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A Ucrânia anunciou, nesta segunda-feira (14), avanços no leste e sul do país, pequenos progressos em sua contraofensiva lançada há dois meses para liberar os territórios ocupados pela Rússia.

No leste, a batalha por Bakhmut continua ativa após um ano. Os russos, que, em maio, tomaram a devastada e simbólica cidade após meses de combates sangrentos, estão agora na defensiva.

"Na região de Bakhmut, 3 km2 foram liberados na semana passada. No total, 40 km2 foram liberados no flanco sul do setor de Bakhmut", anunciou Ganna Maliar, vice-ministra ucraniana de Defesa.

Na frente sul, onde as forças ucranianas buscam os pontos fracos das defesas russas, formadas por campos de minas, trincheiras e armadilhas antitanque, Maliar não deu detalhes, mas indicou progresso.

Na região de Kherson (sul), a vice-ministra mencionou "ações" de "unidades" ucranianas na margem leste do Dnieper, onde o Exército russo se retirou em novembro de 2022, transformando o rio em linha de frente.

"Não podemos dar detalhes, mas estas ações foram realizadas. Para consolidá-las, devemos expulsar o inimigo e liberar o território", afirmou.

- Necessidade de armas -

Apoiada por uma importante ajuda militar ocidental, a Ucrânia lançou em junho uma grande contraofensiva para expulsar o Exército russo dos territórios que ocupa. Kiev passou meses preparando a operação, enquanto os russos reforçaram suas defesas, o que dificultou o avanço ucraniano, ainda modesto.

Os dirigentes ucranianos afirmam que o combates são difíceis, mas que os primeiros resultados já são vistos e que necessitam de mais armas, especialmente de longo alcance, para atacar a retaguarda russa e reconquistar o território.

"Contamos com que nossos aliados compreendam a situação e que é inadiável" o envio de armas de longo alcance e de defesas antiaéreas, disse o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, após receber o ministro alemão de Finanças, Christian Lindner, nesta segunda-feira.

A Rússia insiste que a contraofensiva falhou.

Moscou lançou sua própria ofensiva no nordeste, ameaçando a cidade de Kupiansk, liberada por Kiev em setembro, e obrigando as autoridades ucranianas a evacuar dezenas de cidades na região de Kharkiv.

Nesta segunda, o Ministério da Defesa russo afirmou que "os sistemas russos de defesa antiaérea detectaram e destruíram drones" atribuídos a Kiev "sobre o território da região de Belgorod".

"Não houve vítimas nem danos", segundo Moscou.

- Tensão no Mar Negro -

Os bombardeios russos destroem diariamente restaurantes, hotéis e residências, deixando mortos e feridos.

Está previsto para esta segunda-feira o enterro de uma criança de oito anos que morreu em um bombardeio com um míssil hipersônico Kinzhal, segundo Kiev, na região de Ivano-Frankivsk (oeste), a centenas de quilômetros do front e raramente bombardeada.

O importante porto ucraniano de Odessa, no Mar Negro, foi atacado na noite de domingo para segunda-feira por quinze drones e oito mísseis, segundo o comando ucraniano.

Atingido pela defesa antiaérea, seus destroços danificaram um supermercado, deixando três feridos, segundo a mesma fonte. Outros edifícios e veículos também foram danificados, segundo o governo local.

Também no Mar Negro, a Ucrânia denunciou nesta segunda disparos de alerta na véspera contra uma cargueiro que seguia para o porto de Izmail, uma das principais saídas de produtos agrícolas ucranianos desde que Moscou encerrou o acordo de exportações de grãos no fim de julho.

"Estas ações demonstram a política deliberada da Rússia de ameaçar a liberdade de navegação e a segurança da marinha mercante no Mar Negro", comunicou o Ministério de Relações Exteriores ucraniano.

As tropas ucranianas conseguiram avanços significativos ao redor da cidade cercada de Bakhmut (leste), epicentro dos combates contra a Rússia há vários meses, anunciou nesta sexta-feira (12) a vice-ministra da Defesa, Ganna Maliar.

"O inimigo sofreu baixas importantes. Nossas forças de defesa avançaram dois quilômetros nas proximidades de Bakhmut. Não perdemos nenhuma posição na cidade esta semana", afirmou Maliar em um comunicado divulgado nas redes sociais.

As declarações de Maliar foram divulgadas depois que uma fonte da cúpula militar ucraniana anunciou esta semana que as tropas russas recuaram em algumas áreas de Bakhmut, depois dos contra-ataques das forças de Kiev.

A Rússia, no entanto, negou na quinta-feira que a Ucrânia tenha registrado avanços em Bakhmut e afirmou que os relatos de perdas territoriais ao redor da cidade "não correspondem à realidade".

O grupo paramilitar russo Wagner, que comanda o ataque terrestre de Moscou contra Bakhmut, reclamou recentemente da falta de munições e ameaçou abandonar a localidade se não recebesse mais apoio do Kremlin.

O Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos Estados Unidos, destaca em uma análise divulgada nesta sexta-feira que Kiev "provavelmente perfurou algumas linhas russas durante contra-ataques perto de Bakhmut".

No próximo dia 22, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) completa 25 anos. Para o professor de Engenharia de Transportes do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Rômulo Orrico, o documento mudou o cenário no trânsito, colocando prioridades muito claras para pedestres, motoristas, ciclistas e motociclistas, ordenando o uso de vias e rodovias. 

“Neste sentido, ele foi um baita de um avanço em relação ao que nós tínhamos”, disse. A criação da pontuação na carteira nacional de habilitação (CNH) foi também muito importante, afirmou o professor para a Agência Brasil.

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A legislação endureceu as penalidades e as multas para motoristas imprudentes e embriagados e ainda os obrigou a fazer curso antes de dirigir. “A regra é muito positiva”, opinou. No interior do país, contudo, e em grandes condomínios de classe econômica alta, ainda são vistas grandes falhas. “É comum encontrar desrespeito ao código. É preciso mudar alguns comportamentos”, sugeriu.

Lei seca

Para Rômulo Orrico, o CTB melhorou a segurança e deu margem, por exemplo, para que fosse criada a lei seca. Em relação ao cinto de segurança, pesquisa feita no âmbito da Coppe, antes da obrigatoriedade do cinto, em 1989, mostrava que apenas 2% a 4% das pessoas usavam o acessório corretamente. 

“Hoje, a gente estranha se alguém está sem cinto”, observou. Advertiu, contudo, que algumas pessoas ainda resistem a cumprir a norma, que estende o uso do equipamento ao banco traseiro dos veículos. “É muito comum o não uso. Acho que hoje depende muito de fazê-lo aplicar, de educar para que as pessoas se conscientizem de que aquilo é uma medida importante para suas vidas”, argumentou.

Em relação às bicicletas, o código estabelece que não devem ser usadas nem na calçada, nem na contramão, ”mas é uma coisa que a gente vê com frequência”. Orrico frisou que se vê um movimento ativista de uso da bicicleta muito importante, com muita ação positiva em termos de redução de velocidade e ciclovias, mas ainda se encontra um comportamento bastante adverso que é usar a bicicleta na contramão e sobre a calçada.

Ele disse que é preciso educar mais a população sobre as regras do trânsito e fazer avançar o cumprimento das leis. A grande maioria dos motociclistas, por exemplo, insiste em andar entre veículos nas ruas e rodovias. 

“É contra a lei. O CTB diz que - para um carro ultrapassar outro - é necessário deixar, no mínimo, um metro de afastamento lateral. Se uma motocicleta passa entre dois carros, ela não consegue botar um metro para cada lado. Isso é grave. Em São Paulo, é perigosíssimo. O curioso é que a velocidade caiu, talvez devido ao aumento da frota em circulação e engarrafamentos, mas o perigo continua e nem sempre é possível anotar a placa das motos. É mais um comportamento temerário do que a velocidade”, salientou.

Mais rigor

O professor da Coppe/UFRJ elencou, ainda, entre os pontos positivos do Código de Trânsito Brasileiro, a questão da segurança no trânsito. Ele acredita que um maior rigor com os condutores contribuiu para reduzir o número de acidentes. 

“Acho que podia ser maior ainda (o rigor), porque existe um comportamento muito egoísta em relação, por exemplo, às infrações cometidas detectadas eletronicamente pelos pardais eletrônicos”. Para ele, o rigor é importante e, se houve infração, “é fazer cumprir a lei”.

O CTB é um processo de educação e de ação pública importante, mas é preciso que a multa chegue rápido, opinou. Estudo feito em Nova York, em 2010, apontou que, naquele ano, houve menos mortes de trânsito na cidade do que há um século. Isso ocorreu devido ao programa de tolerância zero e mudança de engenharia de tráfego, ajustando semáforos e a circulação de veículos, além de educação no trânsito. “Os americanos têm uma lógica muito forte de policiamento e de punição também, um julgamento muito rápido”, justificou.

O professor Orrico propôs a criação eventual de uma justiça de trânsito no Brasil, tendo em vista o aumento da frota de veículos no país, que já alcançou 100 milhões, incluindo motos. “Que não fosse tolerante com mortes no trânsito, com motoristas bêbados. Que julgasse rápido”, disse. Frisou que é preciso ter rapidez nessas questões. “Se a justiça tarda, ela é pouco eficaz”.

Fiscalização

Ele defende a necessidade de retomar as ações de fiscalização e de educação e voltar a ter um controle de velocidade nas estradas brasileiras, para não haver sensação de impunidade. Outro cuidado muito grande que se deve ter é com as motocicletas, tendo em vista o crescimento acentuado da frota, em paralelo ao aumento de acidentes e de mortes, inclusive de pedestres, por motocicletas. Outro problema das motos é a sensação de impunidade, na medida em que a velocidade impede que se anote a placa do veículo.

Para diminuir o problema, ele sugeriu que o Brasil poderia adotar o exemplo da Colômbia, que estabeleceu a política de obrigatoriedade do uso de colete e capacete com as placas escritas para proteção da segurança civil. Isso significa que o motorista e o veículo são identificáveis e podem ser multados. 

A sensação de impunidade fica mais difícil, ponderou. Outro efeito secundário é a diminuição da quantidade de roubos e furtos de motocicletas. “Não zera, mas reduz e inibe”. O Brasil poderia adotar essa medida para a segurança viária, alertou.

Ele disse, a seguir, que as autoridades têm que discutir também como as novas tecnologias podem ajudar a ter um trânsito mais eficiente e mais seguro, e com maior qualidade. Para que as coisas melhorem, é preciso usar tecnologia da informação e engenharia social, além de discutir como essas tecnologias podem ajudar diversas formas de transportes úteis para a sociedade.

Educação

A futura professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Marina Baltar, que deve ser nomeada ainda este mês, afirmou que o CTB é bem completo porque pensa tanto na educação da população como na fiscalização do trânsito. 

Para ela, muitas vezes há críticas por ele buscar essa educação somente via punição financeira. “Mas a gente vê que é um resultado positivo quando se pensa em velocidade. O que termina funcionando é quando a gente implanta radar e nota que as pessoas passam a respeitar”, disse.

O CTB é atualizado de forma permanente. Marina apontou mudanças favoráveis, como a implantação da lei seca, que foi algo que veio já com o código em curso e que mudou muito a realidade. Ela acredita que o Rio de Janeiro é um dos lugares em que a lei seca mais funcionou. Houve maior mudança no comportamento das pessoas, principalmente nas cidades. 

Para o futuro, ela acredita que é necessário pensar em segurança viária. Hoje se busca, constantemente, nos estudos e na prática, a redução de mortes no trânsito. É preciso entender melhor o que está levando a essas mortes e buscar legislar em cima disso, sugeriu.

Marina concordou com o professor Orrico no sentido de trazer para o Brasil, na área de motociclistas, a obrigatoriedade de os condutores usarem capacetes e coletes com o número da placa estampado, porque a medida contribuiria para reduzir o número de acidentes e facilitaria a identificação dos motoqueiros e dos veículos. “É uma ideia interessante”, frisou.

Para que o CTB seja cumprido em todos os seus regulamentos, a professora defendeu que o ponto mais crítico é que haja expansão da fiscalização. “A gente tem a lei, mas precisa colocá-la em prática”. 

Nas cidades maiores, até os motociclistas têm o costume de usar capacete, mas, no interior do Brasil, há pouco uso, que se atribui à falta de maior fiscalização, como a que gerou mudança na população com o cinto de segurança. “Foi com muita campanha e muita fiscalização. Hoje, parece que virou costume. A gente precisa conseguir isso agora no banco de trás, para que vire um costume na população”, observou.

Marina Baltar é formada em engenharia civil pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com mestrado e doutorado em engenharia de transportes pela Coppe. De 2012 a 2018, atuou na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), cuidando do planejamento e execução dos planos de mobilidade dos grandes eventos e grandes obras da cidade, como Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e obras do BRT Transbrasil.

Novas regras

Entre as novas regras de trânsito que entram em vigor este ano, está a multa por excesso de peso. Os fabricantes de veículos de carga deverão informar na estrutura dos veículos o limite técnico de peso para cada modelo. Quem estiver trafegando com peso acima do permitido receberá multa de R$ 130,16, além de receber quatro pontos na carteira nacional de habilitação.

Para pessoas jurídicas que não identificarem o condutor que cometeu uma infração no veículo de uma empresa, a multa equivalerá ao dobro do valor da multa original. Ou seja, se um condutor cometer uma infração grave, terá multa de R$ 195,23, mas essa multa por não identificação antecipada do motorista pela empresa será o dobro, ou seja, R$ 390,46.

Outra nova regra do CTB diz que a carteira nacional de habilitação não pode ser suspensa ou bloqueada em situações em que o condutor esteja em processo de defesa prévia, por exemplo, durante a suspensão ou cassação. Com isso, o condutor não perde o direito de dirigir até o final do processo.

Outro mecanismo que entrará em vigor este ano é relativo à idade do motorista. A regra estabelece que a validade da carteira nacional de habilitação (CNH) é inversamente proporcional à idade do condutor, ou seja, quanto mais jovem, por mais tempo valerá a CNH. Com isso, condutores com até 49 anos de idade terão a carteira válida por 10 anos, enquanto motoristas entre 50 e 69 anos terão de renovar a CNH a cada 5 anos. Já os condutores com 70 anos ou mais precisarão fazer a renovação a cada três anos.

O Irã informou durante o fim de semana dois novos progressos técnicos em processos de enriquecimento de urânio, que permitem avanços no desenvolvimento do programa nuclear do país, em pleno bloqueio das negociações para tentar retomar o acordo de 2015.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organismo da ONU, informou aos Estados membros que a República Islâmica começou a "alimentar a cascata de centrífugas modernas" na usina de Fordo, modificadas recentemente para ganhar eficiência.

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O avanço permite "mudar mais facilmente a configuração da cascata" e passar rapidamente de um nível de enriquecimento para outro, explicou a AIEA em um relatório em maio.

A agência das Nações Unidas é responsável por vigiar o cumprimento dos compromissos assumidos entre o Irã e as potências mundiais em 2015, que motivou a retirada das sanções econômicas ocidentais contra Teerã em troca de restrições das atividades nucleares iranianas.

Mas após saída dos Estados Unidos do acordo em 2018, durante a presidência de Donald Trump, e o retorno das sanções, o Irã começou a se afastar progressivamente de suas obrigações.

E as negociações retomadas em 2020 estão paralisadas.

No início de 2021, o Irã anunciou o início do processo para produzir urânio enriquecido a 20% em Fordo, muito acima dos 3,67% estabelecidos no Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) de 2015.

Meses depois, o país superou 60% e se aproximou de 90%, nível necessário para desenvolver uma bomba atômica (intenção que Teerã nega).

O tema será abordado pelo presidente americano Joe Biden em sua visita ao Oriente Médio na próxima semana.

"Meu governo continuará aumentando a pressão diplomática e econômica até que o Irã esteja pronto para voltar a respeitar o acordo", escreveu Biden em uma coluna publicada pelo jornal Washington Post no sábado.

As autoridades ucranianas garantiram que suas tropas estão recuperando terreno na cidade estratégica de Severodonetsk, no leste, sitiada nos últimos dias pelas forças russas, que a controlam parcialmente.

Mais de cem dias após o presidente russo Vladimir Putin enviar suas tropas para a Ucrânia, milhares de pessoas morreram, milhões fugiram de suas casas e muitas cidades foram reduzidas a cinzas.

O avanço do exército russo foi retardado pela feroz resistência ucraniana, frustrando uma ofensiva relâmpago em direção a Kiev para derrubar o governo pró-ocidental e forçando Moscou a se concentrar na bacia de mineração do Donbass.

A chave é a batalha por Severodonetsk, a maior cidade controlada pela Ucrânia na região separatista pró-Rússia de Lugansk, onde as tropas ucranianas estão resistindo depois quase perderem toda a cidade.

"Eles não a tomaram completamente", garantiu o governador regional de Lugansk, Sergii Gaidai, na sexta-feira, observando que seus soldados recuperaram 20% do terreno depois de perder até 70% da cidade para os russos.

"Assim que tivermos mais armas ocidentais de longo alcance, vamos recuar a artilharia deles (...) e a infantaria vai correr", comentou.

A situação também é difícil em Lysychansk, cidade localizada em frente a Severodonetsk. Cerca de 60% das casas foram destruídas e as conexões de internet, telefone celular e gás foram cortadas, segundo o prefeito, Oleksandr Zaika.

O serviço de imprensa da presidência ucraniana afirmou que os russos mataram quatro civis na região de Luhansk.

A Ucrânia também informou que um ataque com mísseis deixou duas vítimas no porto de Odessa (sudoeste), sem especificar se ficaram feridas ou mortas.

Além disso, reportou a morte de quatro combatentes voluntários estrangeiros que lutavam contra as forças russas.

A legião Internacional de Defesa da Ucrânia, uma brigada de voluntários, informou que os quatro homens da Alemanha, Holanda, Austrália e França pereceram, mas não indicou onde ou em que circunstâncias.

- Zelensky promete vitória -

Apesar da resistência inesperada, as tropas russas controlam atualmente um quinto da Ucrânia, com um longo corredor ao longo da costa do Mar Negro e do Mar de Azov ligando a península da Crimeia (sul) aos territórios do Donbass.

Mas, coincidindo com os primeiros cem dias de guerra, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se mostrou desafiador: "A vitória será nossa", disse na sexta-feira.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, assegurou que o saldo desses mais de três meses era satisfatório, pois atingiram "certos" objetivos.

Segundo Peskov, as tropas russas teriam "libertado inúmeras cidades" e permitido que seus habitantes voltassem a "uma vida em paz".

À medida que a guerra avança, os países ocidentais vêm aumentando a quantidade de armas enviadas à Ucrânia, bem como as sanções contra a Rússia, na tentativa de isolá-la e sufocar sua economia.

Em seu último pacote de medidas (o sexto desde o início do conflito), a União Europeia adotou na sexta-feira um embargo com exceções às compras de petróleo russo e incluiu na lista de sancionado a ex-ginasta Alina Kabaeva, suposta namorada de Putin.

- Crise alimentar -

A guerra provoca temores de uma escassez global de alimentos, sendo Rússia e Ucrânia dois dos maiores exportadores de trigo do mundo.

As Nações Unidas informaram sobre negociações discretas para desbloquear as toneladas de cereais paralisadas nos portos do Mar Negro, indicou o seu coordenador na Ucrânia.

A ONU alertou para "um furacão de fome" essencialmente em países africanos, que importaram mais da metade de seu trigo desses países e onde os preços dos alimentos estão subindo vertiginosamente.

Precisamente, o presidente da União Africana, o senegalês Macky Sall, reuniu-se com Putin em Sochi, no sul da Rússia.

Segundo Sall, o líder russo se mostrou "comprometido e ciente de que a crise e as sanções criam sérios problemas para economias frágeis".

Em entrevista televisionada, Putin garantiu que "não é um problema" exportar cereais da Ucrânia.

Mais de dois anos após o início da pandemia de Covid-19 existem vários tratamentos contra a doença, mas o uso das pílulas e injeções enfrenta vários limites.

- Pacientes de alto risco -

Apesar da diminuição dos números da Covid-19 na maioria dois países, os medicamentos podem - ao lado das vacinas - fazer a diferença para os pacientes de alto risco.

Os tratamentos, para prevenir e curar, também podem ser essenciais para pessoas nas quais a vacina é pouco ou nada eficaz, como os imunodeprimidos, ou para as pessoas que apresentam risco elevado de desenvolver formas graves da doença, incluindo os idosos.

"Porém, no momento, estes medicamentos são utilizados de maneira insuficiente, como demonstram o número de mortes pela pandemia", lamenta Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global e professor na Faculdade de Medicina de Genebra.

- Pílulas -

A primeira categoria de tratamento é composta por pílulas antivirais que atuam diretamente no vírus, para impedir sua multiplicação.

Contra a covid, o comprimido mais desenvolvido é o Paxlovid da Pfizer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou há uma semana privilegiar seu uso em relação a outros tratamentos, em especial a pílula do grupo MSD, molnupiravir, que é menos eficaz.

A China aprovou em fevereiro o uso do Paxlovid. Uma boa notícia para a Pfizer, que espera produzir 120 milhões de doses este ano.

Nos Estados Unidos, o governo de Joe Biden adotou medidas para garantir o acesso às pílulas anticovid.

A vice-presidente Kamala Harris, que testou positivo para covid na terça-feira, está tomando o comprimido da Pfizer.

Mas os especialistas destacam alguns inconvenientes, como a corrida contra o tempo para administrar o remédio. O ideal é tomar a pílula menos de cinco dias depois dos primeiros sintomas, que devem ser confirmados por um teste.

Alguns medicamentos, começando pelo Paxlovid, também são "delicados" para o uso, por causa das "várias interações com outros medicamentos", explica Antoine Flahault.

Outro problema é que algumas variantes, como a ômicron, podem reduzir sua eficácia.

- Anticorpos -

A segunda grande categoria são os anticorpos monoclonais, que devem ser administrados por via intravenosa ou injeção no hospital. Isto pode reduzir o risco de hospitalização e morte em até 80%.

Estes tratamentos são utilizados de duas maneiras, dependendo da medicação escolhida. Podem ser usados preventivamente em pessoas que não podem ser vacinadas ou são administrados em pacientes hospitalizados para evitar a complicação do quadro.

Os principais são o Evusheld do laboratório anglo-sueco AstraZeneca e o Ronapreve da farmacêutica suíça Roche, ambos usados preventivamente, embora o segundo composto também seja curativo.

Os prazos de administração também são curtos. E muitos biomedicamentos perdem eficácia com as diferentes variantes do vírus.

- Países pobres -

Assim como acontece com as vacinas, o acesso aos medicamentos anticovid é muito desigual entre países pobres e países ricos. Aqui também acontece um debate sobre a quebra de patentes.

No ano passado, Pfizer e MSD anunciaram acordos de patentes com a mediação da ONU, o que permite produzir uma versão genérica e mais barata de suas pílulas. Acordos foram assinados com 35 fabricantes de genéricos na Europa, Ásia e América Latina para a produção do Paxlovid e distribuição em 95 países pobres.

Mas a OMS se declarou muito preocupada com o fato de que os países mais pobres continuem com dificuldades de acesso ao Paxlovid.

Ao mesmo tempo, as ONGs prosseguem em sua batalha. "À medida que aparecem novos tratamentos, seria desumano que não estivessem disponíveis nos locais em que os recursos são mais limitados, simplesmente porque estão patenteados e são muito caros", advertiu no início do ano Márcio da Fonseca, conselheiro da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF)

O grupo farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca anunciou nesta sexta-feira (20) resultados promissores de um tratamento anticovid-19 que permite de maneira significativa o risco de desenvolver uma forma sintomática da doença em pacientes com condições frágeis.

Este tratamento com anticorpos (AZD7442) não havia se mostrado eficaz em pessoas já expostas ao vírus. Mas, ao administrá-lo em um paciente antes do contato com o vírus, os resultados apareceram, explica a AstraZeneca em um comunicado.

Neste caso, reduz-se em 77% o risco de desenvolver um forma sintomática, conforme os dados da fase 3, a qual corresponde a testes clínicos em grande escala projetados para medir sua segurança e eficácia.

A AstraZeneca indica, inclusive, que não houve casos graves de covid-19, ou morte.

Destes ensaios, realizados na Espanha, na França, na Bélgica, no Reino Unido e nos Estados Unidos, participaram 5.197 pessoas. Deste universo, 75% apresentavam comorbidades. O tratamento foi administrado por via intramuscular.

"Com esses resultados tremendos, o AZD7442 pode ser uma ferramenta importante no nosso arsenal para ajudar as pessoas que possam precisar de mais do que uma vacina para recuperar uma vida normal", afirmou Myron Levin, professor da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, responsável pelos testes.

"Precisamos de outras abordagens para pessoas que não estão bem protegidas pelas vacinas anticovid-19", acrescentou Mene Pangalos, um alto funcionário da AstraZeneca, que prometeu divulgar dados adicionais sobre os testes até o final do ano.

O laboratório especifica que enviará uma solicitação às autoridades sanitárias para obter sua aprovação para uso emergencial, ou uma validação nas condições do tratamento, cujo desenvolvimento é financiado pelo governo dos Estados Unidos.

A AstraZeneca foi, também, uma das primeiras a validar sua vacina contra a covid-19. Inicialmente, seu imunizante gerou dúvidas, devido aos raros efeitos colaterais, o que levou alguns países a limitarem seu uso.

- Perda de eficácia

No mesmo tema, um estudo da Universidade de Oxford divulgado na quinta-feira (19) revelou que a vacina da Pfizer/BioNtech é mais eficaz para combater infecções relacionadas com a variante delta do coronavírus, mas sua eficácia diminui mais rápido do que a da vacina da Oxford/AstraZeneca.

Entre dezembro de 2020 e agosto de 2021, os cientistas da Universidade de Oxford examinaram amostras de quase 700.000 pessoas.

E a análise permitiu estabelecer que, para as infecções com carga viral elevada, uma pessoa que recebeu a segunda dose da Pfizer um mês antes estava 90% mais protegida contra a variante delta do que uma pessoa não vacinada. O percentual cai para 85% dois meses depois, e 78%, três meses depois.

Paralelamente, as pessoas que receberam as duas doses da AstraZeneca estão protegidas em 67% um mês depois; 65%, dois meses depois; e 61%, três meses depois.

Após quatro ou cinco meses, o nível de proteção oferecido pelas duas vacinas é similar, segundo o estudo, que ainda não passou por uma revisão.

Um ano após o início da pandemia, a ciência ainda não inventou um tratamento milagroso contra a Covid-19: apenas uma família de medicamentos, os corticosteroides, demonstrou sua eficácia, ao contrário de outras moléculas muito esperadas, como remdesivir.

OS QUE SÃO EFICAZES

- Dexametasona e outros corticoides

A dexametasona é o único tratamento que reduz a mortalidade de covid-19 e desde setembro é recomendada para pacientes em estado grave pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que se baseiam em um vasto estudo britânico, o Recovery.

No entanto, não deve ser administrado no início da doença, pois diminui as defesas imunológicas. É justamente por isso que atua nos pacientes mais graves, pois reduz a aceleração do sistema imunológico - a chamada tempestade de citocinas - responsável pela perigosa inflamação.

Os demais medicamentos da mesma família, os corticoides, também reduzem a mortalidade em 21% após 28 dias, de acordo com vários estudos publicados em setembro na revista médica americana Jama.

A OMS, portanto, recomenda o "uso sistemático de corticoides para pacientes em estado grave ou crítico".

- Anticoagulantes

Como os corticoides, os anticoagulantes são usados entre os pacientes nas condições mais graves. O objetivo é evitar coágulos sanguíneos, uma das complicações da covid-19.

OS QUE SÃO INSUFICIENTES

- O remdesivir

Grandes esperanças foram colocadas neste tratamento antiviral, inicialmente desenvolvido contra o Ebola.

No dia 8 de outubro, a Comissão Europeia anunciou que havia fechado um acordo com seu fabricante, Gilead, para o fornecimento de 500 mil doses.

Em 22 de outubro, a Administração de Drogas dos Estados Unidos (FDA) autorizou o remdesivir permanentemente.

No total, esse medicamento rendeu à Gilead quase 900 milhões de dólares no terceiro trimestre. Mas, em 20 de novembro, a OMS desaconselhou dá-lo a pacientes internados com covid-19, pois, de acordo com as conclusões de quatro ensaios clínicos internacionais que comparam a eficácia de vários tratamentos, este não evita mortes ou casos graves.

Segundo a OMS, é prematuro concluir que o remdesivir, vendido sob a marca Veklury, não apresente benefícios. Mas o fato de sua eficácia não ter sido demonstrada, aliada ao seu custo e potenciais efeitos colaterais - especialmente para os rins - levou à não recomendação de seu uso.

Em contrapartida, um estudo publicado no final de maio no American New England Journal of Medicine mostrou que a medicação reduziu ligeiramente o tempo de recuperação de pacientes hospitalizados (de 15 para 11 dias em média).

OS DESCARTADOS

- A hidroxicloroquina

Este antimalárico, defendido com unhas e dentes pelo agora famoso médico francês Didier Raoult, foi o assunto de um acalorado debate em que líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro tomaram partido (a favor).

Mas estudos, especialmente o vasto estudo British Recovery, mostraram que a hidroxicloroquina é ineficaz contra a covid-19.

Os resultados detalhados foram publicados em 8 de outubro no New England Journal of Medicine.

A saga também foi marcada por um escândalo acadêmico: no início de junho, a prestigiosa revista The Lancet teve que retirar um estudo crítico com a hidroxicloroquina por suspeitas de fraude em sua metodologia.

- Lopinavir-ritonavir

Administrada contra o vírus da aids, a combinação dessas duas drogas antivirais comercializadas sob o nome de Kaletra não é eficaz entre os pacientes hospitalizados por covid-19, de acordo com o Recovery, cuja publicação detalhada ocorreu em 6 de outubro no The Lancet.

OS QUE CONTINUAM SOB EXAME

- Tocilizumab

Esse imunossupressor, usado contra a artrite reumatoide, poderia ser usado para combater o fenômeno inflamatório responsável pelos casos mais graves de covid-19. No entanto, até agora, os estudos não forneceram uma resposta categórica.

Pesquisadores do Imperial College London anunciaram em 19 de novembro que o tocilizumabe parece ter um efeito benéfico, de acordo com os primeiros resultados de seu ensaio clínico ainda preliminar.

Três estudos publicados em outubro na revista Jama Internal Medical relataram resultados mistos.

O estudo Recovery, que testa essa droga em grande escala, pode fornecer mais informações nas próximas semanas.

- Anticorpos de síntese

Esses anticorpos chamados "monoclonais" são produzidos em laboratório e injetados por via intravenosa para apoiar o sistema imunológico na neutralização da SARS-CoV-2.

Trump recebeu esse tratamento experimental, fabricado pela empresa americana de biotecnologia Regeneron.

A FDA aprovou em novembro o "uso emergencial" desse tratamento e de outro semelhante, fabricado pela farmacêutica Eli Lilly.

Mas a eficácia dos anticorpos sintéticos da Regeneron continua a ser avaliada, especialmente pelo Recovery.

- Plasma

Trata-se de dar ao doente uma transfusão de plasma sanguíneo retirado de pacientes curados para se beneficiar de seus anticorpos.

Segundo alguns estudos, esse tratamento foi eficaz no tratamento do vírus Ebola e da SARS, da mesma família do novo coronavírus.

A recuperação atualmente compara se a distribuição de plasma é mais eficaz do que outros tratamentos.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou na noite dessa terça-feira (23), por um placar de 48 votos a 18, o texto do relator Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) pela admissibilidade da Prosposta de Emenda à Constituição (PEC 6/19), que trata da reforma da Previdência. A PEC segue agora para análise de uma comissão especial que, segundo a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann, deve ser instalada nesta quinta-feira (25).

A PEC da reforma da Previdência está em tramitação na Câmara há dois meses. Para concretizar a aprovação de seu relatório, o deputado  Delegado Marcelo Freitas, apresentou uma complementação de voto para retirar quatro prontos da proposta, que, segundo ele, estavam em desacordo com a Constituição. O parlamentar anunciou a medida ontem acompanhado do secretário especial de Previdência, Rogério Marinho.

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Os quatro itens que foram suprimidos da proposta foram negociados com líderes da base governista. O primeiro é o fim do pagamento da multa de 40% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do recolhimento do fundo do trabalhador aposentado que voltar ao mercado de trabalho.

O segundo ponto é a concentração, na Justiça Federal em Brasília, de ações judiciais contra a reforma da Previdência. Os outros pontos são a exclusividade do Poder Executivo de propor mudanças na reforma da Previdência e a possibilidade de que a idade de aposentadoria compulsória dos servidores públicos (atualmente aos 75 anos) seja alterada por lei complementar, em vez de ser definida pela Constituição, como atualmente.

A sessão

A votação do parecer sobre a PEC da reforma da Previdência do relator Delegado Marcelo Freitas durou mais de oito horas e foi aprovada sob protestos da oposição. A líder da minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB –RJ), apresentou um requerimento de pedido de adiamento da votação do relatório por 20 sessões até que fossem apresentados os dados que embasam a proposta de reforma da Previdência. Um dos argumentos é que a PEC é inconstitucional pois não está acompanhada da estimativa do impacto orçamentário e financeiro, como determina o Artigo 113 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 

Embora a deputada tenha argumentado que o requerimento tinha assinatura de 110 deputados, durante a sessão, o presidente da comissão, Felipe Francischini (PSL-PR), informou que o protocolo de requerimento não atingiu as 103 assinaturas suficientes para ser aceito, pois segundo Francischini, algumas assinaturas não foram reconhecidas, o que gerou um dos vários tumultos que ocorreram durante a sessão. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que deve entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do presidente da CCJ.

Durante a sessão da comissão foram rejeitadas diversos requerimentos pedindo o adiamento por diferentes prazos, como duas, três ou mais sessões. Um dos principais argumentos para os pedidos de adiamento era a falta de mais dados que embasaram o Executivo na elaboração da proposta de reforma da Previdência.

A sessão também teve tumulto e obstrução por parte da oposição e muita discussão entre parlamentares favoráveis e contra o projeto.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou hoje (3) que, antes da Cúpula dos Líderes do G20, que acabou há dois dias em Buenos Aires, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse a ele que quer avançar nas negociações entre o Nercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE).

"Falei antes de começar o G20 com o meu novo colega Jair Bolsonaro, e ele me confirmou que quer avançar neste acordo, mas precisa ver como está e tomar a sua posição", disse Macri, em entrevista coletiva, em Buenos Aires, convocada para analisar os resultados da reunião dos líderes das maiores economias mundiais.

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A União Europeia e o Mercosul negociam um acordo baseado em três pilares - diálogo político, cooperação e livre-comércio - há quase duas décadas. Nos últimos dois anos, o processo ganhou fôlego, e várias são as vozes que consideravam que a assinatura definitiva esteja próxima.

Macri antecipou hoje que deve conversar com Bolsonaro nos próximos meses e debater o tema e anunciou que, no próximo dia 10, haverá uma nova reunião técnica entre a União Europeia e o Mercosul, quando deve acontecer algum "avanço".
"Claramente é um acordo muito demorado. Há mais de 20 anos que esta negociação existe."

O presidente argentino disse que todos os líderes concordaram que esse acordo é uma grande oportunidade para todos e citou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e os primeiros-ministros da Espanha, Pedro Sánchez, e da Itália, Giuseppe Conte.

"Infelizmente todas essas demoras fizeram com que haja uma nova autoridade [Jair Bolsonaro], embora ainda não tenha assumido no Brasil", ressaltou.

Entre as 17 reuniões bilaterais que ocorreram de forma paralela à cúpula do G20, Macri destacou a que manteve com a primeira-ministra britânica, Theresa May. "Sabemos que o Reino Unido está se separando da Europa, e isso também abre oportunidade de gerar convênios de troca específicos com o Mercosul, e eles também estão abertos", afirmou. 

*Com informações da Agência EFE

O parecer do senador Armando Monteiro (PTB-PE) ao projeto de lei que propõe a criação da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE), com sede no município de Garanhuns, foi aprovado pela Comissão de Educação, nesta terça-feira (27).

Oriundo da Câmara dos Deputados, o projeto segue para votação no plenário do Senado e retorna em seguida ao exame final da Câmara. Orçada em R$ 121 milhões, a UFAPE resultará do desmembramento do campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Garanhuns.

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Segundo o parecer, os alunos do campus da UFRPE passam a integrar automaticamente a UFAPE. A criação dos cargos de reitor e vice-reitor, 600 vagas para professores na nova universidade, além de cargos administrativos também são defendidas pelo senador.

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Da autorização para que as mulheres dirijam carros até a abertura de salas de cinema, nos últimos meses foi anunciada na Arábia Saudita uma série de reformas sociais e econômicas promovida pelo jovem príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.

Em um reino ultraconservador regido por uma versão muito rigorosa do Islã sunita, as mulheres devem usar o véu integral em público e precisam da permissão de um tutor masculino (pai, marido, ou irmão) para viajar ou estudar.

'Visão 2030'

Em 25 de abril de 2016, o Conselho de Ministros aprova um vasto plano de reformas, chamado "Visão 2030", destinado a diversificar a economia saudita, muito dependente do petróleo. Devido à queda dos preços do petróleo em 2014, Riad teve que reduzir drasticamente o seu gasto público.

Iniciado por Mohammed bin Salman, de 32 anos, este plano prevê introduzir na Bolsa uma parte da gigante do petróleo Aramco. O príncipe revela igualmente uma série de megaprojetos destinados a estimular o crescimento e o emprego.

Turismo

Em 1º de agosto de 2017, Riad anuncia o lançamento de um projeto turístico que consiste em transformar cerca de 50 ilhas do Mar Vermelho em estações balneárias de luxo. Em outubro, a Arábia Saudita anuncia que começará a entregar vistos de turismo com o objetivo de fomentar as visitas.

Mulheres nos estádios

Em 23 de setembro de 2017, centenas de mulheres sauditas vão pela primeira vez a um estádio de Riad pela festa nacional. Depois as autoridades anunciam que as mulheres poderão assistir a eventos esportivos em três estádios a partir de 2018.

Em breve, o volante

Em 26 de setembro, o último país no mundo a proibir que mulheres dirijam anuncia que a partir de junho de 2018 elas poderão ficar atrás do volante.

Arábia 'tolerante'

Em 24 de outubro, Mohammed bin Salman promete uma Arábia Saudita "moderada" e "tolerante". "Não vamos passar outros 30 anos de nossas vidas nos acomodando com ideias extremistas. Vamos destruí-las agora", disse durante um fórum econômico.

Anuncia também a criação de uma gigantesca zona de desenvolvimento econômico (NEOM) na fronteira com Egito e Jordânia, com investimentos projetados de mais de 500 bilhões de dólares.

Expurgo sem precedentes

No início de novembro, mais de 200 personalidades, entre elas ministros, ex-ministros e homens de negócios, são detidas, e algumas presas em um palácio da capital. Este expurgo sem precedentes ocorre depois do estabelecimento de uma Comissão Anticorrupção presidida pelo próprio Mohammed bin Salman.

Em dezembro, o procurador-geral assinala que a maioria dessas personalidades aceitou um acordo financeiro em troca de sua libertação.

Entretenimento

A Autoridade Geral do Entretenimento quer fazer esquecer a reputação de reino inflexível, diante da reticência dos conservadores. Nos primeiros dias de dezembro, Riad recebe um festival de comediantes amadores, um show do compositor grego Yanni, acompanhado de cantoras femininas, e o primeiro show reservado às mulheres, com a cantora libanesa Hiba Tawaji.

Em fevereiro, o país havia organizado em Jidá (oeste) o seu primeiro festival de cultura pop, a Comic-Con.

Telona

Em 11 de dezembro, as autoridades anunciam a abertura de salas de cinema a partir do início de 2018. Em janeiro, o mufti da Arábia Saudita, a máxima autoridade religiosa do país, ficou indignado com a possível abertura de cinemas e com shows, criticando que seriam fontes de "depravação".

Milhares de pessoas foram à principal avenida de Montevidéu, capital do Uruguai, para participar da Marcha da Maconha de 2017 e pedir mudanças na legislação do país, em especial, o avanço no uso da planta em âmbito medicinal. As informações são da Agência EFE. 

Os ativistas marcharam da Praça da Liberdade de Montevidéu até a Torre Executiva, sede da presidência, com cartazes de protesto. No fim da manifestação, os organizadores leram um manifesto e exigiram uma "maior vontade política para habilitar possíveis vias de acesso à maconha medicinal como espécie vegetal ou complemento alimentar".

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O Uruguai aprovou em 2013, no governo do presidente José Mujica, a lei de distribuição e produção de maconha que estabeleceu três modos de acesso à substância: a compra em farmácias, o autocultivo e os clubes de consumo para usuários.

No entanto, o acesso à maconha medicinal ainda é restrito. "Isso é legalmente possível e humanamente necessário para contar com possibilidade de termos padrões de qualidade, com garantias de 'perfil cannábico' e ausência de toxicidade", diz o manifesto.

Os organizadores da Marcha da Maconha no Uruguai pediram que o Ministério de Saúde "destrave" o caminho para uma produção nacional de cannabis com fins medicinais. "Desta forma, aqueles com poucos recursos também poderão comprá-la e não só aqueles que são mais ricos e podem pagar a importação dos Estados Unidos", afirmaram.

Os ativistas também citaram a abertura do cadastro para que usuários possam comprar maconha em farmácias. O processo começou no dia 2 de maio e já tem mais de 1.400 pessoas, 6.662 autocultivadores e 62 clubes de membros para o consumo da erva.

Apesar de reconhecerem que a abertura do cadastramento ocorreu "dentro da aplicação da lei", os manifestantes afirmam que a quantidade de locais que distribuem a droga são poucos. Por esse motivo, eles pediram que o governo melhore a rede de distribuição, fiscalize as duas empresas que venceram a licitação para produzir a maconha legal e aumente os controles de qualidade e quantidade da produção.

Na noite desta quarta-feira (26), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), em nota enviada à imprensa, se pronunciou sobre a greve geral que acontece nesta sexta-feira (28). O socialista declarou que os “avanços conquistados no país foram frutos da mobilização popular com a participação ativa da sociedade”.  

“Esses movimentos, sempre que ocorreram no nosso país, trouxeram coisas positivas. Espero que essa manifestação de sexta-feira tenha esse papel", frisou Câmara. 

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O gestor, mais cedo, em entrevista, também falou sobre a reforma da Previdência. Na sua visão, “ainda há tempo disponível para ampliar a discussão sobre as mudanças na previdência”.

“Ainda temos duas ou três semanas até a votação do projeto. Tempo, portanto, para aprofundar o debate e construir um acordo. É fundamental que uma decisão desta dimensão seja encaminhada com diálogo e com todos podendo dar sua contribuição sem preconceitos. Não podemos interditar o diálogo”, salientou Câmara. 

Já o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, nesta quarta (26), continuou firme sobre a decisão da Executiva do partido de fechar questão contra as reformas da previdência e trabalhista. Siqueira disse que não há como rever uma decisão que teve apoio de “quase 95%” dos socialistas. 

Os deputados federais continuam analisando, em plenário, o texto da reforma Trabalhista. A sessão começou às 8h20 e o governo espera que a etapa seja concluída ainda hoje. A medida tramita em regime de urgência e precisa, posteriormente, passar pelo Senado. Caso aprovada, ainda precisa da sanção presidencial antes de entrar em vigor.

O ouro fechou em alta nesta segunda-feira, 13, após nove sessões seguidas de baixa no contrato. O avanço, embora modesto, foi impulsionado pelas incertezas sobre as eleições na Holanda, nesta semana, após a forte expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve elevar os juros reduzir a demanda pelo metal em pregões anteriores.

O cobre para abril fechou em alta de US$ 1,7 (0,14%), a US$ 1.203,10 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).

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Nas últimas sessões, o fato de que o Fed deve apertar a política monetária nesta quarta-feira pressionou o ouro. A alta de juros impulsiona o dólar e tende a afetar a demanda de commodities negociadas nessa moeda. Além disso, o ouro compete com ativos que pagam retorno e nesse contexto também fica sob pressão.

Analistas do UBS Wealth Management afirmaram que é importante agora saber se o banco central americano sinalizará que pode elevar os juros a um ritmo mais rápido nos próximos anos. Caso o Fed aponte que pode elevar quatro vezes o juro em 2017, isso pressionará o ouro, dizem eles.

Atualmente, as projeções apontam para três altas. Por outro lado, os economistas dizem que as eleições na França e na Alemanha geram incerteza política suficiente para apoiar o preço do metal, que pode chegar a US$ 1.300 a onça-troy dentro de um ano. Fonte: Dow Jones Newswires.

Para explicar a importância da igualdade entre gêneros para os homens, a socióloga Eva Blay diz que sempre conta uma historinha. “Eu fazia a conta. Você [homem] ganha R$ 20. A tua mulher ganha R$ 10. Quanto entrou na sua casa? R$ 30. Então ficou faltando quanto? Quem ficou com esses R$ 10 [que estão faltando]? Quando você joga essa pergunta: 'quem ficou com os R$ 10?' – e não foi nem você, nem sua mulher nem sua casa – era fantástico”, disse, em entrevista dada à Agência Brasil, na semana passada, no campus da Universidade de São Paulo (USP), na sede do escritório da USP Mulheres.

Eva prefere não falar de si, mas sua história de luta pelos direitos das mulheres é longa. Socióloga e professora titular da Universidade de São Paulo (USP), Eva Blay, 79 anos, foi senadora e atualmente coordena o Escritório USP Mulheres, que trabalha para o enfrentamento da violência contra a mulher, para a garantia da igualdade de gênero no Brasil e conta com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Para ela, o feminismo avançou muito ao longo dos anos, mas a consolidação dos direitos das mulheres no mundo nunca foi, de fato, consagrada. “Na sociedade não existe, nunca [houve] uma consolidação. O que existe é sempre um processo”, destacou.

Na entrevista, Eva fala sobre o surgimento do Dia Internacional da Mulher e diz que a data remonta a várias lutas femininas.

Ela destaca que a violência contra a mulher continua em todo o mundo, mas que no Brasil a distorção é ainda pior. “O Brasil está em quinto lugar no assassinato de mulheres”, destaca.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Agência Brasil: Como teve início as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher?

Eva Blay: O dia 8 de março não começou no dia 8 de março. Começou com a Clara Zetkin, uma socialista que apresentou em um congresso socialista [2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas], em 1911, uma proposta de um dia internacional para as mulheres. Então, como socialista, ela queria uma coisa geral. Naquela época, mais ou menos como agora, havia uma série de dificuldades. Mas acho que, naquela época, a situação era pior. As mulheres não tinham horário de trabalho. Então, trabalhava 12 horas, 15 horas, as crianças trabalhavam. Quando as mulheres, naquela época, saíram às ruas com essa proposta - ainda era época do czar - elas achavam, e aí já não eram as socialistas, que podiam conseguir do czar um certo apoio, uma certa redução da jornada, mas ele mandou a polícia para cima delas e foi um morticínio total. Depois disso, sempre do ponto de vista político, as mulheres continuaram a lutar por um dia de reivindicação, um dia de luta, não festivo. Mas em vez de pensar em luta, o que a sociedade capitalista inventou? Vamos dar bombons e flores. Ora, nós não queremos bombons e flores apenas. Venham os bombons e as flores, mas não só isso. O que nós queremos é a igualdade de direitos e de deveres como está na Constituição de 1988.

Agência Brasil: E quais foram os avanços conquistados pelas mulheres desde então?

Eva: Homens e mulheres são iguais perante a lei. E ser igual significa o que? As mesmas oportunidades de estudar, de não ter limitações nas carreiras, de não ter um teto de vidro que limita a ascensão das mulheres nas carreiras. Enfim, uma mudança geral na estrutura da sociedade. E estou falando especialmente da brasileira. Mas isso acontece em todas as outras sociedades. Por volta dos anos 50, essa reivindicação tornou-se o centro do movimento feminista no mundo todo. Não era só socialista, era feminista, era suprapartidária. E o movimento feminista incluiu todas essas reivindicações: a igualdade de direitos, a igualdade sobre, por exemplo, na família, de a mulher poder dizer quem é seu filho e quem é o pai do seu filho. Nós não podíamos fazer isso. A mulher, para trabalhar, precisava de autorização do marido. Para viajar, precisava de autorização. Ela não podia nem usar o próprio dinheiro. O movimento feminista começou a trabalhar todas essas questões. E, de uma certa maneira, avançamos. Avançamos do ponto de vista do direito, do ponto de vista da educação, as mulheres se tornaram altamente escolarizadas comparando com os homens e muitas foram para a universidade. O caminho da universidade é mais ou menos heterogêneo. Nas carreiras que são das ciências chamadas duras ou exatas, temos menos mulheres que homens. Mas estamos fazendo muita força para ampliar isso.

Agência Brasil: E o que falta conquistar?

Eva: Qual foi a área que não avançou? A violência. Na violência, nós não conseguimos avançar. Ela continua. Na pior situação, há o assassinato de mulheres, a violência dentro de casa, o estupro, o incesto. Tudo isso continua acontecendo e esta é a área que a gente menos conseguiu avançar. Não só no Brasil como na América Latina toda e no mundo, de forma geral. Mas aqui a distorção é muito pior.

Agência Brasil: Por que você diz que aqui é muito pior?

Eva: Por causa do número de mulheres. O Brasil está em quinto lugar no assassinato de mulheres.

Agência Brasil: A senhora tem escrito artigos destacando esse momento que o mundo vive com Trump [Donald Trump, presidente dos Estados Unidos] e Putin [Vladimir Putin, da Rússia]. Como a senhora enxerga épocas como essa que parecem de retrocesso?

Eva: Acho que vivemos um momento em que há várias forças em atuação. Evidentemente, quando você pega alguns grupos religiosos ou alguns indivíduos conservadores e muito conservadores, eles não admitem os avanços que nós conseguimos. Tem um aí que acha que a mulher tem que ser subserviente ao homem. Ou ele acha que o casamento entre homossexuais é uma aberração. Não concorda com o aborto mesmo em caso de anencéfalos. Até em coisas que já avançamos existem aqueles que querem voltar atrás. Por isso, acho muito importante a gente nunca perder de vista que o feminismo avançou, mas não consagrou os avanços. Você tem que estar sempre alerta porque senão volta para trás. Vide o Trump que, nos Estados Unidos, quem imaginaria que ia fazer as propostas tão retrógradas como ele está fazendo?

Agência Brasil: Há como recuperar o Dia Internacional da Mulher como um evento de luta? Esse ano parece um ano especial, de mobilização e de greves, em nível internacional. Tem como voltar a marca do dia de luta e não do dia de bombons?

Eva: Acho que hoje em dia ninguém ousa pensar o Dia Internacional da Mulher como o dia do bombom. Eu não vejo mais isso não. Se você andar pela rua ou mesmo aqui pelo campus [da USP], o que você vê? Frases e cartazes assim [ela mostra postais com frases que pedem o fim do assédio e da violência contra a mulher], de que isso tem que parar. A violência sexual tem que parar. Elas podem ser chefes no trabalho, elas podem andar como quiserem. Você deve apoiá-las. Isso nós estamos fazendo. Agora, elas podem sair à noite sozinhas. Hoje você pega uma adolescente e ela não aceita mais vir com essa conversa. Ela quer andar de shorts sim, decotada sim e ninguém tem nada a ver com isso. Elas já absorveram esse feminismo.

Agência Brasil: Esse é o momento que você falou que está faltando, da consolidação do feminismo?

Eva: Na sociedade não existe, nunca [houve] uma consolidação. O que existe é sempre um processo. É um processo que pode ir e voltar. Se você comparar hoje com, por exemplo, quando conquistamos o direito ao voto, quando a Bertha Lutz [biológa] lutou pelo direito ao voto, em 1920. Sabia que ela jogava panfletos por avião? Quem tinha avião naquela época? Ela fez todo um trabalho de direito ao voto. Então já era uma coisa forte. Havia muitas jornalistas feministas. Se você pegar de 1850 para frente, o número de mulheres jornalistas e feministas era muito grande. E depois teve um retrocesso.

Agência Brasil: As adolescentes podem ser um novo [avanço]?

Eva: Acho que estamos avançando. Por exemplo, na violência, a gente não superou os limites. Mas a gente tem a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio. Mas agora é uma questão de cultura. Você tem a lei, mas não tem ainda a cultura para implantar isso.

Agência Brasil: Tem alguma lei que pode ajudar?

Eva: Lei não adianta. A lei ajuda. Ela pune. Isso é importante. Mas nós vivemos em uma cultura patriarcal, uma cultura machista. Então, enquanto você viver em uma cultura machista, você não consegue acabar com isso. Vou dar um exemplo. Tem um fulano, que não quero citar, que matou a mulher e era uma pessoa notória porque ganha dinheiro. Dois dias depois, o que vejo nos jornais? A seguinte frase: 'fulano de tal [ela não diz o nome, mas ela está falando do goleiro Bruno, condenado por assassinato] está muito magoado com seus companheiros que não foram visitá-lo na prisão'.  Eu acho que os companheiros não foram visitá-lo na prisão porque não estavam de acordo por ele ser um assassino. Mas a mídia não está passando isso. A mídia está passando 'coitado, ele pagou o seu crime, então agora ele tem que ser recepcionado'. Você colocar na mídia essa tentativa de dizer vamos recuperá-lo? A moça sumiu. Nunca se achou o corpo dela.

Agência Brasil: E as transgêneras?

Eva: Gênero significa o seguinte: quando você está pensando em uma pessoa, em um corpo, até agora a gente pensava apenas do ponto de vista biológico. Hoje não pensamos mais do ponto de vista biológico. Hoje pensamos mais. Você vive em uma sociedade e é a sociedade que tem uma cultura que vai ensinar para você a ser mulher, a ser homem. Isso é gênero. Gênero é o contexto dentro do qual as pessoas estão. Ao lado disso você tem homens que podem ser biologicamente homens, mas não se sentem homens, se sentem mulheres. E vice-versa. Homens que são bissexuais, mulheres que são bissexuais. Hoje tem os crossdresser [termo que designa pessoas que se vestem com roupas associados ao sexo oposto], que é uma coisa muito interessante, que são homens que se vestem como mulheres. É raríssimo o caso contrário, mas tem também. Você vive em uma sociedade que, felizmente, as coisas agora estão aparecendo. Em vez de o cara ficar enrustido ou se suicidar, em vez de ele ficar sofrendo, hoje em dia não. Claro que não é todo mundo que hoje em dia aceita essa decisão. Porque a pessoa é o que ela é. Não importa. Desde os 3, 4 anos de idade, ela já começa a se definir. Ela não está escolhendo. Faz parte dela essa atuação, essa maneira de ser. 

Agência Brasil: O 8 de março é um dia de luta também para a mulher trans?


Eva: Elas podem, por que não? Acho que sendo um dia internacional, cada um vai para a rua fazer o que quer.

O ex-presidente Lula afirmou que o Partido dos Trabalhadores (PT) incomoda muitas pessoas. “A novidade não é você disputar que passarela você vai fazer porque qualquer um faz passarela. A novidade é você permitir que o doutor que mora na cobertura possa dar um palpite igual ao que mora num barraco na vila mais longínqua onde vai ser gasto o dinheiro. Essa é a revolução que nós precisamos no Brasil e é por isso que o PT incomoda tanto. É por isso que o PT causa tanta polêmica”. A declaração foi publicada nesta sexta-feira (10), na sua página do Facebook, por meio de um vídeo. 

Ele também declarou que, há 37 anos, foi criado um partido de trabalhadores dirigindo trabalhadores. “E nós começamos a tentar ensinar como fazer política. Como fazer o jovem gostar de política e como motivar a fazer. Como ele participar das decisões das coisas que vão acontecer na cidade”, declarou.

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Lula ainda escreveu que a sigla “nas últimas três décadas conseguiu cumprir seu objetivo, embora muitos queiram negar os avanços pelos quais o Brasil passou na era de Dilma e Lula. O PT não é o partido de uma só pessoa. É o partido de milhões que têm direito a uma vida digna”. 

Um tratamento experimental contra o mal de Alzheimer se mostrou promissor e livre de efeitos colaterais, anunciaram pesquisadores americanos nesta quarta-feira. A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, se baseou em uma pequena amostra de 32 pessoas e deu origem a dois ensaios clínicos mais amplos que estão agora em andamento, com mais de 3.000 indivíduos.

O tratamento utiliza um composto chamado verubecestat, desenvolvido pela gigante farmacêutica Merck, que reduz os níveis das proteínas chamadas beta-amiloides ao bloquear uma enzima conhecida como BACE1. Nas pessoas que têm Alzheimer, as proteínas se agrupam em placas que danificam o cérebro, afetando habilidades cognitivas, especialmente a memória. A enzima desempenha um papel fundamental na produção dessas proteínas.

As 32 pessoas que participaram do primeiro ensaio clínico tinham sido diagnosticadas com Alzheimer leve ou moderado. Laboratórios farmacêuticos estão trabalhando para desenvolver compostos que podem parar ou mesmo reverter a formação destas placas. Até agora, os produtos desenvolvidos para neutralizar a enzima BACEI tinham efeitos colaterais muito tóxicos, como danos no fígado ou neurodegeneração grave.

Mas o verubecestat não apresentou efeitos adversos, disse Matthew Kennedy, do laboratório de pesquisa da Merck, no estado de Nova Jersey. Os pesquisadores descobriram que uma ou duas doses do composto foram suficientes para baixar os níveis de proteína sem causar efeitos colaterais. Os dois ensaios clínicos de Fase III em andamento, que vão avaliar a eficácia do verubecestat, serão concluídos em julho de 2017.

Se os resultados forem bons, o composto poderia ser comercializado como uma pílula em dois ou três anos. O número de pessoas nos Estados Unidos que sofrem de Alzheimer pode ultrapassar 28 milhões em 2050, depois de toda a geração dos 'baby boomers' ter completado mais de 80 anos, de acordo com projeções.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 36 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem alguma forma de demência, sendo a maioria delas o mal de Alzheimer. A previsão é que esse número dobre até 2030, ultrapassando 65,7 milhões, e triplique em 2050, para 115,4 milhões, se nenhum tratamento efetivo for encontrado nos próximos anos.

Ao anunciar uma nova ofensiva para "erradicar" o câncer, o presidente norte-americano Barack Obama reforçou o combate contra uma doença que anualmente mata mais de 8 milhões de pessoas em todo o mundo, apesar dos importantes avanços terapêuticos recentes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são detectados 14 milhões de casos novos a cada ano, número que poderia aumentar 70% nos próximos 20 anos, dos quais a terceira parte seriam causados por fatores como tabaco, álcool, obesidade, sedentarismo e alimentação.

Os tratamentos atuais, muitas vezes fornecidos em associação, permitem curar muitos doentes com bom prognóstico (próstata, testículos, mama, tireoide e certas leucemias) e prolongar significativamente a sobrevivência de outros.

O tratamento mais antigo, que começou a ser administrado no final do século XIX, é a cirurgia. Consistem em remover o tumor ou os gânglios linfáticos invadidos pelos tumores cancerosos.

Desenvolvida no início do século XX, a radioterapia consiste em utilizar raios de energia elevada para destruir as células doentes. Se desenvolveu rapidamente nos últimos 20 anos graças a importantes avanços técnicos que permitiram definir com grande precisão as zonas a tratar e limitar a exposição de tecidos saudáveis.

A quimioterapia consiste por sua vez em utilizar medicamentos para eliminar as células cancerosas. Atualmente, é usada numa quantidade grande de casos de câncer, em geral associada a cirurgia ou radioterapia, o que permitiu aumentar a sobrevivência. Mas como também ataca células saudáveis, pode acarretar efeitos secundários importantes.

Reservada a certos casos como o câncer de mama ou de próstata, a hormonoterapia provoca a morte de células tumorais num prazo mais longo, criando um entorno hormonal desfavorável.

Certos casos de câncer (pulmão, fígado ou pâncreas) não respondem tão bem aos atuais tratamentos e outros apresentam recaídas, levando os investigadores a buscar novas respostas terapêuticas.

Entre elas aparecem a imunoterapia, uma técnica que se esforça para "mobilizar" as defesas imunes do paciente contra sua própria doença. Segundo alguns pesquisadores, pode transformar o tratamento de algumas formas de câncer. Recentemente, resultados animadores foram obtidos no tratamento do melanoma avançado e certos tipos de câncer de pulmão.

Outra pista promissora são os tratamentos específicos contra certas moléculas que participam no crescimento da doença. É utilizado em certos casos de câncer no sangue, mas também de mama, pulmão e aparelho digestivo.

Além dos tratamentos que apontam diretamente para as células cancerosas, alguns atacam diretamente o desenvolvimento dos vasos sanguíneos que alimentam o tumor.

Em estado ainda experimental, a terapia genética consiste em "injetar" um gene numa célula, substituindo um gene deficiente ou induzir a fabricação de uma substância destinada a destruir as células cancerosas.

Isso levou a inúmeros testes clínicos e foi particularmente eficaz em crianças que sofrem de câncer no sangue. Também está sendo testado contra o câncer de pâncreas.

A presidenta Dilma Rousseff sancionou sem vetos, no dia 25 de junho do ano passado, o Plano Nacional de Educação (PNE), que tramitou por quase quatro anos no Congresso Nacional. O primeiro prazo do plano, de um ano de vigência, acabou ontem. O MEC anunciou uma série de medidas que, na sua avaliação, cumprem metas no âmbito da União. Para entidades, no entanto, o PNE avançou lentamente e ainda há muito o que fazer.

O plano estabelece 20 metas para serem cumpridas até 2024, que vão desde a educação infantil à pós-graduação. Além disso, incluem a valorização dos professores e o aumento de investimentos no setor, que deverá saltar dos atuais 6,6% do Produto Interno Bruto (PIB) para 10% do PIB até o fim da vigência.

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Para que os objetivos finais sejam alcançados, o plano estabelece estratégias e metas intermediárias que devem ser cumpridas ao longo da sua vigência. No primeiro ano, até ontem, nove ações que envolviam a União, os estados, municípios, o Executivo e Legisaltivo deveriam ter sido concluídas. Entre elas, está a aprovação da Lei de Responsabilidade Educacional - que deverá assegurar o padrão de qualidade da educação básica. A lei não foi aprovada.

Entre elas está também o limite para o estabelecimento de normas, procedimentos e prazos para a definição de mecanismos de consulta pública da demanda das famílias por creches. Pela lei, o país deverá ofertar vagas em creches para 50% das crianças até 3 anos de idade. A meta constava no último PNE, que vigorou até 2010, e foi descumprida. Atualmente, o país atende a 27,9% das crianças.

Em relação à alfabetização, o atual plano prevê que haja uma elevação, este ano, da taxa na população com 15 anos ou mais para 93,5%. Ainda não há os dados do ano, mas os últimos disponíveis, de 2013, mostram que essa taxa era 91,7%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, totalizando 13 milhões de analfabetos.

No âmbito dos estados e municípios, terminou ontem o prazo para que aprovassem os próprios planos de Educação, que deveriam, baseados no plano nacional, fazer a própria lei de acordo com a realidade local, podendo ser inclusive mais ousados.

Nessa quarta-feira, houve uma corrida pela aprovação dos planos. Na terça, menos de 2 mil municípios haviam sancionado as leis. O dia terminou com 3.348 planos sancionados. O número de estados com os planos sancionados passou de quatro para oito: Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Paraíba, Paraná e Rio Grande do Sul. Como a lei fala em elaborar e não sancionar, o número de estados que cumpriu o prazo sobe para 21, mais o Distrito Federal, e o de municípios para 5.062. Os dados são do portal Planejando a Próxima Década, do MEC.

O MEC anunciou também, no último dia, algumas medidas para cumprir dispositivos do plano. O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, assinou três portarias - uma que constitui o fórum permanente para acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso salarial nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, outra que institui a Instância Permanente de Negociação Federativa no Ministério da Educação, para fortalecer a articulação entre os sistemas de ensino para atingir as metas do PNE e a criação do Sistema Nacional de Educação. A última propõe uma consulta pública sobre o texto-base da Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica.

O ministro também homologou parecer do Conselho Pleno do Conselho Nacional de Educação, que aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica. "As metas para o primeiro ano foram cumpridas", disse o secretário executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa.

Para entidades que atuam no setor, no entanto, nenhuma das ações prevista no plano para o primeiro ano de vigência foi totalmente cumprida e as medidas adotadas foram tardias. "Não basta o MEC dizer que está bom, a sociedade tem que dizer que está feito e, na minha opinião, claro que não represento toda a sociedade, ainda há muito o que fazer", diz o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. A campanha, que acompanhou toda a tramitação do PNE, é uma rede que reúne mais de 200 organizações.

Para Daniel Cara, os cortes feitos no Orçamento da União mostram a falta de prioridade da educação. O corte na pasta foi R$ 9,42 bilhões, o terceiro maior na Esplanada.  "Não dá para ter Pátria Educadora com corte em educação, isso não existe, é uma contradição", disse.

"Quando fazemos uma comparação com o plano anterior, tivemos avanço. O plano está em movimento. Temos a discussão dos planos nos municípios e nos estados, em um ambiente diferente do anterior. Pena que não cumprimos integralmente as metas estabelecidas", ressaltou o coordenador do Fórum Nacional de Educação (FNE), Heleno Araújo. O FNE é composto por 50 entidades representativas da sociedade civil e do Poder Público.

Ao falar do PNE, Araújo comparou o cumprimento da lei às festas juninas no Nordeste, que são preparadas com antecedência. "Isso que precisamos com esse PNE, cuidar das tarefas com antecedência, não podemos deixar para a última data, o último prazo. A participação é fundamental. É preciso ter coordenação no processo e sabemos que essa coordeação cabe ao MEC. É preciso ter compromisso com o prazo, não apenas apresentar o que está pronto, mas construir com aqueles que terão que acompanhar o processo".

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