Com cinquenta e um anos de existência comemorados esse ano,Brasília a capital federal do Brasil é uma das cidades candidatas a sediar a 29ª edição da Universíade de verão de 2017. A disputa está entre Kocaeli (Turquia) e Taipei( Taipei Chinesa) . A decisão sai em novembro na sede da FISU( Federação Internacional de Esporte Universitário) na Bélgica.
Durante as finais da liga de Quadras do Desporto Universitário em Brasília no mês passado, o presidente da CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário) Luciano Cabral, respondeu algumas respostas em exclusividade ao repórter Everton Melo sobre a candidatura de Brasília 2017.
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LeiaJá - A última vez que o Brasil sediou a Universíade foi em 1963 em Porto Alegre , o único país da América do Sul a realizar esse feito . Qual foi maior ganho que o Brasil tirou com aqueles jogos ?
Luciano Cabral - Era época em que tudo era diferente, um período durante o regime militar. A Universiade era pra ter ido pra outra cidade, mas ocorreu em para Porto Alegre, mérito dos gaúchos que aceitaram o desafio e o fizeram em pouco tempo. Naquele momento o esporte universitário se fortaleceu muito principalmente no sul do país. É possível ver o reflexo disso nas décadas seguintes. Há força da modalidade no Sul, em Porto Alegre, e no sudeste também e infelizmente isso se perdeu entre o final dos anos 80 e início dos 90. Contudo foi importante para que os brasileiros daquela época, em especial daquela região, conhecessem o esporte universitário. Porém, infelizmente por não termos as mídias sociais de hoje o evento não se propagou tanto como se deveria.
LeiaJá - Quase 50 anos depois, qual o motivo da candidatura do Brasil com a cidade de Brasília para sediar a Universíade de 2017 e Por que Brasília?
Luciano Cabral - Exatamente pela questão de fazer muito tempo que os jogos não vinham para a América Latina existe um entendimento na FISU que os jogos deveriam vim para essa região. Então nós aproveitamos o momento no qual o Brasil vive de grandes realizações esportivas, economia forte e estabilizada, e o país está passando a ser liderança no cenário internacional nas mais diversas manifestações que colocam o Brasil no debate internacional não como simples participante, mas como um país líder e de opinião a emitir. Então decidimos aproveitar tudo isso.
Nós temos uma cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro e será totalmente equipado para os jogos olímpicos de 2016, trazer a Universiade para os cariocas sobrecarregaria a cidade e mostraria o Brasil por apenas um ângulo. Esse país é muito grande e tem uma diversidade cultural imensa, não só Brasília como diversas cidades de outras regiões poderiam sediar um projeto desse porte. Precisamos abrir esse leque. Levar grandes eventos para outras regiões, desenvolver o país como um todo e Brasília nos pareceu uma excelente opção pela disposição geográfica tecnicamente perfeita apresentada pela cidade.
LeiaJá - Qual será a principal arma utilizada pela CBDU pra conquistar o direito de realizar os jogos em 2017?
Luciano Cabral - Mostrar a capacidade organizacional do Brasil, estamos bem adiantados, vamos apresentar uma cidade que hoje possui 64% construído de tudo que precisará para Universiade e por causa da copa do mundo de Futebol em 2014 outras facilidades serão construídas. Aproveitaremos o legado desses dois grandes eventos e o apelo para trazer o evento de volta para a América Latina. No nosso entendimento esses fatores favorecem o país a ser escolhido. Uma leitura precisa ser feita com tranqüilidade, as pessoas acham um desgaste realizar as olimpíadas e copa do mundo de futebol e Universiade em um curto espaço de tempo. Porém tudo é diferente, nós vamos estar em outra cidade. Imagina você cidadão morador de Brasília. O Brasil é um país continental ao exemplo da China nós temos condições para isso e vamos aproveitar todos os investimentos.
LeiaJá - Ganhando o direito de sediar os jogos, como será a preparação para realização da Universiade ?
Luciano Cabral - Vamos acompanhar a organização dos outros eventos, a questão de tecnologia, informação, cobertura jornalística e participar efetivamente pra usufruir disso na Universiade. Vamos construir a vila olímpica dentro da própria cidade para desenvolver o setor imobiliário e retocar estruturas esportivas já existentes. O maior trabalho a ser feito será o conceito e legado.
LeiaJá - Como será feita a divulgação do evento já que muitos brasileiros nunca ouviram falar da Universiade, para que em 2017 haja um bom número de público presente prestigiando os jogos?
Luciano Cabral - Mais um ponto positivo pra Brasília. Uma cidade jovem, universitária, uma população com uma relação muito forte com o esporte. Se você andar por aqui nos sábados e domingos você pode ver os parques e clubes bastante movimentados. Nós tivemos um campeonato de Basquete aqui esse ano e a população lotou os ginásios. Então a cidade tem essa característica e é óbvio que até 2017, vamos nos esforçar para familiarizar a cidade com o evento.
LeiaJá - O quê o Brasil pode tirar de exemplo da organização da Universiade em Shenzhen 2011 como útil para a organização dos Jogos no Brasil ?
Luciano Cabral - A China vive o mesmo momento que o Brasil , nova potência econômica ,tem se posicionado no mundo, realizou a Universiade em 2001e 2011, Olimpíadas em 2008 , mostrou a força de um país continental e diferente, esse é o nosso referencial, a China é claro tem uma qualidade de instalações esportivas que foge o padrão mundial, mas eu garanto que vamos ter um belíssimo estádio de futebol, já temos o parque da cidade, e outras estruturas na qual a China não tem, por exemplo podemos falar das modalidades alternativas como beach soccer ,vôlei de praia , as arenas que estamos acostumado a ter no Brasil que podem ser montadas no parque da cidade e na esplanada do ministério e com certeza vai deixar qualquer estrangeiro encantado.