O problema da evasão e da defasagem escolar é ainda bastante presente e urgente no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 70 milhões dos brasileiros com 25 anos ou mais não concluíram o Ensino Médio. A pandemia do coronavírus ainda potencializou esse triste panorama. É preciso que, daqui para a frente, sejam desencadeadas diversas ações para evitar que nossos jovens desistam da escola, uma vez que, ao fazê-lo, estão também desistindo de seus futuros.
É preciso analisar a realidade do abandono escolar sob diversos prismas. Um deles é o econômico. A Plataforma Juventude, Educação e Trabalho, da Fundação Roberto Marinho, realizou pesquisa que mostrou que o principal motivo de evasão entre jovens de Ensino Médio (39,1%) é a necessidade de trabalhar. Com a pandemia, três em cada dez jovens disseram que pensaram em não voltar às aulas ao final do isolamento social. Esse panorama nos leva a refletir sobre como cuidamos de nossa infância e nossa juventude. É preciso que crianças e adolescentes tenham a tranquilidade de poder estudar sem que outras preocupações os desviem do caminho – e aqui entram pontos como a violência. O período escolar deve ser salvaguardado para que garantamos um futuro promissor aos nossos pequenos e, consequentemente, ao País.
O levantamento da Plataforma também mostrou que o segundo motivo mais comum de abandono é a falta de interesse. Aqui, temos duas vertentes. Primeiro, o modelo de ensino atual, arcaico e ainda muito engessado. Nossas escolas não evoluíram em compasso com a sociedade, cada vez mais ágil, interconectada e digital. As aulas ainda são dadas como 30 anos atrás. A outra face do desinteresse é a de o aluno não identificar utilidade prática dos conteúdos ensinados. As grades curriculares precisam ser adaptadas para focar em conteúdos que agreguem à vida do aluno, com a inclusão, por exemplo, de temas de empreendedorismo, negócios, educação financeira e desenvolvimento pessoal.
Iniciativas para recuperação do “tempo perdido” também se fazem urgente, para que jovens mesmo que fora de idade escolar possam concluir os estudos. Uma delas, a ser lançada no dia 15 de junho pelo Instituto Êxito de Empreendedorismo, o qual presido, é o Brasil Diplomado, um programa de preparação gratuita para provas de supletivo que fornecerá videoaulas online com os conteúdos das disciplinas de Ensino Médio. O projeto dá oportunidade a mais pessoas, por meio da educação a distância, de investirem na sua formação e construírem um futuro mais próspero.
A escola não deve ser empecilho na vida de um adolescente ou jovem. Pelo contrário, é justamente o meio de abrir portas e caminhos de desenvolvimento. Por vezes, no entanto, alguns optam por deixar os estudos de lado. Ainda temos um longo caminho a percorrer para que a cultura da educação seja forte no Brasil. Apenas com ela poderemos dar um verdadeiro salto de desenvolvimento e vislumbrar um futuro mais próspero para nosso país.
A inovação é o que realmente faz uma empresa seguir competitiva. Também é o que movimenta a economia de um país e traz desenvolvimento. Um dos principais agentes promotores da inovação é a atividade empreendedora. Neste ponto, o Brasil ainda tem muito a melhorar. Precisamos disseminar o empreendedorismo entre nossos jovens.
De acordo com o Índice Global de Inovação, o Brasil ocupa a 62ª posição entre os 131 países pesquisados. Uma colocação ainda incompatível com a 12ª maior economia do mundo. Na minha ótica, esse problema tem origem na própria maneira como educamos nossas crianças e nossos adolescentes: não os incentivamos a pensar e agir de forma empreendedora. E aqui não me refiro apenas a negócios, mas a ter atitude empreendedora na vida – primordial para, depois, empreender empresarialmente.
O Instituto Êxito de Empreendedorismo e a UNESCO Brasil realizaram uma pesquisa com estudantes e professores do Ensino Médio da rede pública brasileira e os resultados corroboram minha tese: 95% dos estudantes e 96% dos docentes consideram importante a educação voltada ao empreendedorismo nas escolas. No entanto, este é um tema ainda deixado de lado. Só vemos iniciativas de estímulo ao pensamento empreendedor em escolas privadas – normalmente, as de mais alto padrão. A ideia de que empreender “é coisa de rico” é errada e prejudicial ao próprio desenvolvimento econômico do país, enquanto inovar parece algo distante ou difícil – um grande engano.
Imagine quantos talentos estão escondidos nas escolas públicas, nas periferias do Brasil, ou mesmo nos grandes centros. Defendo que todos têm o dom de empreender, uns mais, outros menos; basta que sejam incentivados a libertar todo seu potencial. O Brasil sempre foi “o país do futuro”, e esse futuro nunca veio. Talvez, porque não o preparamos. São essas mentes que estão nas escolas e faculdades, hoje, que serão o futuro da nação e, portanto, precisam ser desenvolvidas agora, a fim de que, lá na frente, deem os frutos adequados. Ter acesso a uma educação empreendedora, que estimule a inovação, expanda a mente dessas pessoas e as faça vislumbrar novas possibilidades de futuro, é condição para que também o Brasil engate uma crescente de desenvolvimento.
Com a pandemia do coronavírus, vimos surgir muitos empreendedores – muitos, por necessidade, mas também diversos por oportunidade. É em momentos de crise que o pensamento empreendedor e inovador se faz mais necessário, para que as pessoas encontrem as saídas dos problemas e possam se reerguer. Mas, para tal, o cultivo da cultura empreendedora, partindo da educação, deve estar cada vez mais presente no cotidiano das novas gerações.
Foi sancionada no último dia 1º de junho a lei que cria o Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador. O texto traz um enquadramento legal do que são as startups e cria um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das empresas inovadoras. Sem dúvidas, um grande passo para todo o ecossistema nacional, que terá impacto positivo na geração de renda e riqueza no Brasil, além da expansão criativa.
Segundo a lei, são consideradas startups as "organizações empresariais ou societárias, nascentes ou em operação recente, cuja atuação caracteriza-se pela inovação aplicada a modelo de negócios ou a produtos ou serviços ofertados". Importante destacar a citação da “inovação” como preceito da startup, o que de fato é verdade. Essas empresas nascentes são conhecidas por suas soluções – produtos ou serviços – de base tecnológica e inovadoras, com potencial de escala. A definição legal do escopo das startups é uma porta que se abre para uma série de possíveis iniciativas futuras.
O texto ainda traz uma série de mudanças em relações empresariais que facilitam a atuação das startups em várias frentes. Por exemplo, delimita a figura do investidor-anjo e como ele deve ser considerado dentro do quadro da empresa. Esse tipo de investimento é de primacial importância para o desenvolvimento das startups. Hoje, no Brasil, temos um grande número de investidores-anjos, que aportam capital em empresas com potencial de crescimento de forma a potencializar sua atuação.
O Marco Legal ainda cria uma modalidade especial de licitações voltada para as startups, em que entes públicos poderão lançar apenas o problema a ser resolvido e os resultados esperados, e cabe aos licitantes propor as soluções. Isso dá liberdade mais criativa às empresas, o que abre caminho para impulsionar a adoção de iniciativas inovadoras na Administração Pública. Como reflexo, poderemos ter uma prestação de serviço mais eficiente e modernizada, além da economia de recursos e aprimoramento de processos por meio da tecnologia. Essa aproximação das startups da Administração Pública é, de fato, muito benéfica e trará, certamente, benefícios à sociedade.
O ecossistema de startups no Brasil tem se desenvolvido bastante, mas uma série de entraves ainda existem. O Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador vem para facilitar alguns processos e relações dentro desse ambiente e estimular o surgimento e crescimento das startups. Esperemos que, nos próximos anos, outras iniciativas nesse sentido sejam tomadas, a fim de que tenhamos um país cada vez mais inovador e empreendedor.
Empreendedorismo e inovação são conceito que caminham bem próximos. Empreender – na concepção empresarial da palavra – pressupõe inovar, criar, fazer diferente. Acontece que a inovação, hoje, é elemento essencial para a sobrevivência de organizações e profissionais frente a um mercado cada vez mais competitivo. Surge no contexto, então, a figura do intraempreendedor, aquele que empreende não em um negócio próprio, mas na empresa em que trabalha.
Para que uma empresa se mantenha sempre relevante e ganhe destaque sobre as concorrentes, além de ter uma imagem moderna e inovadora, precisa também ter uma força de trabalho voltada para as transformações que vêm ocorrendo. É preciso criar entre seus funcionários a cultura inovadora, digital e disruptiva. O estímulo ao intraempreendedorismo apresenta-se como um grande trunfo para uma companhia. Ao incentivar e dar liberdade para que seus colaboradores pensem “fora da caixa” e proponham inovações em produtos, serviços e processos, estará também desenvolvendo um ambiente mais propício ao surgimento de grandes ideias.
Da mesma forma, os profissionais precisam desenvolver a mentalidade empreendedora e inovadora e buscar sempre refletir sobre seu dia a dia laboral. Como é possível melhorar os processos desenvolvidos, ou os produtos e serviços oferecidos ao cliente? Apresentar sugestões de mudanças, desde que bem embasadas e com argumentação sólida, demonstra o interesse do colaborador em somar ao desenvolvimento da empresa, conferindo a ele, também, diferencial perante a gestão. Permanecer apenas na mera execução de ordens, pelo contrário, leva à estagnação.
Melhorias promovidas no ambiente interno de uma empresa podem acabar se refletindo até mesmo em sua relação com o público: no atendimento, na prestação de serviço, ou nos produtos oferecidos. E o público nota essas mudanças positivas, que levam também a uma maior fidelização. É importante que as empresas incentivem o pensamento inovador e o intraempreendedorismo entre seus colaboradores, pois são eles que têm a real noção dos gargalos e entraves que ocorrem no dia a dia e podem propor soluções que melhorem seus trabalhos e, consequentemente, o ambiente do negócio como um todo.
Henry Ford, grande empreendedor criador da Ford Motor Company e primeiro a aplicar a montagem em série, disse certa vez no início do século passado que seus clientes poderiam comprar um carro da cor que quisessem, “desde que seja preto”. Por décadas, a filosofia de empresas permaneceu essa. Hoje, no entanto, tal linha de pensamento não mais se sustenta. O paradigma comercial outrora vertical tornou-se horizontal, com o público assumindo, muitas vezes, o papel de cocriador de produtos e serviços.
Foi-se o tempo em que empresas criavam produtos e serviços de acordo com convicções pessoais, ou de forma engessada. As novas gerações, que já comandam ou comandarão o mercado consumidor no futuro próximo, têm características diferentes das anteriores: buscam o pertencimento, a personalização, a identificação com marcas. São os jovens que publicam sobre tudo que consomem nas redes sociais, trocam informações sobre marcas e levam mais em consideração o que outros dizem do que o que propagandas vendem. Para este público, cada vez mais conectado, imediatista e exigente, há que também mudar a mentalidade das empresas. É preciso “dançar conforme a música”, e aqui cada um escolhe a sua. Este é, inclusive, um bom exemplo para ilustrar o tema: em alguns países, já existem festas em que cada pessoa escolhe individualmente o que quer ouvir, por meio de fones de ouvido com diferentes canais e estilos musicais.
Essa analogia pode ser transportada também para o mercado, em que é preciso oferecer opções cada vez mais personalizadas aos diversos nichos que podem haver dentro de um público-alvo. É um esforço necessário a empresas que querem se manter relevantes em um cenário cada vez mais competitivo. É a tal seleção natural: vence não o mais forte, mas o que melhor se adapta. Darwin se mostra presente também na economia. Nesse processo, dedicar-se a pesquisar, ouvir e entender as demandas do público é essencial. Apenas assim, com uma comunicação de mão dupla, as marcas podem melhorar suas ofertas e entregas, cativando e tornando seus clientes em fãs, defensores e advogados. Esse é um dos maiores ativos que se pode ter.
Se, antes, a relação empresa-cliente era de cima para baixo e o público tinha que aceitar o que era oferecido, hoje, a coisa mudou: cada pessoa, cada grupo social tem suas demandas específicas que precisam ser atendidas. Da mesma forma, as pessoas buscam relações mais abertas e próximas com suas marcas preferidas. Todas essas mudanças exigem posicionamentos muito mais cuidadosos das companhias, que devem saber atender com satisfação e encantamento às demandas. É preciso ouvir, mais do que falar. Não há mais um “cliente perfeito”, mas vários perfis e todos devem ser contemplados.
Um dos setores mais afetados pela pandemia do coronavírus foi o da educação. Assim como em outros segmentos, de uma hora para outra, escolas e faculdades foram obrigadas a fecharem as portas e interromperem as aulas. Essa reviravolta, no entanto, também teve reflexos positivos, como, por exemplo, acelerar a digitalização da educação. E aqui não se fala apenas na Educação a Distância (EAD), mas em todo o arcabouço tecnológico que se desenvolveu a partir das dificuldades impostas. E essa é uma tendência que veio realmente para se consolidar.
A interrupção das atividades acadêmicas presenciais trouxe uma série de dificuldades, como a necessidade de fornecer aulas remotas, a falta de infraestrutura dos centros educacionais e a carência de capacitação do corpo docente e administrativo para lidar com recursos tecnológicos. Começou, então, uma corrida por soluções que possibilitassem às escolas e universidades a continuidade de seus anos letivos. Para as instituições de ensino que já vinham se preparando para uma transformação digital (e aqui o setor de Ensino Superior se destaca, por conta do EAD), essa transição foi mais suave, pois já havia um mínimo necessário para se colocar em prática. Do outro lado, quem não investia em tecnologia – isso se mostrou muito forte no ensino público – ficou para trás e teve graves dificuldades para acompanhar o ritmo do desenvolvimento.
O mais importante é que gestores, professores, alunos e famílias reconheçam a importância da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem. Com as aulas remotas ao vivo e o EAD, é possível, por exemplo, levar educação a pessoas que antes não tinham acesso, seja pela distância de uma unidade de ensino, seja pelas dificuldades econômicas. Também há que se ter em mente que um ensino on-line não se resume a apenas transmitir aulas pelo computador. É preciso desenvolver novas técnicas docentes, pesquisar e aliar recursos que tornem as aulas mais interativas e agreguem ao estudo dos alunos. Investir na capacitação dos profissionais da educação é essencial nesse ponto. Nota-se, também, a necessidade de investimentos maciços em tecnologia no setor público. Escolas e faculdades públicas demoraram (sem contar as que ainda nem começaram) a utilizar o ambiente digital para manter as aulas.
Os alunos de hoje são pessoas que já nasceram em um mundo digital. Quando chegam no ambiente escolar, deparam-se com um contexto mais analógico. Essa diferença deve e precisa ser resolvida, para que finalmente tenhamos uma educação com mais alcance e mais possibilidades. A tecnologia é e será um importante aliado na potencialização dos processos de ensino, se bem utilizada. É preciso agregá-la às salas de aula.
Atualmente, um dos assuntos mais comentados no país é o Big Brother Brasil. Seja pelas intrigas ou apenas pelo jogo, esse é tópico em quase todas as rodas de conversa. Mas, para muito além do entretenimento considerado “raso” por muitos, o BBB também traz reflexões para a vida e mesmo para a carreira profissional. Uma delas é sobre a importância do networking e dos relacionamentos interpessoais. No jogo ou na vida, estabelecer conexões é essencial para quem não quer ser eliminado.
O networking nada mais é do que criar relações com pessoas e nutri-las de forma adequada, garantindo, para todos, “benefícios” e gerando uma rede de contatos e conexões úteis. Levando para o Big Brother, sabemos que este é um jogo essencialmente de convivência e relacionamento. Quem melhor se relaciona com seus competidores tem menos chance de ir a um paredão, por exemplo, e, consequentemente, garante dias a mais na “casa mais vigiada do Brasil”. As alianças também são importantes estrategicamente, dentro da dinâmica do jogo. Assim também acontece em nossa vida, mesmo que de formas diferentes. Nos âmbitos pessoal e profissional, ter uma boa rede de relacionamentos pode ajudar a resolver problemas, gerar novas oportunidades de trabalho e negócio, além, claro, da importância da própria relação em si – afinal, somos seres sociais, não fomos feitos para vivermos isolados.
Mas um dos maiores erros quando se pensa em networking é imaginá-lo como apenas um meio de obter benefícios. Não é isso. Há que se criar uma via de mão dupla, como em qualquer relacionamento (imagine um namoro em que só uma das partes se sente amada: não funciona, certo?). É preciso empenhar-se nas conexões, também oferecendo o que pode a seus pares. Da mesma forma que um contato profissional pode lhe apresentar uma oportunidade de negócio, é de bom tom que você tenha esse cuidado em lembrar daqueles com quem se relaciona. Demonstrar interesse torna a relação mais forte e sincera, benéfica para todos. É o chamado “ganha-ganha”.
Dentro de um mercado cada vez mais competitivo, estabelecer alianças – ou, em um termo mais utilizado, parcerias – é uma forma de estabelecer um networking que trará vantagens para ambos os envolvidos. Pensemos em empresas que se unem para oferecer um produto ou serviço conjunto, ou profissionais que juntam suas expertises em um projeto. Assim como no Big Brother, são essas conexões que levam um jogador à frente. Relacionar-se é preciso, e não apenas para ganhar R$ 1 milhão e meio.
Se há algo que é ponto pacífico com relação ao período da pandemia da covid-19, é que ela acelerou diversos processos no meio empresarial. Evoluções que eram esperadas para ocorrer em anos foram implantadas em meses ou semanas. A transformação digital é a maior dessas mudanças e viabilizadora de todas as outras. Nesse cenário, empresas que já investiam nessa frente anteriormente conseguiram se adaptar melhor às dificuldades impostas pela disseminação do coronavírus, enquanto as demais precisaram correr atrás do prejuízo.
Com as medidas restritivas impostas para conter a pandemia, como fechamento de atividades econômicas e impedimento de circulação, diversas empresas foram impedidas de atuar normalmente. Então, surgiu o dilema: como se adaptar a essa nova realidade e manter um mínimo de atividade com segurança? A resposta veio da tecnologia. Apenas o ambiente digital permitiria às empresas manter contato com seu público e continuar vendendo seus produtos ou serviços. Começou, então, uma corrida por atualização.
De uma hora para outra, negócios tradicionais, resistentes a mudanças, se viram obrigados a entrar no mundo da internet – algo que chega a soar estranho, dado que o ambiente web já é parte bastante presente do cotidiano da população. Vendas on-line, aulas on-line, shows on-line, atendimentos e consultar on-line. Tudo virou digital. E o que era um grande desafio tornou-se, tempos depois, uma ótima oportunidade. Afinal, a internet expande o alcance de uma marca, que pode quebrar barreiras geográficas e se conectar a potenciais consumidores em lugares antes impossíveis de acessar. Cabe a cada empreendimento e a sua gestão saber aproveitar as ferramentas que o ambiente digital oferece e traçar estratégias que permitam a sobrevivência do negócio.
Tomo como exemplo o grupo Ser Educacional, o qual fundei e onde sou presidente do Conselho de Administração. A transformação digital já era uma premissa da companhia há alguns anos e, durante a pandemia, ela foi potencializada. Fizemos transformações programadas para cinco anos em apenas algumas semanas. Treinamos professores, adaptamos nossos sistemas e demos início às aulas on-line, ao vivo, para não deixar nossos alunos desamparados. E continuamos evoluindo, buscando novas alternativas para levar uma educação cada vez melhor a nossos estudantes. E assim também agiram diversas outras empresas. Hoje, depois desse período de adaptação, vê-se que é quase impossível um negócio sobreviver se ele não for acessível digitalmente. E assim será até o fim da pandemia, e mesmo depois dele.
É claro que a pandemia trouxe um saldo extremamente negativo de mortes e empresas fechadas. Temos muito a fazer para frear o avanço do coronavírus e mais ainda para reverter seus impactos nocivos. Por outro lado, há que se reconhecer que momentos de crise são também momentos de oportunidade, e essa situação tem provado o quão essencial a tecnologia se tornou na vida e nos negócios do mundo. Fica o desejo de que as empresas continuem evoluindo e investindo na transformação digital, a fim de poderem vislumbrar novos horizontes de negócios e crescimento.
A pandemia do coronavírus veio realmente para revirar vidas, carreiras, empreendimentos e estruturas sociais. O desemprego foi um dos piores reflexos dessa situação – sem contar, obviamente, as mais de 330 mil vidas perdidas até agora. Segundo o IBGE, o índice de desemprego no Brasil ficou em 14,2% no trimestre finalizado em janeiro, somando 14,3 milhões desocupadas. Nesses momentos, em que o desespero vem, é preciso desenvolver a poderosa força da resiliência e tomar atitudes para encontrar saídas viáveis.
A resiliência pode ser definida como a habilidade de suportar as adversidades da vida e manter a determinação, tendo a capacidade de lidar bem com os problemas que aparecem pela frente sem esmorecer ou se desesperar. O desemprego repentino é, de fato, um baque na vida de qualquer pessoa que tem contas a pagar ou uma família a sustentar. Não é fácil. Mas é preciso manter a cabeça no lugar. E se mexer. Além de procurar uma recolocação, nessas horas pode-se (e deve-se) pensar em empreender. É o chamado empreendedorismo de sobrevivência. Todo dia vemos diversas pessoas que se reinventaram durante a pandemia, passando a produzir e oferecer produtos e serviços que fizeram sucesso atendendo a necessidades de determinados nichos de mercado. É preciso ter uma boa visão, pensar em possibilidades e, acima de tudo, colocar os planos em prática, correr atrás, trabalhar muito.
Com as atividades comerciais fechadas ou sensivelmente diminuídas na maioria dos municípios brasileiros, a internet tem se tornado uma ótima saída para geração de renda. E aí existem diversas frentes a serem abordadas, inúmeras oportunidades de negócio. Os aplicativos de entrega estão cada vez mais expandidos e podem ser bons aliados. Pode não ser fácil no começo, mas, mais uma vez, a resiliência bem desenvolvida faz do empreendedor um ser “inquebrável”, capaz de superar os obstáculos, tomar “porradas” da vida, mas não desistir. Acredito muito na lei do retorno, então, se você verdadeiramente se esforçar e colocar seu coração em um propósito, a vida se encarrega de recompensar toda dedicação e o universo vai conspirar a seu favor.
É sempre importante lembrar que, quando você desiste de algo, desiste também de tudo que vem depois. Ter esse pensamento em mente pode ajudar a manter a motivação no nível necessário para que você não pare. Caiu? Reerga-se, ainda mais forte e calejado, crie “couro grosso”, torne-se invencível. Você é capaz de dar a volta por cima. Se for para desistir, lembre-se: desista de desistir.
No meio do caminho, tinha... um navio de 220 mil toneladas. O mundo se viu atônito – como se não bastasse a pandemia – com o bloqueio do Canal de Suez, por onde passam cerca de 12% do comércio mundial, depois do encalhe do navio Ever Given. O navio que bloqueou a passagem causou impactos em diversas escalas na economia mundial. O desencalhe após seis dias foi um alívio para muitos, mas os impactos ainda poderão ser sentidos.
O Canal de Suez foi inaugurado em 1869, passa pelo Egito, ligando o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, e é importante via de tráfego marítimo entre Europa e Ásia. Após o encalhe, mais de 400 outras embarcações se acumularam nas proximidades, impedidas de prosseguir. Muitas acabaram mudando de trajeto e dando a volta pelo extremo sul da África, tendo que percorrer milhares de quilômetros a mais para chegarem a seus destinos. Pelo Canal de Suez, passam, diariamente, cerca de R$ 53 bilhões em mercadorias. Com o navio encalhado durante seis dias, a estimativa é de perdas econômicas diretas ou indiretas de mais de R$ 300 bilhões. Petróleo, gás, commodities em geral, são transportados pela via marítima. O atraso na entrega poderá gerar aumentos nos preços e desencadear reajustes.
É realmente impressionante como parte da economia mundial depende essencialmente de uma passagem marítima. O canal facilitou a comunicação entre Europa e Ásia, barateando custos de transporte de inúmeras mercadorias. Agora, parado, o efeito foi o contrário. Algo tão inesperado, mas que acende uma luz amarela. O Ever Given, da taiwanesa Evergreeen, é um porta-contêineres gigante de 400 metros de comprimento, um gigante que flutua, e outros como ele podem e devem aparecer e ser cada vez mais comuns. Com este novo patamar de “mega-navios”, há toda uma questão logística envolvida, e, agora, também surge a necessidade de estratégias de contingência. Por azar, o Ever Given encalhou justamente em um trecho do Canal de Suez que é de via única, travando de vez o tráfego.
O incidente serve de lição não só para a administração da via, mas para projetistas ao redor do mundo: é sempre preciso pensar nas possibilidades, desenhar cenários de futuro, mesmo os mais adversos, e desenvolver planos para lidar com eles. O incidente no Canal de Suez também nos serve como evidência de que a economia está, de fato, hiperconectada, e que acontecimentos do outro lado do mundo podem afetar nossa vida. Por isso, é importante estar atento aos movimentos do mercado global. Não estamos mais em uma realidade de isolamento de mercados locais, mas de interdependência. E é preciso estar preparado para esses acidentes e percalços, que podem custar caro.