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Em tempos de dinheiro curto, como participar da Black Friday? A resposta que muitos brasileiros estão encontrando para essas perguntas está na China - ou, mais especificamente, nos sites asiáticos que vendem produtos baratinhos, partindo de R$ 1,99. É de olho nesse grande contingente de pessoas que não podem gastar muito que sites como Shopee, Shein e AliExpress ganham força no Brasil.

Esses gigantes chineses, que têm ampliado sua estrutura no País e garantido frete grátis para uma parcela maior das vendas, já são rivais de peso para as gigantes nacionais que sempre dominaram a Black Friday, como Magazine Luiza, Casas Bahia e Americanas. Nas buscas da internet, essas forças asiáticas chamam mais a atenção do que as tradicionais varejistas locais.

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Conforme levantamento de menções à Black Friday na internet, feito pela plataforma Wiz & Watcher entre 11 e 23 de novembro, das cinco marcas mais lembradas em relação à data de compras na rede, apenas uma era brasileira. Ao todo, foram analisadas 52 mil publicações. Shopee, AliExpress, Shein, Amazon e Lojas Americanas saíram na frente.

RECEIO

"Existe desconfiança do brasileiro em relação a efetividade das promoções da Black Friday no País. Com essa super digitalização do processo de compra, é mais fácil comparar e ver os preços que são praticados lá fora", diz a fundadora da Wiz & Watcher, Cíntia Gonçalves.

Nem o dólar alto ou o tempo mais longo para a entrega tem sido empecilho para as compras além das fronteiras. Para a empreendedora Fernanda Magalhães, de 30 anos, o foco das compras na China são as decorações de Natal. "Fui a lojas físicas atrás de promoções, mas o preço estava muito mais alto", afirma. "Meu carrinho de compras na Shopee está cheio, vou esperar até sexta-feira para ver se diminui ainda mais o valor."

QUINQUILHARIAS

Segundo levantamento da Buzzmonitor sobre intenção de compras para a Black Friday - com dados do Twitter entre agosto e outubro -, as principais categorias de desejo dos brasileiros para a data de descontos serão itens de vestuário (47%), entretenimento (24%), livros (21%) e tecnologia (8%). Ou seja: o apetite por produtos mais caros diminuiu.

Para o estudante Tainan Toldo, 24 anos, a expectativa é angariar produtos que não sejam tão afetados pela variação cambial e ofereçam o frete grátis. "Nas lojas gringas, agora na Black Friday, vou focar mais em coisas mais superficiais como capinha para celular, fones de ouvido e fita LED", diz.

Para atender ao público que está em busca das promoções e quer comprar online nos sites estrangeiros, a gigante do e-commerce AliExpress decidiu aumentar sua frota para voos no País. A partir da Black Friday, a companhia passa de cinco para seis voos semanais com as cargas dos clientes.

A ação ocorre diante do cenário do crescimento da empresa no Brasil, quinto país em vendas para a gigante chinesa. "Tentamos oferecer um preço de fábrica nos produtos para os consumidores no Brasil. Somos até 39% mais baratos do que os concorrentes", diz o executivo da companhia no Brasil, Yan Di.

Dados da empresa de análise de dados App Annie mostram que o AliExpress superou rivais como Magazine Luiza e Americanas em número de usuários em seu aplicativo, com 4,7 milhões de cadastros. (Colaboraram Rafael Nascimento e Sofia Hermoso, especial Para o Estadão)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O interesse do brasileiro por sites de e-commerce estrangeiros está cada vez maior. Entre outubro de 2013 e outubro de 2014, o número de usuários que navegam por páginas de empresas baseadas fora do País subiu 79%, de 9 milhões para 16 milhões, segundo levantamento da Nielsen Ibope. Os sites chineses são o destaque.

"As pessoas estão chegando a esses sites pelo boca a boca ou mesmo por buscas na internet", diz José Calazans, analista de mercado da Nielsen Ibope. Entre essas lojas virtuais estão sites como Ali Express, e-commerce que registrou o maior número de unidades vendidas em toda a internet brasileira entre julho e setembro, conforme noticiado pelo Estado em outubro. O site chinês somou 11 milhões de pedidos, contra 7,2 milhões do grupo B2W, que reúne Americanas.com e Submarino.

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A Nielsen Ibope avaliou sete sites no total. Seis são chineses e um é americano (a Amazon.com, dos Estados Unidos, e não a sua página no Brasil). Além do Ali Express, entre as páginas da China estão DealXtreme, TinyDeal, DHGate, Mini In The Box e Alibaba.

No Ali Express, as páginas mais vistas são as voltadas para o atacado. É um sinal de que boa parte dos usuários compram produtos ali para revender.

A grande diferença entre as operações chinesas e as brasileiras é que, enquanto o segundo grupo investe milhões na divulgação de seus sites, o primeiro praticamente não faz propaganda. Mesmo com textos às vezes mal traduzidos em suas páginas de produtos, nos quais frases desconexas são uma constante, os chineses atraem por causa dos preços e das ofertas.

A Nielsen Ibope diz que 25% dos internautas brasileiros navegaram por esses sites estrangeiros em outubro. No mesmo mês de 2013, o número era de 21%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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