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Depois de receber críticas por ocultar informações referentes às emendas parlamentares e pela lentidão na divulgação de dados dos últimos quatro anos, o governo de São Paulo apresentou ontem medidas que, segundo o governador Geraldo Alckmin, devem aumentar a transparência do Orçamento do Estado.

As medidas - parte de dois decretos assinados ontem por Alckmin - incluem uma reestruturação da Corregedoria do Estado, a criação de um Portal da Transparência, a edição de um Código de Ética da Alta Administração Pública e o cadastramento de ONGs que pretendam fazer convênios com governo.

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A decisão de cadastrar ONGs ocorre num momento em que o governo Dilma Rousseff suspendeu repasses a entidades por suspeitas de corrupção envolvendo vários ministérios. O Cadastro Estadual de Entidades será criado em janeiro e, a partir de junho, todas as ONGs que queiram receber dinheiro do Estado precisarão de certificado de idoneidade - válido por cinco anos e concedido após fiscalização na sede da entidade. O objetivo é evitar convênios com ONGs fantasmas.

Ao anunciar as mudanças na corregedoria, o governador negou que as ações tenham sido motivadas pelo escândalo das emendas secretas na Assembleia. O suposto esquema de vendas de emendas pelos parlamentares foi denunciado pelo deputado Roque Barbiere (PTB). "Na campanha eleitoral, eu já coloquei a questão da criação da Controladoria-Geral do Estado. Esse trabalho vem sendo feito desde o início do ano", disse Alckmin.

Datas

O governo não anunciou datas para implementação das medidas. O secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, afirmou apenas que o Portal da Transparência deve começar a funcionar no início de 2012. A promessa é que o site centralize todas as iniciativas de transparência do governo na internet, incluindo o portal Prestando Contas, em que a execução orçamentária é divulgada hoje.

Os dois decretos criam ainda o Sistema Estadual de Controladoria, vinculado à corregedoria, que deverá ter acesso automático aos dados das secretarias e autarquias do Estado. Antes, a corregedoria precisava solicitar as informações aos outros órgãos da administração paulista.

Serão estruturadas novas unidades no interior da corregedoria, como o Conselho de Transparência da Administração Pública, que terá o papel de "consolidar a transparência, eficiência e o compromisso com a moralidade administrativa", segundo a Casa Civil. O órgão deverá ter 12 membros, 6 do governo e 6 da sociedade civil. Os detalhes da composição do conselho não foram divulgados. Será criada ainda uma Comissão Geral de Ética, que fará o Código de Ética da Alta Administração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Reunidos ontem na Câmara Municipal de São Paulo, jornalistas de diferentes veículos se uniram na defesa de um aumento no grau de transparência pública no Brasil.

Para o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, a transparência precisa ser observada na sociedade por dois ângulos: o do poder público, que deve entendê-la como um dever, e o da imprensa, cuja tarefa é não só cobrar as autoridades como ter método e oferecer as informações com clareza.

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Ao lado de outros três jornalistas - Merval Pereira, de O Globo, Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, e Milton Jung, da rádio CBN -, ele debateu o tema "Como a Imprensa Vê a Transparência Pública", que teve como moderador o jornalista Carlos Marchi. O painel foi parte de um dia inteiro de discussões sobre "A Era dos Dados Abertos".

Gandour saudou os avanços que a internet possibilitou, em termos de transparência, mas lembrou que "ainda estamos longe de outros países". Quem decide optar pela função pública "tem de saber que deve sempre satisfação à sociedade", destacou. Mas do lado da imprensa há também um dever: o de "buscar apuração e interpretação corretas". E essa investigação, advertiu, "requer método".

Sigilo

A "cultura do sigilo, da opacidade", marca das relações políticas no País, foi apontada por Fernando Rodrigues. Ele relatou exemplos concretos da dificuldade de se obter certos dados e contou um caso em que juízes eleitorais "fizeram de tudo para não revelar uma simples lista de candidatos".

Merval Pereira comparou a estrutura do governo americano, que anota e guarda tudo o que faz e diz um presidente, com a do Brasil, onde muitas informações importantes se perdem. Em seguida, elogiou a Lei de Acesso à Informação, ainda a ser votada no Senado, como "das mais avançadas já feitas". Milton Jung falou sobre os avanços conseguidos pela ONG Adote um Vereador e disse que, na própria Câmara, "apenas alguns vereadores" trabalham com transparência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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