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Nesta quinta-feira (2), Dia de Iemanjá, completam-se exatos 26 anos do acidente de carro que tirou a vida do cantor e compositor pernambucano Chico Science, líder do movimento Manguebeat e um dos principais responsáveis por revolucionar a música pernambucana e colocar o Estado no mapa mundial como uma referência cultural, com impactos na moda, no comportamento e em várias expressões culturais.

Nascido em Olinda, no dia 13 de março de 1966, Francisco de Assis França ganhou atenção internacional ao lado da banda Chico Science & Nação Zumbi, criada em 1991, tocando nos principais festivais e inaugurando uma nova maneira de fazer e pensar música. A partir dos ritmos regionais de Pernambuco, incorporando elementos da black music com a presença marcante da guitarra elétrica e de uma estética moderna, o artista influenciou gerações. Em 1997, Chico Science faleceu precocemente, após um acidente de carro em Olinda, mas continua sendo uma das maiores referências musicais  de Pernambuco.

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Em 1987, formou seu primeiro grupo musical, o “Orla Orbe”, um conjunto de black music, que acabou antes de completar um ano. Em seguida, criou a banda “Loustal” (em homenagem ao quadrinista francês Jacques de Loustal), que fazia uma mescla do rock dos anos 60 com o soul, o funk e o hip-hop.

A fusão com os ritmos nordestinos, principalmente o maracatu, veio em 1991, quando Science entrou em contato com o bloco afro Lamento Negro, de Peixinhos, subúrbio de Olinda, que fazia um trabalho de educação popular na periferia do grande Recife, e reunia ritmos folclóricos, como o maracatu rural e o côco de roda com o samba-reggae.

Seus dois álbuns foram incluídos na lista dos 100 melhores discos da música brasileira da revista Rolling Stone, elaborada a partir de uma votação com 60 jornalistas, produtores e estudiosos de música brasileira: Da Lama ao Caos ficou na 13ª posição e Afrociberdelia na 18ª. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, na qual Chico Science ocupou o 16ª lugar.

O dia 2 de fevereiro de 1997 ficaria marcado como o mais devastador da história do manguebeat. No final daquela tarde, o carro dirigido por Chico Science chocou-se com um poste na rodovia entre Recife e Olinda, tirando a vida do cantor e compositor, às vésperas de completar 31 anos de idade.

Um outro veículo teria fechado a passagem de seu Uno. Science ainda foi socorrido por um policial que estava passando num ônibus e o levou ao Hospital da Restauração, mas ele não resistiu e chegou ao hospital morto. O enterro aconteceu na segunda-feira do dia 3 de fevereiro de 1997, no Cemitério de Santo Amaro, localizado no Recife.

Ela pode ser pega com uma pinça: a maior bactéria do mundo, 5.000 vezes maior que seus congêneres e com estrutura mais complexa, foi descoberta na ilha de Guadalupe, nas Antilhas francesas, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (23) na revista Science.

A "Thiomargarita magnifica" mede até dois centímetros, parece uma sobrancelha e abala os cânones da microbiologia, diz à AFP Olivier Gros, professor de biologia da Universidade das Antilhas, coautor do estudo.

Em seu laboratório do campus de Fouillol, na comuna francesa de Pointe-à-Pitre, em Guadalupe, o pesquisador mostra orgulhosamente uma proveta contendo pequenos filamentos brancos.

Enquanto o tamanho médio de uma bactéria varia entre dois a cinco micrômetros, esta "pode ser vista, posso pegá-la com uma pinça de depilação!", afirma.

O pesquisador observou o micróbio pela primeira vez em 2009 nos manguezais de Guadalupe. "No começo pensava que era qualquer coisa menos que uma bactéria, não era possível", lembra.

Rapidamente, técnicas de descrição celular com microscópio eletrônico mostraram que se trata de um organismo bacteriano. Mas com este tamanho, diz Gros, "não estávamos certos de que se tratasse de uma única célula", pois uma bactéria é um organismo unicelular.

Um biólogo do mesmo laboratório revela que ela pertence à família Thiomargarita, um gênero bacteriano já conhecido que usa sulfetos para se desenvolver e trabalhos feitos em Paris por uma cientista do CNRS sugerem que é "uma única e mesma célula", diz Gros.

"Tão grande quanto o monte Everest"

Convencida de sua descoberta, a equipe tentou fazer uma primeira publicação em uma revista científica, mas não consegue.

"Responderam: é interessante, mas nos falta informação para que acreditemos em vocês", pois a prova não era muito forte em termos de imagem, destaca o biólogo.

Aparece Jean-Marie Volland, um jovem com pós-doutorado da Universidade das Antilhas, que se tornará o primeiro autor do estudo publicado na Science.

Como não obteve o cargo de professor pesquisador em Guadalupe, este homem na casa dos 30 anos viajou para os Estados Unidos, onde a Universidade de Berkeley o recrutou. Ao viajar para lá, pensava em estudar "a incrível bactéria" que já conhecia bem.

"Era como encontrar um humano tão alto quanto o Everest", dizia.

No outono de 2018, recebe um primeiro pacote enviado pelo professor Gros no instituto de sequenciamento do genoma do laboratório nacional Lawrence Berkeley, administrado pela Universidade.

O desafio foi essencialmente técnico: conseguir uma imagem da bactéria em seu conjunto, graças à "análise de microscopia em três dimensões" e com a maior ampliação possível.

No laboratório americano, o pesquisador dispunha de técnicas muito aperfeiçoadas. Sem esquecer um importante apoio financeiro e "o acesso a pesquisadores especialistas em sequenciamento do genoma", admite o cientista, que qualifica esta colaboração americano-guadalupense de "história bem sucedida".

Suas imagens em 3D possibilitam provar que todo o filamento é uma célula única.

Além de seu "gigantismo", a bactéria se revela também "mais complexa" do que seus congêneres: uma descoberta "totalmente inesperada", que "sacode bastante os conhecimentos em microbiologia", indica o pesquisador.

"Quando geralmente nas bactérias o DNA flutua livremente na célula, nestas se compartilham pequenas estruturas, como pequenas bolsas rodeadas de uma membrana, que isolam o DNA do restante da célula, destaca Jean-Marie Volland.

Esta forma do DNA apresentada em compartimentos é "uma característica das células humanas, animais, vegetais... Mas de nenhuma maneira das bactérias".

Pesquisas futuras terão que dizer se estas características são próprias da "Thiomargarita magnifica" ou se se encontram também em outras espécies de bactérias, segundo Olivier Gros.

"Este gigante bacteriano questiona muitas regras estabelecidas em microbiologia" e "nos oferece a oportunidade de observar e compreender como a complexidade emerge em uma bactéria viva", concluiu Jean-Marie Volland.

Nesta quarta-feira (2), integrantes da banda Nação Zumbi utilizaram suas redes sociais para prestar homenagens a Chico Science. Há 25 anos, por volta das 18h30 do dia 2 de fevereiro de 1997, o Fiat Uno dirigido pelo artista se chocou com um poste. Ele estava sozinho no veículo.

“25 anos se passaram. 25 anos de saudades. Foto de 1996 no bulldog coffe shop em Amsterdã”, escreveu o guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia. O vocalista Jorge Du Peixe também relembrou o amigo, publicando uma fotografia da dupla tirada em Paris, no ano de 1996. “Zambohead”, diz a legenda.

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A página oficial da Nação Zumbi também compartilhou um registro íntimo de Science. "O eterno Dr. Charles Zambohead. 25 anos de saudade", diz a publicação.

Legado

Nascido em Olinda no dia 13 de março de 1966, Francisco de Assis França começou a carreira nos anos 1980, em grupos de hip hop de Pernambuco. Nesse período, ele fez parte de bandas como a Orla Orbe e a Loustal, que também eram fortemente influenciadas pelo ska e pelo soul. Em 1991, quando o artista entrou em contato com o bloco afro Lamento Negro, do bairro olindense de Peixinhos, seu trabalho passou a se preocupar com a fusão entre as referências estrangeiras os ritmos nordestinos. Com a fundação da Nação Zumbi, Science logo se projetou como um dos maiores expoentes da música brasileira, por sua notória contribuição para o surgimento do movimento estético Mangue Beat.

Sob a liderança de Science, a banda lançou os álbuns Da Lama ao Caos (1994) e Afrociberdelia (1996), ambos agraciados com discos de ouro. O pernambucano é responsável por influenciar diferentes gerações da música brasileira, com destaque para nomes como Planet Hemp, O Rappa, Charlie Brown Jr, Cordel do Fogo Encantado, Os Paralamas do Sucesso, Mombojó, Cássia Eller e Otto.

Um grupo de cientistas americanos está pedindo que autoridades sanitárias do país parem as iniciativas de vacinas caseiras contra a Covid-19. Em artigo publicado na Revista Science, os cientistas de quatro universidades cobram que esses imunizantes sejam submetidos ao mesmo processo de regulação dos grandes projetos.

Segundo os pesquisadores, a administração de imunizantes por amadores traz risco para eles e para a sociedade. "Qualquer falha do FDA [agência reguladora de fármacos e alimentos nos EUA] em regular vacinas do tipo 'faça-você-mesmo' permitiria a vacinas de eficácia e segurança duvidosas ameaçarem a saúde pública e sinalizariam um relaxamento das exigências que — em tempos assolados pelo ceticismo antivacina e uma pandemia altamente politizada — poderiam sabotar a confiança pública nas vacinas, não importa quais", diz o texto na Science.

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As principais críticas dos cientistas são direcionadas aos criadores do RadVac, que aplicaram em si uma vacina de Covid-19 sem que tivesse passado por testes de segurança.

O RadVac foi criado por quatro cientistas e liderado pro Preston Estep, biólogo com PhD em Genética pela Universidade de Harvard. Eles desenvolveram uma vacina de peptídeos que emulam moléculas de coronavírus. O composto é aplicado por spray nasal e teve sua receita publicada na internet sob domínio público. O imunizante recebeu o apoio do professor de Harvard George Church, considerado um guru da biotecnologia e que também se inoculou com o composto.

Para os cientistas críticos, os pesquisadores da RadVac têm muita confiança na capacidade de amadores de reproduzirem de forma adequada a receita. O RadVac tem distribuído insumos para que as pessoas produzam suas próprias vacinas.

Um estudo internacional realizado pelo Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) e publicado na revista de divulgação científica Science aponta que o isolamento social, ainda que adotado tardiamente, foi capaz de reduzir pela metade a transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no país. 

Pesquisadores brasileiros fizeram análises genéticas epidemiológicas e de dados de mobilidade humana, concluindo que houve mais de 100 entradas do vírus, originárias principalmente da Europa, mas somente três delas iniciaram a cadeia de transmissão. Após a adoção do isolamento já com o vírus espalhado, a taxa de transmissão diminuiu de 3 para 1,6 contaminados por pessoa infectada. 

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O estudo foi publicado na última quinta-feira (23). Os pesquisadores sequenciaram 427 genomas do novo coronavírus a partir de amostras coletadas em 85 municípios de 21 Estados brasileiros. Feito isso, os dados genômicos foram combinados com informações epidemiológicas e de mobilidade humana para estudar a transmissão. 

De acordo com a professora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT) da Universidade de São Paulo (USP), que participou da elaboração da pesquisa, o estudo em questão é uma continuidade do sequenciamento genético do vírus realizado no Brasil em parceria com o Instituto Adolfo Lutz e a Universidade de Oxford, no Reino Unido. “É um trabalho de vigilância contínua, para verificar como o vírus está evoluindo e a sua dispersão, a partir de amostras coletadas desde março até o final de abril”, disse ela em entrevista ao Jornal da USP. 

Darlan Cândido, da Universidade de Oxford, é o pesquisador que assina como primeiro autor do artigo e explica que a partir do genoma do vírus é possível reconstituir a história da epidemia no Brasil. “A análise permite fazer isso tanto no tempo quanto no espaço, ou seja, quando o vírus chegou e onde se espalhou.”

Espalhamento do vírus

Segundo a professora Ester, o novo coronavírus começou a se espalhar antes da adoção de medidas para reduzir a mobilidade de pessoas no Brasil, como o fechamento do comércio e das escolas, a partir do mês de março. “A ausência de restrições de movimentação e de aglomerações pode ter facilitado o início da transmissão. Duas das linhagens entraram no Brasil pelo Sudeste e num primeiro momento se espalharam dentro dessa região, mas depois de 21 de março elas começaram a atingir Estados de outras regiões, com um aumento na migração do vírus”, aponta a professora. 

A análise de dados de mobilidade, feita através de dados de celular anonimizados e do número de casos registrados no Rio de Janeiro e em São Paulo, mostrou a queda na taxa de transmissão, de 3 para 1,6. “Isso quer dizer que no começo da cadeia de transmissão, cada pessoa infectada transmitiu o vírus para outras três pessoas, e com as intervenções, um infectado passou a contaminar menos de duas pessoas, em média”, explica a pesquisadora. 

Segundo a professora Ester, um cenário ideal teria uma taxa de transmissão abaixo de um, ou seja, parte dos infectados contraindo a doença sem passar o vírus para mais ninguém. Com o índice atual, a epidemia permanece crônica, podendo se manter por muito tempo”. 

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Portadores do novo coronavírus que não foram diagnosticados são os maiores responsáveis pela disseminação rápida da doença, segundo um novo estudo publicado nesta segunda-feira, 16, na "Science". A descoberta indica o tamanho do desafio que as autoridades sanitárias mundiais têm pela frente para conter a pandemia.

Segundo cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, que assinam o trabalho, mais de 80% dos portadores do novo vírus são assintomáticos ou apresentam sintomas muito brandos e, por isso, acabam não sendo diagnosticados.

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Os casos mais brandos ou mesmo assintomáticos da covid-19 são até 50% menos contagiosos do que os mais graves. No entanto, como são muito mais numerosos, seriam os grandes responsáveis pela disseminação descontrolada do vírus.

"A explosão do número de casos da covid-19 na China foi largamente provocada por aqueles indivíduos que apresentavam sintomas muito brandos ou nem apresentavam sintomas e acabaram não sendo diagnosticadas", afirmou um dos autores do estudo, Jeffrey Shaman, professor da Universidade de Columbia, em comunicado. "Dependendo de quão contagiosas são essas pessoas e da quantidade delas, uma parcela muito grande da população será exposta ao vírus."

Para Shaman, essas transmissões são, atualmente, o maior desafio para conter a pandemia. Epidemiologistas e virologistas têm repetido que a testagem maciça da população (e o posterior isolamento dos infectados e seus contatos) é fundamental para conter a pandemia. No entanto, nem todos os países dispõem de testes diagnóstico em tão grande quantidade e há o temor de sobrecarga dos serviços de saúde.

Os pesquisadores da Columbia usaram um modelo matemático alimentado por dados sobre a infecção e a disseminação da doença na China e também por informações sobre as movimentações populacionais entre janeiro e fevereiro.

O alerta mundial sobre a epidemia, as restrições de viagens e o aumento das medidas de proteção ajudaram a reduzir a velocidade da disseminação da infecção na China. Mas não está claro ainda se essa redução será suficiente para deter completamente o vírus.

"Se o novo coronavírus seguir o padrão do H1N1 da pandemia de influenza de 2009, ele vai se espalhar globalmente e se transformar no quinto coronavírus endêmico entre a população humana."

A capacidade de planejar uma ação futura só havia sido comprovada até agora em humanos e outros grandes primatas, mas os corvos também realizam esse tipo de proeza, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas da Universidade de Lund (Suécia).

Um artigo publicado na quinta-feira, 13, na revista Science relata uma série de experimentos nos quais os corvos foram capazes de fazer planos para o futuro, de utilizar ferramentas e de abrir mão de uma recompensa imediata para conseguir outra melhor mais tarde.

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Como o último ancestral comum entre os corvos e os grandes primatas viveu há mais de 300 milhões de anos, os resultados do estudo indicam que as capacidades cognitivas de "planejamento" apareceram em diferentes ramos da evolução, segundo os autores do estudo, Can Kabadayi e Mathias Osvath, da Universidade de Lund.

Segundo os autores, algumas pesquisas já sugeriam que os corvos poderiam ser capazes de "fazer planos" para além do momento presente, mas essa capacidade parecia restrita ao ato de esconder comida e as conclusões foram questionadas.

"Argumentou-se que planejar na hora de buscar comida e outras tarefas naturais não são o mesmo que planejar de maneira mais ampla. Nós testamos corvos com tarefas desenhadas para avaliar de modo preciso essas capacidades gerais de planejamento", escreveram Kabadayi e Osvath.

No primeiro dos experimentos, os cientistas treinaram corvos para abrir um tipo de quebra-cabeças que consistia em utilizar uma pedra como ferramenta para abrir uma caixa e ter acesso a uma recompensa.

Primeiro, as caixas foram apresentadas aos corvos, sem a ferramenta. A caixa então foi removida e, uma hora depois, os corvos recebiam a pedra acompanhada de vários "objetos de distração", como brinquedos muito leves para ser usados como ferramenta. Quase todos os corvos escolheram a ferramenta correta. Ao receber a caixa de volta, 15 minutos depois, as aves usaram a pedra como ferramenta para abri-la, com uma taxa de sucesso de 86%.

A taxa de sucesso também foi alta, de 78%, em um experimento semelhante no qual os corvos aprendiam que ao receber uma tampa de garrafa podiam trocá-la mais tarde por uma recompensa. Eles quase sempre escolhiam a tampa de garrafa em vez de outros objetos de distração.

Segundo os cientistas, os corvos planejavam as trocas com mais eficiência que os macacos e do que crianças de até 4 anos de idade. Nas tarefas de uso de ferramentas, os corvos se igualavam aos macacos, embora as aves não tenham predisposição para manipular ferramentas.

Em outro experimento, os corvos receberam um ferramenta para abrir um dispositivo, várias ferramentas de distração e uma recompensa imediata, mas só podiam escolher um dos itens. A recompensa imediata era menos atraente que a recompensa trancada na caixa. Segundo os cientistas, os corvos demonstraram um nível de autocontrole semelhante ao dos macacos, ao escolher a ferramenta apropriada para obter a recompensa mais valiosa.

Em um comentário sobre o estudo publicado na mesma edição da Science, Markus Boeckle e Nicola Clayton, professores de psicologia da Universidade de Cambridge (Reino Unido), afirmam que a pesquisa trouxe a primeira prova de que os corvos podem transferir uma capacidade cognitiva de planejamento do futuro para outros comportamentos. "Essa é a primeira vez que se tem uma clara evidência em qualquer animal com exceção dos humanos", escreveram.

Segundo Boeckle e Clayton, os resultados sugerem que o planejamento para o futuro não é unicamente humano e evoluiu independentemente em espécies com relação muito distante, para lidar com problemas comuns.

"O comportamento do corvo não é meramente prospectivo, antecipando estados futuros; na realidade, eles aplicam o planejamento de forma flexível em comportamentos que não são vistos na natureza", disseram os psicólogos.

Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criaram o primeiro embrião artificial da história, avanço que ajudará a descobrir a origem de muitas doenças que surgem nas fases iniciais do desenvolvimento.

Publicado pela revista "Science", o estudo conseguiu fazer células-tronco de rato se juntarem e organizarem espontaneamente em uma estrutura tridimensional similar a um embrião "natural".

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O experimento reproduziu exatamente todas as fases do desenvolvimento embrionário, algo até então inédito na ciência. "As células embrionárias e aquelas que formam a estrutura onde o embrião se desenvolve começam a falar entre si a fim de organizar uma estrutura que se comporta como um embrião", explicou a autora da pesquisa, Magdalena Zernicka-Goetz, do departamento de fisiologia e neurociências da Universidade de Cambridge.

Segundo ela, o embrião possui razões "anatomicamente corretas e que se desenvolvem no lugar e na hora certos". Comparado com um embrião normal, o artificial seguiu o mesmo percurso em seu crescimento e mostrou ser completo em todos os aspectos, inclusive na formação das células germinativas, que dão origem a espermatozoides e oócitos.

Em tese, a descoberta abre caminho para se desenvolver um indivíduo fora do útero, ainda que isso seja mera hipótese e aplicável somente em alguns setores, como a zootecnia. Até então, as tentativas de desenvolver um embrião em laboratório fracassaram porque utilizavam apenas células-tronco destinadas a formar o organismo, mas não aquelas do tecido que o nutre e do qual nasce a placenta.

Contudo, apesar do avanço, pesquisadores avaliam que é improvável que o embrião artificial possa dar origem a um feto saudável, já que para isso seria necessária a utilização de células-tronco para a formação do saco vitelínico, que é indispensável à nutrição do embrião.

"Ter à disposição um embrião artificial é um passo adiante para conhecer as bases relativas aos primeiros estágios da vida e para reduzir ao mínimo o uso de animais em laboratórios", comentou o geneticista italiano Edoardo Boncinelli. 

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