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"O caso de Mário não foi isolado. Hoje um negro até entra em um shopping, no Recife, mas ele não sabe se sai. Entra vigiado. Mesmo acompanhado, bem vestido, fazendo compras". O depoimento é de Walter Oliveira, coordenador do Movimento Negro Quilombo Raça e Classe. Na tarde desta segunda (23), ativistas da causa negra realizaram um protesto em frente à Casa dos Frios, na Zona Norte do Recife.
##RECOMENDA##A mobilização é consequência da polêmica da última sexta-feira (20), quando o motorista Mário Ferreira foi confundido com um assaltante no estabelecimento comercial localizado no bairro das Graças. Nas redes sociais, o caso ganhou repercussão e muitos internautas criticaram o possível comportamento racista da loja e de seus funcionários.
Segundo Oliveira, o grupo pretende recorrer à Justiça diante de mais um caso de racismo velado. "Queremos que a Casa dos Frios responda criminalmente pelo crime que ela cometeu. Os seus proprietários, seus sócios. Queremos, inclusive, que o Governo de Pernambuco e a OAB se posicionem quanto ao caso", declarou o coordenador do movimento.
Durante o ato pacífico, manifestantes entraram no estabelecimento, leram uma carta-repúdio e estenderam uma faixa com os dizeres "Casa do Racismo". Quatro policiais militares acompanharam o movimento.
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Para Raya Tavares, estudante de pedagogia da UFPE, a sociedade brasileira não reconhece a discriminação racial. "Cada um de nós aqui já viveu um caso de racismo. Uma vez fui parada numa blitz e o policial mandou revistar o meu cabelo, mesmo eu com todas as minhas documentações em dia".
No ato desta segunda, Raya criticou o comportamento "sério e seco" dos funcionários do local. "A gente sente o olhar de estranhamento. É como se dissessem: o que é que esse bando de nego tá fazendo aqui?".
"Um lamentável mal-entendido", explica a Casa dos Frios
Em nota de esclarecimento divulgada através do Facebook, a Casa dos Frios pediu perdão ao cliente e "se desculpa perante toda a sociedade pernambucana". A empresa considerou o episódio como um "lamentável mal-entendido, fruto do sentimento de insegurança que permeia a sociedade brasileira".
No texto, o estabelecimento explica sua versão. "Um protocolo de segurança foi acionado após uma funcionária afirmar, categoricamente, que um cliente que já havia entrado por duas vezes naquela mesma noite, no estabelecimento, estaria portando uma arma de fogo. O procedimento adotado pelo gerente foi o de acionar a polícia, comunicando a suspeita, visando resguardar a integridade de seus clientes, empregados e do seu patrimônio, diante, repita-se, do relato apresentado pela funcionária".
A empresa se define como uma empresa "familiar, reconhecida pelo carinho e respeito que transmite a todos os seus clientes, sem qualquer tipo de distinção".
Com informações de Renato Torres