controladas por Teixeira em pelo menos três bancos na Suíça: UBS, Banca del Gottardo e BSI, comprado pelo banco brasileiro BTG Pactual.

Em apenas duas destas contas, um total de US$ 800 mil foram transferidos de contas nos Estados Unidos para a Suíça, envolvendo a Somerton, empresa controlada pelo também brasileiro José Margulies. Ele é suspeito de agir como testa de ferro para o empresário J. Hawilla e realizar os pagamentos de propinas para dirigentes do futebol mundial. A empresa de fachada de Hawilla, portanto, também teria abastecido as contas suíças de Teixeira.

A suspeita do FBI é de que Teixeira usaria um nome de fachada para não ter sua identidade revelada. Mas aparecia como beneficiário das contas. O "laranja" seria Willy Kraus, dono da Kraus Corretora de Câmbio, no centro do Rio de Janeiro.

Numa das transações suspeitas, o FBI registrou como a empresa Blue Marina, com contas nos EUA, pediu para transferir seus ativos para a Suíça. No dia 25 de setembro de 2008, a conta em território americano foi fechado e o dinheiro enviado a uma conta de Kraus, na Banca del Gottardo. O valor transferido era de US$ 478,2 mil.

Outro nome registrado pelos americanos era a da sociedade Summerton, usada também pelo dirigente. Para o FBI, Teixeira mantinha o "efetivo controle" sobre essas contas. Os investigadores apontam que acreditam que Kraus "permitia que Teixeira usasse suas contas como forma de esconder sua verdadeira fonte".

Os documentos oficiais do FBI obtidos pelo Estado revelam que Teixeira teria passado mais de uma década recebendo propinas em contas em Zurique, a mesma cidade da sede da Fifa e para onde o dirigente viajava com frequência para reuniões da entidade, para eventos do mundo do futebol e mesmo para defender a candidatura do Brasil para receber a Copa de 2014. Mas era na mesma cidade, segundo o delator, que também ficava sua conta secreta.

Segundo o FBI, Teixeira teria recebido mais de 20 milhões de francos suíços (cerca de US$ 20 milhões) entre 1992 e 2000. Os depósitos, porém, continuaram mesmo depois.

Mais de 300 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda Santa Rosa, no município de Piraí, região Sul Fluminense. A propriedade pertenceria ao ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira.

A informação sobre a ocupação foi divulgada pelo próprio MST. Segundo o movimento, a fazenda tem mais de 1.500 hectares de extensão.

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O ato integra a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, organizada pelo MST, em que trabalhadores rurais têm como objetivo ocupar fazendas por todo o País que seriam ligadas a processos de corrupção ou a proprietários investigados. O movimento pede que as propriedades sejam destinadas a assentamentos de famílias sem terra.

Teixeira é investigado por um esquema de corrupção envolvendo a realização de jogos de futebol. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta segunda-feira, 25, que seja encaminhada ao Brasil a investigação conduzida por autoridades espanholas sobre o cartola. Ele é acusado de ser o principal responsável por um esquema de desvio de dinheiro de jogos da seleção brasileira.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou em 2013, acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Teixeira e ex-presidente do Barcelona. No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Teixeira.

A Procuradoria-Geral da República pediu a transferência do procedimento penal contra o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira da Espanha para o Brasil, informou a Assessoria de Comunicação da entidade na noite desta segunda-feira (24).

O pedido tem como objetivo obter acesso às provas recolhidas na investigação espanhola e, como Teixeira é brasileiro nato e atualmente mora no país, ele não pode ser extraditado para a Espanha. O ex-dirigente é acusado de lavagem de dinheiro e de participação em organização criminosa.

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Em junho, o ex-cartola teve um pedido de captura internacional emitido pela Justiça espanhola por causa de um esquema de corrupção que teria participado com o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell, preso naquele país.

Eles teriam criado empresas de fachada para desviar e lavar dinheiro dos direitos de imagem de 23 partidas da seleção brasileira. O total de negócios estaria na casa dos R$ 50 milhões. A defesa do ex-presidente da CBF, que comandou a entidade entre 1989 e 2012, sempre alegou inocente e afirmou que a Espanha se baseia em uma "premissa equivocada".

Assim que a Secretaria de Cooperação Internacional da PGR receber o pedido, ele será encaminhado para que o Ministério Público Federal tome as medidas cabíveis.

A ordem de prisão enviada pela Espanha ao Brasil referente ao ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, usou como argumento central para basear o pedido o fato de o cartola ter sido supostamente o responsável por formar uma "organização criminosa" que desviou milhões de euros da seleção brasileira e da CBF. Nesta segunda-feira, procuradores brasileiros solicitarão detalhes sobre o processo que corre em Madri e irão propor que o caso seja integralmente transferido ao Brasil para que Teixeira seja julgado no País.

Na última sexta-feira, o Estado revelou com exclusividade o pedido de prisão feito pela Espanha ao Brasil. De acordo com fontes em Madri, a justificativa legal de maior peso na ordem é a acusação explícita de que Ricardo Teixeira teria sido a peça chave na formação da organização criminosa, além de seu principal beneficiário. Isso, na avaliação de pessoas envolvidas no processo, poderá levar os procuradores brasileiros a acusar formalmente Teixeira por lavagem de dinheiro.

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Segundo a reportagem apurou, três documentos foram enviados à Brasília, que agora examina informações preliminares que poderiam resultado numa detenção. A decisão será tomada com base nas provas e documentos que o Ministério Público enviará ao Brasil. O caso será conduzido por procuradores federais no Rio de Janeiro.

No próximo dia 26, uma reunião em procuradores espanhóis e brasileiros poderá determinar os detalhes da cooperação e, se as informações preliminares forem confirmadas, a tendência é de que ele possa ser detido preventivamente. Para o Brasil, o que vai pesar é a forma pela qual os espanhóis qualificam como organização criminosa.

Entre os procuradores envolvidos no caso na Espanha, existe uma certa pressa compartilhar todos os detalhes sobre o caso e tentar pelo menos colher um depoimento do brasileiro. O motivo: um eventual risco de fuga de Ricardo Teixeira do Brasil aos Estados Unidos. Se houver algum tipo de acordo de delação premiada envolvendo o dirigente e a Justiça norte-americana, o acordo poderia prever a sua ida ao território norte-americano, com certas garantias de que não seria extraditado ao Brasil e muito menos para a Espanha.

De acordo com fontes, outros destinos para Ricardo Teixeira não seriam realistas como estratégias de fuga, já que nos últimos quatro anos a Procuradoria Geral da República tem conseguido convencer diversos países a extraditar brasileiros que estavam foragidos na Operação Lava Jato. Na Europa, todos os demais governos tem acordos com Madri.

O ex-cartola chegou a ter residência em Andorra. Mas esse direito foi encerrado pelo principado depois de polêmicas envolvendo suspeitas sobre Ricardo Teixeira.

Em um grampo realizado pela polícia espanhola, Ricardo Teixeira foi pego falando com o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell. Na conversa, realizada em abril, ele "consulta com Rosell sobre que lugares do mundo poderiam resultar mais seguros na hora de evitar problemas derivados das investigações em curso seguidas contra ele em diferentes países".

O brasileiro foi acusado na Espanha de ser o principal articulador de um esquema de desvio de dinheiro de jogos da seleção brasileira. Outras quatro pessoas implicadas no mesmo esquema estão em prisão em Madri, sem direito à fiança. Um deles é Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona. Em uma apuração inicial, procuradores estimam que ele poderia responder por estelionato contra a CBF e apropriação indébita seguida de lavagem de dinheiro. Isso tudo sem contar ainda com crimes contra a ordem fiscal e evasão de divisas.

Outra medida tomada pelo Brasil foi a de demonstrar "boa vontade" com outros pedidos que existiam da Espanha para a investigação de outros casos envolvendo interesses de Madri no País. Assim, ao cumprir diligências solicitadas pelos espanhóis em outros casos, o Brasil espera mandar um sinal de que quer acelerar a ajuda no caso envolvendo a CBF.

A ordem de prisão partiu da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional em Madri. "Teixeira obteve, de forma indireta, mediante a um emaranhado societário que se nutria da renda do acordo da ISE para a Uptrend, grande parte dos 8,3 milhões de euros que a ISE transferiu para a Uptrend pela suposta intermediação desta última", afirmou. A decisão da juíza foi do dia 12 de junho.

Conforme o Estado revelou ainda em 2013, acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell. No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Ricardo Teixeira.

Os investigadores concluem, portanto, que "parte dos fundos não foi para a CBF, senão que, de uma forma fraudulenta, foram ao próprio Teixeira". De acordo com a Audiência Nacional, os fatos apurados levam a crer que o brasileiro acabaria sendo o "destinatário do dinheiro, e não a Confederação (CBF)".

As autoridades espanholas ainda chegam à constatação de que o delito de Ricardo Teixeira foi "a apropriação por parte do presidente da CBF dos fundos pagos para obter os direitos dos partidos jogados pela seleção brasileira". Desde a prisão de Sandro Rosell, a defesa de Ricardo Teixeira tem negado qualquer tipo de irregularidade.

Procuradores federais brasileiros e espanhóis começaram a trocar informações sobre as suspeitas de corrupção que pesam contra Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, pelo suposto desvio milionário da receita de jogos da seleção. Informalmente e por meios confidenciais, a cúpula da Procuradoria Geral da República já foi alertada pela Espanha de que a Justiça de Madri emitiu uma ordem internacional de prisão contra o ex-dirigente. A esperança dos espanhóis é de contar com a colaboração do Brasil no caso.

Por enquanto, a cooperação entre os dois países está ocorrendo de maneira informal. De acordo com pessoas próximas ao caso, investigadores brasileiros já fizeram os primeiros contatos com os espanhóis. Mas os procuradores de ambos os lados estão estudando formas de tornar oficial o procedimento, a troca de dados e mesmo de uma ordem de busca.

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Em Brasília, o interesse é o de saber se os dados colhidos pela Justiça na Espanha também poderiam ser usados em um inquérito no País contra o ex-cartola, inclusive por evasão. Mesmo detido no território nacional à pedido de Madri, Teixeira jamais seria extraditado por conta das leis nacionais. Mas poderia responder a um processo ou pelo menos ser questionado, com suas respostas sendo enviadas aos juízes na Espanha.

Conforme o Estado revelou ainda em 2013, acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Teixeira e ex-presidente do Barcelona. No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Teixeira. "Durante 2010, Teixeira e sua mulher eram detentores de dois cartões Visa Platinum, com contas da Uptrend em Andbank", apontou a Justiça espanhola.

"Resulta da investigação que, de sua posição de presidente a CBF, (Teixeira) influenciou na concessão de direitos audiovisuais aos jogos da seleção, e, enquanto isso, por trás e para o prejuízo da CBF, Rosell negociava um contrato de intermediação", apontou o documento do processo do caso do ex-dirigente catalão.

Os investigadores concluem, portanto, que "parte dos fundos não foi para a CBF, senão que, de uma forma fraudulenta, foram ao próprio Teixeira". De acordo com a Audiência Nacional da Espanha, os fatos apurados levam a crer que o brasileiro acabaria sendo o "destinatário do dinheiro, e não a confederação (CBF)".

As autoridades espanholas ainda chegam à constatação de que o delito de Teixeira foi "a apropriação por parte do presidente da CBF dos fundos pagos para obter os direitos dos partidos jogados pela seleção brasileira".

Desde a prisão de Rosell, a defesa de Ricardo Teixeira tem negado qualquer tipo de irregularidade. Mas a Procuradoria Geral agora busca detalhes das suspeitas e como isso implicaria em crimes no Brasil.

Nesta semana, a imprensa espanhola revelou que a Justiça em Madri teria emitido uma ordem internacional de busca e captura contra o ex-presidente da CBF. Nesta terça-feira, fontes próximas ao caso confirmaram ao Estado que a ordem de fato está emitida. Mas ainda não entrou no sistema da Interpol e nem chegou oficialmente em documentos até Brasília.

A medida partiu da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional. "Teixeira obteve, de forma indireta, mediante a um emaranhado societário que se nutria da renda do acordo da ISE para a Uptrend, grande parte dos 8,3 milhões de euros que a ISE transferiu para a Uptrend pela suposta intermediação desta última", afirmou. A decisão da juíza seria de 12 de junho.

A ordem foi dada 15 dias depois da prisão de Rosell e quando os procuradores Vicente González Mota e María Antonia Sanz solicitaram que a Audiência Nacional emitisse a decisão de captura do brasileiro.

Se fosse de fato detido, Teixeira não seria extraditado para a Espanha, onde é acusado de fazer parte de uma "organização criminosa". Como regra, o Brasil não extradita pessoas com sua nacionalidade. Mas um inquérito, com base nas informações oficiais da Espanha, poderia ser aberto no País.

O ex-chefão do futebol brasileiro, Ricardo Teixeira, "apropriou-se" de dinheiro da CBF e da seleção. A acusação faz parte de documentos obtidos pelo Estado e produzidos pela Procuradoria da Audiência Nacional de Madri. O brasileiro é investigado na Espanha por sua associação com Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, preso no último dia 24 de maio e acusado de formação de uma "organização criminosa internacional".

Duas semanas depois da detenção do dirigente catalão, em um documento das autoridades espanholas de 8 de junho, Madri deixa claro que o brasileiro é suspeito de "delitos de apropriação indevida e administração desleal".

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Conforme já havia sido revelado no final de maio, Ricardo Teixeira é suspeito de ter usado uma rede de empresas de fachada e contas em seis paraísos fiscais para desviar pelo menos 8,4 milhões de euros (R$ 30 milhões) da seleção brasileira e lavar dinheiro. Por contas secretas, ele ainda movimentou mais de 24 milhões de euros (R$ 90 milhões) de origem suspeita. A investigação se baseou nos documentos que a reportagem do Estado revelou com exclusividade em agosto de 2013, mostrando como amistosos da seleção tinham a sua renda desviada.

No novo documento, os procuradores agora detalham a manobra. "Resulta da investigação que, de sua posição de presidente a CBF, (Ricardo Teixeira) influenciou na concessão de direitos audiovisuais aos jogos da seleção, e, enquanto isso, por trás e para o prejuízo da CBF, Rosell negociava um contrato de intermediação", apontou.

Os investigadores concluem, portanto, que "parte dos fundos não foi para a CBF, senão que, de uma forma fraudulenta, foram ao próprio Teixeira". De acordo com a Audiência Nacional, os fatos apurados levam a crer que o brasileiro acabaria sendo o "destinatário do dinheiro, e não a Confederação (CBF)".

As autoridades espanholas ainda chegam à constatação de que o delito de Ricardo Teixeira foi "a apropriação por parte do presidente da CBF dos fundos pagos para obter os direitos dos partidos jogados pela seleção brasileira".

O documento foi produzido depois que a Justiça pode ouvir Sandro Rosell e outros quatro suspeitos detidos no final de maio. A principal suspeita se refere ao fato de o empresário catalão ter mantido uma empresa, a Uptrend, que assinou um contrato para receber dinheiro de cada amistoso da seleção brasileira, sem qualquer serviço prestado em troca. Quem detinha os direitos para a seleção era a ISE, empresa árabe que de fato organizava os jogos.

De acordo com a procuradoria, "Teixeira recebeu de forma indireta, mediante uma teia societária, grande parte dos 8,3 milhões de euros que a ISE deu para a Uptrend por sua suposta intermediação na aquisição por parte da ISE dos direitos do Brasil".

Desde a prisão de Sandro Rosell, a defesa de Ricardo Teixeira tem negado qualquer tipo de irregularidade. Nas últimas semanas, o catalão tentou conseguir a sua liberdade condicional, o que foi negado pela Justiça. As autoridades também indicaram que não aceitariam a liberação de seus recursos congelados.

A polícia espanhola prendeu nas primeiras horas da manhã desta terça-feira o ex-presidente do Barcelona e parceiro de Ricardo Teixeira, Sandro Rosell, e deixou claro que mira o brasileiro e seus negócios com a seleção brasileira. Os policiais fizeram buscas e apreensões em endereços em Barcelona, Andorra e outras duas cidades da região. O centro da investigação é o contrato que Rosell manteve com a CBF, revelado com exclusividade pelo Estado em 2013, além de negócios envolvendo a Nike e lavagem de dinheiro.

A imprensa espanhola também indica que buscas, relacionadas com Teixeira, também podem ocorrer no Brasil. A suspeita é de que os dois suspeitos tenham lucrado US$ 15 milhões com a venda de direitos de TV para os jogos do Brasil. Os investigadores consideram que a "organização criminosa" desviava dinheiro de amistosos do Brasil e os lavava em paraísos fiscais.

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Apelidada de "Operação Jules Rimet", a iniciativa das autoridades espanholas ocorre depois de investigações de lavagem de dinheiro por parte do ex-cartola. Rosell estava sendo investigado nos Estados Unidos por seu envolvimento com contratos da Nike e a CBF. O FBI investiga o desvio de milhões para contas secretas de Ricardo Teixeira, presidente da entidade brasileira naquele momento.

A suspeita é de que a Nike tenha pago uma propina de US$ 40 milhões em uma conta na Suíça para fechar um contrato com a CBF para patrocinar a seleção brasileira. Segundo o levantamento, o acordo avaliado em US$ 140 milhões rendeu em pagamentos paralelos e depositados no paraíso fiscal suíço. Do total da propina, uma parcela foi para Teixeira e outra para J. Hawilla, que teria intermediado o contrato.

A operação, segundo a imprensa espanhola, está sendo conduzida depois de investigações por parte da Unidade de Delinquência Econômica e Fiscal da Polícia Nacional. Mas a operação também ocorre em colaboração com o FBI, nos EUA, que já indiciou Teixeira.

De acordo com as primeiras informações, foram as investigações nos EUA que deram os primeiros indícios de movimentações de contas na Espanha. Tais dados abriram caminho para a descoberta de uma rede desenhada por Rosell para ocultar dinheiro.

A Justiça já bloqueou cerca de 10 milhões de euros em contas, além de cerca de 50 imóveis, avaliados em mais de 25 milhões de euros.

AMISTOSOS - Mas a investigação também confirma informações reveladas com exclusividade pelo Estado, em 2013, sobre como Rosell mantinha contratos de fachada com a CBF e que parte da renda dos amistosos jamais chegava ao Brasil. Eles eram transferidos para empresas com sede nos Estados Unidos, registrada em nome de Sandro Rosell. A prática, segundo documentos consultados e fontes escutadas com exclusividade pelo jornal, teria marcado a gestão de Teixeira na CBF a partir de 2006.

Nos últimos anos, a realização de amistosos tem sido a principal fonte de entrada de recursos de federações de futebol. No caso do Brasil, o fato de ter sido campeão em 2002, vice em 1998 e único time pentacampeão do mundo permitiu que a CBF e seus agentes aumentassem o valor do cachê para atuar pelo mundo. Do Gabão à Hong Kong, passando pela Estônia ou Zimbábue, a seleção percorreu o mundo cobrando pelo menos US$ 1 milhão para cada vez que entrava em campo. O detentor do direito de organizar os jogos era, desde 2006, a ISE, empresa com sede nas Ilhas Cayman.

Mas, segundo pessoas envolvidas com o pagamento desses cachês, nem todo o dinheiro que saia das federações estrangeiras, direitos de imagem ou governos de outros países eram enviados ao Brasil. O destino eram contas nos EUA.

Um pré-contrato obtido pelo Estado mostra que a ISE fechou um entendimento para negociar 24 jogos amistosos com a empresa Uptrend Development LLC, com sede em Nova Jersey, nos EUA. Em nome da empresa nos Estados Unidos, a assinatura é de Alexandre R. Feliu, o nome oficial de Sandro Rosell Feliu.

O endereço onde a empresa americana estava registrado era composto, na realidade, apenas por salas que empresários poderiam alugar para realizar encontros e manter uma caixa postal.

O esquema funcionava da seguinte forma: a partir de cada jogo, eram repassados para a ISE como lucros da partida cerca de US$ 1,6 milhão. Desse total, US$ 1,1 milhão seguiam de volta para a CBF como pagamento pelo cachê. Mas o restante - cerca de US$ 500 mil - não era contabilizado para a entidade. Pelo contrato obtido pelo Estado, US$ 450 mil seriam encaminhados para contas nos EUA, em uma empresa de propriedade de Rosell.

No total, o contrato aponta que, por 24 jogos, o valor previsto para o pagamento seria de 8,3 milhões de euros para a empresa nos EUA. Dividido por 24 jogos, esse valor seria de US$ 450 mil.

PERCURSO - A transformação dos jogos da seleção em uma máquina de fazer dinheiro começou na Argentina, com o presidente da Associação de Futebol Argentino, Julio Grondona, adotando o modelo. A CBF obteve uma cópia dos acordos que a seleção argentina fechou e tentou adotar o mesmo esquema para o Brasil.

Ao lado de Rosell, a CBF saiu em busca de parceiros que pudessem fechar um acordo mais amplo para promover os jogos da seleção pelo mundo. Rosell e Teixeira mantiveram por anos uma amizade e até entraram em acordos comerciais, principalmente quando o catalão era o representante da Nike no Brasil.

Os direitos sobre os jogos da seleção acabariam sendo adquiridos por um grupo de investidores árabes da ISE, a empresa com base nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal. Logo depois, um acordo entre a ISE e Kentaro acabou permitindo que a empresa suíça realizasse a operação dos amistosos. O presidente do Barça chegou a ser investigado no Brasil por conta de um amistoso entre Brasil e Portugal, em Brasília.

A reportagem também revelou com exclusividade o envolvimento de Rosell na tentativa de Teixeira em obter residência em Andorra. O dirigente ainda está sendo investigado por conta do contrato de Neymar, no Barcelona.

LARANJA - Um dos homens presos hoje foi ainda Shahe Ohannessian. Oficialmente, ele é o dono da empresa que foi fundada por Rosell, a Bonus Sports Marketing SL. Mas investigadores descobriram que ele seria apenas um laranja do próprio ex-cartola.

Em 2014, o Estado revelou como a renda de dois amistosos da seleção brasileira foi usada para comprar essa empresa de Sandro Rosell em 2011. Documentos e fontes ligadas às operações dos jogos do Brasil revelaram com exclusividade ao jornal que a renda de jogos como Brasil x Gabão e Brasil x Egito foi transferida diretamente para o dirigente.

Em 2011, 3 milhões de euros foram gerados em dois jogos da seleção. No dia 11 de novembro de 2011, o técnico Mano Menezes levou para Libreville um time com jogadores que seriam testados, entre eles Jonas, Bruno Cesar e Elias. No dia 14 de novembro, o Brasil seguiria para jogar contra o Egito. O local da partida seria o Catar, justamente o país que mantêm acordos milionários com Rosell.

Documentos apontam que esses recursos foram destinados a serem depositados não na conta da CBF, mas no pagamento da Bonus Sport Marketing, empresa que na época era de Rosell. A companhia tinha como meta enviar olheiros para a África e América Latina para buscar jovens craques que, por sua vez, seriam oferecidos para a academia Aspire, no Catar. Um dos patrocinadores do projeto da Bonus era a Nike, empresa que teve Rosell como seu representante no Brasil.

Para se desfazer da empresa e poder assumir o Barcelona, a forma encontrada por Rosell foi a de vender justamente para a Dahall Al Baraka Group, a empresa que mantinha por meio de sua subsidiária ISE os direitos da seleção. Fontes envolvidas no processo confirmaram ao Estado que foram surpreendidas ao receberem a orientação de que o dinheiro deveria ir para a Espanha, sem qualquer intermediário.

Oficialmente, Rosell anunciou que havia feito a venda no dia 23 de julho de 2010. Mas, naquele momento, o único que havia era um contrato de compromisso de compra. A transferência da empresa ocorreria apenas em 2011 e o pagamento seria recebido no final do ano, graças aos jogos da seleção.

Sérgio Reis e Renato Teixeira apresentam o show 'Amizade Sincera' no próximo dia 11 de abril, no teatro do shopping RioMar, na capital pernambucana, em apresentação única. Os ingressos podem ser comprados na bilheteria do teatro ou através do site oficial de vendas

O show, que tem classificação livre e duração de 105 minutos, homenageia intérpretes da música sertaneja rural e inclui algumas músicas clássicas do estilo como Eu e meu irmão; Deus e Eu no Sertão; Cuitelinho; Beijinho Doce; Canção da América; Cabecinha no Ombro; Saudade Danada; Trem do Pantanal; O Menino da Porteira; Tocando em Frente; e a canção que dá nome ao projeto: Amizade Sincera. 

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Serviço  

Amizade Sincera (Sérgio Reis e Renato Teixeira)

Dia 11 de abril (terça), às 21h

Teatro RioMar: Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping 

Livre 

105 minutos

Balcão: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)

Plateia Alta: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia)

Plateia Baixa: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia)

Após se dizerem frustrados com o parecer oficial do relator Romero Jucá (PMDB-RR) na CPI do Futebol, os senadores Romário (PSB-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentaram um relatório alternativo em que pedem o indiciamento de nove pessoas, entre elas os ex-cartolas da CBF, Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e Ricardo Teixeira, além do deputado federal Marcus Vicente (PP-ES). De acordo com o texto, há materialidade de crimes de estelionato, lavagem de dinheiro, caixa dois, entre outros.

"Não podemos esconder um certo desapontamento por tudo que poderíamos ter feito e não foi permitido. A CPI foi limitada pelos inúmeros obstáculos articulados pelo lobby financeiro que sustenta os interesses da CBF, um dos maiores lobbys atuantes no Congresso Nacional", afirmou o senador Randolfe ao apresentar seu relatório.

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Randolfe acusou o relatório de Jucá de ser "chapa branca" e tratar de temas gerais do futebol, enquanto o objetivo central da CPI era a investigação de esquemas de corrupção. Jucá se defendeu e disse que essa não era uma competência da CPI. "Eu não me sinto à vontade. A CPI não indicia ninguém. Eu não vou ensinar ao Ministério Público o serviço dele", alegou.

Romário também rebateu Jucá e afirmou que a sugestão de indiciamento é sim um papel da CPI, que pode ou não ser acolhido pela Procuradoria Geral da República. De acordo com os senadores, o parecer com mais de mil páginas será encaminhado também para o Ministério Público, a Polícia Federal, outros órgãos de investigação e para a FIFA.

O relatório alternativo sugere que Del Nero, Marin e Ricardo Teixeira sejam indiciados por estelionato, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem tributária e financeira. Del Nero e Marin acumulam ainda a acusação de organização criminosa. Del Nero e Teixeira foram acusados de crime eleitoral considerando envolvimento em episódios da Fifa e financiamento não declarado de campanhas eleitorais pela CBF, o conhecido "caixa 2". Por último, Marin recebeu ainda a acusação de falsidade ideológica.

Também fazem parte da lista de pedidos de indiciamento os vice-presidentes da CBF, Gustavo Dantas Feijó e Marcus Antônio Vicente, que é também deputado federal pelo PP, o ex-diretor financeiro da entidade, Antônio Osório Ribeiro Lopes, o diretor jurídico Carlos Eugênio Lopes, além dos empresários Kleber Fonseca de Souza Leite e José Hawilla, este último, réu-confesso, denunciou os esquemas de corrupção ao FBI nos Estados Unidos em 2015.

PRÓXIMOS PASSOS - A CPI concedeu vista coletiva aos relatórios. Tanto o parecer oficial de Jucá, como o texto alternativo de Randolfe e Romário podem ser votados. A expectativa é que a CPI se reúna novamente na próxima semana para a análise dos pareceres, mas o próprio Romário considera que deve prevalecer o relatório oficial.

"Infelizmente, o nosso relatório agrada menos do que o relatório do Jucá em relação ao plenário da CPI, mas eu espero que esses senadores até lá tenham tempo para mudar de ideia", afirmou.

Confira as acusações feitas no relatório alternativo da CPI do Futebol:

MARCO POLO DEL NERO - Presidente da CBF

Estelionato; crime contra a ordem tributária; crime contra o Sistema Financeiro Nacional; lavagem de dinheiro; organização criminosa; crime eleitoral, considerando o seu envolvimento nas infrações penais listadas nos capítulos referentes à compra da sede da CBF; ao caso FIFA; e ao financiamento não declarado de campanhas eleitorais pela CBF (caixa 2).

GUSTAVO DANTAS FEIJÓ - Prefeito de Boca da Mata (AL)

Crime eleitoral, considerando o seu envolvimento nos ilícitos penais listados no capítulo referente ao financiamento não declarado de campanhas eleitorais pela CBF (caixa 2).

ANTONIO OSÓRIO RIBEIRO LOPES DA COSTA - Ex-diretor financeiro

Estelionato; crime eleitoral, considerando o seu envolvimento nas infrações penais relacionadas nos capítulos referentes à compra da sede da CBF; e ao financiamento não declarado de campanhas eleitorais pela CBF (caixa 2);

MARCUS ANTONIO VICENTE - Deputado federal (PP-ES)

Falsidade ideológica, considerando o seu envolvimento no ilícito penal apontado no capítulo referente ao acordo fraudulento juntado no Superior Tribunal de Justiça - STJ, ressalvada prerrogativa constitucional prevista no art. 102, inciso I, alínea b, da Constituição Federal de 1988;

JOSÉ HAWILLA - Empresário (preso nos EUA)

Estelionato; crime contra a ordem tributária; crime contra o Sistema Financeiro Nacional; lavagem de dinheiro organização criminosa, considerando o seu envolvimento nos ilícitos penais listados no capítulo referente ao caso FIFA.

KLEBER FONSECA DE SOUZA LEITE - Empresário

Estelionato; crime contra a ordem tributária; crime contra o Sistema Financeiro Nacional; lavagem de dinheiro; organização criminosa, considerando o seu envolvimento nos ilícitos penais listados no capítulo referente ao caso FIFA.

CARLOS EUGÊNIO LOPES - Advogado da CBF

Falsidade ideológica, considerando o seu envolvimento no ilícito penal apontado no capítulo referente ao acordo fraudulento juntado no Superior Tribunal de Justiça - STJ.

Diversas personalidades do esporte estiveram presentes no Cemitério São João Batista, no Rio, para um último adeus ao ex-presidente da Fifa João Havelange nesta terça-feira (16). Horas depois do falecimento do ex-dirigente, nomes como Carlos Arthur Nuzman, Bernard Rajzman e até o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira foram ao local prestar homenagens.

Ricardo Teixeira, aliás, tinha uma relação próxima com Havelange, uma vez que era genro do ex-dirigente - foi casado por mais de 20 anos com sua filha, Lúcia. Até por isso, fez nesta terça uma rara aparição pública desde que renunciou à presidência da CBF em 2012, após diversas acusações de corrupção.

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Como era esperado, Teixeira foi só elogios ao ex-sogro, também envolto em diversas acusações de corrupção. "Foi um vencedor, o grande criador do futebol como temos hoje no mundo, financeiramente e tecnicamente", declarou.

Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador do Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman também apareceu para prestar homenagens e exaltar o legado do ex-dirigente: "Havelange fez do futebol uma religião mundial".

Tanto Teixeira quanto Nuzman dividiram o espaço com outras personalidades do esporte. Atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero também apareceu para prestar homenagens. Até o Rei do Futebol, se não presente, encontrou uma forma de se solidarizar. "O adeus do amigo Pelé", escreveu o melhor jogador de todos os tempos em uma coroa de flores.

"Ele convidou o mundo a comemorar com ele os cem anos na festa da abertura da Olimpíada", lembrou o chefe da missão brasileira nos Jogos, o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, que preferiu não falar sobre as denúncias de corrupção contra o ex-dirigente. "Não vou entrar nesse mérito. É um momento de profunda perda."

O enterro está marcado para as 15h desta terça. Segundo a administração do cemitério, não haverá velório. A assessoria do hospital informou também que não houve velório na unidade. O corpo foi levado para a capela ecumênica do hospital, onde permaneceram familiares.

A CPI da Máfia do Futebol aprovou nesta terça-feira a convocação de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, para comparecer diante do colegiado no dia 19 deste mês. Teixeira é um dos investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito por ter sido indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no fim do ano passado.

Será a segunda vez que CPI tenta convocar Teixeira. Em junho, ele também fora convocado para uma audiência, marcada para o dia 14. Porém, o ex-dirigente não compareceu. Advogados apresentaram atestado médico para justificar a ausência. Teixeira estaria hospitalizado para realizar uma cirurgia.

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Teixeira, assim como José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, são acusados de estarem envolvidos em esquema de corrupção que alcançaria a cifra de US$ 200 milhões. Teixeira e Del Nero foram indiciados no fim do ano passado quando o FBI divulgou nova lista de investigados que já tinha Marin.

A primeira etapa de indiciamento, e prisões, teve início no fim de maio do ano passado. Na época, o FBI prendeu sete cartolas em Zurique, na Suíça, às vésperas da eleição presidencial da Fifa. Marin, ex-presidente da CBF, foi um dos detidos - na sequência foi extraditado para os Estados Unidos.

Teixeira foi acusado de receber propinas para beneficiar empresas de marketing esportivo na venda dos direitos de transmissão de campeonatos. Ele também é acusado de estar envolvido em irregularidades na campanha que concedeu ao Brasil o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia do Futebol na Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (5) a convocação do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. Investigado nos Estados Unidos e na Suíça por envolvimento em um esquema de corrupção na Federação Internacional de Futebol (Fifa), Teixeira deverá prestar depoimento no colegiado no dia 19 de julho.

A informação do presidente da comissão, deputado Laudívio Carvalho (SD-MG), foi confirmada durante reunião para ouvir dirigentes das empresas que gerenciaram a construção da Arena da Baixada, em Curitiba (PR), e do Mané Garrincha, em Brasília (DF).

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A comissão ouve nesta teraça-feira o diretor-geral da MCA Auditoria e Gerenciamento, Márcio Borges Castro Alves. A empresa foi responsável pela construção da Arena da Baixada.

Também está previsto o depoimento do presidente da Via Engenharia S/A, Márcio Queiroz. A via Engenharia foi uma das empresas que integrou o consórcio que construiu o Mané Garrincha Fernando.

Os deputados querem detalhes sobre os processos licitatórios e o acompanhamento da planilha de custo dos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014.

No depoimento, Teixeira, que comandou a CBF por mais de 20 anos, deverá falar sobre as denúncias de recebimento de propina em contratos de marketing esportivo, além de irregularidades na campanha que levou o Brasil a sediar a Copa do Mundo em 2014.

 

* Com informações da Agência Câmara

O presidente do Senado, Renan Calheiros, determinou nesta quinta-feira (7) que a CPI do Futebol faça nova votação para convocar os presidentes da CBF Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira na CPI. A decisão é um revés para o presidente da Comissão, o ex jogador Romário.

A convocação de Del Nero e Teixeira haviam sido aprovadas em sessão realizada nesta quarta. Era necessária a presença de seis dos dez senadores que compõem a CPI para votar os requerimentos que pediam a convocação de ex-dirigentes da CBF. Mas, com a sala esvaziada, Romário teve de buscar senadores nos corredores, fazer telefonemas e até mesmo acionar suplentes do colegiado para assinarem a lista de presença.

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Um dos integrantes da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a CPI estava sofrendo um boicote. "Essa CPI está sendo alvo de boicote, sendo vítima de um processo de sabotagem. Por que tanto receio de que venham à público as investigações dessa CPI? Por que outros senadores se negam a convocar dirigentes da CBF?", questionou o senador.

Com a assinatura de alguns senadores suplentes, Romário havia conseguido completar o quórum necessário e aprovou de forma simbólica e em conjunto todos os requerimentos de convocação. Foram convocados para depoimento o presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, e em caráter de testemunha, Marco Polo Del Nero Filho, para responder sobre à abertura de contas no exterior.

Também foi convocado para prestar esclarecimentos sobre possíveis irregularidades em contratos do Comitê Organizador da Copa e da CBF, o ex-presidente Ricardo Teixeira, que deixou o cargo em 2012. Pelos mesmos motivos, convocaram também o empresário do ramo de turismo Wagner José Abrahão.

As convocações, contudo, foram contestadas pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é membro da CPI, mas não estava presente na reunião. Ele acusou a CPI de usar uma manobra ao colher assinaturas de presença, mas aprovar os requerimentos sem que os senadores estivessem no recinto.

Em resposta, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu que a Secretaria Geral da Mesa fizesse rápida investigação sobre o ocorrido para dar resposta ao senador Nogueira já nesta quinta-feira. No início desta tarde, Calheiros determinou que se faça nova votação para definir as convocações de Del Nero e Teixeira.

Antes da decisão, Romário reclamou nesta quinta da contestação de Nogueira. "Dentro das regras, sem jogo sujo, fizemos tudo que foi possível para termos os depoimentos de personagens fundamentais das falcatruas do futebol", declarou o ex-jogador, nas redes sociais.

"Porém, diante da nossa vitória. O senador Ciro Nogueira, um dos que não compareceu ontem, foi ao Plenário pedir a anulação da referida sessão, com a alegação da ausência dos senadores que assinaram presença", afirmou Romário. "Sabemos que o jogo da CBF é pesado e nós, diferente deles, agimos dentro da lei."

A Fifa solicitou à Justiça norte-americana que seja reembolsada em US$ 5,3 milhões (R$ 19,9 milhões) pelos danos causados por dirigentes brasileiros. A entidade afirma em sua alegação que Marco Polo Del Nero, José Maria e Ricardo Teixeira prejudicaram a imagem e "reputação" da entidade máxima do futebol.

Del Nero e Teixeira foram membros do Comitê Executivo da Fifa por anos e, segundo a entidade, teriam absorvido US$ 1,67 milhão (R$ 6,29 milhões) e US$ 3,5 milhões (R$ 13,2 milhões) respectivamente dos cofres da Fifa em gastos de viagem, hotéis e salários, além do impacto sobre a reputação. Já Marin consumiu US$ 114 mil (R$ 430 mil).

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Em um recurso apresentado ao Ministério Público dos Estados Unidos, a Fifa estima que precisa receber pelo menos US$ 28 milhões (R$ 106 milhões) do dinheiro já coletado pela Justiça americana dos cartolas que já teriam confessado culpa. O dinheiro viria, por exemplo, dos recursos que José Hawilla já pagou como multa à Justiça dos EUA - cerca de US$ 151 milhões (R$ 569 milhões). No total, os americanos já recuperaram US$ 191 milhões (R$ 720 milhões) no escândalo do futebol. Os recursos dados como fiança, porém, não contam nessa avaliação.

O argumento da Fifa é de que foram os cartolas, e não a entidade, que roubaram os cofres do futebol e afetaram a imagem e reputação da entidade. A estratégia, acima de tudo, é para mostrar aos procuradores que a Fifa foi vítima, e não uma entidade criminosa.

Os advogados, portanto, fizeram os cálculos de quanto gastaram com cada um dos dirigentes hoje indiciados e querem esse dinheiro de volta para "o futebol". Além de Del Nero e Teixeira, a Fifa pede o dinheiro aos americanos referentes aos custos que tiveram com outros ex-membros do Comitê Executivo. Rafael Salguero da Guatemala, por exemplo, teria gasto US$ 5 milhões (R$ 19 milhões) dos recursos da entidade. Chuck Blazer, dos Estados Unidos, teria gerado "perdas" de US$ 5,3 milhões (R$ 20 milhões).

Del Nero e Teixeira foram indiciados pela Justiça americana por suspeitas de terem cobrado propinas milionárias em contratos com empresas de marketing e de televisão. Se deixarem o Brasil, serão presos e entregues ao FBI.

José Maria Marin, ex-presidente da CBF, também foi preso e hoje aguarda o julgamento do seu processo em Nova York. Mas, como nunca foi membro do Comitê Executivo da Fifa, entra numa conta inferior da entidade.

Além dos US$ 28 milhões (R$ 106 milhões) em gastos com dirigentes, a Fifa pede parte do dinheiro para arcar com seus custos em advogados, avaliados em US$ 10 milhões (R$ 38 milhões) por mês.

O apelo da Fifa vem no momento em que a entidade anunciará, nesta sexta-feira, seu primeiro déficit. Em 2015, o buraco deve chegar a US$ 103 milhões (R$ 388 milhoes).

Se até agora era a Justiça que acusava os dirigentes, agora é a Fifa que os denuncia por "corrupção". Segundo a entidade, os três cartolas brasileiros ocuparam "posições de confiança na Fifa e em organizações nacionais". "Ao longo dos anos, eles abusaram de suas posições para se enriquecer, enquanto causavam danos significativos para a Fifa", indicou o documento oficial enviado para a Justiça americana.

"Os danos foram amplas perdas financeiras (incluindo salários e dinheiro desviados ao seus bolso), assim como dano para a reputação, relações comerciais e à propriedade intelectual da Fifa", indicaram os advogados. "Suas ações afetaram profundamente a marca Fifa e sua habilidade de usar os recursos para fortalecer o futebol", concluíram.

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