Artistas de diferentes gerações, muitas mulheres e muitos jovens, alguns desconhecidos, outros que se aventuraram em vários continentes e culturas, são os convidados de honra da 57ª edição da Bienal de Arte de Veneza, que será inaugurada em 13 de maio.
O artista plástico brasileiro Ernesto Neto está entre os latino-americanos em destaque.
##RECOMENDA##Sob o lema "Viva Arte Viva", a diretora artística da bienal, a francesa Christine Macel (chefe de conservação do Centre Pompidou de París), convidou 120 artistas de mais de 50 países - dos quais 103 participam pela primeira vez - a narrar "seus universos" e mostrar a vitalidade do mundo em que vivemos.
Os organizadores da prestigiada manifestação de arte contemporânea, fundada em 1895, e que este ano ficará aberta até 26 de novembro, propõem nesta edição explorar e celebrar essa energia particular, positiva, emergente e inovadora que emanam os mundos dos artistas.
"Viva Arte Viva é uma exclamação, um grito cheio de paixão pela arte e pela posição do artista. Viva Arte Viva é uma bienal desenhada com os artistas, pelos artistas e para os artistas", explicou Macel à imprensa.
"O ato artístico é contemporaneamente um ato de resistência, de libertação e de generosidade", resumiu.
Entre os artistas mais conhecidos convidados pela curadora estão Sheila Hicks, Kiki Smith e o dinamarquês Olafur Eliasson, conhecido por suas imensas esculturas e instalações, que transporta todo o seu ateliê para a cidade de Marco Polo.
A geração de 69, ano de nascimento de Christine Macel, é particularmente bem representado, com artistas como Kader Attia e Philippe Parreno, que representam hoje mais do que nunca a busca do diálogo com o presente, com a realidade, o meio ambiente e a autoridade.
O evento veneziano que este ano se celebra simultaneamente com a 14ª edição do Documenta, na Grécia e na Alemanha, é uma viagem na arte contemporânea, subdividido em nove capítulos e como em um livro, narra os medos e delícias, as dores e utopias, a tradição e o novo através de várias visões de artistas, muitos provenientes de América Latina, Orientes Médio e Extremo, Leste Europeu e Rússia.
Além de Neto, outros latino-americanos em destaque são a argentina Lilian Porter, o mexicano Gabriel Orozco, o chileno Juan Downey (já falecido), a cubana Zilia Sánchez e o colombiano Marcos Avila-Forero.
O artista, xamã na era da internet
Nos sugestivos e enormes espaços do Arsenale e no pavilhão central, no setor Jardins, os artistas da era da internet são indefiníveis, embora contem com a mesma capacidade e maturidade técnica.
Além da exposição de arte contemporânea com direção de Macel, 85 pavilhões dos países participantes, com seu curador próprio, completam a visão internacional e pluralista do renomado evento.
A Austrália apresentará a primeira exposição de um artista aborígine, Tracy Moffatt, a França participará com um original pavilhão "acústico" com aplicativo próprio na internet que pode ser acompanhado ao vivo e a Itália convidou artistas a se apropriarem do "mundo mágico" para construir, como um xamã, um mundo paralelo que permita compreender o próprio.
Espanha (Jordi Colomer, 1962), Portugal (José Pedro Croft, 1957), Chile (Bernardo Oyarzún, 1963), México (Carlos Amorales, 1970) e Argentina (Claudia Fontes, 1964) selecionaram artistas que representam o hino à vida, à alegria da arte, com o qual esta bienal quer entrar para a história.
"Conscientes de que atualmente estamos vivendo na era da ansiedade, a bienal escolheu Christine Macel como comissária comprometida para insistir no papel importante que os artistas desempenham na invenção de seus próprios universos e na generosa injeção de vitalidade que dão no mundo em que vivemos", resumiu Paolo Baratta, presidente da Bienal.
Como ocorre a cada dois anos, a sugestiva cidade de Marco Polo será invadida por uma série de eventos paralelos, todos organizados por instituições reconhecidas e oficiais, que se inspiram ao seu modo também no lema da bienal, uma homenagem às emoções e às reflexões que o artista suscita tanto no visitante como no criador.
A Bienal premiará com o Leão de Ouro a carreira de um ícone do feminismo dos anos 1970 e da body-art, a artista visual americana Carolee Schneemann, famosa por usar seu próprio corpo como material para suas performances e provocações sobre a sexualidade.
A nova edição busca integrar, também, um número maior de mulheres artistas e oferece visibilidade às propostas de países que participam pela primeira vez: Antigua e Barbuda, Kiribati, Nigéria e Cazaquistão.