A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), de romper com o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) foi vista pelo deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) como “descabida” e “atabalhoada” em relação ao cargo que exerce. Em conversa com o Portal LeiaJá, o correligionário de Cunha e histórico rival da petista disse que “se é para romper com o governo que o PMDB deixe todos os cargos”.
“A postura de Eduardo Cunha é descabida, em relação ao cargo que ele exerce de presidente da Câmara. Se é para romper com o governo que o PMDB deixe os cargos, não ele de forma isolada”, defendeu o deputado. “Ele está agindo de forma ditadora e atabalhoada, conduzindo a Câmara de acordo com os gostos e as vontades dele”, acrescentou o pernambucano.
##RECOMENDA##Amenizando as críticas de Jarbas, mas destacado que esta é a “consagração de um rompimento já implícito” entre o PT e o PMDB, o deputado federal Augusto Coutinho (SD) pontuou a necessidade da bancada de oposição ter cautela com o posicionamento do presidente da Câmara.
“Nós (da oposição) temos que ter muita cautela com isso. É uma briga entre eles que são aliados, sempre foram. Naturalmente a gente tem que aguardar. Não sei como vai efetivamente desdobrar isso não. Não podemos ter o falso sentimento que ele é o nosso aliado, na verdade ele é um adversário do governo que também somos adversários”, ponderou Coutinho.
Apesar de concordar com Coutinho, o líder do PSB na Câmara (bancada independente), Fernando Filho, observou que a partir de agora “os dias tendem a ser mais difíceis” para o Governo Federal no Legislativo. “Diante do cenário [da Lava Jato], esses ânimos tendem a acirrar ainda mais. Prefiro não comentar a postura o presidente em si, pois isso é uma decisão dele, o partido que ele representa faz parte do governo, mas acredito que os próximos dias vão ser mais difíceis para o governo na Câmara”, argumentou.
Eduardo Cunha é acusado pelo lobista Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, de ter pedido propina de R$ 5 milhões nos esquemas da Petrobras.
Impeachment de Eduardo Cunha
A possibilidade de um impeachment pregada pelo vice-líder do governo na Câmara, deputado Silvio Costa (PSC), não foi bem aceito por Fernando Filho. Para ele, um eventual pedido é não dar o direito de defesa ao presidente. “Não sou favorável de forma nenhuma. Todos têm direito de se defender. Ninguém deve fazer um pré-julgamento. Isso é temerário”, ressaltou.
A postura do líder do PSB foi corroborada por Augusto Coutinho. “Tudo na vida tem que ser comprovado. Se consumado a verdade do que está sendo dito, aí sim podemos analisar”, frisou o pernambucano.