As operadoras de telecomunicações têm sido bastante cobradas nos últimos meses pela qualidade dos serviços, principalmente móveis. Um estudo apresentado pela AT Kearney nesta quinta-feira, durante o evento Painel Telebrasil, em Brasília, mostrou que, de 2005 a 2011, o crescimento médio anual dos investimentos nas redes fixas e celulares cresceu somente 3% ao ano. O consultor Tiago Monteiro apontou que, no período, foram investidos R$ 115 bilhões.
Apesar do crescimento baixo, Antonio Carlos Valente, presidente da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) e da Vivo Telefônica, afirmou que o investimento do setor no País está acima da média mundial. "Desde a privatização, o setor investiu R$ 390 bilhões", disse Valente, acrescentando que esse montante equivale a mais de 20% da receita.
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"A média mundial é de 15% da receita", disse Francisco Valim, presidente da Oi. "O Brasil investiu mais que a média mundial na série histórica." A privatização do Sistema Telebrás aconteceu em 1998.
Preocupação
Na noite desta quarta-feira (29), durante a abertura do evento, Valente criticou o conceito de neutralidade de rede irrestrita contido na proposta do Marco Civil da Internet. "Isso impede novos modelos de negócio e serviços", disse Valente.
Pelo conceito de neutralidade de rede, todo conteúdo da internet deve ser tratado da mesma forma pelas operadoras. As teles são contra porque querem cobrar de grandes empresas de internet, como Google e Facebook, uma taxa pela capacidade que consomem.
O problema é que, sem a garantia de neutralidade, os parceiros das teles teriam um tratamento privilegiado, com maior qualidade de entrega, o que poderia prejudicar a entrada de novas empresas no mercado, impactando a competição e a possibilidade de escolha.
O desafio que as operadoras de telecomunicações enfrentam, no entanto, é sério. O avanço do vídeo na internet tem feito com que o tráfego de dados cresça muito mais rápido que a capacidade de investir.
Monteiro, da AT Kearney, mostrou nesta quinta-feira que o tráfego de internet vai crescer, em média, 33% ao ano no mundo. Em 2015, metade desse tráfego deve ser vídeo. No Brasil, a tendência é ainda mais acentuada. A expansão média anual esperada para o tráfego de internet no País é de 53%. O vídeo deve responder por 65% do tráfego em 2015.
"No momento atual, a conta não fecha", afirmou Valim, da Oi. "O fluxo de caixa é muito perto de zero." Carlos Zenteno, presidente da Claro, disse que não dá para depender exclusivamente das receitas de conectividade. "Não vamos somente ser um tubo para esse conteúdo."