Trinta de agosto de 1998. Nessa data, um total de 115 mil estudantes voluntários era submetido ao inédito Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), uma proposta de caráter transdisciplinar, com ênfase na avaliação de cinco competências e 21 habilidades do cidadão ao término da educação básica.
Ao longo de seus 20 anos, o Enem passou de ferramenta alternativa ou complementar aos tradicionais vestibulares do país à prova obrigatória na grande maioria das universidades públicas do país. Neste percurso, quase 100 milhões de brasileiros já se inscreveram no Exame, com o objetivo de mudar de vida através da educação.
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De filosofia inclusiva, o Enem garantiu, ao longo de sua história, que a maioria dos inscritos tenha tido direito a isenção da taxa de inscrição, prática que permanece até os dias atuais. Nem tudo, no entanto, permaneceu igual. De acordo com nota oficial do MEC, “a experiência na produção de itens e provas, e na logística de aplicação, e mesmo a transformação da sociedade foram conduzindo mudanças ao longo de duas décadas”.
Em novembro deste ano, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) organizará uma série de atividades para resgatar a memória do exame. A edição 2018 será realizada nos dias 4 e 11 de novembro.
Relembre 20 marcos do Enem:
1999
- Instituições de ensino superior passam a utilizar o Enem como critério de acesso aos cursos de graduação. A PUC-RJ e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foram as primeiras.
2000
- Exame se operacionaliza para atender pessoas com necessidades especiais, passando a oferecer prova em braile, prova ampliada, auxílio para leitura e transcrição e tradutor/intérprete em Libras.
2001
- Começa a política de inscrição gratuita para concluintes do ensino médio no ano da edição.
2004
- Resultado individual do Enem passa a ser critério de participação dos candidatos a bolsas de estudo integral ou parcial em cursos de graduação de instituições privadas por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), lançado naquele ano, por Medida Provisória, e transformado em Lei em 2005.
2009
- Com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza as notas do Enem na seleção de alunos para os seus cursos de graduação das instituições federais de ensino superior, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) passa a ser adotada para a correção das provas. Além de estimar as dificuldades dos itens e a proficiência dos participantes, a metodologia permite que os itens de diferentes edições do exame sejam posicionados em uma mesma escala.
- Matriz de Referência passa a ter quatro grandes áreas: Ciência Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
- Exame passa a ter 180 questões objetivas, além da redação. A aplicação que antes era em um domingo passa a ocupar o sábado e o domingo.
- Exame passa a ser usado também para certificação de conclusão do Ensino Médio, com o mínimo de 400 pontos em cada área e 500 pontos na redação.
2010
- Exame começa a ser aplicado para pessoas privadas de liberdade (Enem PPL).
2012
- Integrantes de família de baixa renda que tem Número de Identificação Social (NIS) e renda familiar por pessoa de até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos (Decreto 6135/2007) passam a ter direito à isenção da taxa de inscrição.
2013
- Pela primeira vez, todas as instituições federais de ensino superior passaram a utilizar o Enem como critério de seleção para novos alunos.
- Nota do Enem passa a ser utilizada na concessão de bolsas de estudos do programa Ciência sem Fronteiras.
2014
- Assinado o primeiro acordo interinstitucional com uma Instituição de Educação Superior Portuguesa, a Universidade de Coimbra, para uso das notas do Enem no acesso a vagas.
2015
- Começa a política de atendimento por nome social. Já no primeiro ano 286 travestis e transexuais usaram o benefício.
2016
- Estreia a coleta de dado biométrico e o uso de detectores de metal na entrada e saída dos banheiros.
2017
- Após Consulta Pública, Exame passa a ser aplicado em dois domingos consecutivos, evitando o “confinamento” de participantes que “guardam o sábado” por motivos religiosos.
- Enem deixa de certificar o Ensino Médio, função que retorna ao Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos (Encceja), criado com esse objetivo, e de divulgar as notas de escolas, o chamado “Enem por Escolas”.
- Estreia a prova personalizada com o nome do participante e outros recursos de segurança, como o detector de ponto eletrônico.
- Participantes surdos e deficientes auditivos passam a ter novo auxílio de acessibilidade, a videoprova em Libras.
2018
- Concluindo uma série de mudanças iniciadas em 2016 para conter o desperdício do dinheiro público, e após estudo que revelou prejuízo de R$ 1 bilhão com participantes isentos faltantes, é implantada etapa de justificativa de ausência e solicitação de isenção em período anterior à inscrição.