O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta segunda-feira que um anteprojeto de resolução bancária brasileira está praticamente pronto e partiu de um diagnóstico abrangente, no qual foram mapeados todos os focos de vulnerabilidade e as implicações para segmentos específicos de mercado e todo o sistema. Também contou com um plano de ação minucioso e bem-elaborado e foi executado com serenidade, foco e objetividade, eliminando as vulnerabilidades e mantendo o regular funcionamento do mercado financeiro.
"Temos hoje um anteprojeto praticamente pronto, que incorpora lições aprendidas. Ele é fruto de amplo e intenso esforço da equipe, que contou com a participação e contribuição de colegas de praticamente todas as áreas do Banco Central", afirmou, durante abertura do Seminário Internacional sobre Regimes de Resolução no Sistema Financeiro Brasileiro.
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Tombini disse que esse novo anteprojeto possui três aspectos importantes a ressaltar. Primeiro, confere segurança jurídica à atuação mais efetiva da ação saneadora exercida pelo órgão supervisor, no caso, o BC. Segundo, tem como objetivo principal assegurar a estabilidade financeira e mitigar eventuais "externalidades negativas" de uma resolução bancária à economia real, assegurando o funcionamento dos serviços e da infraestrutura financeira essenciais à sociedade. "Atendido esse objetivo principal, busca-se também preservar ao máximo o valor dos ativos - tangíveis e intangíveis - mitigando, assim, eventuais prejuízos aos depositantes e credores, e preservando empregos", afirmou.
Terceiro, alinha incentivos, "mitigando riscos morais" e fazendo com que, no caso de resolução de um banco, o próprio sistema absorva os prejuízos. Nesse sentido, disse, uma das principais propostas é a incorporação do "instituto da absorção de prejuízos e capitalização compulsória do banco pelo capital social e por credores subordinados e não protegidos", internacionalmente conhecido como "bail-in". "A propósito, o 'bail-in' é uma das principais inovações decorrentes das lições da crise financeira internacional, desenhado a partir das experiências das jurisdições em que a crise bancária foi mais intensa e houve necessidade de utilização de vultosos recursos públicos para evitar o colapso total dos sistemas financeiros locais", afirmou.
De acordo com ele, o objetivo do seminário é colher os subsídios finais para concluir o anteprojeto de novo marco legal da resolução bancária brasileira. Tombini disse ainda que a participação do presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), no evento é de fundamental importância para o curso desse projeto, "pois é no Congresso Nacional que a nova Lei de Resolução Bancária Brasileira se tornará realidade, refletindo o interesse da nossa sociedade no fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional". Conforme o presidente do BC, o compromisso assumido por Farias, de dar celeridade na tramitação do anteprojeto, aumentou a responsabilidade do BC em ter uma proposta robusta e precisa nesta "complexa matéria".