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Um representante do Tesouro dos EUA esteve reunido nesta semana com líderes da oposição venezuelana em Brasília para negociar sanções contra a Venezuela. A informação foi revelada ao 'Estado' pelo ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, que esteve na reunião. A discussão deve continuar em Davos, onde seis presidentes latino-americanos debaterão a crise a partir de terça-feira (22).

Segundo Ledezma, a ideia de asfixiar o regime ganhou forma no início de janeiro, quando o Grupo de Lima - aliança de países da região formada para pressionar a Venezuela - chegou a um entendimento de que algumas medidas poderiam ser aplicadas. "Agora, é uma questão de avaliar como cada governo pode realizar isso", disse o opositor.

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Ledezma fugiu da Venezuela em novembro de 2017, passou pela Colômbia e se refugiou na Espanha. Seu trajeto é mantido em sigilo, mas ele garante que foi ajudado por "militares venezuelanos e por um terço" que até hoje leva consigo. Ele admitiu que chegou a planejar uma fuga por Roraima, mas optou pela fronteira com a Colômbia.

Ledezma revelou que, em Brasília, o grupo de opositores venezuelanos esteve reunido com o presidente do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), o americano Marshall Billingslea. Além de chefiar a instituição, Billingslea comanda a Secretaria de Crimes Financeiros e Financiamento do Terrorismo, ligada ao Departamento do Tesouro dos EUA.

"As sanções estão na agenda", disse Ledezma, que indicou que espera que o governo brasileiro siga a mesma orientação. Ao Estado, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, indicou que, por enquanto, não há uma ordem do presidente Jair Bolsonaro para aplicar sanções, mas o Brasil não descarta medidas duras no futuro. "Dependendo de como será a evolução nos próximos meses, pode não apenas ter gestos de apoio, mas adotar outras medidas", afirmou Lorenzoni.

Ledezma acredita que os governos latino-americanos estão buscando uma "forma constitucional" de colocar em andamento essas sanções. Segundo ele, a oposição venezuelana aposta nos brasileiros para acelerar a transição. "O Brasil busca um papel destacado na solução da crise. Vemos o presidente Bolsonaro como um homem que está cumprindo o que prometeu durante a campanha eleitoral", afirmou.

Davos

Ledezma diz que o próximo passo no debate sobre a crise venezuelana será dado em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial. Uma sessão sobre o assunto está programada para a quarta-feira, 23, com a presença de Bolsonaro e de outros líderes regionais. Na pequena estação de esqui da Suíça, seis presidentes latino-americanos confirmaram presença no evento que reúne a elite financeira mundial.

Na quinta-feira, 24, outro debate será realizado sobre a Venezuela em Davos, com a participação do chanceler do Equador e pesquisadores. "A comunidade internacional está preocupada e existe um risco de uma crise regional", disse Ledezma.

Para o ex-prefeito de Caracas, a proposta lançada por Maduro, na sexta-feira, 18, de ter um encontro "cara a cara" com o presidente americano, Donald Trump, "não tem chance de ocorrer". "Ele (Maduro) não é o presidente da Venezuela. Isso mostra que ele está desesperado. Maduro não aproveitou as oportunidades que teve para um diálogo real. Agora, ninguém acredita que ele queira o diálogo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta sexta-feira (20), os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) ressaltou que o governo brasileiro, assim como o Ministério das Relações Exteriores, não pode manter silêncio diante da prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, que se opõe ao governo da Venezuela comandado por Nicolás Maduro. Segundo o parlamentar, o ocorrido foi mais um ato de autoritarismo de um governo ditatorial. O mundo democrático deve repudiar o ato, já reconhecido como mais uma violência a consagrar o autoritarismo por parte do governo venezuelano”, disse Álvaro.

Além do senador Dias, o peemedebista Ricardo Ferraço também se posicionou. Segundo ele, a medida foi um “ato de violação” às liberdades individuais e políticas. O parlamentar ainda considera degradante a situação a que outros representantes da oposição estão sendo submetidos pela gestão de Maduro, como Leopoldo López, preso há mais de um ano.

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O ex-prefeito de Chacao foi apontado como o principal articulador dos protestos ocorridos no país em 2014 e que resultou em mortes e derramamento de sangue. Recentemente, Maduro utilizou cadeia de rádio e televisão para anunciar ao país a prisão do opositor, ocorrida na noite da última quinta-feira (19). Segundo ele, o prefeito foi detido por ordem da Procuradoria, por tentar promover um golpe de estado no país, contando para isso com o apoio do governo norte-americano.

O prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, foi preso na noite de quinta-feira por agentes do Serviço Bolivariano de Informação (Sebin), o serviço de inteligência da Venezuela. Ledezma é um forte opositor ao governo chavista e é acusado pelo presidente Nicolás Maduro de planejar um golpe de Estado.

Ele foi detido em seu escritório e, momentos antes, escreveu em sua conta no Twitter: "meu escritório prestes a ser invadido por agentes do regime". Em discurso, o presidente Maduro disse ontem à noite que Ledezma "será responsabilizado por todos os seus crimes". O prefeito nega todas as acusações.

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Um membro da equipe de segurança de Ledezema, que preferiu não se identificar, afirmou que 10 homens vestidos com o uniforme do Sebin entraram armados no prédio da Prefeitura. Eles teriam usado as armas para quebrar as portas e abrir passagem. Depois, outra dezena de homens, estes com máscaras, invadiu o local e agrediu o prefeito antes de levá-lo.

Hector Urgelles, um porta-voz do partido de Ledezma, a Aliança Bravo Povo, disse que os homens não se identificaram e não informaram nenhuma razão para prender o prefeito. A notícia desencadeou protestos na capital do país. Fonte: Associated Press.

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