Ufal quer monitorar costa brasileira com drones
Equipamentos desenvolvidos por cientistas do Instituto de Computação seriam capazes de identificar danos ambientais
Pesquisadores do Instituto de Computação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) trabalham no desenvolvimento de drones e embarcações autônomas que possam monitorar a costa brasileira, identificando danos ambientais. A iniciativa se dá por meio de pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que destinou R$ 1,3 milhão a 15 projetos selecionados pelo edital Entre Mares.
A equipe da Ufal supõe que o monitoramento do litoral com sistemas fixos de controle, executado atualmente, não é capaz de realizar a fiscalização. “O grande problema destes sistemas é que eles são estáticos, mas os oceanos não. Acreditamos que veículos aéreos e marítimos seriam capazes de monitorar eventos que acontecem na costa brasileira e que estão suscetíveis à dinâmica dos mares por causa das correntes marítimas, da mudança dos ventos, das alterações climáticas e de todo tipo de fenômenos meteorológicos fora da normalidade”, comenta Heitor Savino, cientista do Instituto de Computação da Ufal, que lidera o grupo de pesquisa.
O interesse dos pesquisadores na questão aumentou depois do desastre ambiental do derramamento de óleo nas praias brasileiras ocorrido em 2019. “Para possibilitar a análise e avaliar a saúde dos mares, é necessária uma grande quantidade de dados com adequada dispersão espaço-temporal. Por isso, com aplicação de sistemas de veículos autônomos confiáveis é que poderemos ter certeza da localização da fonte de substâncias liberadas e conseguiremos fazer a análise da sua dispersão no oceano”, explica Savino.
De acordo com a Ufal, atualmente, o litoral do país é monitorado por estações maregráficas que mantém 189 boias em todo o país, além de outras 21 boias fixas ofertadas pelo programa Predição e Pesquisa em Matriz Atracada no Atlântico Tropical (PIRATA). Os pesquisadores defendem que, com os drones, o Brasil seria capaz de acompanhar a rotina de uma faixa marítima de até 24 milhas náuticas, o equivalente a cerca de 44 km de mar territorial e zona contígua.
Neste contexto, a pesquisa tem por estratégia realizar primeiro a identificação de um determinado evento ambiental e, depois, enviar drones aéreos em missão de rastreamento. Com os dados gerados por eles, poderiam ser deslocados ainda drones aquáticos, em missão de busca. “Nosso trabalho se propõe a criar instrumentos que possibilitem a visualização e a identificação de acontecimentos estranhos na água do nosso oceano. Estas informações serviriam como subsídios para que instituições e autoridades possam tomar as providências necessárias para a contenção dos danos”,conclui Savino.