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Mulheres saíram às ruas, nesta segunda-feira (15), em dezenas de localidades australianas, para denunciar a violência sexual e reivindicar a igualdade entre os sexos, tendo como pano de fundo as acusações de estupro que abalam o governo conservador.

Um dos principais protestos da campanha #March4Justice ("Marcha pela Justiça") aconteceu em Camberra, a capital federal, perto do Parlamento australiano, abalada nas últimas semanas por acusações de agressão sexual.

Várias vozes denunciam há tempos a cultura sexista da classe política australiana.

"Quantas vítimas você conhece?" e "Eu acredito" eram algumas das frases nos cartazes das manifestantes, muitas vestidas de preto.

Kathryn Jamieson, que viajou de Melbourne especialmente para participar do ato, disse estar "furiosa".

"Queria estar no centro do protesto, estou farta", disse ela à AFP.

"As coisas precisam mudar. Eu fico doente vendo que não acreditam nas mulheres", completou.

Nas últimas semanas, houve dois casos importantes envolvendo ministros, o que enfraquece a posição do governo de centro-direita.

A primeira acusação foi feita por uma ex-funcionária do governo, Brittany Higgins. No mês passado, ela disse que, em 2019, foi estuprada por um colega no gabinete do Parlamento de Linda Reynolds. Na época, Linda era ministra da Indústria de Defesa e, depois, foi ministra da Defesa.

No início de março, o procurador-geral Christian Porter, principal conselheiro jurídico do governo, revelou que é o ministro acusado de ter violentado, em 1988, uma garota de 16 anos com quem estudava. Ela faleceu no ano passado.

Na segunda-feira, Porter, que rejeitou categoricamente as acusações, entrou com uma ação por difamação contra a emissora pública ABC, a primeira a falar do caso.

A rede não revelou a identidade do ministro acusado, mas Porter considera que era "facilmente identificável" e denunciou um "processo midiático".

Segundo a imprensa, mulheres da oposição trabalhista criaram uma página no Facebook nos últimos dias denunciando outras acusações de agressão sexual contra políticos do sexo masculino.

O governo ordenou, por sua vez, uma investigação independente sobre a cultura de trabalho no Parlamento.

Muitas vozes clamam por uma mudança mais profunda, não apenas na classe política, mas em toda sociedade.

O uniforme nas cores azul e amarelo e o sotaque entregam: Aline Viana e Daniela Cook são brasileiras. De fato, são. Mas defendem outra pátria no Mundial de handebol de areia, realizado na Praia do Pina, no Recife. A bandeira que elas representam é a da Austrália, local ainda com pouca tradição no esporte. Para retribuir a acolhida recebida, elas pretendem elevar a nação no cenário da modalidade e fazer uma boa competição.

Nascida em Porto Alegre, Aline Viana mora há oito anos na Austrália, onde ganhou cidadania. A busca pelo handebol de areia não foi por acaso quando deixou o Brasil. “Sempre gostei do esporte e quando cheguei lá, quase enlouqueci porque não estava jogando. Procurei um time, comecei a jogar e, agora, estou representando a seleção australiana”, disse a camisa 13, em seu primeiro ano na equipe.

"Fui para a Austrália há doze anos para fazer mestrado em Educação Física e comecei a jogar pela seleção”
A paulista Daniela Cook também já praticava handebol e, inclusive, o de areia, em São Paulo. No entanto, a modalidade ainda engatinhava. “Jogava na universidade quando o esporte ainda era muito diferente. Dois pontos só valiam o especial, não tinha giro ou aéreo. Parei de praticar, fui para a Austrália há doze anos para fazer mestrado em Educação Física e comecei a jogar pela seleção”, explicou a jogadora, que já disputou dois mundiais de quadra e dois de areia.

O objetivo das duas, ao sair do Brasil, foi de estudar. Aline queria aprender inglês e Daniela fazer o mestrado. Ficaram de vez e o handebol de areia ajudou as segurar por lá. Atualmente, elas atuam pela Universidade de Sidney e nem pensam em voltar. “Não tenho interesse. Moro na Austrália, minha casa é lá. E, além do mais, a seleção brasileira tem muitas jogadoras boas”, garantiu Aline.

“Quando tocou o hino nacional, tive que cantar e o coração bateu mais forte”
No Mundial de handebol de Areia, no Recife, pela primeira vez elas enfrentaram o Brasil. E logo em casa. Contudo, para Aline Viana, não foi muito diferente de enfrentar outras seleções. “Durante o jogo não senti muito porque gosto de ganhar”, disse. “Mas na cerimônia de abertura, quando tocou o hino nacional, tive que cantar e o coração bateu mais forte”, revelou. A sensação foi a mesma para Daniela Cook. “A gente ainda é brasileiro, somos apenas naturalizados. Mas esse é o nosso país de origem”, completou.



A derrota para o Brasil por 2 a 0 estava dentro das expectativas da Austrália. O objetivo na competição é melhorar o nível das australianas. E é isso o que motiva essas brasileiras. “O handebol é novo por lá. Então, queremos fazer um bom resultado e levar para casa. Estamos fazendo o nosso melhor e jogar como equipe. O que conseguirmos, está bom”, ressaltou Aline. “Queremos o melhor para a nossa a seleção. Quanto mais, melhor”, resumiu Daniela.

“Assim que acabar aqui, eu tenho que passar em casa. Se não, minha mãe enlouquece”
Disputar o Mundial no Brasil juntou o útil ao agradável para as brasileiras naturalizadas australianas. Após a competição, elas poderão rever a família. “Assim que acabar aqui, eu tenho que passar em casa. Se não, minha mãe enlouquece”, brincou Aline Viana, que não contou com a torcida de nenhum parente nos jogos. “Infelizmente eles não conseguiram vir”, a número 13 australiana.

Em contrapartida, Daniela Cook está bem acompanhada no Recife e vai aproveitar Pernambuco além da competição. “Meu pai vem para cá, meu marido está aqui e um amigo daqui que ajudou a nossa seleção. E, depois, ainda vou passar dez dias em Fernando de Noronha. Só depois vou para São Paulo ver a família”, finalizou a atleta.

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