O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Rodolpho Tourinho Neto, disse nesta sexta-feira (10), após sair de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, representante do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, na sede do BB em São Paulo, que o encontro teve como objetivo discutir a possibilidade de se criar um sindicato entre os bancos públicos e privados para que o Tesouro Nacional possa repassar recursos para financiamentos dos projetos de concessões de rodovias e ferrovias no Brasil. De acordo com ele, essa é uma iniciativa inédita no País.
Ainda segundo Tourinho, o governo entende que é responsabilidade dos bancos privados participar de investimentos de projetos infraestrutura de longo prazo no País. Portanto, o setor propõe ao governo que os bancos privados tenham as mesmas condições dos bancos públicos - como financiamento, carências, taxas de juros, indicadores de dívida sobre o patrimônio, taxa de retorno e fixação de taxas. Para ele, essas são as condições que devem preceder os leilões de forma a não deixar incertezas em relação ao processo. "A iniciativa privada tem importância nesses projetos (de infraestrutura), que antes eram financiados apenas pelos bancos públicos."
##RECOMENDA##De acordo com o executivo, é preciso segregar os riscos, uma vez que projetos de 25 anos a 30 anos oferecem riscos que não podem ser assumidos pelo poder público. Segundo ele, os projetos são atrativos e os bancos privados só não tem participado porque eles não tem funding (recursos) suficiente para financiar projetos de longo prazo.
"Hoje os bancos privados captam no exterior submetendo-se a riscos cambiais e não têm como emprestar aqui dentro com TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo)", disse Tourinho, lembrando que a necessidade de financiamento de projetos de infraestrutura no Brasil é de R$ 400 bilhões a R$ 500 bilhões e que a conversa de hoje, se a proposta de consórcio bancário for aprovada, corresponde a cerca de 70% deste valor.
Tourinho lembrou ainda que com a elevação da taxa de retorno de 5,5% para 7,2% para projeto de concessões de rodovias, a alavancagem caiu de 80% para 70%. Essa questão portanto, segundo ele, está resolvida, apesar dos cálculos do Sinicon terem apontado para uma taxa interna ideal de retorno de 8,1%.