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Durante a ditadura, Augusto Pinochet foi nomeado presidente de honra do popular Colo Colo, enfrentou estrelas do futebol chileno e usou estádios como campos de tortura, deixando uma forte influência que torcedores e jogadores querem deixar para trás.

Após o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, Pinochet mirou o clube do coração, o Colo Colo, o mais popular do Chile e maior vencedor a nível nacional e internacional.

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Três anos depois de instaurado o regime, Pinochet ordenou a saída dos dirigentes do clube e colocou um consórcio econômico para gerir a equipe, recebendo em troca o título de presidente de honra.

Depois de 40 anos, cerca de cinquenta sócios e torcedores decidiram iniciar uma campanha para cancelar o que chamam de "decisão ilegítima" que manchou de sangue o clube. A ditadura de Pinochet deixou mais de 3.000 mortos e desaparecidos.

"É necessário reparar essa injustiça histórica", declarou à AFP, José Miguel Sanhueza, um dos torcedores que encabeça a campanha.

Como primeira medida, criaram o site www.fuerapinochet.cl, no qual pretendem recolher assinaturas e apresentar na próxima assembleia de sócios, em 20 de maio, uma petição para cancelar o registro no clube e Pinochet.

A condição de sócio de Pinochet "é uma mancha, pelos conhecidos e repudiáveis crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura militar", explica o site.

Cerca de 2.000 dos mais de 35.000 sócios do 'Cacique' já assinaram a petição, a três semanas da importante assembleia.

Pinochet chegou a prometer dinheiro para a conclusão do estádio do Colo Colo, situado no sul da capital Santiago e com capacidade para 48.000 pessoas, mas, depois de perder o plebiscito que acabou com sua ditadura, em 1988, a promessa foi esquecida.

Também atribuem a Pinochet vínculo com o Cobresal, recente campeão chileno, ao qual o ditador teria ordenado a fundação, em 1979, com o objetivo de controlar os sindicatos da então crescente industria de mineiração de cobre, no norte do país.

Os braços do regime militar alcançaram também a Federação Chilena de Futebol, nomeando em 1975 o general da polícia Eduardo Gordon como presidente da entidade até 1978.

- Jogadores contra Pinochet -

Pinochet teve como opositores diversos jogadores considerados estrelas do futebol chileno durante os 17 anos em que ficou no poder.

O mais conhecido foi o atacante Carlos Caszely, símbolo da luta contra ditadura e uma das caras visíveis da campanha de partidos de esquerda para acabar com o governo de Pinochet no plebiscito que acabou com o regime, em 1988.

"Caszely era uma estrela que tinha certas liberdades que outros não podiam ter. Em 1983, em plena ditadura, ele deu uma entrevista afirmando diretamente que Pinochet tinha que sair", explicou à AFP Daniel Matamala, famoso jornalista local e autor do livro "Goles e autogoles", que fala do vínculo entra o futebol e o mundo da política.

O atacante, depois de jogar na Espanha entre 1973 e 1978, retornou ao país para defender o Colo Colo, mas seu ódio pela ditadura acabou fazendo com que não fosse convocado diversas vezes para defender a seleção chilena, controlada por Pinochet.

Em 1988, durante a campanha contra o ditador, Caszely revelou que a mãe havia sido estuprada e torturada pela ditadura.

Outros jogadores sofreram o rigor da ditadura, como Mario Soto, considerado em 1976 o melhor zagueiro do Chile e impedido de jogar no Brasil por um decreto que não permitia a jogadores de seleção jogarem em outro país.

Pinochet também utilizou estádios como prisões para deter e torturar os opositores da ditadura. O maior deste centros foi o estádio Nacional, templo do futebol chileno onde cerca de 20.000 presos políticos ficaram.

"Pinochet teve uma influência muito evidente, com tentativas de manipular o futebol com fins políticos e teve as armas para fazer isso sem maiores interferências", resumiu Matamala.

Parte da Comissão Nacional Verdade viajou para a cidade de Santiago, no Chile, no intuito de buscar provas de que militares brasileiros instruíram técnicas de tortura ao governo de Augusto Pinochet. O colegiado suspeita que os chilenos também sofreram com a ditadura no Brasil.

Segundo documentos obtidos pela Comissão, existem vestígios de que Brasil e Chile já firmavam um pacto de cooperação antes da criação da Operação Condor, na década de 1970. 

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A Operação Condor foi uma aliança político-militar entre os países da América do Sul para perseguir os grupos que faziam oposição aos sistemas ditatoriais instalados na região.

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Os chilenos foram às ruas para protestar em favor das vítimas da ditadura comandada por Augusto Pinochet, entre os anos de 1973 e 1990. Milhares de pessoas realizam uma caminhada neste domingo (8), na capital Santiago, levando fotos de pessoas presas e desaparecidas.

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Os organizadores da marcha estimam que um público de cerca de 60 mil pessoas participaram da manifestação. Para a polícia chilena, esse número foi de 30 mil. Confira mais detalhes no vídeo.

A Corte de Apelações de Santiago, capital do Chile, confirmou nesta terça-feira o fim da investigação judicial sobre a morte do presidente chileno Salvador Allende, ocorrida durante o golpe militar de 11 de setembro de 1973. O tribunal validou a conclusão de que o presidente suicidou-se para evitar cair nas mãos dos golpistas liderados pelo general Augusto Pinochet. Esta terça-feira também marcou o aniversário de 39 anos do golpe militar no Chile, sempre uma data polêmica e quando ocorrem manifestações em Santiago e nas principais cidades.

Ocorreram tumultos em alguns subúrbios e confrontos com a polícia na madrugada de hoje em Santiago e no município de San Bernardo, vizinho à capital, onde um grupo tentou atacar uma delegacia de polícia. Pela manhã, um grupo ocupou uma escola e interrompeu o trânsito em uma importante avenida de Santiago. A polícia acabou com o protesto e deteve dez manifestantes.

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No domingo, um vigília lembrou os três mil mortos políticos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Várias universidades suspenderam as aulas nesta terça-feira, com medo da ação de grupos radicais. O ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, disse que também aconteceram manifestações nas cidades do interior.

Durante a manhã de hoje, grupos de esquerda realizaram homenagens no monumento a Allende, erguido em frente ao palácio La Moneda. Entre os grupos que homenagearam o falecido mandatário estava uma delegação do Partido Socialista do Chile. A filha do ex-presidente, a senadora Isabel Allende, também compareceu ao local em homenagem ao pai.

Lorena Pizarro, presidente do grupo de familiares dos desaparecidos políticos no Chile, disse que apesar do golpe de 1973 ter acontecido há quase quatro décadas, não se pode falar de um encerramento nos processos por violações contra os direitos humanos. "A memória é fundamental para que todos tenhamos consciência de que isso nunca mais pode ocorrer. Quem violou os direitos humanos não pode morrer na impunidade", disse.

De forma unânime, a Corte de Apelações de Santiago manteve a resolução de uma instância menor que deu por encerrada a investigação sobre a morte de Allende, na qual foram realizadas perícias forenses e uma nova autópsia.

Allende decidiu tirar a própria vida com uma submetralhadora dada de presente por seu amigo Fidel Castro durante a invasão do palácio do governo, o La Moneda. Pinochet, por sua vez, morreu em 2006 sem ter sido condenado pelos crimes cometidos durante sua ditadura, nem mesmo pelas acusações de enriquecimento ilícito.

As informações são da Associated Press.

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