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O uso abusivo de oseltamivir (Tamiflu), indicado para evitar complicações da gripe H1N1, está reduzindo rapidamente os estoques da rede pública e já provoca faltas pontuais do remédio em algumas regiões do Estado. A utilização indiscriminada do medicamento preocupa a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, que enviou um informe aos médicos paulistas, reforçando os critérios para a prescrição do medicamento.

Nas últimas semanas, o órgão estadual observou um crescimento expressivo no consumo do oseltamivir distribuído nas unidades públicas de saúde. "Começou esse pavor por causa do H1N1 e, assim como houve uma corrida enorme atrás da vacina, também notamos um uso abusivo do medicamento. Ou seja, os médicos começaram a prescrever sem necessidade e nosso estoque caiu drasticamente. Estamos chegando a níveis críticos", diz Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria Estadual da Saúde, que já pediu lotes extras do medicamento ao Ministério da Saúde.

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Até agora, o governo do Estado recebeu do ministério 2,9 milhões de cápsulas do medicamento, volume suficiente para tratar 297,8 mil pessoas. O número é seis vezes maior do que o total de tratamentos dispensados em todo o ano passado: 48,5 mil. "O estoque que pensamos que seria tranquilo para enfrentar toda a epidemia já está acabando. Isso quer dizer que o remédio está sendo dado para pacientes de faixas etárias fora dos grupos de risco, está sendo receitado de forma anárquica."

Segundo Boulos, por enquanto há apenas desabastecimento pontual na região de São José do Rio Preto, no interior paulista, onde começou o surto, e possibilidade de falta na área de Presidente Prudente, onde o estoque está baixo. "A expectativa é de que, com os lotes extras, tenhamos medicamento suficiente para enfrentar o surto, mas é preciso ficar atento ao uso abusivo também por causa da possibilidade de isso criar uma resistência do vírus ao remédio e deixá-lo mais forte", explica.

Como revelado pela reportagem no início do mês, o ministério dobrou o pedido de antiviral ao laboratório Farmanguinhos, responsável pela produção, e terá estoque para tratar 2,5 milhões de brasileiros neste ano.

Surto

São Paulo é o Estado mais afetado pelo surto precoce de H1N1. De 1º de janeiro a 12 de abril, 91 pessoas morreram por complicações da doença em cidades paulistas, nove vezes mais do que o número de vítimas de todo o ano passado. Apesar do quadro preocupante, cerca de 90% das pessoas infectadas evoluem para cura espontânea, sem necessidade de medicamento.

O Tamiflu só é indicado para pessoas com sintomas de gripe que integram os grupos de risco, como idosos, doentes crônicos, gestantes e crianças. Ele também deve ser administrado nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que requer internação. Para que possa evitar as complicações da doença, o oseltamivir deve ser usado preferencialmente nas primeiras 48 horas após o início dos primeiros sintomas. Um informe com os critérios para a prescrição do remédio e o alerta sobre as consequências do uso indiscriminado do produto foi enviado aos médicos paulistas pela secretaria por meio do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) na semana passada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As suspeitas de contaminação com a gripe H1N1 mudaram a rotina de farmácias e hospitais da cidade de São Paulo. O medicamento indicado para pacientes com o vírus, o Tamiflu, já desapareceu das prateleiras. Máscaras e orientações para evitar a proliferação da doença estão disponíveis nas entradas de prontos-socorros particulares da capital.

Falta Tamiflu na cidade há semanas, disseram à reportagem farmacêuticos e pacientes. "Comecei a procurar ontem nas farmácias. Fui do Cambuci, na capital, até Osasco procurando. Passei por dez farmácias e não achei", disse o servidor público Cláudio Pereira, de 41 anos.

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Sua mulher recebeu o diagnóstico da doença terça-feira, 29, e só conseguiu o medicamento na rede pública. "Pegamos uma cartela com dez comprimidos para ela tomar por cinco dias, que foi a recomendação."

Na semana passada, a advogada Kátia Luz, de 48 anos, encarou a saga pelo medicamento para o filho de 10 anos, que chegou a ficar internado. "Passei um dia procurando e não achei. Fiquei desesperada. Sorte que uma amiga me indicou uma farmácia da rede pública."

A rede de farmácias Pague Menos informou que o medicamento não está disponível nem no estoque nem nas lojas. A rede Raia Drogasil teve alta demanda e está em contato com o laboratório para tentar normalizar o estoque.

Em nota, o laboratório Roche, responsável pelo produto, informou que um aumento na procura foi registrado a partir da segunda quinzena de março, esgotando a versão de 75 mg do medicamento, e diz que novos lotes vão chegar em abril. "A Roche mantém estoque das apresentações de 30 mg e 45 mg, que são parte de um plano de distribuição que visa a atender solicitações de farmácias, hospitais e distribuidores."

Atendimento

Na tarde de quarta-feira, 30, a coordenadora de shows e eventos Luciana de Carvalho Bueno, de 34 anos, procurou o Hospital Samaritano, em Higienópolis, no centro, após apresentar sintomas da gripe. "Tive náusea, enjoo, febre, moleza no corpo e na madrugada tive falta de ar. Por isso, vim ao hospital. Essa gripe me derrubou muito rápido."

Embora tenha de esperar 48 horas para saber o resultado dos exames, ela já recebeu uma receita de Tamiflu para se medicar caso o diagnóstico se confirme. Luciana já planeja tomar a vacina da gripe neste ano. "Tomei há dois ou três anos e estou pensando em voltar depois dessa suspeita", contou.

Com o alto fluxo de pacientes, o hospital colocou um banner explicando que o tempo de espera poderia ser maior em função dos casos de H1N1, além de dengue e chikungunya. Por volta das 20h15 de ontem, o tempo estimado no pronto-socorro era de 3 horas e 19 minutos.

Luciana, assim como outros pacientes, usava uma das máscaras descartáveis colocadas à disposição pela administração do local. "Tem muitos casos de H1N1. É pela segurança de todos", afirmou a coordenadora de shows.

A medida também foi adotada no Hospital Santa Isabel, em Santa Cecília, na região central. "A gente pega na recepção e usa dentro do hospital", contou a advogada Ana Regina Barros da Cunha, de 27 anos.

Ela começou a apresentar os sintomas na segunda-feira e ficou preocupada. "É uma gripe mais pesada, com uma febre que não quer baixar." Ana Regina disse que ainda não recebeu o diagnóstico confirmando a doença.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quase R$ 500 milhões podem ter sido gastos pelo governo brasileiro sem necessidade. Um estudo publicado, nesta quinta-feira (10), revela que o remédio indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater a pandemia de gripe A, o Tamiflu, não teria qualquer chance de interromper a crise e não funcionaria melhor do que qualquer paracetamol. Em 2009, quando a OMS declarou um estado de emergência internacional, governos de todo o mundo seguiram as recomendações da entidade e compraram mais de US$ 3 bilhões em cápsulas do remédio da suíça Roche. Só o Brasil gastou mais de R$ 405 milhões para comprar 75 milhões de unidades do produto.

Agora, o estudo publicado pela Fundação Cochrane e pelo British Medical Journal revela que o gasto pode ter sido totalmente desnecessário. Só o governo do Reino Unido gastou mais de € 600 milhões no remédio. Nos EUA, a conta chegou a US$ 1,2 bilhão. As vendas do remédio aumentaram em mais de 1.000%, e as ações da Roche registraram ganhos. Mas, segundo o novo estudo, o remédio não conseguiria impedir a proliferação do vírus H1N1 nem reduzir suas complicações. No máximo, o antiviral ajudaria a combater os sintomas. Um dos argumentos dados pela OMS para sugerir que governos comprassem o remédio era de que, enquanto uma vacina era produzida, a distribuição do remédio da Roche ajudaria a impedir que a pandemia ganhasse proporções catastróficas. Em um certo momento, a OMS chegou a alertar que dois terços da população mundial poderiam ser afetados pela gripe A.

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Para os analistas, parte da falta de informação vem do fato que de empresas farmacêuticas não publicam os dados de suas pesquisas. Para chegar a essa conclusão, os acadêmicos foram obrigados a consultar os testes médicos do governo britânico e analisar mais de 16 mil páginas do registro e licenciamento do remédio. "Os gastos não beneficiaram a saúde humana", declarou Carl Heneghan, um dos autores do informe e professor de Oxford. O resultado mostrou que os sintomas da gripe seriam reduzidos de sete dias para 6,3 dias. Segundo o levantamento, tomar paracetamol também levaria ao mesmo resultado, declaração contestada pela Roche. "São constatações que podem ter sérias implicações para a saúde pública", afirmou a empresa. Outros analistas também questionaram o estudo, alertando que a redução dos sintomas em crianças pode ser um ponto positivo no tratamento.

Polêmica - Na OMS, a entidade se limitou a dizer que estudaria as novas evidências. Mas ainda mantém o Tamiflu na lista dos "remédios essenciais". A revista The Lancet publicou um estudo que mostrou que a mortalidade do vírus H1N1 seria reduzida em 25% entre os pacientes que, uma vez internados, fossem medicados com o Tamiflu. Ainda assim, as novas revelações reabriram o debate sobre o papel da OMS em promover produtos de uma determinada marca, sem que haja um consenso na comunidade científica.

O Ministério da Saúde (MS) realizou recentemente o abastecimento, em todos os estados, do Fosfáto de Oseltamivir, conhecido comercialmente como Tamiflu. A prescrição e o acesso rápido ao medicamento é uma das principais recomendações do Protocolo de Tratamento de Influenza 2013. 

Só neste ano, foram enviados às secretarias estaduais 1.074.180 tratamentos do medicamento na fórmula adulto (75mg) e 151.300 caixas de uso pediátrico.  Antes desta distribuição, no entanto, os estados já possuíam estoque de 720.280 caixas para adultos e 87.666 para crianças. Cada caixa contém 10 comprimidos e são suficientes para um tratamento completo. 

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Técnicos do Departamento da Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde monitoram os almoxarifados estaduais e, caso haja necessidade ou novas solicitações, mais remessas serão enviadas. Para atingir sua eficácia máxima, o medicamento deve ser tomado nas primeiras 48 horas após o início da doença, na forma grave. Entretanto, mesmo ultrapassado esse período, o Ministério da Saúde indica a prescrição do antiviral.

O governo sugere que o antiviral seja disponibilizado em todas as unidades de saúde, nas UPAs, nos prontos socorros, facilitando o acesso ao tratamento. Para retirar o Tamiflu, basta apresentar a prescrição médica emitida tanto por médicos da rede pública como da rede privada. O medicamento será distribuído gratuitamente. 

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha afirma que todas as pessoas integrantes dos grupos que tenham condição ou fator de risco e que apresentem sintomas de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) - como crianças menores de dois anos, gestantes, puérperas, indígenas, idosos, obesos e doentes crônicos - devem tomar o medicamento mesmo que não ocorra o agravamento da doença “O tratamento deve ser iniciado de imediato. Não se deve esperar a confirmação laboratorial ou o agravamento do caso”, explicou o ministro.

Sintomas e Prevenção

Os sintomas da gripe são: febre, tosse ou dor na garganta, além de outros como; dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Já o agravamento pode ser identificado por falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastro-intestinais, dor muscular intensa e prostração.

Para a população em geral, cuidados simples podem evitar a doença. Para se prevenir, o Ministério da Saúde orienta que a população adote medidas de higiene pessoal, como lavar as mãos várias vezes ao dia, cobrir o nariz e a boca ao tossir e espirrar, evitar tocar o rosto e não compartilhar objetos de uso pessoal.  Em caso de síndrome gripal, deve-se procurar um serviço de saúde o mais rápido possível.

Com informações de assessoria

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