A defesa do presidente americano, Donald Trump, pediu nesta terça-feira (28) uma absolvição "o mais rápido possível" no julgamento político contra ele, enquanto aumenta a pressão para que novas testemunhas compareçam, após as revelações de um ex-assessor da Casa Branca.
A equipe de advogados de Trump encerrou suas alegações de três dias argumentando que as acusações contra o presidente por abuso de poder e obstrução do Congresso são leves demais e as fontes, muito fracas, para justificar sua condenação e remoção do cargo.
"O que lhes pediram para fazer é tirar um presidente exitoso nas vésperas de uma eleição sem fundamento e em violação à Constituição", disse o principal advogado de Trump, Pat Cipollone, dirigindo-se aos cem senadores que atuam como jurados.
"Exortamos o Senado a rechaçar as acusações", acrescentou Cipollone. "É hora de acabar o mais rápido possível".
As alegações finais da defesa foram apresentadas em meio a pedidos dos democratas para que o ex-assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, seja chamado a depor contra Trump, e a ameaças republicanas de convocar o pré-candidato presidencial democrata Joe Biden e seu filho, Hunter.
Trump é acusado de tentar impulsionar sua reeleição em 2020 pressionando a Ucrânia para que abrisse duas investigações: uma sobre os negócios dos Biden no país e outra sobre a suposta ajuda de Kiev aos democratas nas eleições presidenciais americanas de 2016.
Os democratas afirmam que em julho Trump congelou a ajuda militar à Ucrânia durante dois meses para pressionar o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, a anunciar estas investigações, desta forma envolvendo ilicitamente uma nação estrangeira na política eleitoral americana.
Os advogados de Trump não destacaram estas acusações específicas, mas disseram que condená-lo estabeleceria um precedente que resultaria em batalhas políticas nos próximos anos.
"A barra da acusação não pode ser colocada tão baixo", disse Jay Sekulow, outro advogado de Trump. "Se a destituição partidária for a norma agora (...), os futuros presidentes, democratas ou republicanos, ficarão paralisados quando forem eleitos", disse.
- "Acredito em John Bolton" -
O julgamento, que começou de fato há oito dias, passará agora à fase de perguntas dos senadores à promotoria e à defesa, através do presidente da Suprema Corte, John Roberts, nos próximos dois dias.
Mas as duas partes se preparavam para uma disputa na sexta-feira para convocar testemunhas depois de vazar o rascunho do próximo livro de Bolton, em que haveria informações que poderiam comprometer seriamente Trump.
De acordo com informes, Bolton relatou que Trump lhe disse em agosto que a ajuda à Ucrânia permaneceria congelada até que Zelenski anunciasse as duas investigações.
"A caça às bruxas continua!", tuitou Trump sobre Bolton, um diplomata veterano a quem demitiu em setembro passado.
Mas o ex-chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, declarou nesta terça-feira que continua em Bolton sobre o tema. "Se John Bolton diz isto no livro, acredito em John Bolton", declarou na Flórida.
O tema dos testemunhos ameaça estender o julgamento para além do esperado pelos republicanos, que têm maioria de 53-47 assentos no Senado e apostam em uma votação rápida para livrar Trump das acusações neste fim de semana.
Os democratas precisam que quatro republicanos se bandeiem para o seu lado para citar testemunhas, e depois das revelações contidas no livro de Bolton, este objetivo parece possível.
"Acho que é cada vez mais provável que outros republicanos se juntem aos que como nós achamos que deveríamos ouvir John Bolton", disse o senador por Utah e crítico de Trump, Mitt Romney.
- "Muitas testemunhas" -
Adam Schiff, o legislador democrata que lidera a equipe na Câmara de Representantes que atua como Promotoria, disse que convocar Bolton é essencial para que ocorra um julgamento justo.
"Vamos ter um julgamento justo ou não? O Senado escutará alguém que todos sabem que é uma testemunha-chave e importante sobre o comportamento mais escandaloso do presidente ou não?", disse, depois da audiência desta terça-feira.
Mas os republicanos disseram que exigiriam que os Biden testemunhassem, sugerindo que usariam isso para atacar o ex-vice-presidente, atualmente o favorito em nível nacional para levar a indicação dos democratas à candidatura presidencial, por seus laços com a Ucrânia e com Hunter Biden.
O senador Lindsey Graham, um dos mais firmes defensores de Trump no Senado, disse que várias testemunhas seriam chamadas, inclusive o denunciante que provocou a investigação sobre os pedidos de Trump ao presidente ucraniano, e um consultor democrata vinculado à Ucrânia.
"Se quiserem testemunhas, vamos conseguir muitas testemunhas", disse.