O novo modelo institucional desejado pelo governo federal para o setor de mineração não deve produzir efeitos práticos no governo Dilma Rousseff. Considerada uma das reformas mais importantes pelo Palácio do Planalto, a mudança do Código de Mineração desejada pela presidente deve sofrer alterações nas próximas semanas no Congresso, e fontes qualificadas do governo admitiram que as novas regras só entrarão em funcionamento plenamente em 2015.
O atual marco regulatório está em vigor desde 1967, e sua "atualização" ficou em discussão no governo federal há quase seis anos, antes de ser anunciada por Dilma, em junho. O projeto do governo prevê a licitação de blocos de minas e jazidas ao setor privado, tal qual ocorre hoje no setor de petróleo e gás natural. Em entrevista ao Estado concedida em julho, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que os primeiros leilões poderiam ocorrer no segundo semestre do ano que vem. Esse plano foi descartado nos últimos dias.
##RECOMENDA##Um dos setores mais importantes da economia não vive dias de glória na gestão presidencial de Dilma, que foi ministra de Minas e Energia de 2003 a 2005. Entre outubro de 2011 e abril de 2013, o governo praticamente suspendeu a liberação de títulos de lavra às mineradoras. São esses documentos que permitem às empresas explorar comercialmente as minas.
"Ninguém entendeu, até agora, por que foi tomada a decisão de suspender as lavras. Isso começou a ser normalizado em abril, mas foi um verdadeiro contrassenso, porque a presidente defendia a ampliação dos investimentos na economia ao mesmo tempo em que represava as mineradoras", disse Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Em junho, o Planalto submeteu o texto do novo código ao Congresso, mas optou por um projeto de lei, em vez de medida provisória, que daria mais celeridade à tramitação. A urgência constitucional do projeto, definida em junho, foi retirada em setembro pelo governo.
Menos investimentos
Por causa da suspensão das lavras e a lentidão para se aprovar o novo código de mineração, o Ibram avalia que a estimativa de investimentos totais do setor de US$ 75 bilhões entre 2012 e 2016 seja revista para baixo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.