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Os gastos para manter as Câmaras de vereadores dos 644 municípios de São Paulo - exceto a capital - chegaram a R$ 3,5 bilhões ao ano. Isso significa um "custo legislativo" médio de R$ 107,29 per capita. Em algumas cidades, onde a Câmara consome mais do que a receita do próprio município, o custo por habitante chega a R$ 975.

Os dados foram reunidos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) e se referem ao período de setembro de 2022 a agosto de 2023. A capital não é considerada no levantamento porque não é fiscalizada pelo TCE.

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Os valores destinados ao exercício do mandato de 6.908 vereadores de todo o Estado - menos os 55 da capital - alcançaram exatos R$ 3.537.331.426,47 no período.

A tendência é de alta ano a ano. O valor empregado por habitante entre maio de 2021 e abril de 2022 foi de R$ 86,96 - custo total de R$ 2,94 bilhões. Já entre maio de 2022 e abril de 2023, o gasto chegou a R$ 3,4 bilhões e o per capita a R$ 103,27, segundo o Tribunal de Contas.

O levantamento abarca despesas globais com pessoal e custeio, ou seja, entram no pacote não só os contracheques dos vereadores e de seus auxiliares, incluindo reembolsos, mas também gastos com manutenção, contas recorrentes, como luz e internet, e materiais de uso diário.

A Câmara "mais cara" no período verificado foi a de Guarulhos, na Grande São Paulo, que custou R$ 118,3 milhões. Em nota enviada ao Estadão, a Câmara de Guarulhos afirmou que tem os maiores gastos absolutos por ser a maior câmara de vereadores do Estado, atrás apenas da capital. Informou ainda que prevê reduzir o número de cargos comissionados por gabinete - atualmente, os vereadores têm direito a 15 auxiliares. O limite deve passar para dez, segundo informou a Câmara.

Além de estar entre as dez Câmaras mais caras do Estado, a de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, também ostenta o maior número de cargos comissionados, ou seja, postos ocupados por indicação. São 251 servidores nas funções de confiança. Em seguida, estão Santo André (177) e Campinas (171).

A legislação determina que as contratações na administração pública obedeçam ao princípio da impessoalidade, daí a necessidade dos concursos públicos. A exceção é para atividades de direção, chefia e assessoramento.

Custo por vereador

A Câmara de Osasco teve o maior custo por vereador (R$ 3.850.979,94). "Esse tipo de comparativo não se sustenta porque é lógico que uma cidade com maior orçamento tem, também, maior custo de manutenção", diz a Câmara Municipal de Osasco.

Na sequência, aparecem São José dos Campos (R$ 3.679.883,42) e Campinas (R$ 3.571.683,83). A Câmara Municipal de São José dos Campos afirma que os recursos orçamentários destinados ao Legislativo representam 3% da receita da cidade e estão abaixo do teto fixado para municípios com mais de 500 mil habitantes.

Gastos ultrapassam arrecadação

É em Borá, menor cidade do Estado de São Paulo, que os vereadores custam mais caro aos moradores. O município tem nove parlamentares e uma população de 907 pessoas, segundo o último Censo do IBGE. Os gastos com a Câmara boraense batem R$ 975,60 per capita. O custo global com o Legislativo de Borá é maior do que a própria receita do município.

O caso não é isolado. Em Aspásia, com cerca de 1.900 habitantes, e Flora Rica, com 1.800, as Câmaras custam mais do que as próprias cidades são capazes de arrecadar, o que demanda a suplementação do orçamento, via repasses federais e estaduais.

Flora Rica lidera esse ranking, aponta o TCE, com um gasto legislativo de R$ 1,2 milhão, o que representa 135,2% da receita própria do município, que soma R$ 887 mil.

"Não há dúvida de que as Câmaras são importantíssimas, mas não é razoável termos municípios em que elas custam mais até do que a cidade pode arrecadar. Afinal, isso significa que recursos que deveriam ser usados na saúde e na educação, por exemplo, estão indo para os Legislativos", defende o conselheiro Sidney Beraldo, presidente do Tribunal de Contas do Estado.

"Damos publicidade a esses dados justamente para que a população cobre os gestores e exija as mudanças necessárias para reverter essa situação. O controle social existe para isso."

Com a palavra, a Câmara Municipal de Guarulhos

"Com relação ao resultado absoluto, a Câmara de Guarulhos tem o maior gasto por ser a maior do Estado de São Paulo (com exceção da capital). Nossa cidade compõe a Grande São Paulo, região economicamente mais importante do Brasil. Guarulhos é a segunda cidade com maior população do Estado, com mais de 1,392 milhão de habitantes. Com um PIB de R$ 55.743.650 bilhões (2019), o município é o 12º mais rico do Brasil.

Se forem analisados os gastos por vereador, os números da Câmara de Guarulhos são menores do que o registrado em municípios como Osasco, São José dos Campos e Campinas, mesmo sendo consideravelmente maior do que estes municípios em termos de população e economia.

Considerando a verba orçamentária estabelecida pela LOA (Lei do Orçamento Anual) para o ano de 2023, apesar de ter um orçamento 30% maior do que Osasco e 44,3% maior do que São José dos Campos, o TCE apontou que o custo por parlamentar em Guarulhos é quase R$ 371 milhões abaixo de Osasco e R$ 200 milhões abaixo de São José dos Campos, no período de setembro de 2022 a agosto de 2023.

Para os próximos anos, a perspectiva é de que o custo por vereador em Guarulhos diminua. A Resolução 451/2021, da Mesa da Câmara, reduz a quantidade de cargos por gabinete, passando de 15 para 10 cargos."

Com a palavra, a Câmara Municipal de Sorocaba

"A Câmara de Sorocaba trabalha constantemente para reduzir custos e otimizar os trabalhos do Legislativo, e os dados do Tribunal de Contas refletem esse objetivo. Sorocaba tem o quinto maior orçamento do Estado, e a Câmara de Sorocaba, em comparação com cidades do mesmo tamanho, como São José dos Campos e Osasco, tem gasto até R$ 20 milhões menor. O gasto per capita do Legislativo é de R$ 78,08, um dos menores da Região Metropolitana de Sorocaba. A Câmara tem quebrado recordes sucessivos de devolução de recursos aos cofres públicos, sem prejudicar o trabalho dos vereadores e as ferramentas de transparência pública. Somente na atual Legislatura, foram R$ 68,6 milhões economizados dos cofres públicos. Neste ano de 2023, o Legislativo Sorocabano economizou R$ 23,6 milhões, a maior economia anual da história do Legislativo. Em contrapartida, a Câmara mais que triplicou sua produtividade na atual Legislatura, passando de uma média de 3200 proposituras até 2020 para mais de 11.400 neste ano de 2023, a maior da história."

Com a palavra, a Câmara Municipal de Barueri

"O chamado 'Mapa das Câmaras', apesar de se mostrar importante para a visualização geral dos gastos públicos, não deve ser analisado sob um único enfoque, qual seja, aquele que não contempla o orçamento do município de Barueri. Este importante parâmetro deve ser levado em consideração, pois a Câmara obedeceu ao limite de despesas do artigo 29-A, inciso III da Constituição Federal/1988, perfazendo tão somente 2,35% (quando poderia até 5%).Além disso, temos que dos 10 municípios cujas Câmaras mais gastaram no período, com exceção do município do Guarujá, os demais detém os maiores orçamentos do Estado de São Paulo, por isso a análise fria dos números pode trazer uma interpretação equivocada sobre o assunto."

Com a palavra, a Câmara Municipal de Osasco

"A tabela divulgada pelo TCE leva em consideração o valor líquido total gasto e isso não é o ideal em termos comparativos, pois temos cidades com maior e menor orçamento. Esse tipo de comparativo não se sustenta porque é lógico que uma cidade com maior orçamento tem, também, maior custo de manutenção, uma vez que a Câmara possui corpo técnico por concurso e maior número de pessoas para atender a população, de acordo com a quantidade de habitantes, tanto que a própria legislação prevê percentuais distintos de repasses aos legislativos, de acordo com o tamanho de sua população. Sendo assim, a análise, inclusive por força de legislação. como descrito acima, deve ser feita pelo valor per capita. Considerando essa óptica, Osasco tem custo per capita de R$108,78. na 235ª posição entre os 644 municípios do estado de São Paulo."

Com a palavra, a Câmara Municipal de São José dos Campos

"A Câmara esclarece que os recursos orçamentários destinados ao Legislativo de São José dos Campos representam 3% da receita municipal, mínimo estipulado pela Lei Orgânica do Município, portanto abaixo do teto de 4,5% fixado para municípios com mais de 500 mil habitantes (conforme emenda constitucional 58/2009). E ainda que a posição no quesito custo por vereador se deve ao fato de a cidade, que tem 697 mil habitantes (censo 2022), contar com 21 vereadores, número correspondente a municípios entre 160 mil e 300 mil habitantes, quando poderia ter até 27 vereadores."

Com a palavra, as demais Câmaras Municipais

A reportagem entrou em contato com as demais Câmaras Municipais citadas na matéria e aguarda resposta. O espaço está aberto para as manifestações.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) vai reunir os novos presidentes das Câmaras de Vereadores dos municípios pernambucanos para um seminário, no próximo dia 24. O órgão pretende orientar os parlamentares sobre aspectos relevantes da fiscalização municipal e da postura do Legislativo. 

O encontro, marcado para às 9h no auditório do TCE, pretende seguir os mesmo moldes do evento que reuniu os prefeitos no último dia 10. Durante o evento, o TCE abordou questões como o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, um dos principais itens que deve ser avaliado pelos vereadores antes, por exemplo, da aprovação das contas dos prefeitos. 

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A partir da próxima segunda-feira (8) os funcionários de Câmaras de Vereadores do Estado receberão um treinamento trazido pelo Senado Federal sobre modernização e transparência. A proposta de autoria do senador Douglas Cintra (PTB-PE) surgiu através de um acerto do parlamentar com o Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), órgão do Senado responsável pelo programa.  A primeira capacitação será realizada na Associação Comercial e Industrial de Caruaru (ACIC) a partir das 9h e visa reunir profissionais de todas as Casas Legislativas do Agreste. 

Depois do treinamento em Caruaru, no próximo dia 15 de junho a iniciativa chegará até a Câmara Municipal de Petrolina com foco no público o Sertão e no dia 24 de agosto o treinamento será feito no Recife, para as Câmaras de Vereadores da Região Metropolitana e da Zona da Mata. Ao todo, serão cinco dias de capacitação em cada uma das três etapas do programa de modernização em Pernambuco.

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Entre os benefícios, o programa gratuito  permitirá a criação e operação de portais que possibilitam ao cidadão acompanhar pela internet, de forma rápida, detalhada e eficiente, toda a produção legislativa das Câmaras Municipais, semelhante ao funcionamento dos portais do Senado e da Câmara dos Deputados.

Uma das ferramentas do programa cria também um gabinete virtual, pelo qual o vereador interage com pessoas, grupos e entidades e organiza sua agenda de compromissos e atividades, como a emissão de mala direta, cadastro de demandas e acompanhamento de projetos, ações típicas de um escritório político.

Segundo o senador petebista a proposta tem o intuito de atender cobranças feitas pela própria população em relação à aproximação da sociedade com o representante político. “O maior desafio, hoje, das Casas Legislativas em todos os três níveis da Federação, é aperfeiçoar a sintonia entre representantes e representados. Cada vez mais, a opinião pública cobra de nós, parlamentares, sejamos senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, uma atitude proativa e eficaz na transformação das legítimas demandas da sociedade em políticas públicas efetivas”, destacou Cintra.

O petebista também ressaltou a importância do diálogo entre os vereadores e a população local, onde eles representam a região. “O município é o entorno imediato da participação cívica e política das pessoas e o vereador, como nenhum outro representante, tem acesso em primeiríssima mão às aflições, dificuldades, anseios e sonhos da gente de sua terra”, pontuou o senador.

 

 

O Diretor-Geral do Senado Federal, Hélder Rebouças, e representantes da Ouvidoria da Controladoria Geral da União (CGU) estabeleceram nesta sexta-feira (25) as bases para um acordo de cooperação técnica e parceria para implementar um sistema que atenda às exigências da Lei de Acesso à Informação relativas às Câmaras Municipais. O sistema vai funcionar por meio da rede do Interlegis.

Na reunião desta sexta-feira (25) ficou decidida a criação de um núcleo de trabalho com integrantes do Senado e da CGU para analisar e viabilizar a compatibilização de plataformas tecnológicas, permitindo um conjunto de possibilidades para utilização do sistema da CGU transportado para software livre pela Prefeitura de Natal.

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O sistema da CGU disponibilizará cursos como “Ouvidoria na Administração Pública”, que além de possibilitar às Casas Legislativas atenderem à Lei de Acesso à Informação, também é pré-requisito para qualificação de Ouvidores. Outros dois cursos estarão prontos no meio do ano. A rede do Interlegis atualmente hospeda mais de 600 Câmaras Municipais que poderão se beneficiar do sistema da GCU. Os demais legislativos podem se unir à rede de outras formas. Senado e CGU têm um histórico de cooperação em ações para implantação da LAI em larga escala.

“Ampliar a parceria com a Controladoria Geral da União beneficia a gestão do Senado e do Legislativo como um todo, sobretudo nos quesitos da qualidade do gasto e da transparência. Há muitos espaços em que podemos interagir e colaborar”, afirmou Hélder.

 

Os Vereadores do PSB em Pernambuco estarão reunidos num seminário nesta segunda-feira (27), no Mar Hotel, no Recife. O evento, que deve contar com mais de 300 parlamentares, será aberto pelo presidente do diretório estadual, Sileno Guedes, às 9h30. O objetivo do encontro é interagir os vereadores com o modelo socialista de atuação no legislativo.

Às 10 horas, o governador e presidente nacional do partido, Eduardo Campos, fará a principal palestra do encontro sobre o quadro nacional. Em seguida, o vereador Joffre Neto, de Tabauté (SP), aborda a temática ‘Câmaras municipais no Brasil – ascensão e declínio’.

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Em seguida acontece a palestra do jornalista Magno Martins com o tema “Como usar a internet na divulgação da atividade parlamentar” e encerrando o encontro, o prefeito do Recife, Geraldo Julio usará da palavra.

O evento também contará com a presença dos membros da Executiva Estadual do Partido, do ministro Fernando Bezerra Coelho, prefeitos, vice-prefeitos, deputados federais e estaduais e demais autoridades da legenda.

Confira a programação completa do evento:

9h30 – ABERTURA DO ENCONTRO PELO PRESIDENTE ESTADUAL DO PSB – SILENO GUEDES

10h – PALESTRA DO PRESIDENTE NACIONAL DO PSB – GOVERNADOR EDUARDO CAMPOS

11h – PALESTRA DO VEREADOR DO PSB JOFFRE NETO (TAUBATÉ/SP)

TEMA: “CÂMARAS MUNICIPAIS NO BRASIL – ASCENSÃO E DECLÍNIO”

13h – ALMOÇO    

14h30 – PALESTRA DO JORNALISTA E COMUNICADOR MAGNO MARTINS

TEMA: “COMO USAR A INTERNET NA ATIVIDADE PARLAMENTAR”

17h – ENCERRAMENTO – PREFEITO DO RECIFE – GERALDO JULIO

A presidente do TCE, conselheira Teresa Duere entregará, nesta segunda-feira (28), em mãos, ao procurador geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Agnaldo Fenelon de Barros, a relação das 52 Câmaras Municipais que não informaram ao Tribunal o resultado do julgamento de contas de prefeituras, com base nos seus pareceres prévios.

De acordo com a Constituição Estadual, a partir da data do recebimento do parecer prévio emitido pelo TCE, a Câmara tem um prazo de 60 dias para julgar as contas do prefeito. Segundo o procurador de contas, Gustavo Massa, autor do levantamento das Câmaras que não informaram ao TCE se julgaram ou não os pareceres prévios recebidos, muitas delas descumprem Constituição Estadual e não dão publicidade aos seus atos.

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O TCE vai solicitar ao MPPE que a partir desse levantamento ajuíze ações de improbidade contra o presidente de Câmara que protelar o julgamento das contas do prefeito.

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