Intel disponibilizará software de fala usado por Hawking
Sistema de comunicação será disponibilizado para pesquisadores na internet em código aberto
O sistema que ajuda a Stephen Hawking se comunicar com o mundo exterior será disponibilizado na internet a partir de janeiro, em um movimento que poderá ajudar milhões de pessoas que sofrem de doenças neuromotoras, anunciaram cientistas nesta terça-feira.
O físico teórico de 72 anos, que fez fama internacional na década de 1980 com o livro "Uma Breve História do Tempo", saudou a decisão da gigante da tecnologia americana Intel, em uma coletiva de imprensa em Londres.
"Tornando essa tecnologia livremente disponível, existe o potencial de melhorar significativamente a vida de pessoas incapacitadas por todo o mundo", disse Hawking, em declarações transmitidas pela voz robótica do seu computador.
"Sem isso, eu não poderia falar com vocês hoje", disse ele, que aos 21 anos foi diagnosticado com uma doença neuromotora relacionada com a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
O sistema de comunicação será disponibilizado para pesquisadores na internet em código aberto, embora ainda tenha que ser adaptado para usuários individuais.
Hawking, que leciona na Universidade de Cambrigde, consegue digitar em seu computador usando um sensor na bochecha que é detectado por um interruptor infravermelho instalado em seus óculos, que o ajuda a selecionar os caracteres.
Seu sistema atual, desenvolvido pela Intel nos últimos três anos, reduz o número de movimentos necessários para soletrar palavras, além de lhe oferecer novas funções inéditas, como o envio de anexos por e-mail.
"A velocidade de digitação de Hawking é duas vezes mais rápida e há uma melhora dez vezes maior em tarefas comuns", informou a Intel em um comunicado.
A empresa britânica SwiftKey também digitalizou todos os trabalhos do físico teórico de modo a ajudar o computador a deduzir mais rápido o que ele está tentando dizer.
Hawking, que tem o corpo paralisado quase por completo, apresentou o novo sistema ao público pela primeira vez nesta terça-feira.
"A medicina não foi capaz de me curar, então eu conto com a tecnologia para ajudar a me comunicar e a viver", disse em comunicado à imprensa.
Tetraplegia e doenças neuromotoras afetam mais de três milhões de pessoas em todo o mundo.
"A tecnologia para pessoas com deficiência é, muitas vezes, um campo de testes para a tecnologia do futuro", afirmou Lama Nachman, pesquisadora sênior do Intel Labs.