Tópicos | Caso Camila

A empresa Rodoviária Metropolitana pagará R$ 480 mil à família da universitária Camila Mirele Pires da Silva, que faleceu em 2015, vítima de um acidente de ônibus na BR-101, próximo à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O valor foi decidido em audiência de conciliação e é relativo a danos morais, pensionamento, despesas de funeral e honorários advocatícios. 

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), serão R$ 400 mil destinados aos pais da vítima, além de R$ 80 mil para o pagamento dos honorários advocatícios. “Buscamos sempre a realização da conciliação que atenda às expectativas das partes e evite a prolongamento do trâmite processual”, disse a juíza que conduziu a audiência, Ana Carolina Fernandes Paiva.

##RECOMENDA##

Após o acidente, ocorrido no dia 8 de maio de 2015, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou quatro pessoas do Grande Recife Consórcio de Transporte e da empresa Rodoviária Metropolitana por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O motorista do coletivo, pela imprudência ao dirigir sem que o equipamento de segurança estivesse funcionando; outros dois funcionários da Metropolitana e um do consórcio, por terem liberado o veículo para circulação sem o mecanismo de segurança.

Na época, a Delegacia de Delitos de Trânsito constatou que o “Anjo da Guarda”, equipamento que impede que o veículo trafegue com as portas abertas, estava com os fios seccionados. O motorista do veículo foi indiciado por homicídio culposo com o agravante de se tratar de veículo de transporte de passageiros. A investigação também apontou que Camila entrou indevidamente no coletivo, utilizando a porta do meio. 

LeiaJá também

--> Aluna da UFPE cai de ônibus em movimento e morre no Recife 

--> Caso Camila: protesto no centro do Recife cobra justiça 

--> Caso Camila: Motorista é indiciado por homicídio

--> No laudo, consórcio e empresa têm culpa na morte de Camila 

--> Estudante é arremessado de ônibus no Recife e está na UTI

 

Familiares e amigos da estudante Camila Mirele Pires da Silva se unem em um protesto realizado no centro do Recife, na tarde desta terça-feira (8). A jovem morreu no dia 8 de maio após cair de um ônibus em movimento na BR-101, no bairro da Cidade Universitária.

No dia 24 de maio, o motorista que conduzia o veículo [João Martins de Oliveira, 30 anos] foi indiciado por homicídio culposo - quando não há a intenção de matar. A perícia identificou que o sistema de trava de portas, que evitaria a abertura das mesmas com o coletivo andando, estava sem funcionar devido ao corte de fios com uso de alicate.

##RECOMENDA##

O delegado responsável pelo caso, Newson Motta, reforçou que não foi possível, durante a investigação, identificar o responsável pelo corte dos fios, responsabilizando apenas o motorista. No laudo do Instituto de Criminalística (IC), entretanto, há responsabilização em menor grau tanto para o Consórcio Grande Recife quanto para a Metropolitana. O inquérito policial vai seguir agora à Justiça 

O movimento de hoje foi divulgado através da internet. Um cartaz publicado no Facebook dia: “A sociedade está indignada com a falta de respeito, não só das empresas, mas com o governo que não fiscaliza. Pagamos caro por um transporte público que não oferece segurança, qualidade e muito menos respeito pelo usuário”.

O grupo se concentrou na Praça do Derby, às 14h, e de lá seguiu em passeata por ruas do centro do Recife. 

Outros casos -estudante Harlinton dos Santos, universitário de 20 anos, tentava voltar para casa, na noite do dia 15 de junho. O jovem tentou subir, mas o motorista não abriu a porta e arrancou. Harlinton se pendurou no veículo e, em seguida, foi arremessado, fraturando bacia e costela.  O fato ocorreu no Terminal do Cais de Santa Rita. 

No último domingo (6) um rapaz caiu de um ônibus em movimento [da linha Rio Doce/Príncipe] passava pela Avenida Brasil, em Rio Doce, Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Ojovem teve fraturas, escoriações, além de um trauma na cabeça.

Nesta segunda-feira (24) foi apresentada a conclusão do caso da estudante Camila Mirele Pires da Silva, de 18 anos, que morreu após cair de ônibus em movimento no dia 8 de maio, na BR-101, no bairro da Cidade Universitária. Apenas o motorista João Martins de Oliveira, 30, foi responsabilizado pelo incidente. A ausência de penalização para o Consórcio Grande Recife de Transporte e contra a empresa Rodoviária Metropolitana chamou a atenção durante a coletiva de imprensa, principalmente por causa do problema encontrado nos fios do Sistema de Segurança de Bloqueio de Portas.

Durante a perícia do Instituto de Criminalística (IC), foi constatado que o sistema havia sido deliberadamente desativado. Em um emaranhado de fios, apenas o amarelo, responsável pelo sinal de aceleração, e o laranja, que emite o sinal de velocidade, estavam cortados. Em pleno funcionamento, o sistema impede que, com o ônibus em movimento, as portas se abram, e que o ônibus acelere com as portas abertas. Em pleno funcionamento, o acidente fatal com Camila não teria ocorrido.

##RECOMENDA##

Com um mês de perícia, o IC conseguiu apenas averiguar dois veículos: o envolvido no acidente e outro que faz a mesma linha. Ambos estavam com os mesmos fios do sistema seccionados. Segundo o perito criminal Sérgio Almeida, a empresa de transporte chegou a colocar a culpa no condutor pelo corte dos fios. “Mas é algo muito complexo, cheio de fios. A fiação foi cortada por uma pessoa com conhecimento técnico. Nós da perícia tivemos que consultar o manual do veículo para entender como funcionava”, ele revela. 

Um laudo emitido em dezembro de 2014 pelo Consórcio Grande Recife classificava o ônibus envolvido no acidente como apto a rodar. Na planilha, havia uma listagem de todos os equipamentos do ônibus seguidos da marcação de um “sim” ou “não”. Almeida destacou que no Sistema de Segurança de Bloqueio de Portas havia a marcação de um “não”. Foi preciso o delegado responsável pelo caso, Newson Motta, explicar a situação. De acordo com o delegado, com a dúvida do que significaria o não, ele entrou em contato com o consórcio que, através de ofício, explicou que a negativa se referia ao fato do equipamento em específico não ter sido fiscalizado, visto que se tratava de um ônibus novo, e não que o sistema estava desativado.

O delegado reforçou que não foi possível, durante a investigação, identificar o responsável pelo corte dos fios, responsabilizando apenas o motorista. No laudo do IC, entretanto, há responsabilização em menor grau tanto para o Consórcio Grande Recife quanto para a Metropolitana. O inquérito policial vai seguir agora à Justiça. “Há uma série de contextos que giram em torno deste acidente. Cabe ao Ministério Público analisar o inquérito e, se entender que os resultados são insuficientes, pode abrir um procedimento administrativo, pode procurar a delegacia novamente... O objeto de investigação foi o acidente que provocou a morte de Camila, me ative ao aspecto criminal. Mas o caso trouxe à tona fatos que devem ser objetos de minuciosa análise. Os autos do inquérito vão subsidiar essas investigações e os ajustes que precisarão ser feitos”, pontuou o delegado.

Ao todo, 14 pessoas foram ouvidas durante as investigações, entre elas um supervisor de manutenção e um supervisor de oficina da Rodoviária Metropolitana. Ao delegado, o motorista disse que não acionou a abertura da porta, mas ao agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no dia do acidente, ele informou que a abriu. Ainda à polícia, João disse saber que o sistema não funcionava. A perícia apontou que o carro estava a 50 km/h quando a porta foi aberta e que era possível ver a jovem através do retrovisor mesmo com a lotação do carro. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando