Ao longo de suas edições, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi se tornando uma das maiores provas educacionais do País. A nota, que serve como passaporte de ingresso ao ensino superior, também pode ser utilizada para bolsas, financiamentos e oportunidades de intercâmbio. O resultado da edição 2020 deverá ser divulgado nesta segunda-feira (29), a partir das 18h.
Em entrevista ao LeiaJá, o professor e diretor de inovação pedagógica da 'Evolucional', startup de educação inovadora, Vinícius Freaza, explica como e quais são as melhores maneiras de utilizar a nota do Enem. Confira:
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Sistema de Seleção Unificada (Sisu)
O Sisu é um processo seletivo que permite aos estudantes concorrerem a diversas vagas de cursos em universidades e institutos federais do País. Para participar, basta ter tirado nota acima de zero na redação e ter concluído o ensino médio. As inscrições começarão no dia 6 e vão até o dia 9 de abril.
“É muito importante que o candidato entenda que ele pode se inscrever em duas opções de curso, e dentre o período de inscrição, ele pode trocar essas opções à medida em que vai acompanhando a atualização das notas de cortes diariamente. Assim, ele poderá se inscrever em cursos que têm mais chances de ser aprovado”, sugere Freaza.
Após esse período de seleção, os estudantes poderão conferir o resultado no dia 13 de abril. Os feras aprovados na primeira ou segunda opção de curso só terão esta oportunidade para fazer sua matrícula, não podendo participar da lista de espera, que é destinada aos candidatos que não foram selecionados na chamada regular. Para participar da relação de espera, é preciso manifestar interesse dentro do prazo especificado no cronograma.
Programa Universidade Para Todos (Prouni)
O Prouni é uma seleção que oferece bolsas de estudos parciais (50%) ou integrais (100%) em instituições particulares de ensino superior. Para concorrer às bolsas integrais, os estudantes devem comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até 1,5 salário mínimo. Já para as bolsas parciais (50%), os candidatos devem ter renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa.
Os estudantes também precisam ter alcançado a nota mínima de 450 pontos nas médias das provas do Enem e pontuação acima de zero na redação. Além disso, devem ter estudado todo o ensino médio em escola pública ou em escola privada como bolsista integral, a não ser que seja um estudante com deficiência, neste caso, não será necessário ter cursado todo ensino médio na rede pública ou na rede particular na condição de bolsista.
Os professores que atuam na educação básica também podem concorrer às vagas ofertadas pelo programa, e não precisam comprovar renda. “É importante pontuar que com a pandemia da Covid-19, os candidatos não vão conseguir usar a nota do Enem 2020 para o primeiro semestre do Fies e do Prouni, eles só vão utilizar a nota para o Sisu, uma vez que as aulas nas faculdades particulares já iniciaram, ou seja, os estudantes só vão poder usar essa pontuação no segundo semestre do Fies e Prouni”, esclarece Freaza.
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies)
O programa federal que financia curso superior em instituições privadas é destinado aos estudantes que não têm condições financeiras para custear as mensalidades. Para conseguir o financiamento, o estudante precisa estar matriculado em uma faculdade e ter conseguido no mínimo 450 pontos nas médias das provas do Enem e nota acima de zero na redação.
O Novo Fies é dividido em três modalidades. Na primeira, os estudantes com renda per capita mensal familiar de até três salários mínimos podem concorrer a vagas com juros zero. O pagamento será feito levando em consideração o limite de renda do estudante.
Na segunda, há vagas para candidatos com renda familiar mensal de até cinco salários mínimos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esse financiamento usa os recursos dos Fundos Constitucionais e de Desenvolvimento e possui taxas de juros que variam de acordo com o banco.
Já na terceira modalidade, poderão concorrer os estudantes de todas as regiões do Brasil com uma renda per capita mensal familiar de até cinco salários mínimos. O financiamento usa os recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
Ainda existe o P-Fies, destinado aos estudantes que recebem até cinco salários mínimos. O juros é variável e tem condições de financiamento definidas pela instituição de ensino e pelo banco. O programa conta com apenas uma chamada e não tem lista de espera.
Universidades de Portugal
Os candidatos que desejam fazer um intercâmbio ainda podem utilizar a nota do Enem nos processos seletivos das universidades, institutos politécnicos ou escolas superiores de Portugal. Essas oportunidades foram estabelecidas em um acordo interinstitucional em que 40 instituições de ensino portuguesas têm com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
“É importante dizer que esse acordo não prevê o financiamento ou qualquer transferência de recursos do governo brasileiro para o governo português para pagar o estudo dos estudantes, mas permite que as notas do Enem sejam utilizadas no processo seletivo”, pontua o docente.
Vale ressaltar que cada instituição define as regras e os pesos para uso das notas. Confira a lista completa das universidades portuguesas.
Vestibulares em universidades privadas
Além dos programas de bolsas e financiamentos do Ministério da Educação (MEC), há universidades privadas no país que utilizam a nota do Enem para substituir o próprio vestibular. Cada faculdade decide a forma como irá utilizar o desempenho dos estudantes, podendo fazer parte da etapa de seleção ou como meio de conceder bolsas de estudos aos candidatos com as melhores notas.
Vinícius Freaza comenta que dentre as opções, uma das melhores maneiras de se utilizar a nota do Exame é tentando conquistar uma vaga na universidade pública. “O ideal seria que o candidato tentasse, primeiramente, o Sisu, porque vai garantir a ele uma vaga na universidade pública na qual não precisará pagar pelo curso. Caso não consiga, ele pode tentar, na sequência, o Prouni, porque terá chances de conseguir uma bolsa integral pela qual também não terá que pagar pelo curso em uma universidade privada. Por último, ele pode tentar o financiamento estudantil do Fies. Essa é a sequência que eu recomendaria”, aconselha o docente.