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Em uma região conhecida pela grande quantidade de lixo e sujeira, um peixe-boi encalhou no início da tarde de terça-feira (14) no braço do rio Capibaribe, no Largo da Paz, bairro de Afogados, na Região Metropolitana do Recife. Um equipe de resgate do Corpo de Bombeiros foi enviada ao local e conseguiu retirar os entulhos que prendiam o animal. Apesar do trabalho dos mergulhadores do Grupamento Marítimo, o peixe-boi ainda permaneceu preso por mais algumas horas na lama da maré, que ainda estava muito baixa. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a equipe conseguiu desencalhar o animal, mas ele não conseguia sair da área do mangue. Para garantir a integridade física do animal, o Sargento Ednaldo, que acompanhou a ocorrência, explicou que a equipe ficou no local por horas. "Entramos no ambiente líquido e a equipe ficou no local até que a maré subisse para que o peixe-boi retornasse ao seu habitat natural", relatou. Os Bombeiros afirmaram que até o fim da noite da terça, o animal já tinha retornado ao mar. 

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Na manhã desta quarta-feira (15), a coordenadora do Centro de Mamíferos Aquáticos, Fernanda Attademo, que administra o Projeto Peixe-Boi na Ilha de Itamaracá, esteve no local para avaliar a situação do animal. Ela explicou que é normal que os peixes-bois entrem em áreas fluviais. "Eles buscam os rios para se reproduzirem, para interagir com as pessoas ou até para tomar água", pontua a pesquisadora. Para a coordenadora, o problema é quando há um excesso de interação com o público. 

"Eles são animais muito dóceis, as pessoas ficam jogando comidas e ele acaba sendo atraído, mas isso o prejudica porque ele perde o tempo da maré e fica preso no rio", completa Fernanda. A veterinária pontua que é recorrente os casos de animais que são atraídos pelas pessoas e acabam ficando encalhados. "Por isso é indicado que os populares não joguem comidas para o bicho e procurem informar ao Projeto Peixe-Boi o paradeiro do animal", conta. O grande receio da veterinária é que áreas com muito lixo prejudiquem o bicho. "Eles podem acabar ingerindo esses dejetos e já tivemos vários animais que morreram por isso", lamenta.

Animal não foi localizado

A equipe do Centro de Mamíferos Aquáticos vei ao Recife, mas não conseguiu localizar o animal, que já vinha sendo monitorado pelo grupo de pesquisa. "Geralmente colocamos um rádio para localizar os animais através dos sons, mas as vezes retiramos para que ele possa interagir naturalmente com a natureza, sem a interência humana", conta Fernanda. Até a publicação desta reportagem, o peixe-boi não tinha sido localizado pela equipe. Atualmente na Região Metropolitana do Recife há dois peixes-bois soltos. Esse que estava no bairro de Afogados foi reproduzido no Estado de Alagoas e se deslocou à capital pernambucana.

A pesquisadora informou que desde 1994, já foram soltos 43 animais. "Em nosso cativeiro ecológico, nós ensinamos os animais a ter contato com a natureza, correnteza, com a maré baixa e alta e a se alimentar", explica. Quando soltos, os bichos têm mais maturidade para sobreviver no meio aquático. O peixe-boi marinho já foi o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil, e estava classificado como Criticamente em Perigo (CR). Há estimativas de que na época eram apenas 500 animais em todo o país. O último estudo, feito em 2013, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com a Fundação Mamíferos Aquáticos, identificou a existência de uma população de mil peixes-boi marinhos da costa de Alagoas até o Piauí.

Em situações de encalhamento dos animais, o Corpo de Bombeiros alerta à população sobre providências que devem ser tomadas. Os popularesm devem evitar falar muito alto próximo ao animal e principalmente não alimentá-lo. Para buscar ajudar, é importante procurar o Projeto Peixe-Boi atende através do telefone 3544-1948 ou 3544-1056. 

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