Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos, o ex-ministro Tarcísio de Freitas afirmou nesta quinta-feira, 5, ter discordado do presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação à vacinação contra a Covid-19.
"Eu discordava, por exemplo, de uma determinada posição com relação à vacina. Eu me vacinei, vacinei minha família e achava que estava fazendo a coisa certa", disse ele durante sabatina realizada pelo jornal Folha de S.Paulo e o Uol. "Discordava da linha da narrativa. Eu acho que a gente tomou a atitude correta e fez a narrativa errada."
##RECOMENDA##Durante a pandemia, Bolsonaro provocou aglomerações, promoveu ataques às vacinas e defendeu medicamentos sem eficácia contra a doença. O presidente disse não ter se vacinado.
Relação com o PL
Na entrevista, Tarcísio minimizou desentendimentos com o PL, partido de Bolsonaro, e disse que a vaga de vice na chapa estadual será destinada à legenda. "Mantidas as condições de hoje, o vice será do PL, o PL está no palanque", disse. "O que pode mudar esse cenário? Eventualmente a entrada de uma outra força dentro desse nosso projeto."
Questionado sobre sua ida para o Republicanos, o pré-candidato explicou que "é uma questão de construção política" e negou mal-estar com entre ele e o PL.
"Naquele momento, havia um distanciamento do Republicanos com o presidente da República e a gente entendia que o Republicanos era uma força relevante para fazer parte desta coalizão nacional", disse. "Essa ida para o Republicanos tem muito mais a ver com essa construção de ponte, do que propriamente qualquer resistência ao PL."
Como mostrou o Estadão/Broadcast Político, a bancada do PL em São Paulo está dividida entre apoiar o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e Tarcísio na disputa pelo governo paulista. Dos 17 membros do PL na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), oito estarão ao lado do tucano, enquanto nove apoiarão Tarcísio, candidato apoiado por Bolsonaro.
Tensão entre os Poderes
Tarcísio, que deixou o cargo de ministro da Infraestrutura para disputar as eleições, afirmou aprender muito com Bolsonaro. "O presidente tem seu estilo muito próprio, que fez dele um fenômeno político inquestionável (...). Não tenho a mesma aptidão política do presidente, eu não sou um fenômeno como o presidente é. Eu tenho que aprender com ele as coisas boas", disse.
Questionado sobre o clima de tensão entre o presidente e o Supremo Tribunal Federal (STF), Tarcísio afirmou que "acirramentos na democracia são comuns". Ele, no entanto, reforçou que a independência dos Poderes deve ser respeitada.
"Você tem momentos de estressamento (sic), e logo depois você tem o período de volta à calma, volta ao diálogo. Então isso faz parte da essência democrática", disse.
Sobre a graça concedida por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo por declarações e ameaças contra os ministros da Corte, Tarcísio afirmou que, apesar das críticas, o presidente "não fez nada mais que usar um remédio constitucional".
Em relação aos ataques de Bolsonaro aos ministros do Supremo, o pré-candidato disse que, "muitas vezes, ele (o presidente) se defende e a defesa é considerada ataque".