Neto, filho e sobrinho de político, o vereador mais jovem do Recife, Rodrigo Coutinho (SD), chama atenção também por aparentar pouca idade, mas afirma que sabe lidar muito bem com os “pré-conceitos”. Eleito aos 23 anos, Coutinho é eloquente ao falar e garante que a decisão de entrar na política foi “absolutamente pessoal”. “Eu acredito que entrar na política foi uma decisão acertada. Foi uma decisão que muito soma, hoje, na minha vida e eu estou tentando agarrar e me dedicar exclusivamente para essa oportunidade que os recifenses me deram: a de poder representá-los na Câmara dos Vereadores do Recife”, declarou.
Em entrevista concedida ao LeiaJá, nesta terça-feira (24), o filho do deputado federal Augusto Coutinho (SD) disse que teve que enfrentar algumas dificuldades na famílias para ingressar na política. “A minha mãe também viveu muito tempo na política e queria muito que eu partisse para a iniciativa privada, onde trabalhei uns três anos e meios. Essa era a vontade dela para com a minha atividade profissional, mas sempre desde pequeno andei com o meu pai e percorri várias e varias comunidades. Já tive prazer de encontrar com lideranças antigas que chegavam a mostrar fotos minhas com a liderança quando eu era criança com seis, sete anos”, recordou.
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Coutinho ressaltou que não se preocupa com as críticas impostas por ser filho de político. “Generalizar é ruim. A política já vive um momento bastante delicado. Muitas pessoas sequer querem ouvir falar de político, mas na minha concepção não é porque o pai é político que o filho não pode ser um bom político. Não é porque o pai é médico que o filho não pode ser um bom médico. Você tem o bom e o mau em todos os segmentos da sociedade”.
“Você chega à igreja, que é um lugar de louvor, um lugar de se conversar sobre fé, você tem o bom padre, o bom pastor, o bom cristão, mas você tem o mau padre, o mau pastor, o mau cristão, que vez ou outra aparece nos noticiários envolvidos em alguns escândalos. Você chega no hospital, local de salvar vidas, você encontra o bom médico mas também o mau médico. Na política não é diferente, você tem o mau político, mas você também tem o bom político, sobretudo os que querem fazer da política uma ferramenta de fazer o bem coletivo em detrimento do bem pessoal. É nisso que eu acredito”, ressaltou.
Carreira própria
Rodrigo Coutinho afirmou que a sua família "muito o honra" e serve como referência, mas que quer construir a sua própria história. “A partir do momento que eu obtive o meu mandato eletivo, eu quero construir a minha própria história mostrando, de fato, a minha atuação parlamentar sempre guiado com a referência da minha família. Eu entrei na câmara com 23 anos e, em alguns momentos, algumas pessoas já tem uma impressão sobre isso, mas a gente tem lidado bastante bem com essa questão porque temos mostrado trabalho. Já aprovamos projetos importantes para o Recife. Temos entrado em discussões de suma importância e contamos com um mandato muito participativo”.
Coutinho conseguiu, em seu primeiro mandato, aprovar três projetos no plenário da Câmara. Um deles já foi sancionado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB), que visou homenagear o padre falecido José Edwaldo Gomes, que foi pároco do bairro de Casa Forte durante 47 anos, dando nome a uma das ruas em frente à Igreja de Casa Forte. “Foi o primeiro projeto importante aprovado por tratar-se de uma personalidade muito forte que teve um grande trabalho social”, comemorou.
Outra proposta aprovada é levar artes marciais para as escolas municipais do Recife, desde o ensino básico, com a condição de que o colégio tenha a condição de aportar esse tipo de atividade. Ao entender dele, “o esporte é uma importante ferramenta para o desenvolvimento acadêmico pessoal e, às vezes, até profissional da criança e do adolescente”.
Mais uma proposta em andamento na Casa José Mariano se refere aos direitos do consumidor. Estabelecimentos e outros locais serão obrigados a colocarem cartazes que irão conter os dez principais direitos do consumidor. “Uma parte da população não tinha noção sobre os seus direitos. Com esse projeto aprovado, vamos poder dar mais acesso à informação aos consumidores e transparência. Tudo foi alinhado com o Procon do Estado de Pernambuco, que recebia muitas reclamações e indagações do povo”.
Ele citou um dos direitos. “Um cliente deve ser restituído em dobro quando ele é cobrado indevidamente. Então, se você está em um restaurante e você consumiu uma coca e o restaurante cobrou duas, você tem o direito de ser restituído pelo valor das duas cocas, digamos assim”, explicou.
O vereador também foi a favor da criação da Frente Parlamentar em Defesa da Cidadania LGBT. “Em uma casa democrática você tem que dar voz a todas as frentes que sejam criadas no Recife para poder defender todos os segmentos. Então, a frente LGBT defende um segmento que precisa ter toda a atenção de nós vereadores, sobretudo para os que tenham essa opção sexual possam lutar pelos seus direitos. Acho que é muito importante”, defendeu.
Pacto Federativo
O vereador contou que esteve em Brasília, recentemente, se reunindo com alguns prefeitos que questionaram sobre uma modificação no Pacto Federativo. “Porque hoje as prefeituras elas estão ainda muito reféns do Governo Federal e isso complica a gestão. A gestão fica subserviente ao Governo Federal, o que acaba com que os prefeitos tenham que usar muito da política para ter acesso ao recurso, para poder ter acesso a educação, saúde e todas as necessidades básicas. É um ponto que, na minha visão, o Brasil tem que melhorar e resolver o quanto antes a questão do Pacto Federativo para que as prefeituras, principalmente, as menores possam ter condições melhores de gestão”.
Sobre a avaliação de como se encontra a cidade do Recife, Coutinho ressaltou que o prefeito vive “uma realidade difícil” como vários outros gestores com a crise atingindo 14 milhões de pessoas. “Tem sido um calo muito grande para o Recife e para o prefeito de um modo geral, mas que tem mantido a questão da folha de pagamento em dia. Há uma dificuldade de atrair investimentos pelo momento que o país. É uma questão muito complicada”, lamentou.
Jovens na política
Coutinho acredita que quanto mais jovens na política para dar “uma reciclada” será melhor. “Porque dá uma oxigenada na política e, na minha concepção, é melhor. Não basta o jovem estar em casa, na faculdade ou em qualquer outro lugar criticando simplesmente e não agir de forma direta ou indireta para tentar melhorar o país, o estado e a cidade. Eu acho que os jovens sempre tiveram participação importantíssima na história do Brasil, de Pernambuco e do Recife com movimentos estudantis e vários outros segmentos em que os jovens se manifestam em prol de um objetivo”.
Seu intuito é mobilizar cada vez mais jovens e pessoas na construção do Recife e pensa no futuro. “Eu hoje quero terminar o meu mandato. Em política, várias e várias coisas podem acontecer, mas agora estou com o objetivo de fato de terminar meu mandato como vereador do Recife. Também estou terminando a faculdade de Engenharia Civil e quero continuar mobilizando todas as pessoas para mostrar o trabalho que venho fazendo dentro do Recife para poder me reeleger em 2020”, confessou.