A partir da próxima semana, os secretários estaduais começarão a cortar na própria dele. Para cumprir a meta de uma economia da ordem de R$ 18 milhões, determinada pelo governador Paulo Câmara, dispensarão uma penca de servidores que ocupam cargos comissionados.
São funções que variam de R$ 1,2 mil a R$ 4,8 mil. A maioria desse pessoal, que não pertence aos quadros do Estado, tem apadrinhamento político. Por isso mesmo, desde a semana passada, os secretários passaram a comer o pão que o diabo amassou para promover as demissões.
“Na minha pasta são 55 cargos comissionados a serem extintos”, revelou um secretário. Ele não é o único que está apreensivo e tenso. Todos os 22 que integram o primeiro escalão sabem que a vassourada tem que ser praticada a partir da próxima segunda-feira, 2.
A coordenação dos cortes foi entregue ao secretário da Casa Civil, Antônio Figueira, auxiliado pelo titular do Planejamento, Danilo Cabral. Deputados da base responsáveis pelas indicações já começaram a fazer os mais diversos tipos de pressão para evitar que apadrinhados sem demitidos.
Mas de nada vai adiantar. “O governador não abre mão da economia a que se propôs”, avisa outro auxiliar de Câmara, adiantando que não haverá nenhum tipo de pressão capaz de evitar que os secretários cumpram as orientações, até porque o Governo precisa de recursos para manter os serviços essenciais básicos.
Os cortes já despertaram também a ira da oposição. O líder Silvio Costa Filho (PTB) diz que, no passado, o governo já implantou medidas que buscavam economizar recursos públicos e que, mais à frente, terminaram gerando mais despesas. Cobrou mais informações sobre os cortes.
E pediu aos demais deputados que estejam atentos para fiscalizar a real aplicação do que foi anunciado pelo Governo. O líder do governo, Waldemar Borges (PSB), afirma que a decisão segue a tendência que já vinha sido adotada na gestão anterior e deve economizar, de fato, R$ 18 milhões anuais.
MARTELO BATIDO– O deputado Alberto Feitosa, ex-secretário estadual de Turismo, almoçou, ontem, com o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, e bateu o martelo: assume a secretaria municipal de Saneamento. Com isso, abre na Assembleia vaga para o deputado Marco Antônio Dourado, segundo suplente da coligação governista. Na Mesa Diretora da Assembleia, o PR de Feitosa ficou sem representante.
Mesa é acordo– Deputados que ameaçam disputar cargos na Mesa Diretora da Assembleia com candidaturas avulsas não têm chances de bater os concorrentes oficiais, porque a composição é um acordo de confiança recíproca fechado entre todos os partidos seguindo o critério da proporcionalidade. E não há espaço para traições!
Risco de interrupção – O senador eleito José Serra (PSDB), nas reuniões dos tucanos de que tem participado em Brasília, profetiza que a presidente Dilma não vai concluir o mandato. Sua avaliação, segundo Ilimar Franco, é que há um completo desgoverno, agravado pela crise econômica e pelas denúncias de corrupção.
Sem articulação– No processo da eleição da Mesa Diretora da Assembleia os deputados da base confirmaram na prática a desconfiança que já existia desde a escolha do secretariado: falta um articulador experiente e habilidoso para fazer a ponte política com a base na Assembleia Legislativa. A bancada do PSB é um muro de lamentações.
Escapou de raspão– O presidente municipal do PT, Oscar Barreto, escapou da “Lista de Schindler”, como os próprios petistas batizaram a degola dos 100 infiéis que serão expulsos pela executiva estadual. Segundo a presidente Teresa Leitão, o caso de Oscar não se reporta às eleições passadas, mas a um processo movido por Dílson Peixoto, que está na Comissão de Ética.
CURTAS
TÁ FORA– O deputado Gonzaga Patriota nega que tenha projeto de disputar a liderança do PSB na Câmara com o deputado Fernando Filho, também pernambucano. “Liderança não se disputa”, afirma, adiantando ser objeto de consenso na bancada.
LIDERANÇA– O deputado Ângelo Ferreira confirma que está deixando a liderança do PSB na Assembleia. Deve ocupar uma presidência temática na Casa. O novo líder deve ser Aluízio Lessa ou Diogo Moraes, enquanto Waldemar Borges se mantém na liderança do Governo.
Perguntar não ofende: O PSB vai punir quem dispute cargo na Mesa com candidatura avulsa?