Dois semestres separam Elaine Junot, de 33 anos, da finalização do terceiro curso superior. Ela, que é concursada, já possui duas graduações na área de tecnologia, mas, focada no objetivo de se tornar delegada de polícia, iniciou no curso de direito em uma faculdade particular de Aracaju, em Sergipe.
Com as atenções voltadas para o concurso de delegado da Polícia Civil de Alagoas, cuja aplicação das provas está prevista para dezembro, Elaine iniciou a produzir conteúdos diferenciados no Instagram para auxiliar nos estudos do direito. Mesclando vida fit com conceitos do judiciário, ela padroniza as publicações, pesquisa e produz as artes que compõem o perfil, que conta com mais de 19 mil seguidores.
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"Comecei no Instagram compartilhando conteúdo fit, fotos na piscina, praia, exercícios. Em 2018, época que me tornei concurseira, acabei juntando esses conteúdos já existentes com as dicas de direito", explica. Sem receios ou tabus, Elaine, em uma série reels e cards, mostra que a região da bunda pode ser aliada nos estudos.
"Abunda nos Estudos" e, o mais recente, "Abunda no Jurisprudência" são os blocos presentes na rede social e trazem conceitos, previamente embasados, do direito administrativo, penal, constitucional, entre outros. “Eu estudo e busco fontes confiáveis para as publicações. Pode perceber que sempre coloco de onde veio a informação”, ressalta.
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Muito além do corpo
A partir da ruptura de uma imagem já consolidada dos profissionais do direito – roupas formais e jargões normativos - e com o crescimento dos seguidores, Elaine Junot se tornou alvo de críticas, que chegam a apontá-la como “uma vergonha para a advocacia”. As críticas, segundo ela, chegaram após uma publicação do perfil ser compartilhada, de forma pejorativa, na página de um professor da área.
Ao LeiaJá, ela garante que não absorve os comentários negativos e afirma que muitas pessoas acham que ela já exerce a profissão. “Eu sou estudante de direito, mas os conteúdos são tão bons e corretos que já acham que sou advogada”, comenta orgulhosa.
Fora das redes sociais, a universitária relata que o machismo e julgamento estão presente na sala de aula. Elaine relata que, devido à familiaridade com disciplinas de exatas, recebeu a maior nota na prova de direito tributário. “A maior nota da sala na disciplina [direito tributário] foi a minha, a da mulher que usa minissaia, da ‘periguete burrinha’”, desabafa.
Nos planos de Elaine Junot estão, além da aprovação no concurso de delegada de polícia, das continuidade à produção de conteúdo no perfil. Questionada sobre o que virar após a "Abunda na Jurisprudência", ela destaca que um novo bloco pode surgir, mas não divulgou o que virá. "Eu não penso em parar [publicações] por enquanto. Mais para frente, pode surgir algo novo, uma nova 'abunda'".