Arnaldo Antunes deu detalhes sobre a sua vida durante o período de isolamento social e avaliou o atual momento do país, relacionando o governo e a pandemia durante entrevista concedida da ao El País Brasil divulgada nesse domingo (6). O cantor não escondeu o descontentamento: "a indignação é constante, a gente se revolta a cada dia com um Governo que está destruindo tudo”.
Arnaldo, que foi vocalista da banda Titãs e participa até hoje do grupo Tribalistas, também é compositor e poeta. Do sofá da sala de sua casa, por vídeo, ele descreveu como está seu isolamento social, com sua família, "lendo bastante Machado de Assis e outros romances", além de ver filmes com seus filhos como forma de lazer. Antes de voltar a São Paulo estava em um sítio no interior, se dedicando a atividades domésticas e cuidando de uma hora e dos animais, onde pôde se manter "ligado a natureza, a arte e a cultura".
##RECOMENDA##Arnaldo disse que tenta não se alienar quando procura as notícias diárias e que quando lê sobre o governo, a Covid-19 e os constantes ataques aos povos indígenas, “a indignação é constante, a gente se revolta a cada dia com um Governo que está destruindo tudo, mas a gente não sobrevive só respondendo a cultura do ódio com mais ódio".
Segundo Antunes, o isolamento pra ele foi passar por fases, onde não quer fazer literalmente nada e outras em que precisa se refugiar no seu trabalho para conseguir se manter bem. "A única reação possível é fazer música, poesia, porque fazer cultura hoje em dia já é uma subversão", comentou Arnaldo.
O cantor falou sobre sua resistência com fazer live durante esse período de pandemia, que já dura mais de um ano. Após cancelar sua turnê para divulgar o último lançamento. "Estranhava assistir no computador ou celular um artista sentado na cadeira de casa, 'com a mesma roupa de todo dia', olhando para a câmera", explicou o cantor.
Arnaldo se rendeu quando veio o convite da Virada Cultural de São Paulo para se apresentar no Teatro Municipal da cidade. “Eu só topei fazer pela oportunidade de fazer num palco, com cenografia, projeto de luz, figurino... E aquele teatro vazio, o que também é um retrato desolador do momento que estamos vivendo”, contou.
Vacina
O cantor tomou a primeira dose da vacina há um mês, no dia 11 de maio, e publicou o registro em suas redes sociais. Sobre esse momento, disse: “Se as pessoas não se preocupam consigo mesmas devem se preocupar com o fato de, ao tomar a vacina, colaborar para que outros não se contaminem através de você. É o mínimo que a gente pode fazer pela saúde coletiva”.
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