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O segundo turno é o momento em que o peso da rejeição fica ainda mais determinante para o resultado das eleições. Nesta reta final, apoiar a campanha em cima do medo dos eleitores com a possível vitória do adversário pode tomar o efeito reverso e favorecer a aprovação do concorrente. 

Em um cenário polarizado, o doutor em Ciência Política Rodolfo Marques entende que a estratégia de estimular o medo do eleitorado faz parte do processo e frisar a importância da liberdade traz efeitos positivos para a campanha. Contudo, essa relação se conecta com mais facilidade com o eleitor já predisposto ao voto.

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"Essa questão do tom salvador, desse messianismo, existe exatamente com a perspectiva de propagar o medo. Por isso, as campanhas brigam para transferir o máximo de rejeição para a campanha adversária e o medo entra nesse contexto", analisou.

A corrente lulista aponta Jair Bolsonaro (PL) como um antidemocrata e que sua reeleição põe em risco as instituições brasileiras. A militância bolsonarista afirma que o retorno de Lula (PT) vai cercear liberdades individuais. Ambas defendem que o governo do concorrente pode instaurar uma nova ditadura no Brasil.   

No entendimento do estudioso, esse tipo de estratégia é perigosa e pode ceder a vitória para o lado oposto. "Quando se radicaliza demais o discurso ou quando alguns recursos são utilizados, como notícias falsas, há sim o risco de haver uma rejeição ampliada sobre si. Então, há uma percepção de jogo baixo. Existe sim esse risco e essa possibilidade de você perder votos se você explora mais a questão do medo", comentou.

A experiência da nona eleição geral no Brasil deixou o eleitor mais sagaz e evoluiu os meios de controle para limitar a influência do meio nesse processo. Acostumados a campanhas mais presentes nas plataformas digitais, os cidadãos também têm um regramento eleitoral mais sólido a seu favor.

  "Ao mesmo tempo que estamos mais exposto às ameaças, nós, enquanto eleitores, temos mais remédios institucionais e mais informação e conhecimento, não só para combater as notícias falsas, mas também para tomarmos as nossas decisões com bases democráticas", complementou Rodolfo Marques.

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