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Com o surto da microcefalia no Brasil desde o fim do ano passado, o Ministério do Desenvolvimento Social autorizou o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor um salário mínimo, às mães de bebês com a malformação. Em junho de 2016, a Lei Federal 13.301 garantiu o pagamento do benefício por três anos para doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Entre o período de 1 de agosto de 2015 e 10 de setembro de 2016, a Secreteraria Estadual de Saúde já confirmou 379 casos de microcefalia em Pernambuco. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Pernambuco, existem apenas 227 pedidos do BPC concedidos. Um total de 152 mães continuam aguardando por respostas do órgão e viram estatísticas na defasagem no atendimento que deveria ser prioritário.
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Para discutir a questão da microcefalia no Estado, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) convocou uma coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira (20). Presente no encontro, a representante da perícia médica do INSS em Pernambuco, Adriana Veloso, falou sobre as estratégias montadas pelo INSS pare realizar o atendimento das crianças com a microcefalia. "Já estamos nos mobilizando internamente para atender a todas as demanas. No primeiro semestre, consguimos fazer um mutirão de atendimento. O tempo de espera hoje ja é reduzido", informou Veloso. Ainda de acordo com a gestora, no Recife, a espera pelo atendimento é de dois dias para o BPC e de 100 dias para casos no geral.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o pagamento do BPC corresponde a um salário mínimo, no valor de R$ 880, e só podem receber as mães que possuir uma renda per capita familiar inferior a um quarto de salário mínimo, R$ 220. Muitas vezes tendo que se dedicar aos cuidados com o bebê, a mãe tende a abdicar de todas outras tarefas, incluindo o trabalho como fonte de renda da família. De acordo com o INSS, existe uma espera padrão de trinta dias, passando pelas perícias e pelo atendimento inicial dos bebês com microcefalia até que o primeiro benefício seja recebido.
A presidente da União de Mães de Anjos (entidade que presta assistência para mães de bebês com microcefalia), Germana Soares, no entanto, discorda da informação repassada pelo INSS durante a coletiva de imprensa. "São no mínimo três meses até que a gente consiga receber o primeiro benefício. As perícias demoram bastante e o agendamento muitas vezes é marcado para meses depois.", detalhou Germana. Ela ainda falou que muitas vezes, as mães que residem no interior de Pernambuco, se deslocam até a capital e não conseguem obter informações sobre o atendimento necessário no INSS.
Além da questão do benefícios, também foram debatidas outras temáticas durante a roda de conversa. O presidente do Cremepe, André Dubeux, apresentou um levantamento de que em Pernambuco não existem equipes multiprofissionais suficientes para lidar com a microcefalia. Dubeux também falou de que não foram localizadas creches de acolhimento para crianças com microcefalia, além da falta medicamentos para crianças com doenças raras. Representantes da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) e da Secretaria de Saúde do Recife não compareceram ao evento. O presidente do Cremepe informou que irá elaborar um documento com as informações colhidas, que será posteriormento encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Para Germana, que compareceu ao evento com o seu filho Guilherme, a falta de profissionais capacitados e inclusivos é grave. "Trabalhamos com a aceitação, o preconceito e com o psicológico das mulheres porque antes de mães, elas são mulheres e precisam estar bem para criarem os seus filhos", argumentou. Para ela, as dificuldades do interior e da capital no tratamento dos profissionais, a falta de remédios na rede pública e a escassez de creches inclusivas, torna a criação de seus filhos um novo desafio.
Posicionamento das secretarias
Em nota, as secretarias de Educação e Saúde do Recife afirmaram que nenhum representante das respectivas pastas foi convidado para audiência. O texto também menciona o monitoramento e o número de estudantes com microcefalia matriculados nas escolas e creches municipais. Confira o texto na íntegra:
As Secretarias de Educação e Saúde do Recife informam que não foram oficialmente convidadas para a audiência. Somente neste mês, a Seduc participou de dois eventos para discutir a microcefalia.
A Secretaria de Educação do Recife esclarece ainda que a rede municipal de ensino tem 16 estudantes com microcefalia matriculados nas escolas, creches e creches-escolas municipais. Desses, três têm de 0 a 11 meses e estão em turmas de berçário. Essas crianças são sempre monitoradas pela Divisão de Educação Especial (DEE) da Secretaria de Educação e pela Secretaria de Saúde do Recife.
Os estudantes com microcefalia, assim como todos os outros 3.600 alunos com deficiência matriculados na rede, têm aula nas salas regulares, junto com os demais estudantes da rede municipal. A partir dos 4 anos, os estudantes com deficiência também passam a ser atendidos por professores especialistas em Educação Especial.
Para mais informações relacionadas à saúde, vocês podem procurar a assessoria da Secretaria de Saúde do Recife.