Primeiro de abril: a data é famosa por ser conhecida como o ‘Dia da Mentira’. Embora seja celebrada em, de fato, apenas uma data, há quem utilize enrolação durante outros dias do ano e nas mais diferentes situações, como em entrevistas de emprego. Pois é, segundo profissionais de Recursos Humanos, isso acontece. Conversamos com dois especialistas em RH para saber os riscos que um candidato tem ao tentar trapacear durante um processo seletivo.
“Comum”. Essa foi a palavra-chave das respostas dos especialistas sobre o uso de mentiras durante seleções. “Os candidatos mentem sim, infelizmente. É mais comum do que se imagina.”, afirmou Sabrina Torres, gerente de recrutamento e seleção. “É mais comum do que se imagina”, também destacou o coordenador de Treinamentos em Gestão na Blackbelt It Solutions, Jessé Barbosa de Araújo.
##RECOMENDA##De acordo com Sabrina Torres, as mentiras mais frequentes são sobre o nível do candidato e habilidades com outras línguas. “Na maioria das vezes, a pessoa diz que é sênior, mas é júnior, ou que é sênior e ainda é pleno. Mentir sobre idioma também é muito comum. A pessoa diz que é um nível de idioma que ainda não é, diz que é fluente sem ser. Além disso, mentem sobre algumas características pessoais no trabalho e às vezes não corresponde com à realidade. Tem gente que mente também sobre o real motivo pelo qual deixou o emprego anterior”, complementa a especialista.
Já para Jessé, outra mentira que é recorrente é sobre experiências, seja em alguma função ou com algum produto. “Como exemplo, no currículo o candidato diz que sabe Excel avançado, mas após uma simples prova prática ele não consegue montar uma planilha”, explica Barbosa. “Diz que possui experiência e na verdade mal conhece a atividade fim de trabalho. Diz que já trabalhou com vendas, mas se sente desconfortável para fazer a apresentação de um produto”, completa Jessé.
Como diz o ditado “mentira tem perna curta”, o risco de mentir em uma entrevista de emprego é muito grande. Para ambos especialistas, a fraude pode colocar em jogo a credibilidade do candidato. “O maior risco que um candidato corre é de ser descoberta a mentira e ficar exposto enquanto profissional ao ser julgado como uma pessoa que não possui ética, transparência. As pessoas ficarão sabendo que você é um profissional que não se deve dar credibilidade”, destaca Jessé.
Para Sabrina, identificar uma enganação não é difícil. “A sinceridade é o melhor caminho para qualquer bate-papo ou relação. Não adianta ele mentir, porque isso pode ser facilmente descoberto. Basta pedir um certificado ou fazer algumas perguntas-chave. No caso do idioma, se ele mentir que fala fluente e não falar, o recrutador pode fazer perguntas para ele em inglês, pode passar para o gestor e ele fazer também. E se a pessoa tinha alguma chance de entrar mesmo não tendo algumas qualificações, ele não entra e a empresa não vai querer que ele participe de outros processos”.
De acordo com a gerente de recrutamento, caso o concorrente não seja apto para a vaga e tenha conhecimento disso, é melhor pensar se vale a pena passar por todo processo seletivo e mentir em algum momento. “Se ele não tiver nada do perfil, acho que ele perde o tempo dele e o do recrutador. Não vai fazer sentido. Acho que ele deve ter, pelo menos, 70% ou 80% do perfil da vaga, ou então não faz sentido você se candidatar.”
Para Jessé, por outro lado, o RH também precisa desempenhar papel muito importante durante esse processo de seleção que vai além de selecionar um candidato. “Os RH's devem ter a paciência necessária com as pessoas que procurarão emprego para trabalhar em qualquer área a fim de assegurar o sustento familiar. Principalmente devido ao isolamento social que agravou mais ainda a economia com a Covid-19”, afirmou. “Neste caso, compete a nós profissionais de RH continuar a fazer o que já fazemos com exímio, cuidado e atenção: identificar os perfis adequados à vaga e aqueles que não possuem adequação informar agradecendo o interesse e que em futuras oportunidades eles serão contemplados para possível seleção”, completou.
O especialista em Recursos Humanos Cezar Antonio Tegon, que também é CEO da plataforma de empregos ‘Vagas Online’, elencou as principais mentiras contadas durante os processos seletivos. Os detalhes podem ser conferidos em uma reportagem do LeiaJá.