Brasileiras defendem Austrália e matam saudades de casa
Aline Viana e Daniela Cook têm a missão de evoluir a modalidade na seleção australiana
O uniforme nas cores azul e amarelo e o sotaque entregam: Aline Viana e Daniela Cook são brasileiras. De fato, são. Mas defendem outra pátria no Mundial de handebol de areia, realizado na Praia do Pina, no Recife. A bandeira que elas representam é a da Austrália, local ainda com pouca tradição no esporte. Para retribuir a acolhida recebida, elas pretendem elevar a nação no cenário da modalidade e fazer uma boa competição.
Nascida em Porto Alegre, Aline Viana mora há oito anos na Austrália, onde ganhou cidadania. A busca pelo handebol de areia não foi por acaso quando deixou o Brasil. “Sempre gostei do esporte e quando cheguei lá, quase enlouqueci porque não estava jogando. Procurei um time, comecei a jogar e, agora, estou representando a seleção australiana”, disse a camisa 13, em seu primeiro ano na equipe.
"Fui para a Austrália há doze anos para fazer mestrado em Educação Física e comecei a jogar pela seleção”
A paulista Daniela Cook também já praticava handebol e, inclusive, o de areia, em São Paulo. No entanto, a modalidade ainda engatinhava. “Jogava na universidade quando o esporte ainda era muito diferente. Dois pontos só valiam o especial, não tinha giro ou aéreo. Parei de praticar, fui para a Austrália há doze anos para fazer mestrado em Educação Física e comecei a jogar pela seleção”, explicou a jogadora, que já disputou dois mundiais de quadra e dois de areia.
O objetivo das duas, ao sair do Brasil, foi de estudar. Aline queria aprender inglês e Daniela fazer o mestrado. Ficaram de vez e o handebol de areia ajudou as segurar por lá. Atualmente, elas atuam pela Universidade de Sidney e nem pensam em voltar. “Não tenho interesse. Moro na Austrália, minha casa é lá. E, além do mais, a seleção brasileira tem muitas jogadoras boas”, garantiu Aline.
“Quando tocou o hino nacional, tive que cantar e o coração bateu mais forte”
No Mundial de handebol de Areia, no Recife, pela primeira vez elas enfrentaram o Brasil. E logo em casa. Contudo, para Aline Viana, não foi muito diferente de enfrentar outras seleções. “Durante o jogo não senti muito porque gosto de ganhar”, disse. “Mas na cerimônia de abertura, quando tocou o hino nacional, tive que cantar e o coração bateu mais forte”, revelou. A sensação foi a mesma para Daniela Cook. “A gente ainda é brasileiro, somos apenas naturalizados. Mas esse é o nosso país de origem”, completou.
A derrota para o Brasil por 2 a 0 estava dentro das expectativas da Austrália. O objetivo na competição é melhorar o nível das australianas. E é isso o que motiva essas brasileiras. “O handebol é novo por lá. Então, queremos fazer um bom resultado e levar para casa. Estamos fazendo o nosso melhor e jogar como equipe. O que conseguirmos, está bom”, ressaltou Aline. “Queremos o melhor para a nossa a seleção. Quanto mais, melhor”, resumiu Daniela.
“Assim que acabar aqui, eu tenho que passar em casa. Se não, minha mãe enlouquece”
Disputar o Mundial no Brasil juntou o útil ao agradável para as brasileiras naturalizadas australianas. Após a competição, elas poderão rever a família. “Assim que acabar aqui, eu tenho que passar em casa. Se não, minha mãe enlouquece”, brincou Aline Viana, que não contou com a torcida de nenhum parente nos jogos. “Infelizmente eles não conseguiram vir”, a número 13 australiana.
Em contrapartida, Daniela Cook está bem acompanhada no Recife e vai aproveitar Pernambuco além da competição. “Meu pai vem para cá, meu marido está aqui e um amigo daqui que ajudou a nossa seleção. E, depois, ainda vou passar dez dias em Fernando de Noronha. Só depois vou para São Paulo ver a família”, finalizou a atleta.