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Em um gesto inesperado, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, se reuniu por várias horas neste sábado (10) com opositores presos, incluindo um ex-candidato à presidência.

A presidência bielorrussa divulgou em seu canal no Telegram uma foto desta reunião organizada na prisão dos serviços especiais (KGB) em Minsk, na qual participou Viktor Babaryko, que, até sua prisão em junho, era seu principal opositor nas eleições presidenciais de 9 de agosto.

Também estiveram presentes vários opositores de destaque, bem como um membro do Conselho de Coordenação da Oposição, formado para garantir a transição de poder. Quase todos os seus líderes estão no exílio ou na prisão.

O presidente visitou adversários por quatro horas e meia, segundo o canal no Telegram. "A Constituição não será escrita na rua", disse Lukashenko, referindo-se ao projeto de reforma constitucional que está promovendo como sua solução para a crise.

"O objetivo do presidente é ouvir a opinião de todos. Porém, o conteúdo da conversa será mantido em sigilo por decisão geral dos participantes", disse a mesma fonte.

O canal no Telegram de Svetlana Tikhanovskaya, a candidata da oposição nas eleições presidenciais, também anunciou que ela conseguiu falar por telefone com seu marido detido, Serguei Tikhanovsky. Foi sua primeira conversa desde que ele foi preso em maio.

Lukashenko, no poder desde 1994, enfrenta um movimento de protesto sem precedentes que eclodiu após as eleições de 9 de agosto sob suspeitas de fraudes.

O presidente foi declarado vencedor com 80% dos votos. Tikhanovskaya, que foi para o exílio na Lituânia, também reivindica vitória.

Desde as eleições, dezenas de milhares de pessoas saem às ruas de Minsk todos os domingos para exigir a renúncia de Lukashenko e exigir contas pela repressão das primeiras manifestações pós-eleitorais, que causaram pelo menos três mortes, dezenas de feridos e centenas de prisões.

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, "deve sair", afirmou o presidente da França, Emmanuel Macron, em entrevista ao Journal du Dimanche que será publicada neste domingo (27).

"O que acontece em Belarus é uma crise de poder, um poder autoritário que não consegue aceitar a lógica da democracia e que se mantém pela força. Está claro que Lukashenko tem que sair", declarou Macron, citado pelo jornal.

O presidente francês também se disse "impressionado pela valentia dos manifestantes" em Belarus. "Eles sabem os riscos que correm ao protestar todos os fins de semana, mesmo assim, continuam o movimento para manter viva a democracia no país, que foi privado dela durante tanto tempo", completou Macron.

Mais de 90 pessoas, a maioria mulheres, foram detidas neste sábado (26) durante várias manifestações da oposição, segundo uma ONG.

Em relação ao papel do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na busca por uma solução para a crise política gerada pela reeleição de Lukashenko, em 9 de agosto, Macron acredita que ainda resta muito a fazer.

"Eu conversei com Putin em 14 de setembro, dia em que ele recebeu Lukashenko em Sochi. Eu disse que a Rússia tem um papel a desempenhar, e que esse papel pode ser positivo se incentivar Lukashenko a respeitar a verdade das urnas e libertar os presos políticos. Isso aconteceu há 15 dias e ainda não aconteceu", relatou Macron.

O presidente francês fará de segunda a quarta-feira sua primeira visita à Lituânia e Letônia, dois Estados bálticos que esperam pelo apoio da França para enfrentar a crise política em Belarus e as pressões da Rússia.

A União Europeia e os países bálticos não reconhecem a reeleição de Lukashenko. A Lituânia deu refúgio à líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tijanovskaya.

A líder da oposição em Belarus, Svetlana Tikhanovskaya, desafiou nesta sexta-feira (21) o presidente Alexander Lukashenko ao afirmar que o povo bielorrusso "nunca mais" aceitará sua liderança, enquanto o poder abriu um processo judicial contra o movimento opositor.

"O presidente já deveria saber que precisamos de uma mudança", disse Svetlana Tikhanovskaya a repórteres em Vilnius, em seu primeiro discurso desde que se refugiou na Lituânia, em 11 de agosto.

O povo bielorrusso "nunca mais aceitará a atual liderança", garantiu.

A opositora, que reivindica a vitória na eleição presidencial de 9 de agosto e denuncia fraudes, "espera que o bom senso prevaleça, que o povo seja ouvido e que haja novas eleições".

Svetlana deixou claro que retornará ao seu país quando "se sentir segura", enquanto as autoridades bielorrussas lançaram na quinta-feira um processo judicial por "ataque à segurança nacional" contra o "conselho de coordenação" formado pela oposição para promover a transição política.

A oposição rejeita o resultado da eleição presidencial, que deu a Lukashenko vitória com 80% dos votos.

Lukashenko, que enfrenta manifestações diárias e uma greve desencadeada pela oposição, garantiu nesta sexta-feira que "resolverá o problema".

"Esse é o meu problema, que devo resolver e nós resolvemos. E acreditem, nos próximos dias ele estará resolvido", acrescentou, citado pela agência de notícias estatal Belta.

No entanto, para Svetlana Tikhanovskaya, uma professora de inglês de 37 anos, nova na política, que virou de ponta cabeça a campanha presidencial ao reunir multidões sem precedentes em seus comícios e obter o apoio de outros opositores, os bielorrussos "nunca serão capazes de perdoar e esquecer toda a violência de que foram alvos".

Um pouco nervosa, ela se recusou a responder a perguntas sobre sua própria segurança. "Quanto às ameaças, preferiria não abordar este assunto neste momento", disse.

- "Medo e mentiras" -

"Todos têm medo hoje em nosso país, mas é nossa missão superar esse medo e seguir em frente", disse Tikhanovskaya.

A UE rejeitou na quarta o resultado da eleição e prometeu sanções adicionais contra as autoridades por trás da "violência, repressão e fraude eleitoral".

Questionado sobre o apoio russo a Lukashenko, Tikhanovskaya respondeu: "Apelo a todos os países do mundo para que respeitem a soberania de Belarus".

A atitude da Rússia, o aliado mais próximo de Belarus, será essencial para o fim da crise.

Até agora, Moscou alertou principalmente contra qualquer "interferência estrangeira" nos "assuntos internos" de seu vizinho.

"Não queremos mais viver com medo e mentiras", disse Tikhanovskaya, conclamando os trabalhadores em greve a coordenarem com o conselho de coordenação.

"A criação do conselho de coordenação visa negociar uma transferência suave", afirmou a opositora.

Um membro do conselho, o advogado Maxim Znak, apresentou-se às autoridades em Minsk esta manhã para interrogatório. "Um por todos, todos por um!", exclamaram os manifestantes à sua chegada.

Esse conselho foi veementemente denunciado pelo presidente bielorrusso, que o vê como uma tentativa da oposição de "tomar o poder" e ameaçou "esfriar alguns cabeças quentes".

A União Europeia denunciou nesta sexta-feira o processo por parte das autoridades bielorrussas contra o conselho de coordenação, qualificando esta atitude de "intimidação".

Ao responder à constituição deste conselho com a abertura de um processo penal, "as autoridades do Estado bielorrusso voltaram a recorrer à intimidação por motivos políticos", disse uma porta-voz da UE, Nabila Massrali.

"Pedimos às autoridades bielorrussas que ponham fim a esta investigação e retomem o diálogo para encontrar uma saída para esta crise", acrescentou.

A ONU, por sua vez, disse estar "extremamente preocupada" com o destino de cerca de 100 manifestantes presos, embora milhares de outros tenham sido libertados.

"Pedimos às autoridades bielorrussas que libertem imediatamente todos aqueles que foram arbitrariamente ou ilegalmente presos", disse Elizabeth Throssel, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Candidata da oposição na eleição presidencial da Bielo-Rússia, Svetlana Tikhanovskaya declarou nesta segunda-feira (10) que não reconhece o resultado da votação realizada no domingo. Em coletiva de imprensa, Svetlana denunciou que houve repressão contra manifestantes anti-governo durante a madrugada e disse que vai comprovar que houve fraude nas eleições.

"As autoridades devem refletir sobre como transferir o poder. Me considero vencedora da eleição", afirmou Svetlana, contestando uma pesquisa boca de urna oficial que apontou vitória do atual presidente do país, Alexander Lukashenko, com 80% dos votos.

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Svetlana também afirmou estar disposta a se reunir com Lukashenko para abordar a situação das eleições e disse que não pretende abandonar o país por medo de ser presa. "Não vejo nenhum motivo pelo qual eu possa ser presa ou tenha que sair do país."

A equipe da candidata vem fazendo uma contagem independente dos votos para provar que houve fraude e tem convocado "os que creem que seus votos foram roubados" a não ficarem calados.

Depois do fechamento dos colégios eleitorais na Bielo-Rússia, a oposição do país saiu às ruas de Minsk e de outras cidades para protestar contra o que denunciaram como fraude eleitoral. Os manifestantes foram dispersados pela polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água.

Segundo o Ministério do Interior, cerca de 3 mil pessoas foram presas durante os protestos e 50 foram feridas. Entres os agentes de segurança pública, 39 ficaram feridos.

O processo eleitoral na Bielo-Rússia apresentou sinais de comprometimento desde antes de seu início formal. Lukashenko, que governa o país desde 1994, não poupou esforços para reprimir a oposição e garantir a continuidade no cargo.

Dois candidatos foram presos durante a campanha e um está no exílio. Um dos detidos é Siarhei Tikhanovski, marido de Svetlana, de quem ela herdou sua posição como representante da oposição unificada.

A comunidade internacional se manifestou ao fim do pleito no país do leste europeu. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen condenou a repressão dos protestos e exigiu a recontagem dos votos emitidos na eleição presidencial.

A Polônia pediu nesta segunda a realização de um encontro extraordinário da União Europeia sobre a situação bielo-russa, enquanto o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha declarou que há indícios de que ocorreu fraude nas eleições.

A Bielo-Rússia, um país de 9,5 milhões de habitantes, tem oficialmente mais de 68 mil casos de covid-19 e cerca de 580 mortes. Críticos afirmam que os números foram manipulados e que a situação real é bem pior. Lukashenko anunciou no mês passado que foi infectado pelo novo coronavírus, mas não apresentou sintomas.

Ele defende sua gestão da pandemia e afirma que um lockdown teria piorado ainda mais a situação econômica. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As eleições presidenciais em Belarus, cujos resultados normalmente são conhecidos de maneira antecipada, serão um desafio no domingo para o autoritário Alexander Lukashenko, que tem pela primeira vez em muitos anos uma adversária inesperada, novata na política e que mobiliza multidões.

À frente da ex-república soviética situada entre a União Europeia (UE) e a Rússia desde 1994, o presidente bielorrusso intensificou os esforços nas últimas semanas para conter o avanço da rival, ao denunciar um complô com a cumplicidade do Kremlin para provocar sua queda.

A poucos dias das eleições, Lukashenko tentou apresentar o país sob sua presidência como uma pequena ilha de estabilidade e prometeu combater o "incêndio no coração de Minsk" que, segundo ele, seus rivais desejam provocar.

Depois de impedir as candidaturas dos principais adversários nos últimos meses - dois deles estão detidos e um terceiro partiu para o exílio -, o ex-diretor de sovkhoz (granjas soviéticas) de 65 anos enfrenta Svetlana Tikhanovskaya, uma professora de inglês de 37 anos.

A campanha desta novata em política mobilizou multidões de simpatizantes nunca registradas em todo o país, que exigem mudanças no país.

Ela se apresenta como uma "mulher comum, uma mãe e uma esposa", que substituiu o marido, Serguei Tikhanovski, um blogueiro impedido de disputar a eleição presidencial após sua detenção em maio, quando começava a ganhar popularidade.

Chamada de "pobre garota" pelo presidente bielorrusso, Tikhanovskaya pediu aos compatriotas que superem o medo da repressão, em um país que nunca teve uma oposição unida e estruturada.

Por este motivo, Svetlana Tikhanovskaya uniu forças com outras mulheres: Veronika Tsepkalo, a esposa de um opositor exilado, e Maria Kolesnikova, a diretora da campanha de Viktor Babaryko, um ex-banqueiro que foi preso quando anunciou o desejo de ser candidato.

Em caso de vitória, a candidata prometeu permanecer no poder por tempo suficiente para libertar os "presos políticos", organizar uma reforma constitucional e novas eleições.

Mas ela também virou alvo de pressões. Na quinta-feira, sua diretora de campanha foi detida por alguns minutos e seus últimos comícios não estão garantidos, devido aos obstáculos jurídicos e logísticos apresentados pelas autoridades.

- Temores de fraudes -

A votação de domingo acontecerá em um ambiente de desconfiança sem precedentes a respeito de Moscou, de quem Lukashenko é, ao mesmo tempo, o aliado mais próximo e mais imprevisível.

Embora as relações entre os dois "países irmãos" sempre tenham registrado altos e baixos, em 26 anos as tensões nunca foram tão concretas: para Lukashenko, os "marionetistas" do Kremlin pretendiam orquestrar um "massacre" de comum acordo com seus críticos, com a esperança de substituí-lo por um presidente mais dócil e transformar Belarus em um vassalo.

No fim de julho, as autoridades bielorrussas anunciaram a detenção de 33 russos, supostos mercenários do grupo militar privado Wagner, conhecido por ser próximo ao governo russo.

Moscou rebateu as acusações e denunciou um "espetáculo eleitoral", pelo qual os 33 russos, "inocentes e em trânsito para outros países", segundo Kremlin, pagaram o preço.

Lukashenko insistiu durante a semana que "não abandonará o país" nas mãos de Moscou. O exército declarou "total apoio" ao presidente e manobras militares foram organizadas na fronteira.

A oposição, que teme fraudes, pretende organizar uma apuração de votos e pediu aos eleitores que enviem fotos de suas cédulas. Também solicitou aos partidários de Tikhanovskaya que usem uma pulseira branca nos locais de votação em sinal de apoio.

A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que observa as eleições em seus Estados membros, não estará presente, o que não acontecia desde 2001, por não ter sido convidada a tempo.

As autoridades do país também justificaram uma redução do número de observadores eleitorais nacionais devido à epidemia de coronavírus.

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