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Antes de bater o martelo e vender o controle da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), a ThyssenKrupp terá que indenizar a siderúrgica por erros de gestão. O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que a cifra em jogo é expressiva e reflete decisões tomadas pelo grupo alemão que resultaram em aumento no custo do projeto e problemas operacionais.

O acerto de contas em caso de má gestão está previsto em contrato firmado entre os acionistas da CSA, segundo uma fonte próxima à negociação. Um dos erros seria na construção da coqueria, onde ficam os fornos de uma siderúrgica. Contratada pela Thyssenkrupp, a chinesa Citic projetou a obra da coqueria, que rachou depois de pronta, elevando ainda mais os custos do projeto.

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Por isso, antes de sair do controle da CSA, a Thyssen ainda terá de colocar novamente a mão no bolso. Um problema a mais para quem já precisou registrar baixas contábeis de US$ 7 bilhões em seu projeto siderúrgico das Americas, que engloba, além da CSA, uma laminadora nos Estados Unidos.

A CSA entrou em operação em junho de 2010, depois consumir US$ 8,2 bilhões, valor bem acima dos US$ 3 bilhões previstos inicialmente. Um ano antes, em plena crise internacional, a mineradora Vale, sócia minoritária do ativo, precisou socorrer a Thyssen para viabilizar a conclusão da obra. Na operação, a Vale elevou sua fatia na empresa de 10% para 26,87%.

No início do ano, o presidente do conselho de administração da Thyssenkrupp, Gerhard Cromme, admitiu erros que contribuíram para grandes prejuízos sofridos pelo grupo alemão. Meses depois, o executivo deixou o cargo. A saída de Crome aconteceu em meio a críticas por sua participação em escândalos relacionados ao pagamento de suborno e gastos excessivos com executivos.

Diante de um cenário complicado para a siderurgia, com um excedente de cerca de 500 milhões de toneladas de aço no mundo, a Thyssen corre para vender o ativo que, até o momento, só deu prejuízo ao grupo alemão.

Mas, a operação de venda enfrenta outros entraves. Um dos pontos é a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como financiador do controlador da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, apontado como potencial comprador da siderúrgica. Como credor da CSA , o banco de fomento tem

de referendar a troca de controle na siderúrgica.

O empresário, entretanto, pretendia obter também um financiamento do BNDES para compor sua proposta. No início do mês, como antecipou o Broadcast, a CSN ofereceu cerca de US$ 2,5 bilhões à Thyssen para ficar com a laminadora dos Estados Unidos e com um pedaço da CSA, no Rio de Janeiro, segundo fontes ligadas à operação. A mineradora pediu um documento com a oferta por escrito, conhecido como proposta vinculante no mundo dos negócios, para iniciar sua avaliação.

Outra fonte próxima à negociação, entretanto, afirma que a conversa entre a CSN e o BNDES não foi além de sondagens. Na área técnica do banco a avaliação é que para obter um empréstimo para o negócio com a Thyssen, Steinbruch teria primeiro que resolver antigas pendências com a BNDESPar, braço de participações da instituição.

Desde 2006 Steinbruch contesta o BNDES na Justiça por uma operação de conversão de debêntures da Vicunha Siderurgia, holding que controla a CSN. "Uma coisa é ele (Steinbruch) assumir um crédito de um projeto para o qual o banco não quer criar problemas (CSA). Outra coisa é o BNDES dar crédito novo. Aí ele terá que resolver os problemas com o banco", diz a fonte.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch, baterá, novamente, à porta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em busca de apoio financeiro na compra de ativos da ThyssenKrupp. O objetivo é apresentar ao BNDES o acordo articulado nas últimas semanas com o grupo alemão, que envolve uma combinação entre desembolso de dinheiro e troca de ativos. No novo modelo desenhado, Steinbruch deve reivindicar parceria financeira do banco para a compra da usina do Alabama, nos Estados Unidos, provavelmente dentro do programa de apoio à internacionalização de empresas brasileiras.

Nesta sexta-feira, a siderúrgica alemã divulgou comunicado informando estar em "negociações intensas" sobre a Steel Americas, grupo que engloba duas usinas integradas, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), fabricante de placas sediada no Rio, e a laminadora instalada no Alabama, construída para receber as chapas produzidas na capital fluminense.

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Os detalhes do acordo são guardados a sete chaves. O banco, até agora, mantém descartada a participação na proposta da CSN pelos ativos da Thyssen. Inicialmente, a siderúrgica de Steinbruch tentava conseguir a parceria do BNDES numa proposta de US$ 3,8 bilhões para a compra da CSA. Sem o banco, a proposta financeira teria de ficar em patamar bem mais baixo.

Nesse redesenho, o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a Thyssen não venderia toda a fatia acionária na CSA, como planejava, inicialmente. Também pode entrar no acordo uma cláusula de desempenho, o que aumentaria, eventualmente, o valor final a ser pago.

A resistência do BNDES em financiar a operação teria motivado a CSN a buscar uma solução alternativa para continuar na disputa. Nos bastidores, o BNDES sempre deixou claro que o impasse ao financiamento estava nas garantias a serem oferecidas. A instituição financeira exigia da CSN ativos de maior peso, como a mina de Casa de Pedra e a Namisa para assegurar o negócio.

Steinbruch havia apresentado uma proposta na qual separava os ativos minerários dos siderúrgicos. Com isso, o BNDES deixaria de participar da fatia atualmente mais rentável do grupo. No comunicado desta sexta-feira, a Thyssen citou a sócia Vale e o próprio banco, que é credor da CSA. Os dois terão de ratificar qualquer acordo firmado pela direção da companhia alemã.

"Essas negociações incluem conversas com o nosso parceiro envolvido Vale S.A. (Vale), que detém cerca de 27% da participação na fábrica no Brasil que está à venda, o banco de desenvolvimento brasileiro BNDES, assim como círculos do governo brasileiro", disse a empresa. Em 2007, o BNDES aprovou financiamento no valor de R$ 1,48 bilhão para a instalação do complexo siderúrgico, que correspondia a 18% do investimento total do projeto, de R$ 8 bilhões. CSN e Thyssen apostam no apelo nacionalista do negócio, com a ampliação da siderurgia brasileira nos EUA.

Além do BNDES, o acordo que é negociado entre a CSN e a Thyssen precisa também agradar à Vale. Na operação desenhada pela equipe Steinbruch, a mineradora teria um papel mais relevante do que, simplesmente, dar aval ao negócio. Desde que a Thyssen pôs a fatia na CSA à venda, a Vale tem deixado claro que exigirá a garantia de manutenção dos atuais direitos contratuais na empresa. Além de estar no bloco de controle, a companhia fechou, em 2006, contrato de fornecimento de minério no prazo de 15 anos e não pretende abrir mão disso. O que é desfavorável à CSN, também produtora de minério.

A cartada apresentada por Steinbruch à Thyssen nessa reta final tirou de cena a concorrente Ternium, que chegou a fazer uma oferta pela CSA. Esta semana, o grupo argentino anunciou, oficialmente, a desistência do negócio. O Broadcast apurou que a intenção da Thyssen é concluir as negociações até junho.

O interesse dos alemães em pôr um ponto-final nessa novela faz sentido. Em 2012, o grupo precisou fazer uma baixa contábil de 3,6 bilhões de euros por conta do fraco desempenho das operações na divisão de aço da companhia no Brasil e no Alabama. Com 26,87% do capital da CSA, a Vale também amargou perdas com o investimento na siderúrgica e contabilizou uma US$ 583 milhões no balanço de 2012. Desde que entrou no projeto a Vale só tem dor de cabeça com o ativo.

Ainda na fase de construção, a mineradora precisou aumentar a fatia no bloco de controle para viabilizar o projeto prejudicado pela delicada situação financeira vivida pela Thyssen. Desde a crise internacional de 2008, que reduziu a demanda mundial por produtos siderúrgicos, a sócia alemã tenta se ajustar à nova realidade do setor. Com a nova cartada, Steinbruch vai ao encontro dos interesses do governo de aumentar a nacionalização no setor siderúrgico. A dúvida é saber se a proposta, realmente, sensibilizará, o BNDES.

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