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Uma onda de contágios de coronavírus está afetando a população carcerária dos Estados Unidos, a maior do mundo, apesar de o país começar a retomar a atividade econômica com o argumento de que a pandemia atingiu um platô.

Uma prisão em Marion, no estado de Ohio, é a mais infectada do país, com mais de 80% de seus quase 2.500 internos e 175 funcionários infectados.

As mortes por COVID-19 estão aumentando nas prisões do país, e as autoridades têm poucas opções. Não podem garantir a distância adequada em celas lotadas e enfrentam a escassez de pessoal médico e de equipamentos de proteção.

A ameaça a um total de 2,3 milhões de presidiários se tornou visível na semana passada com a morte de Andrea Circle Bear, uma americana de 30 anos, da Dakota do Sul.

Andrea entrou grávida, em março passado, em uma prisão federal do Texas por acusações envolvendo drogas. Logo se contaminou e foi entubada. Deu à luz por cesariana e faleceu algumas semanas depois.

- "Bomba-relógio" -

Os presos nos estados de Washington e do Kansas já protagonizaram alguns distúrbios em protesto pela proteção inadequada e pela lenta resposta das autoridades penitenciárias.

Além disso, os casos de COVID-19 entre os funcionários penitenciários tornaram as instituições ainda mais difíceis de administrar.

Na quinta-feira, no Centro Correcional de Lansing, no Kansas, o guarda David Carter pediu demissão após 15 anos de serviço. Para ele, é melhor ficar sem salário do que arriscar sua saúde e a de sua família.

"Não posso mais trabalhar em um centro que é uma bomba-relógio", alegou, em sua carta de demissão.

- Sem prioridade -

Acredita-se que o surto da prisão de Marion seja apenas a ponta do iceberg.

Devido à mistura de agências que administram presídios no país - autoridades federais, estaduais e locais têm seus próprios, e muitos são administrados por empresas privadas com fins lucrativos -, as informações divulgadas são caóticas.

A COVID Prison Data, um grupo de especialistas em Justiça Criminal e dados, disse que, segundo informações públicas, 13.436 detentos e 5.312 agentes penitenciários no país testaram positivo para o coronavírus.

Os números devem ser maiores, porém. Muitos estados, assim como o sistema penitenciário federal, fizeram poucos testes. Cinco dos 50 estados sequer fornecem dados.

As razões pelas quais as prisões são mais propensas ao coronavírus são claras: as populações prisionais são mais densas e mais difíceis de separar do que asilos, ou navios de cruzeiro, dois setores atingidos pela pandemia.

A higiene também é mais precária, e um grande número de reclusos tem patologias anteriores. Sem esquecer que, para as autoridades, as prisões não são uma prioridade.

- A falta de opção -

Os números publicados na semana passada mostram o tamanho do problema. O Escritório Federal do Complexo Penitenciário (Federal Bureau of Prisons), que conta com 152.000 presos e 36.000 funcionários, descobriu focos de COVID-19 em mais da metade de suas 122 instalações.

Menos de 3.000 testes foram realizados, mas, destes, 1.842 presos e 343 funcionários deram positivo. Ao todo, 36 presos já morreram da pandemia.

Somente na quinta-feira, o escritório registrou três mortes na prisão de Terminal Island, perto de Los Angeles, onde cerca de 60% dos 1.050 presos estão doentes com coronavírus.

O diretor do órgão, Michael Carvajal, reclamou da escassez de testes e disse que a quarentena é difícil.

"Não temos a opção de fechar nossas portas, ou escolher quem, ou quando põem alguém sob nossa custódia", afirmou ele na quarta-feira.

- "Inferno" -

A situação é ainda menos clara nas prisões estaduais, onde está a maioria da população carcerária do país. Alguns estados como Ohio agora estão aumentando a quantidade de dados de testes e publicação. Outros estão fazendo menos.

Um indicador do que pode ser a realidade: a CoreCivic, uma empresa privada que opera dezenas de prisões, fez 2.725 testes entre presos e funcionários da prisão de Trousdale Turner, no Tennessee. Cerca de 1.299 internos e 50 funcionários deram positivo, quase todos assintomáticos.

Grupos de defesa dos direitos dos presos denunciam que pouco foi feito nos níveis estadual e federal para libertar detentos que não são violentos, ou que estão prestes a cumprir suas sentenças. Isso diminuiria o risco de contágio e deixaria mais espaço nas instalações.

Dos mais de 10.000 nas prisões do Kansas, "apenas seis presos foram soltos", disse a defensora pública Heather Cessna.

Brian Miller, funcionário da prisão de Marion, alertou que a situação vai piorar. Contaminado com o novo coronavírus, Miller contou que, com tantos doentes, eles não têm pessoal suficiente para limpar as instalações e administrar os reclusos.

"As coisas saíram do controle nesta instalação", desabafou.

"Agora é o inferno", completou.

Investigação que surgiu para chacoalhar o modo de fazer política arraigado no país, a Lava Jato completa, nesta terça-feira (17), seis anos. A operação mudou a percepção do brasileiro sobre impunidade política, prendeu empresários e grandes nomes do setor público, mas também foi alvo de críticas e deixou algumas dúvidas nesse período. 

De acordo com um balanço apresentado no último dia 10 pela equipe do Paraná, em Curitiba, onde funciona o berço da Lava Jato, nos últimos seis anos 293 pessoas foram presas, sendo 130 de maneira preventiva e 163 em caráter temporário. Além disso, mais de R$ 4 bilhões foram devolvidos aos cofres públicos por meio 185 acordos de colaboração e 14 de leniência. 

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Ainda neste período, aconteceram 70 fases da operação, foram efetuadas 1.343 buscas e apreensões, 118 denúncias, 500 pessoas acusadas, 52 sentenças e 253 condenações. Já as penas aplicadas somam 2.286 anos e sete meses de punições de diversos tipos. 

Os números contabilizados no balanço são realmente de tirar o fôlego e nos levam a analisar: restou algum político diante daquele que é o maior escândalo de corrupção já visto no país? Qual foi o impacto das denúncias e condenações? Como o país tem superado as práticas de corrupção política? 

O impacto político 

A imagem passada desde o início era de que a Lava Jato puniria políticos corruptos independente dos seus cargos e partidos, já que na sociedade a sensação era de impunidade para quem se favorecia ilicitamente de qualquer verba. E assim foi, tanto que quando a Lava Jato ganhou corpo e atingiu as grandes raposas políticas do país, era visível o desconforto da classe quando surgiam rumores de que uma nova fase daquela operação viria à tona. PT, PMDB, PP, DEM, PSB e outros partidos foram enquadrados pela operação. 

Além das legendas, nomes como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-deputado Pedro Corrêa, do ex-presidente do PT José Dirceu, do ex-ministro Antônio Palocci, do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha - juntamente com tantos outros senadores, deputados e empresários - foram colocados em xeque pela investigação. 

“O Brasil, com a Lava Jato, experimentou um modelo de atuação das instituições que até então não tínhamos experimentado. O que assistimos era uma certa sensação de conivência de todos os Poderes para o que acontecia com o sistema político. Foi a primeira vez que vimos a orquestração das instituições com o propósito de combater o crime do sistema político doa a quem doer, seja quem for o ator político”, observou a cientista política Priscila Lapa, ao fazer uma análise da atuação da operação durante esses seis anos. 

Segundo Lapa, para isso dar certo, a força-tarefa se atribuiu de mecanismos externos para evitar que as punições acontecessem de forma tardia, como era visto até então, e adotou a delação premiada, por exemplo, como forma base para sustentar denúncias e condenações. A prática é hoje alvo de contestações, mas surtiu efeitos balísticos na Lava Jato e no meio político.  

Efeitos esses que levaram o PT, no poder nos dois primeiros anos da Lava Jato, a decrescer e acentuaram a criminalização da política. 

“Não tem muito como a gente pensar em ações envolvendo atores políticos que sejam dotadas de ampla neutralidade, mas ela foi vendida dessa forma e isso criou uma narrativa de que existia uma atuação apolítica. Mais ao mesmo tempo, viviamos um contexto político de negação da política, criminalização da política, por parte da sociedade e de outras instituições que começaram a dar respostas à sociedade que a política em si não dava. A Lava Jato alimentou a criminalização do partido que estava no poder e os atores da investigação [juízes e procuradores] se consolidaram como atores políticos”, analisa a cientista política.

Entre tantos, os investigadores que mais ficaram conhecidos pelo povo foram o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro. 

Contaminação política e as tratativas de bastidores 

Apesar da tentativa constante de driblar a contaminação política, alguns nomes da investigação colocaram à prova a imagem de isenção passada por anos ao aceitar cargos públicos e com a divulgação de conversas de bastidores. 

Um deles foi o ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do presidente Jair Bolsonaro -  um homem eleito com a bandeira de combate à corrupção, mas que ascendeu eleitoralmente após Lula ser preso e enquadrado na Lei da Ficha Limpa, estando impedido de concorrer a algum cargo público. 

Na visão da cientista política Priscila Lapa, com Moro indo para o governo do presidente Jair Bolsonaro, o discurso de neutralidade da Lava Jato foi contestado uma vez que o ex-presidente foi condenado em primeira instância pelo então juiz da Lava Jato. 

“O discurso político começou a se coincidir com a narrativa da Lava Jato para justificar uma avaliação negativa do governo e se havia algum sentimento que isso não acontecia, que ela não favorecia nenhum grupo político, quando Sérgio Moro aceita e passa a ser um integrante do governo, o discurso de que a operação aconteceu na neutralidade política, passa a não ser mais sustentado. Sergio Moro deixou de ser um ator neutro e passou ser visto como um ator político que milita e tem lado, que é o do governo”, disse. 

Já as tratativas de bastidores vieram à tona depois que o site The Intercept Brasil divulgou uma série de conversas de Moro, Deltan Dallagnol e outros membros da força-tarefa através de um aplicativo de trocas de mensagens. A chamada ‘Vaza Jato’ deixou muitos de orelhas em pé, entretanto, na análise do cientista político Antônio Henrique não manchou a Lava Jato. 

“Não acredito que a Lava Jato tenha ficado manchada por causa das articulações de bastidores porque é uma prática comum do judiciário. Claro que não era o ideal que acontecesse, mas o que podemos perceber é que as reportagens não tiveram efeito de barrar as decisões da Lava Jato. A operação continuou, mas sofreu uma redução dos seus efeitos. Isso pode ter atingido a imagem de alguns procuradores, mas não tiveram um efeito deletério da operação em si”, considerou o estudioso.

Ainda assim, houve no último ano, uma redução das sentenças e da frequência de fases da operação Lava Jato. “Houve uma diminuição das atividades em virtude da saída de Sérgio Moro, o que terminava tendo uma atuação bastante relevante nesse sentido. Ele se tornou um juiz muito popular e a saída dele fez com que mídia também não focasse tanto mais na operação”, concluiu Antônio Henrique.

Fotos: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo e Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), do Departamento Penitenciário nacional (Depen), atualização de junho de 2017, no primeiro semestre daquele ano, o país tinha 726 mil presos - números do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em 2019, chegam a 812 mil. O Estado do Pará aparece com cerca de 16 mil no total de sua população prisional, e com 6 mil presos sem condenação. Esse processo corresponde a enorme superlotação.

O atual cenário de rebeliões, fugas e aumento sucessivo da criminalidade e da violência entre presos, em grande parte, é consequência da superlotação crescente dos últimos anos e das condições humilhantes em que se encontra o sistema prisional.

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O sistema prisional brasileiro, quase que em sua totalidade, não proporciona um suporte devido para que o indivíduo em reclusão possa obter uma mudança de vida e consiga se estabelecer profissionalmente quando sair do cárcere. Na maioria das cadeias são disponibilizadas atividades para que o interno aprenda algo novo, como artesanato, corte e costura e jardinagem. Porém, segundo o Infopen, em 2016, apenas 16% da população prisional exercem as atividades de trabalho e estudo, o que equivale a pouco mais de 106 mil pessoas.

Os projetos voltados para a ressocialização de reeducandos do Sistema Penal do Estado do Pará são os seguintes:

Reinsérie - Pograma institucional que engloba todos os projetos de reinserção social da Susipe. Desenvolvido pela Diretoria de Reinserção Social (DRS), o programa tem a finalidade de organizar as ações de reinserção e garantir o caráter institucional, a fim de alcançar resultados satisfatórios. O Reinsérie foi criado em fevereiro de 2019.

Leitura que Liberta - Projeto que oferece remição penal por meio da leitura. O Leitura que Liberta busca ajudar os internos que não estão sendo beneficiados por atividades educacionais formais ou laborais no cárcere. A cada livro lido em um período de 30 dias (prazo que pode ser prorrogado por mais 15 dias), são remidos 4 dias da pena total do reeducando. As obras podem ser literárias, clássicas, românticas, científicas e filosóficas. Vale ressaltar que há um limite de 12 leituras por ano, o que totaliza 48 dias a menos na pena.

O projeto é uma iniciativa da Susipe, Defensoria Pública do Estado e Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Em quatro anos, já alcança 10 presídios do Estado e atualmente assiste 184 reeducandos. Ao todo, o Leitura que Liberta já beneficiou 723 internos de todo o sistema penal.

Arca da Leitura - Neste projeto, uma estante móvel com cerca de 150 livros fica sob a responsabilidade de um interno escolhido por cada unidade. O custodiado recebe treinamento técnico em biblioteconomia e exerce a função de monitor realizando atividades de empréstimo, devolução, inserção dos livros no acervo da biblioteca e preservação de todo material existente.

A ideia do Arca da Leitura é viabilizar o acesso à leitura dentro do bloco carcerário. Dessa forma, todos os detentos podem ter contato com as literaturas. O monitor movimenta a biblioteca dentro do bloco carcerário, oferecendo e fazendo empréstimo de livros. O acervo é formado por livros de disciplinas obrigatórias e literárias, além de revistas de conteúdo informativo.

Hoje, o projeto conta com 22 monitores de bibliotecas móveis, que são supervisionados pelas coordenadoras pedagógicas de cada casa penal. As estantes do projeto Arca de Leitura são produzidas pelos internos, em ação da Coordenadoria de Trabalho e Produção da Susipe, nas marcenarias instaladas nos próprios presídios do estado.

Projeto Nascente e “Vem Pra Feira” - O projeto Nascente oferece 28 vagas de trabalho aos internos da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI) para atuação em apicultura, agricultura, horticultura, fruticultura, plantas ornamentais, viveiro de mudas, casa de farinha, criação de galinha caipira, palmípedes, suinocultura e outros. Além de capacitação, os internos têm a oportunidade de remir suas penas por meio do trabalho.

Os produtos produzidos na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI), por meio do projeto Nascente, são comercializados no “Vem Pra Feira”, onde são vendidos em média 20% mais baratos em relação ao preço dos supermercados tradicionais da cidade.

Projeto Impressione - Projeto de marcenaria voltado à capacitação de internos do regime fechado em serviços como produção, confecção e montagem de peças e mobílias em madeira e MDF. As atividades são realizadas em um espaço específico dentro do Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC) e na Central de Triagem Metropolitana II (CTM II), ambas localizadas em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém (RMB).

Conquistando a Liberdade e Papo di Rocha - O Conquistando a Liberdade é promovido pela Susipe em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Programa Pro Paz (agora Pará Paz) e Polícia Militar. O projeto foi um dos 18 premiados no INNOVARE 2013, prêmio destinado a práticas inovadoras para a Justiça no Brasil, que torna a iniciativa paraense referência nacional na reinserção social de detentos.

O projeto é desenvolvido em escolas da rede pública estadual de ensino, nas quais os internos fazem serviços de limpeza, pintura, poda de árvores, reparos nas redes elétricas e hidráulicas e consertos de cadeiras e mesas. Participam do projeto internos dos regimes fechado e semiaberto, que reduzem um dia da sua pena a cada três dias trabalhados.

O Papo di Rocha objetiva conscientizar os estudantes das escolas da rede estadual de ensino sobre a importância de uma cultura de paz e prevenção visando à não violência no ambiente escolar. O projeto é considerado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como referência na reinserção social de detentos no país.

Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (COOSTAFE) - A COOSTAFE é a primeira cooperativa formada exclusivamente por internas do sistema penitenciário no Brasil. É um projeto de economia solidária para as reeducandas. Criada em fevereiro de 2014, por portaria interministerial do governo federal, a COOSTAFE oferece às internas a oportunidade de ocupar o tempo, aprender uma profissão e remir pena através do trabalho.

Por meio da economia solidária, o projeto garante, às detentas, acesso ao trabalho e à geração de emprego e renda. Atualmente, as 25 internas envolvidas trabalham diariamente na produção de artesanatos, como pelúcias, crochês, vassouras ecológicas, sandálias e bijuterias, entre outros produtos que são comercializados no projeto “Vem Pra Feira”, em shoppings e em praças públicas de Belém, Ananindeua e Marituba. A taxa de reincidência criminal das presas que passaram pela cooperativa é zero.

Por Caroline Monteiro.

O Irã anunciou nesta terça-feira (14) a prisão de "algumas pessoas" no inquérito sobre o abatimento do voo 752 da Ukraine International Airlines, derrubado pelo sistema de defesa antiaérea do país enquanto voava de Teerã a Kiev.

"O Irã iniciou um inquérito amplo sobre o avião ucraniano, e algumas pessoas foram presas nas últimas 72 horas", disse o porta-voz da Justiça iraniana, Gholamhossein Esmaili, em entrevista a uma emissora estatal.

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Ele, no entanto, não divulgou o número exato de suspeitos detidos nem suas identidades. "O Estado-Maior das Forças Armadas, que está encarregado das investigações, interrogou muitas pessoas", acrescentou.

Esmaili ainda anunciou que as caixas-pretas do Boeing 737-800 serão enviadas para análise na França, país onde foram fabricados os motores do avião.
    A aeronave da UIA levava 176 pessoas e foi abatida pelo sistema de defesa antiaérea do Irã, que o confundiu com um míssil americano, na madrugada da última quarta (8). O governo iraniano admitiu o erro "desastroso" e prometeu punir os responsáveis.

Todos a bordo morreram, incluindo 82 iranianos, 63 canadenses, 11 ucranianos, 10 suecos, quatro afegãos, três britânicos e três alemães. "Para nosso povo, é muito importante que todo mundo que tenha errado ou sido negligente enfrente a Justiça.

Quem tiver de ser punido deve ser punido", disse o presidente Hassan Rohani.
    O episódio ocorreu na mesma madrugada em que o Irã lançou mísseis contra duas bases militares dos EUA no Iraque, em resposta à morte do general Qassem Soleimani em um bombardeio americano.

Da Ansa

Mais de 200 pessoas foram presas nos últimos dias na Arábia Saudita por "indecência" ou "abuso", na primeira campanha deste tipo desde o começo das reformas de abertura acerca das normais sociais no reino ultraconservador.

Ao longo da semana passada, cerca de 120 homens e mulheres foram presos por usar "roupa inadequada", indicou a polícia de Riade em uma série de tuítes publicados desde terça-feira.

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As autoridades acrescentaram que os presos tinham sofrido sanções, sem explicar o que elas seriam.

Enquanto isso, outras 88 pessoas foram presas por assédio, afirmou a polícia em declarações separadas. Esta segunda onda de prisões ocorre após queixas de várias mulheres nas redes sociais sobre os casos de abuso no festival de música eletrônica MDL Beast, perto de Riade, no começo do mês.

Esta é a primeira campanha de apelo à ordem moral desde que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman promoveu um relaxamento das rígidas normas sociais que imperam no país.

A polícia de Hong Kong prendeu pelo menos 15 pessoas no sábado, durante confrontos com manifestantes pró-democracia que entraram em um shopping perto da fronteira chinesa para denunciar a chegada de turistas chineses que vêm às compras.

Policiais, vestidos com roupas civis e carregando bastões, prenderam 14 pessoas à tarde, incluindo um adolescente de 14 anos, que estava se manifestando no centro comercial do bairro Sheung Shui, forçando as lojas a fecharem.

A polícia de choque foi responsável por apoiar os agentes, usando spray de pimenta para dispersar os moradores que protestavam contra as prisões.

Mais tarde, em um incidente separado dentro do shopping, um homem foi preso com a cabeça coberta de sangue.

Após a saída da polícia, alguns manifestantes permaneceram em uma passarela próxima, atacando os transeuntes que seriam turistas chineses.

Nove policiais à paisana invadiram a redação do Mada Masr, um dos poucos jornais investigativos e independentes do Egito. Os agentes confiscaram computadores e celulares e detiveram três jornalistas. O editor do jornal, Shady Zalat, foi preso em casa.

A operação foi realizada na noite de sábado (23), sem nenhuma justificativa das autoridades. Os quatro jornalistas foram libertados nesse domingo (24).

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O Egito está entre os países que mais prendem jornalistas, de acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A polícia de Uganda prendeu nessa quinta-feira (24) 16 ativistas LGBT suspeitos de praticarem sexo gay, que é passível de prisão perpétua no país.

Os 16 homens têm entre 22 e 35 anos. "Com base em relatórios médicos, é possível dizer que eles se envolveram em atos sexuais puníveis sob o Código Penal", Patrick Onyango, porta-voz da polícia.

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Recentemente, um ministro propôs a pena de morte para sexo gay, mas o governo foi obrigado a rejeitar em razão dos protestos da comunidade internacional. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Refugiados e deslocados que retornam às regiões da Síria controlados pelo regime de Bashar al-Assad sofrem detenções arbitrárias, corrupção endêmica e serviços públicos ineficazes, informou uma ONG nesta quarta-feira.

"Os sírios nos territórios do regime, vivem com medo e se sentem extremamente vulneráveis", afirmou a Associação Síria para a Dignidade do Cidadão (SACD, sigla em inglês) em uma entrevista coletiva em Istambul.

Cerca de 59% das pessoas consultadas pelo estudo publicado por esta organização "consideram seriamente deixar as áreas do regime assim que a ocasião se apresentar".

O regime sírio tomou vários locais dos rebeldes e jihadistas e incentiva os mais de cinco milhões de refugiados que vivem no exílio a retornar à Síria. Mas a SACD denuncia "detenções arbitrárias" e "recrutamento forçado", "uma moeda comum entre as forças de Assad".

A associação interrogou 165 pessoas em torno de Damasco, bem como nas províncias de Alepo (norte), Homs (centro) e Deraa (sul). Dois terços dos entrevistados dizem que "vivem com o medo permanente de detenção ou assédio" pelos serviços de segurança e pelo regime militar.

A ONG também denuncia casos de "corrupção" e "extorsão". Cita como exemplo Um Mohamed, 45 anos e originalmente de Aleppo.

"Ela foi presa enquanto tentava obter um documento de identidade. Ela passou 50 dias na prisão e foi forçada a abrir mão de sua casa e parte de sua propriedade para o regime militar", afirma a ONG. Para ser libertada, "teve que pagar uma quantia significativa em dinheiro para subornar um oficial".

Mais de 198.000 refugiados retornaram à Síria entre 2016 e agosto de 2019, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A maioria dos questionados pela SACD sente "total insatisfação" com serviços básicos como água e eletricidade e 66% reclamam dos serviços de saúde.

O ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, garante que o regime não prende nenhum dos cidadãos que voltam ao país.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse, nesta quinta-feira (3), que gostaria de saber qual foi o grupo político que estaria por trás do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

Em publicação no Twitter, Freixo declarou: “Sabemos quem matou. Agora exigimos saber quem mandou matar Marielle Franco”. E perguntou logo em seguida: “Que grupo político é capaz de assassinar uma vereadora?”

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Nesta quinta, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro cumprem cinco mandados de prisão em um desdobramento das investigações do crime. Um deles é contra Ronnie Lessa que é apontado como a pessoa que atirou contra Marielle e Anderson, mas já está preso.

Os outros alvos são a mulher de Ronnie, Elaine Lessa, o cunhado dele, Bruno Figueiredo, além de Márcio Montavano e Josinaldo Freitas. Todos acusados de obstrução de Justiça, porte de arma e associação criminosa. O grupo teria executado o plano de descarte  da arma usada para matar Marielle.

A infiltração de cerca de mil manifestantes "black blocs" em um protesto pelo clima levou a uma série de incidentes neste sábado no centro de Paris, levando as ONGs a pedir que o público abandonasse a marcha.

O clima era tenso na capital francesa, onde neste sábado ocorreram várias marchas simultaneamente: além da manifestação pelo clima, um protesto dos "coletes amarelos", que criticam a política social e fiscal do governo, e outra contra um projeto de reforma da Previdência.

No início da tarde, 137 pessoas tinham sido detidas e 174 multadas nas áreas onde era proibido se manifestar, segundo a polícia.

Neste contexto, as ONGs Grenpeace e Youth For Climate, que convocaram o protesto pelo clima, pediram para os manifestantes abandonarem a marcha, devido à violência.

"Não assumam nenhum risco e abandonem a marcha pelo clima. Não estão dando as condições de uma manifestação não violenta", tuitou o Greenpeace, denunciando o uso de gases "lacrimogêneos contra manifestantes não violentos e famílias".

Na avenida Saint-Michel, no bairro latino, militantes de extrema-esquerda - alguns com o rosto coberto - lançaram objetos contra as forças de segurança e vandalizaram uma agência bancária.

Os gendarmes responderam aos "black blocs" com gás lacrimogêneo, o que provocou o recuo de parte dos manifestantes. Bombeiros foram chamados após lixeiras terem sido incendiadas.

Os participantes da marcha pelo clima foram convocados por várias ONGs um dia depois de uma "greve mundial pelo clima" histórica. Na capital francesa, pouco menos de 10 mil pessoas participaram da marcha de sexta-feira, segundo uma estimativa da empresa Occurrence.

Também foram organizados atos em outras áreas da França, como em Lyon, onde cerca de 5 mil pessoas se reuniram de manhã no centro da cidade, segundo a prefeitura.

- 'Criminosos' -

Ao lado de seu filho Lucien, de 7 anos, Noémie Izbicki explicou à AFP que compareceu na manifestação para que seu filho "tome consciência do desafio".

Jean-Claude Moralez, professor de 65 anos, expressou seu pessimismo, ao destacar que a situação tinha chegado a um ponto sem volta. "Este tipo de manifestação é importante, mas deveria ter acontecido faz tempo".

Em Paris, cerca de 7.500 membros das forças de segurança foram mobilizados, bem como canhões de água e veículos blindados da gendarmeria.

Na Champs-Élysées, onde muitos estabelecimentos comerciais foram atacados em protestos anteriores dos "coletes amarelos", proprietários protegiam boa parte das lojas com tapumes de madeira.

De manhã, a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que tentavam incendiar lixeiras.

"Nos tratam como se fossemos criminosos", denunciou Brigitte, ativista ecologista.

Neste sábado também aconteciam as Jornadas del Patrimônio, que anualmente atraem dezenas de milhares de visitantes.

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Após 16 anos de suspensão, o governo dos Estados Unidos (EUA) anunciou nesta quinta-feira (25) que retomará a execução de condenados à pena de morte por tribunais federais. Cinco presos devem executados a partir de dezembro.

No ano passado, ocorreram 25 execuções nos Estados Unidos. Mas todas foram levadas a cabo por autoridades estaduais. A última execução pelo governo federal ocorreu em 2003. 

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De acordo com o procurador-geral do país, William Barr, o retomada das execuções visa "fazer justiça às vítimas dos crimes mais horríveis". "O Departamento de Justiça respalda o Estado de direito e devemos às vítimas e às suas famílias levar adiante a sentença imposta pelo nosso sistema de justiça".

O procurador transmitiu sua decisão ao Federal Bureau of Investigation (FBI) e pediu ao diretor interino, Hugh Hurwitz, que programe as execuções de cinco presos que foram condenadas à morte por assassinato, por crimes de tortura e estupro contra crianças e idosos.

Barr ressaltou que "sob Governos de ambos os partidos, o Departamento de Justiça buscou a pena de morte para os piores criminosos, incluindo estes cinco assassinos, cada um dos quais foi condenado por um júri após um processo completo e justo".

O Supremo Tribunal restituiu a pena de morte em 1976 e isso permitiu aos Estados mais conservadores do sul dos EUA, como Alabama e Mississipi, implementar esta pena. Em 1988, o Congresso americano aprovou ainda uma lei que permitia executar algumas pessoas condenadas por crimes relacionados às drogas.

Em 2014, após uma execução fracassada, o então presidente americano Barack Obama pediu ao Departamento de Justiça para conduzir revisões aos programas de execução de pena de morte, tanto em nível federal como em vários estados. Questões relacionadas com as drogas letais utilizadas nas execuções estiveram na origem destes pedidos de revisão.

Segundo o Departamento de Justiça, revisão foi concluída e as execuções podem ser retomadas. Barr aprovou um novo procedimento para injeções letais que substitui o coquetel de três drogas usado anteriormente por uma substância única. O método é semelhante ao usado em vários estados, como Geórgia, Missouri e Texas.

Execuções em nível federal são raras nos EUA. Desde a restauração da pena em 1988, o governo executou apenas três condenados. O caso mais recente foi a 18 de março de 2003. Apesar de legal no país, vários estados americanos declararam tal prática como ilegal ou adotaram moratórias.

Atualmente, há 61 pessoas no corredor da morte a nível federal. Entre os condenados estão o autor do atentado à Maratona de Boston em 2013, Dzhokhar Tsarnaev, e o atirador de Charleston, Dylann Roof, que matou nove pessoas no ataque à Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel, em junho de 2015.

O presidente americano, Donald Trump, é defensor da pena de morte e já chegou a sugerir que os Estados Unidos deveriam adotar leis mais severas sobre o tráfico de drogas citando como exemplo as Filipinas, onde desde a eleição de Rodrigo Duterte milhares de suspeitos de tráfico estão sendo executados pela polícia.

Jornalista responsável pelo The Intercept Brasil,  Glenn Greenwald usou o Twitter para comentar a prisão dos quatro suspeitos de integrarem uma organização criminosa que teria invadido o celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. As prisões foram efetuadas pela Polícia Federal nessa terça-feira (23). 

Greenwald questionou a agilidade para encontrar os supostos hackeres diante da falta de respostas sobre a localização de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL), investigado por movimentações atípicas nas contas bancárias pessoais e apontado como uma espécie de laranja da família do senador quando ele ainda era deputado estadual do Rio de Janeiro. 

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“Não é interessante que a PF tenha supostamente encontrado um grupo do que Moro alegou serem hackers altamente sofisticados tão rapidamente, mas ninguém consegue encontrar Queiroz?”, indagou Glenn Greenwald na rede social. 

O The Intercept Brasil foi o veículo que iniciou, no dia 9 de junho, as divulgações de mensagens trocadas pelo ministro Sérgio Moro e membros da força-tarefa da Lava Jato, como o procurador Deltan Dallagnol, que indicam interferências do ex-juiz no andamento das investigações do escândalo de corrupção. 

Moro alega que as mensagens foram obtidas através de ataques hacker. A PF, contudo, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não há inquérito policial instaurado para apurar a conduta do jornalista Glenn Greenwald.

Que o sistema prisional e socioeducativo brasileiro está longe de ser bom, disso ninguém duvida. Nossa realidade é de prisões mal-cuidadas, com superlotação e sem nenhuma estrutura que possibilite a real ressocialização do detento ou o desenvolvimento de ações socioeducativas com os adolescentes apreendidos. Como resultado, temos apenas “depósitos de gente” que, em vez de cumprir o papel que lhes era devido, acabam por atuar totalmente na contramão.

Segundo o World Prison Brief (WPB), o Brasil tem a terceira maior população carcerária em número absoluto do mundo, com 714 mil detentos (dados de 2019), atrás apenas de China e Estados Unidos. Claro que somos um país gigante e, como tal, é esperado que se tenha mais presos, mas, ao mesmo tempo, essa população só faz aumentar e não se vê esforços do poder público para agir em contrário. Pensa-se em endurecer as leis, aumentar as penas, até em construir mais presídios, mas não se pensa no que fazer com os indivíduos enquanto estão privados de liberdade. Jogados nas prisões desaparelhadas, eles não têm a oportunidade de mudar de vida e saírem de lá pessoas melhores e de fato arrependidas de seus erros. Como é comum se dizer, prisões no Brasil são “escolas de crime”, que só marginalizam ainda mais seus ocupantes.

A ociosidade dos detentos não lhes faz bem de maneira alguma – nem a eles, nem à população, que, afinal, está pagando por sua manutenção no presídio. Pagamos, portanto, por um “intensivo de criminalidade”, de onde o recluso sai ainda mais especializado. É claro que, felizmente, muitos aproveitam o tempo de pena de maneira extremamente positiva e buscam refazer a vida em seguida, mas estes ainda são minoria. É muito animador ler nos jornais que pessoas privadas de liberdade são aprovadas em exames como o Enem e terão, então, a chance de evoluir socialmente. Esse é um direito que não se pode negar a ninguém, por mais erros que a pessoa tenha cometido na vida.

O mesmo ocorre nas unidades socioeducativas, que recebem adolescentes infratores. Nestes, a situação é ainda mais delicada. Crianças e adolescentes estão em fase de formação de caráter e, por isso, precisam de um acompanhamento especial, ainda mais próximo e, por que não dizer, acolhedor. Eles normalmente já vivem uma realidade tão degradante em seus locais de origem que, quando apreendidos por alguma infração, deveriam ser educados com mais força. É imprescindível que haja programas de formação e educação nestas unidades – como há em muitas – que deem a oportunidade a esses adolescentes de, após cumprida a medida socioeducativa, dar um novo rumo à vida, afinal, ainda estão no começo dela.

É até de espantar quando ouvimos, por exemplo, que, em 2017, a Holanda havia fechado 24 prisões por falta de presos. Era tanto espaço vazio que havia detentos noruegueses cumprindo pena naquele país. Claro que há diversos fatores para o baixíssimo índice de criminalidade e prisões na Holanda, mas não há dúvidas de que a educação tem papel fundamental nesse status – tanto dentro, quanto fora das penitenciárias. O Brasil precisa passar a adotar, de fato, o modelo de ressocialização, e não apenas o de privação de liberdade. A ociosidade sem um projeto de educação e desenvolvimento pessoal nunca levará ninguém a uma real melhora de vida.

Familiares se reúnem em frente ao MPPE para protocolar denúncia contra o presídio de Itaquitinga. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

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Pernambuco gastou, entre 2016 e 2018, quase R$ 179 milhões com alimentação para manter os 32.781 presos em regime fechado, nas 23 unidades prisionais do estado. Os valores referentes à verba destinada ao fornecimento de alimentos foram obtidos pelo LeiaJá por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Em 2019, até maio, o custo foi de R$ 16.881.184. Apesar da verba para financiar as refeições dos detentos, familiares dos presidiários custodiados em Pernambuco acusam a gestão estadual de maus tratos, principalmente pelas péssimas condições das três refeições servidas diariamente e, muitas vezes, pela insuficiência da comida.

No dia 1º de julho de 2019, um grupo de mulheres com familiares presos em Itaquitinga, unidade prisional localizada na Mata Norte pernambucana inaugurada em junho de 2018, se encontraram no Ministério Público de Pernambuco, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife para protocolar denúncias de maus tratos na unidade prisional. Elas foram ao local com uma camisa que estampava o pedido "Não a fome" e redigiram cartas para contar principalmente sobre a condição degradante quando se trata de alimentação em Itaquitinga. 

Marcela* diz que foi reivindicar os direitos do seu esposo. "Não é só o meu marido que sofre, são todos", lamentou. Ela também critica o fato da gestão não preparar uma estrutura para as mulheres aguardarem na frente do presídio. "Se chove, faz sol, não importa. Temos que esperar lá na frente por horas porque eles só abrem as portas quando querem. A escola lá não funciona, não podemos levar nada para eles lerem, nem uma fotografia. Eles não fazem nada o dia inteiro e ainda não podem comer", denunciou.

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Segundo o coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Olinda e Recife, Lenilson Freitas, a entidade religiosa monitora constantemente doze presídios, masculinos e femininos, no Grande Recife. Semanalmente, a Pastoral realiza visitas e conversa com os detentos. Lenilson aponta que a queixa mais constante é sobre a falta de alimentação com qualidade nas prisões masculinas. 

"Nas femininas até escutamos um pouco dessa reclamação, mas em quantidade menor. O número de mulheres presas é menor. Elas se queixam da comida gordurosa, principalmente as grávidas e as pacientes que precisam de uma alimentação balanceada receitada por um profissional", detalhou Lenilson ao explicar a situação da comida na Colônia Penal Feminina Bom Pastor e na Colônia Prisional Feminina de Abreu e Lima. 

O coordenador da Pastoral destaca que os homens, por estarem em uma situação de superlotação grave, denunciam as situações precárias das prisões com muita frequência. Atualmente, são 11.767 lugares nas 23 unidades prisionais, onde estão 32.781 presos em regime fechado. Considerando todos os regimes, são 40.190 detentos. "Escutamos comentários de que além de pouca, a alimentação é ruim. Quando ouvimos essas pessoas, a gente leva essa queixa ao responsável pela cozinha porque cada presídio tem um profissional de nutrição para cuidar e acompanhar esse processo", explicou. 

Itaquitinga e a promessa do modelo nacional de ressocialização

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Em janeiro de 2019, a unidade I do Centro Integrado de Ressocialização (CIR), em Itaquitinga, foi entregue pelo governo de Pernambuco. A obra foi iniciada em junho de 2010 e estava parada desde 2012. Só foi retomada em 2017 e custou aproximadamente R$ 10 milhões aos cofres da administração estadual. 

A capacidade do local é para abrigar cerca de mil presos no regime fechado. O processo de ocupação da primeira unidade do complexo prisional teve início em junho de 2018 para desafogar as unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife.

Na época do lançamento, o secretário de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Pedro Eurico, classificou a unidade prisional como "modelo a ser seguido". A imprensa visitou o local e foram percorridos diversos setores como saúde, salas de aula, central de videomonitoramento, cozinha, celas e área de convivência coletiva. "A unidade prisional de Itaquitinga é uma das mais modernas do país e deverá ser exemplo de ressocialização para todos os estados da federação”, disse o secretário, na época.

Leia também: Governo garante que novo presídio não terá superlotação

Ao todo, 22 presos concessionados, do regime semiaberto, são responsáveis pela alimentação dos detentos do CIR, sendo oito trabalhando na padaria e 14 na cozinha. No cardápio divulgado aos jornalistas seriam servidos café da manhã, almoço e jantar com cardápio variado, tendo dias com frango, feijoada, carne bovina e carne moída.

Em junho de 2019, após um ano de funcionamento, Itaquitinga apresenta uma série de problemas, principalmente com a alimentação servida aos presos. De acordo com os familiares, por determinação da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) não é permitido entrar com comida na unidade prisional. Nem mesmo para o visitante. Todos devem comer do que é servido aos presos.

A fome e realidade distante da propaganda estadual

Familiares se reúnem em frente ao MPPE para protocolar denúncia contra o presídio de Itaquitinga. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Feijão azedo, galinha cozinhada com as penas, macarrão estragado, pedras e outros objetos são comumente encontrados na comida, segundo relatos de familiares. Cansados da situação, alguns presidiários do Pavilhão B e C iniciaram uma greve de fome no último dia 24 e 25 de junho. Entre as alegações dos motivos da greve estavam a melhoria da comida que é servida a eles, o aumento das porções, a entrada de crianças para as visitas, a entrada de fotografias e a criação de uma estrutura para que os visitantes possam aguardar sem o risco de ficarem expostos ao sol quente ou a chuva. 

Maria* está apreensiva porque seu marido emagrece a cada dia. Ela conta que o esposo chora todos domingos de visita pedindo por providências. Ele também participava da greve de fome.

Do lado de fora, os familiares sabiam da greve e trocavam mensagens por aplicativo de conversa ansiosos por novidades. Boatos de que quem não comesse iria para o castigo e sofreria represália dos agentes penitenciários assustaram as famílias. Mesmo apavorada, Maria sabia que era necessário tomar uma atitude, mesmo que tenha sido essa a escolhida pelos presos. "Eles não aguentam mais não ter o que comer, só sabe quem passa fome", disse.

No fim da noite do dia 25 de junho, o presídio anunciado como modelo de ressocialização precisou viabilizar um diálogo com defensores dos Direitos Humanos para que os presos voltassem a comer. O próprio Pedro Eurico foi ao presídio acompanhar a situação de perto. A negociação foi coordenada por Wilma Melo, assistente social, especialista em políticas públicas e presidente do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri).

“Ao meu ver, o que está faltando é o estado investir em uma capacitação e melhor elaboração desses alimentos. Os presos denunciaram a qualidade, quantidade e os péssimos horários. O caso de Itaquitinga é a parte porque não há a circulação de outras mercadorias que não as fornecidas pela unidade prisional. As próprias mulheres precisam comer do que é servido no presídio e isso revolta os maridos. Eles até aguentam comer aquilo, mas não querem assistir as famílias a se alimentarem da mesma comida”, relembrou Wilma Melo, em entrevista ao LeiaJá.

Juliana* denunciou à reportagem que há um esquema de benefícios em Itaquitinga. "O diretor dá regalias a presos com mais dinheiro. Muitos têm o direito a bebida, celular e principalmente comida, chocolate e pratos cheios. Já outros presos passam muita fome. As comidas são podres e o prato é quase vazio. O cuscuz é horrível com ovo seco. Não tem outra comida para os presos. A gente já procurou Pedro Eurico e outras autoridades, mas ninguém resolve nada. A Seres falou que ia liberar uma quarta refeição, mas até então nada. Nem a gente pode levar a nossa própria comida porque eles não deixam, como em outros locais. Tem gente que não pode comer comida de porco por motivos de saúde, mas é obrigado a comer. Por isso, detentos e muitas mulheres passam mal, como já aconteceu", descreveu. Ela ainda apontou que o sistema é opressor e que os agentes ameaçam os familiares caso denunciem. 

Um das causas do protesto foi também um atraso da comida, sendo o almoço servido somente às 15h, em um dia de visita. “O preso estava com fome e a família também. Isso cria um estresse e o desejo de resolver a situação a todo custo”, explicou Wilma Melo.

A defensora dos Direitos Humanos alega ainda que é contrária a decisão da Seres de proibir a entrada de comida de fora em Itaquitinga, pelo menos para as famílias que vão visitar. “Não é nada demais as mulheres levarem um lanche, um refrigerante, um pão para passar o domingo. Acho que não é sendo repressivo que vai se resolver a situação”, comentou.

Após dois dias de greve, os presos cederam ao acordo que Wilma posteriormente apresentou à Secretaria de Ressocialização. A principal demanda é a melhoria dos alimentos servidos.

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Afinal, quem cozinha?

Nos presídios de Pernambuco são os detentos que cozinham. Apesar disso, Lenilson Freitas alega que a culpa não é dos presos a falta da comida ou a má qualidade da refeição. Para ele, o responsável deveria ser o nutricionista da unidade. "Quando escutamos o pessoal responsável por fazer a comida, eles alegam que são muitas refeições para serem feitas e não dá tempo de cozinhar tudo", contou o coordenador da Pastoral Carcerária. 

O procedimento feito pela Pastoral é também encaminhar as denúncias ao diretor da unidade prisional, caso os profissionais de nutrição não tomem providencias, que é o corriqueiro. O coordenador da Pastoral destaca ainda que o alimento chega aos presídios com qualidade e o grande problema está no manejo.

"São pessoas preparadas para cozinhar pelo próprio sistema prisional, os presos concessionados. Um dos pontos importantes é a falta de qualificação deles e a falta de tempo para dar conta do serviço. O café da manhã é servido 4h, 5h da manhã. Mas, essas pessoas precisam acordar 3h, ainda de madrugada para deixar tudo pronto", alertou.

Por isso, nas prisões, os detentos montam fogões improvisados com tijolos e panelas para assar e cozinhar seus próprios alimentos ou uma galinha que é servida crua, por exemplo.

É o que justifica Carla* ao levar alimentos para que o esposo prepare dentro da Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC). Ela conta que lá o almoço é servido a partir das 10 horas e o jantar por volta das 16h. Após a janta, os presos só podem comer no outro dia. "Eu trago a feira semanal do meu esposo porque ninguém deveria comer essa lavagem. Sei que é pecado falar assim da comida, mas é porque não é humano. O café da manhã com um pão seco e meio copo de café não sustenta ninguém", criticou a mulher. 

Para Lenilson Freitas, é errado a família precisar gastar dinheiro semanalmente para levar comida aos seus familiares, já que eles estão sob responsabilidade do Estado. Ele avalia, no entanto, que a prática cresceu na região porque houve um corte na verba para alimentação nos presídios de Pernambuco. 

Em conversa com a reportagem, o coordenador da Pastoral informou a redução foi de 17% da verba. "A gente tem escutado das pessoas que estão presas, dos agentes penitenciários e de pessoas da diretoria. Ninguém deixa claro os motivos desse corte. Mas as pessoas de dentro nos falam e dificilmente a diretoria vai admitir isso em público. É o momento da gente questionar as razões para a redução e por que a família precisa levar comida para seus familiares presos”, destacou. 

Todo domingo uma feira semanal

Familiares aguardam na fila para entrar no Cotel em dia de visita. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O domingo ainda está escuro e os ponteiros do relógio se aproximam das cinco da manhã. Mulheres descem dos ônibus e das kombis e se juntam a outras que já estavam no local. A fila em frente ao Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, começa a ganhar forma. São milhares de esposas, irmãs e mães se espremendo para manter a sequência da ordem de chegada. 

Com elas, grandes sacolas e mochilas visivelmente pesadas. Nas bolsas de plásticos estão os alimentos trazidos para seus parentes passarem a semana. Carne de charque, feijão, fubá, arroz e bolacha são os principais itens que em algumas horas serão entregues aos detentos. A regra do Cotel é de até oito quilos de mercadoria por detento. Mais do que isso não passa pela vistoria e o visitante é obrigado a deixar do lado de fora ou desistir de entrar na prisão.

A prática de levar comida, lanches e refeições prontas aos presídios de Pernambuco se tornou comum nos dias de visita. O filho de Mariana*, nome fictício, está preso há um ano por homicídio. Ela precisa desembolsar ao menos R$ 400 por mês para comprar os mantimentos e levar todo domingo ao Cotel. “A comida nunca foi boa, a realidade é essa. Mas parece que tem piorado e muito. É crua e ninguém gosta de comer, nem mesmo os presos”, relatou a entrevistada, ao se referir a “boia”, termo utilizado pelos presos para a refeição. Mariana também faz cocada e leva para seu marido revender entre os presos. 

A regra do Cotel é de até oito quilos de mercadoria por detento. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Carolina* também aguarda para entrar no Cotel, onde seu marido está há três meses. Ela alega que as mulheres precisam levar a feira semanal porque mesmo sendo obrigação da diretoria fornecer alimentação aos presos, a realidade é dura e bem distante disso. “Acho que eles são seres humanos e já estão pagando pelo que fizeram. O diretor daqui trata esses homens pior do que bicho quando dão para eles lavagem para comer. E muitas vezes o pão de café da manhã é servido pela metade com um copo de café. Eles passam fome e isso não vai ressocializar ninguém, pelo contrário”, lamentou. 

O LeiaJá também conversou com familiares dos presos que estão no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), na Ilha de Itamaracá, Litoral Norte de Pernambuco. A situação é semelhante ao que encontramos no Cotel. Maus tratos e comida em poucas quantidades. A situação por lá é ainda pior porque os presos sofrem com problemas psicológicos e muitas vezes têm sua fala desacreditada pela direção da unidade prisional. 

Dois lados da mesma moeda

Nas visitas semanais, a Pastoral também constatou que são dois tipos de comida servida nas prisões. Um para os presos e outro para os trabalhadores, os policiais, agentes e a diretoria. Ele alega que o acompanhamento é feito pelos mesmos nutricionistas e o preparo é feito com os mesmo produtos. 

“O que muda é a equipe de trabalho dos ranchos, as cozinhas. Eles dizem que a diferença é evidente porque são menos pessoas para comer e o tempo é diferente. Mas a cozinha de lá é industrial, com panelas enormes. Não há justificativa para essa disparidade entre os dois pratos servidos”, reclama Lenilson Freitas.

 Ele detalha ainda que no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, prisão destinada aos policiais, não há reclamação da comida. “Eles têm celas organizadas, comida boa de qualidade. A gente sabe que é diferente, mas também são presos custodiados pelo Estado. A lei é para todos e não entendo os motivos dos presos comuns passarem por essa situação. Atualmente são 86 PMs presos e a capacidade é para 120.

Ao lado esquerdo uma fotografia da cozinha do Barreto Campelo. As duas imagens do lado direito são de celas do Cotel. Fotos: TCE/PE

Em 2017, o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco divulgou um documento de avaliação do sistema prisional da região. A documentação indica os problemas encontrados nos presídios visitados. A alimentação, no entanto, não é citada como fator problemático. 

"A auditoria constatou problemas, tais como: a) não implementação da separação de presos nas unidades prisionais; b) superlotação das unidades prisionais; c) precariedade/inadequação da infraestrutura das unidades prisionais visitadas; d) quantidade insuficiente de agentes penitenciários; e) deficiência na assistência jurídica prestada nas unidades prisionais; f) guaritas desativadas por falta de policiais militares; g) baixo alcance de atividades laborterápicas nas unidades prisionais; h) baixo alcance de cursos profissionalizantes nas unidades; e i) baixo alcance da oferta de emprego e de cursos profissionalizantes para o público-alvo do Patronato", trecho retirado do documento do TCE.

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"Não há como ressocializar uma pessoa se ela não tem o básico, que é uma comida manipulada adequadamente", aponta Wilma Melo

Em relação à legislação federal, a Lei de Execução Penal – LEP (Lei Federaln° 7.210/84) estabelece em seu artigo 3º que “ao condenado e ao internado serãoassegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. Outros dispositivos a serem ressaltados são os artigos 10 a 27 que relacionam o dever do Estado de prestar ao preso às assistências material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa.

No artigo 28 da referida lei é abordado o trabalho do condenado como “dever sociale condição da dignidade humana” e tendo dupla finalidade, educativa e produtiva. Mais adiante, nos artigos 40 e 41 são elencados os deveres do reeducando e, no artigo 41, os seus direitos, como alimentação suficiente e vestuário; atribuição de trabalho e sua remuneração; exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena.

De acordo com Wilma Melo, o investimento no sistema prisional é pouco e a política de encarceramento é ferrenha. “Mesmo que sejam contratados nutricionistas, a gente percebe que os cardápios não são equilibrados. Muitas vezes é servido cuscuz com salsicha, pão com salsicha, feijão com salsicha. Será que isso é uma comida adequada? Será que não está faltando uma qualificação para estes detentos ou um acompanhamentos mais de perto para entender a qualidade do que é servido?”, questiona a pesquisadora. 

Para ela, as denúncias são poucas porque se comprometer com o sistema é difícil, tanto para os presidiários, quanto para a família. O medo de represália é constante. “Além de escutar dos presos, eu mesma já presenciei comida estragada sendo servida. Certa vez foi um feijoada podre. É uma série de problemas dentro do sistema penitenciários que envolve também alimentação. Não há como ressocializar uma pessoa se ela não tem o básico, que é uma comida manipulada adequadamente”, complementa. 

O desvio dos alimentos e os donos das cantinas privadas

A alimentação está entre as reclamações mais constante e uma das principais causas de rebeliões dentro de um sistema penitenciário de Pernambuco. Wilma considera tanto a má qualidade do que é servido, quanto a falta de comida uma violação dos direitos mais básicos, garantido na Constituição do Brasil. 

Art. 6° - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Constituição Federal, 1988, p. 20)

Mas, nas cadeias, o fornecimento de alimentos é tratado não como um direito humano, mas como um favor. É o que pensa Maurílio*, preso há dez anos. Ele conhece bem a realidade das prisões pernambucanas. Tinha uma vida estável até cometer o primeiro crime. Dentro da prisão, cometeu outros. Passou por diversos presídios e a constatação é simples. Para ele, é um sistema falido e uma fábrica do crime. 



Maurílio destaca que muitos presos não denunciam a situação e os maus tratos do cárcere porque se beneficiam dele. Ele cita as cantinas dentro da grande parte das unidades prisionais de Pernambuco. 

De acordo com Wilma Melo, a Lei de Execução Penal prevê a existência de uma cantina para materiais alimentícios não fornecidos pelo estado. Mas, a comida básica, a gestão tem obrigação de fornecer e por isso não faz sentido essa alimentação ser vendida dentro das prisões

As cantinas são muitas vezes assumidas por presos mais influentes, por agentes do sistema prisional e até por membros diretoria, que manipulam os preços por uma tabela que não obedece a qualquer lógica de mercado. 

Maurílio denuncia que há o desvio dos alimentos que chegam aos presídios para as cantinas, que são 'privadas'. "Se você for em todas as unidades prisionais, vai encontrar dentro do rancho, onde são guardadas as comidas, os materiais. Se for ao lado na cantina, será o mesmo do que é servido no refeitório. São os mesmo produtos desviados de formam irregular para serem vendidos com um preparo muito melhor", afirma. 

Ele contou ainda que no Cotel, por exemplo, os donos da cantina são os presos e rendem cerca de R$ 15 mil semanal. "Eles vendem almoço, café e janta. Esse dinheiro é repartido também com pessoas da diretoria. É por isso que há o interesse na má qualidade do que é servido no refeitório porque para eles é interessante que a gente que tá preso, compre, é rentável", dispara. Maurílio contou que um almoço na cantina custa em torno de R$ 15.

"Além desse desvio para a cantina particular, os próprios agentes penitenciários roubam os alimentos que chegam da Ceasa e revendem. A prática é muito conhecida dentro das prisões. Mas ninguém fala porque muitos têm medo e outros fazem disso um comércio", apontou. 

Lenilson Freitas declara que a injustiça é sentida na pele. Ele aponta que deveriam fiscalizar o sistema prisional o promotor de Justiça, o juiz da execução penal, o MPPE, a Defensoria Pública, o patronato e outros órgãos. Mas para ele, nada funciona. “ Eles deveriam fiscalizar, mas quando vão visitar os presos, comem no restaurante dos funcionários e por isso não sabem a realidade dessa comunidade.”

Ele não concorda com o dito “bandido bom é bandido morto”. “As pessoas acham que os presos têm que morrer de fome, mas essa é a mentalidade de uma sociedade injusta e vingativa. O estado precisa cuidar dessas pessoas, eles são humanos. Quem mantém os presos lá somos nós e nossos impostos. Temos que exigir da gestão o cumprimento do papel social dele. Se a comida chega ao presídios, tem que ter qualidade. Cadê a Comissão de Direitos Humanos, não questionam isso na Alepe?”, critica. 

Para Wilma Melo, é preciso mais efetividade para solucionar essas questões. “O Estado encarcera, coloca esses corpos presos e não oferece estrutura alguma. Quem sofre as consequências disso é a sociedade. Porque os valores humanos dão lugar aos da resistência ao aprendizado por parte dos presos, e nesse sentido, isso gera violência”, alertou.

A especialista em políticas pública aponta ainda que não se deve olhar a prisão só como um local para punir os corpos. “É algo jurídico, ele vai cumprir uma pena, há uma legislação para ser seguida. Isso não quer dizer que essa pena ultrapasse o limite e passe a provocar o sofrimento intenso ou maus tratos. 

A lógica é simples, na visão dela. Quanto mais penalizar sem o tratamento de ressocialização, mais a violência aumenta. “Essa ideia de punitivismo e encarceramento em massa não é só local, é algo maior, é nacional. O Brasil precisa mudar isso urgente”, analisou.

O que diz o poder público

Pedro Eurico, secretario de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco ao lado de Nickson Monteiro, diretor do Presídio de Itaquitinga. Foto: Chixo Peixoto/LeiaJáImagens

A reportagem procurou o Ministério Público de Pernambuco para questionar se o órgão tem conhecimento da situação carcerária em Pernambuco, no que tange à alimentação. Por meio de nota, o órgão informou que tramita na 8ª Promotoria de Justiça de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos um inquérito civil, o qual versa sobre a qualidade dos alimentos fornecidos às reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife (Bom Pastor).

O MPPE também explicou que há um Procedimento Administrativo instaurado "com o objetivo de acompanhar e fiscalizar, de forma continuada a política prisional no Complexo Penitenciário do Curado, em específico, as medidas implementadas pela Secretaria de Ressocialização para proteger a vida, a dignidade e a integridade pessoal das pessoas presas", diz um trecho da nota. 

Ainda de acordo com o órgão estadual, todas as instituições que fazem parte do Pacto Pela Vida, inclusive o MPPE, acompanharam diretamente a questão da alimentação no Presídio de Itaquitinga. "A unidade, hoje, serve como modelo a ser adotado pelas demais, que deverão se adequar ao padrão adotado naquele município", em outro trecho da resposta. 

A Secretaria Executiva de Ressocialização explicou que o fornecimento de alimentação no Sistema Prisional é feito através de um Contrato de Gestão com a Ceasa, desde 2015, por meio da implantação do Programa de Alimentação Prisional do Estado de Pernambuco.

"O recebimento dos gêneros nas unidades é realizado por 17 nutricionistas e 23 estoquistas do Centro de Abastecimento e acompanhado por um funcionário da Seres, que faz a verificação quantitativa e qualitativa. Diariamente são servidas três refeições: café da manhã, almoço e jantar. Entre os itens estão: cuscuz com leite de coco, mungunzá, inhame, macaxeira, batata-doce, pão, frango, carne bovina, carne moída, feijoada e sopas. Com relação às denúncias sobre a alimentação nos presídios, não recebemos nada oficialmente, não há registros na Ouvidoria da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e nem da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres)", diz a nota oficial enviada pelo órgão. 

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados

Poucos dias após 55 presos morrerem no interior de estabelecimentos prisionais do Amazonas durante mais uma chacina no sistema presidiário brasileiro, a Câmara dos Deputados interrompeu seus trabalhos para discutir a situação das unidades carcerárias do país. Por quase duas horas, mais de 20 oradores, entre parlamentares, agentes da Segurança Pública e especialistas se revezaram, divergindo sobre a eficácia da terceirização da gestão dos presídios e do aprisionamento em massa.

"Óbvio que este sistema não funciona e precisa ser repensado”, disse a advogada e coordenadora do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Ibccrim), Maíra Fernandes, lembrando que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da própria Câmara dos Deputados já classificou o sistema penitenciário como uma “sementeira da reincidência”.

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“É uma forma cara de tornar as pessoas, especialmente os jovens negros e pobres, em pessoas piores”, disse Maíra, sustentando que, enquanto um preso que cumpre pena no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, custa ao estado do Amazonas R$ 4,7 mil ao mês, o custo médio de um detento em unidades carcerárias não privatizadas é de cerca de R$ 2,4 mil mensais. Administrado por uma empresa privada, a Umanizzare Gestão Prisional e Serviços, o Compaj foi palco do assassinato de 15 detentos no domingo (26).

Na segunda-feira (27), outros 40 presos foram mortos na mesma unidade e em outros três estabelecimentos prisionais de Manaus: Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat); Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1) e Unidade Prisional do Puraquequara (UPP). Todas as quatro unidades, além de outras duas, são administradas em sistema de co-gestão com a mesma empresa, que, nos últimos quatro anos, recebeu cerca de R$ 836 milhões pela prestação dos serviços.

“Estamos investindo muito mal. Um estudante do ensino médio custa, por ano, R$ 2,2 mil. É preciso repensar estes modelos de privatização que seguem a lógica de lucro por preso e que funcionam como hotéis, onde uma cela vazia é um prejuízo. Estas propostas vão sempre criar mais vagas”, acrescentou Maíra, destacando que, com o encarceramento em massa, o déficit de vagas obriga que réus primários condenados sejam colocados juntos com criminosos perigosos ou membros de organizações criminosas, tanto em estabelecimentos privatizados ou não.

País prende "mal"

Cooordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público do Maranhão, o promotor José Cláudio Cabral Marques frisou que, embora já detenha a terceira maior população carcerária mundial, o Brasil não prende muito, mas “mal”. Para justificar sua opinião, Marques apresentou números da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, segundo a qual, entre 2015 e 2017, foram registrado 120 mil crimes violentos na região metropolitana de São Luís. No período, contudo, foram efetivadas apenas 1,4 mil prisões. “Não estamos prendendo muito. Estamos prendendo mal. Precisamos de mais investigação, de maior integração [entre as forças de segurança pública]”, argumentou o promotor.

Secretário de Segurança Pública e Administração Prisional de Minas Gerais, Mário Lúcio Alves de Araújo, disse que não há como tratar de segurança pública sem discutir melhorias no sistema prisional. “Nossa sociedade tende a ficar de costas para este assunto de extrema relevância. Quer segurança pública, mas não está dando a devida atenção ao sistema prisional”, disse Araújo, que é general da reserva do Exército. Para ele, não há soluções mágicas para a melhoria do sistema carcerário.

“Só vamos melhorar o sistema prisional com muito trabalho e atenção a este segmento que cuida de mais de 700 mil presos no sistema”, comentou Araújo, defendendo a valorização dos agentes penitenciários, que cobram um plano de carreira.

Assessora do Instituto Igarapé, Dandara Tinoco disse que o país não consegue cumprir os objetivos da Lei de Execução Penal no tocante à ressocialização dos presos. “Hoje, só 15% das pessoas presas trabalham e 12% estudam. Pensar em atividades que preparem os presos para a vida em liberdade é fundamental. Estamos falando em ganhos não só para as trajetórias individuais destas pessoas, mas também para a sociedade, uma vez que estamos falando em alternativas ao cometimento de novos crimes.”

O policial militar e vereador em Joinvile (SC), Richard Harrison Chagas dos Santos, falou rapidamente sobre sua experiência administrando a Penitenciária Industrial Jucemar Cesconetto para defender o modelo de gestão prisional que levou a unidade a, segundo ele, ser apontada como um modelo de reintegração dos apenados. Além de reduzir um dia de sua pena a cada três dias que preste serviços a uma das empresas privadas conveniadas, o preso também consegue obter uma renda mensal que é repassada a sua família.

Modelo de gestão

“Os índices de reincidência criminal na Penitenciária Industrial de Joinvile são de 19%, contra, segundo alguns dados, 80%, 83% em outras unidades do país”, afirmou Santos, dizendo que o modelo de reintegração condiz com o que preconiza a Lei de Execução Penal, que determina que, à exceção da restrição da liberdade, deve ser garantido ao preso um ambiente o mais semelhante possível ao mundo exterior.

“Não há receita nacional para todo o sistema, mas é preciso reforçar esta conexão com a comunidade empreendedora e educadora. Os espaços de segregação podem ter uma dinâmica nacional, mas os espaços de desenvolvimento de atividades que pode aproximar estes indivíduos da sociedade precisam de soluções locais” defendeu o vereador.

Para o coordenador do Núcleo de Defesa Criminal da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Emanuel Queiroz Rangel, o estado do Rio de Janeiro é um exemplo de que o aprisionamento massivo não ajuda a reduzir a criminalidade. De acordo com Rangel, entre 2003 e 2019, o número de pessoas encarceradas no estado saltou de 24 mil pessoas para mais de 53 mil apenados. “E, neste período, a sensação de insegurança da população se agravou. Mais prisões não melhoraram em nada a situação”, comentou Rangel, citando dados da Organização das Nações Unidas (ONU) para sustentar que estudos sérios apontam não haver relação entre o encarceramento e a redução da criminalidade.

Agentes penitenciários

Convidados a participar do debate, agentes penitenciários aproveitaram a oportunidade para cobrar dos parlamentares a aprovação da PEC 372/2017, que cria as polícias penais federal, estaduais e distrital, o que permitirá que os agentes penitenciários tenham os mesmos direitos da carreira de policial. Os representantes da Federação Sindical Nacional dos Servidores Penitenciários (Fenaspen), Fernando Ferreira Anunciação, e da Associação Nacional dos Agentes Penitenciários do Brasil (Agepen), Wilson Camilo, também se somaram aos que criticam a terceirização da gestão de unidades prisionais.

“Em 2017, um desastre em Manaus causou espanto em todo o mundo. Cinquenta e seis seres humanos foram mortos em um presídio de responsabilidade de uma empresa privada. Em 2019, esta mesma empresa é responsável pela morte de mais 55 seres humanos encarcerados nesta mesma unidade [o Compaj]. E há quem continue falando em privatização. Mas é preciso lembrar que, no Espírito Santo, uma recente rebelião foi rapidamente controlada. A diferença é que, no Espírito Santo, o sistema é público. Os profissionais são capacitados, estão investidos no cargo e representam o Estado dentro do sistema”, comentou Camilo.

“Não podemos vender o criminoso para a iniciativa privada, para ser explorado pela iniciativa privada. Isto é algo que não está dando certo nos Estados Unidos, porque, então, fazê-lo no Brasil. A situação do sistema penitenciário passa pelo reconhecimento constitucional dos seus servidores”, acrescentou Anunciação, classificando a situação do Compaj, em Manaus, como um “crime, uma falcatrua e algo que precisa ser combatido veementemente”.

Procurados, o governo do Amazonas e a secretaria estadual de Administração Penitenciária ainda não comentaram as críticas ao sistema de co-gestão das unidades prisionais. 

A Operação PC 27, conjunta entre as polícias civis, prendeu 3.381 criminosos apreendeu 274 adolescentes infratores. A ação tinha como foco tirar de circulação foragidos da Justiça que cometeram crimes graves como roubo, homicídio, estupro, participação em crime organizado entre outros. Somente no Estado de São Paulo, foram 1.193 mil presos. Foram mobilizados 12.718 policiais e 4.040 viaturas.

Os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça, após trabalho de investigação. Cada uma das Polícias Civis do Estado e do Distrito Federal realizou levantamento de inteligência para possibilitar o maior sucesso na operação. Foram 12 horas de ação ininterrupta.

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Os mandados de prisão foram expedidos após o trabalho de investigação. Segundo o CONPC, a Polícia Civil de cada unidade federativa realizou um levantamento de inteligência para ter mais sucesso nas ações.

Dos presos em São Paulo, foram 120 em flagrante e 997 alvos de mandados judiciais, além de 76 menores. Em Santos, foram apreendidos 300 kg de maconha. Em outros locais do estado, foram apreendidos 20 veículos e 9 armas de fogo.

Em São Paulo, mais de 4,5 mil agentes participam das atividades da Operação no Estado, entre eles policiais do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), da Macro São Paulo (Demacro), dos Departamentos de Polícia Judiciária do Interior (Deinters 1 ao 10) e também de unidades especializadas, como o Departamentos Estaduais de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Investigações Criminais (Deic), de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) e da Delegacia de Capturas e Delegacia Especiais (Decade).

Em Santa Catarina, foram apreendidos mais de R$ 200 mil durante as ações

Uma megaoperação da polícia da Itália levou à prisão nesta terça (26) de ao menos cinco brasileiros e de um padre que atuavam em esquemas ilegais para a concessão de cidadania italiana.

As autoridades italianas acreditam que mais de 800 cidadanias e 200 passaportes foram emitidos pelo grupo, que teria lucrado 5 milhões de euros com o esquema, atuando na província de Verbano Cusio Ossola, na região do Piemonte, no norte da Itália.

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Esses 800 brasileiros terão seus documentos italianos anulados. Um deles era um jogador da Chapecoense, morto no acidente aéreo de 2016 e cuja identidade foi mantida em sigilo pela polícia. Na época do acidente na Colômbia, o atleta estava inscrito como residente de Ossola.

De acordo com a polícia, duas pessoas foram presas em Ornavasso, duas em Domodossola e uma em Meina, totalizando cinco prisões. No entanto, circula a informação que ao menos sete detenções foram realizadas hoje.

Eles respondem por crimes como falsidade ideológica e corrupção. Um dos membros do grupo teria convencido um padre da província de Pádua, no Vêneto, a falsificar um atestado de batismo para um solicitante de cidadania italiana.

O grupo atuava na falsificação de documentos, reconstruindo relações parentais de imigrantes italianos que, na realidade, nunca existiram. Os documentos eram usados para a solicitação de cidadania a brasileiros.

A operação, batizada de "Super Santos", foi coordenada pelo procurador Sveva de Liguoro, após a Prefeitura de Macugnaga desconfiar do elevado número de brasileiros firmando residência na cidade.

As investigações duraram mais de um ano e desmascararam a organização criminosa que tentava enganar os oficiais italianos.

O grupo gerenciava cerca de 60 apartamento em cidades como Verbania e Novara, onde acomodavam os solicitantes de cidadania.

Eles cobravam cerca de 7 mil euros (R$ 30 mil) para um pacote que incluía a confecção dos documentos falsos, a residência na Itália, o auxílio no processo para a solicitação de cidadania e passeios turísticos ao Lago Maggiore.

"Eles conseguiram obter quase mil cidadanias italianas falsas, com um volume de 5 milhões de euros. Oitocentos brasileiros investigados, sete prisões. São os números do enorme 'negócio' ilegal descoberto pela operação 'Super Santos'", disse o vice-premier italiano e ministro do Interior, Matteo Salvini. "É preciso respeito e controle", pediu o político da Liga Norte.

Da Ansa

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que "é possível" que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) tenha mandantes e que espera que as investigações tenham chegado, nesta terça-feira (12), aos reais executores do crime. Ele destacou que não conhecia a vereadora do Rio de Janeiro e completou: "Eu também estou interessado em saber quem mandou me matar". 

"É possível que tenha um mandante. Eu conheci a Marielle depois que ela foi assassinada. Eu não conhecia ela, apesar de ser vereadora com meu filho no Rio de Janeiro. E eu também estou interessado em saber quem mandou me matar", declarou. No ano passado, o presidente foi vítima de atentado durante a campanha eleitoral, de autoria de Adélio Bispo.

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Hoje, a Delegacia de Homicídios (DH) da Capital e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) prenderam o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz, por envolvimento no assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes, que ocorreu há cerca de um ano.

Desde a divulgação das prisões, passou a circular na internet uma foto de Bolsonaro ao lado de Elcio de Vieira Queiroz, um dos suspeitos. Questionado sobre o assunto, Bolsonaro respondeu que tem fotos com "milhares de policiais civis e militares, com milhares, do Brasil todo".

Bolsonaro disse que não ficou surpreso com as descobertas desta terça porque "não existe crime impossível" de ser solucionado. "Eu acredito que não existe crime impossível de ser solucionado, coisa rara. Agora que poderia chegar a um bom termo, eu acredito que sim", disse.

Bolsonaro falou com a imprensa após encontro e pronunciamento ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que está no Brasil para sua primeira visita oficial.

O vereador Tarcísio Motta (PSOL), colega de bancada da vereadora Marielle Franco, disse nesta terça-feira, 12, que as prisões realizadas na manhã desta terça-feira são um passo importante na resolução do crime, mas que ainda falta esclarecer quem foi o mandante.

"Parece-me óbvio que um crime desta envergadura não foi cometido por razões pessoais desses PMs", afirmou o vereador. "É fundamental chegarmos aos mandantes desse crime político."

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