Relação com Loures era 'apenas institucional', diz Temer
O presidente disse que o deputado afastado é um "homem de muito boa índole", apesar disso Loures recebeu R$ 500 mil para articular benefícios para a JBS no Cade
O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou, nesta segunda-feira (22), que a relação mantida entre ele e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) era “apenas institucional”. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Temer reconheceu o erro do aliado, mas apesar disso classificou o peemedebista como um “homem de boa índole”.
Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil mandados pelo dono da JBS, Joesley Batista, para resolver uma pendência da empresa no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Entre os aliados do presidente, Loures era considerado um assessor muito próximo de Temer e, inclusive, na conversa com Joesley, divulgada na última semana, ele diz que o empresário pode procurar o parlamentar afastado para “tudo”.
Questionado na entrevista sobre como se sentia diante da participação do assessor em articulações de propinas, Temer disse que o aliado foi "certamente induzido por ofertas mirabolantes e irreais".
“Eu o conheci como deputado, depois foi para o meu gabinete na Vice-Presidência, depois me acompanhou na Presidência, mas um homem de muito boa índole”, frisou, dizendo que não se considerava traído por Loures. “Coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole”, reforçou.
Desde que o vídeo com Loures recebendo a mala de dinheiro foi divulgado, Temer disse que não o procurou. Indagado se haviam rompido, ele negou. “Não se trata de romper ou não romper, não temos uma relação, a não ser uma relação institucional”, frisou.
O presidente reconheceu ainda que o aliado “errou evidentemente" ao aceitar participar das supostas negociações, mas negou que a insinuação de que o empresário poderia tratar sobre “tudo” com ele seria de eventuais propinas. “São as matérias administrativas, não é tuuuudo”, salientou.
Ainda na entrevista, Michel Temer volta a dizer que não pretende renunciar ao cargo de presidente e pondera: "se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa".